Yours Green Eyes escrita por Itiana Chan


Capítulo 4
Capítulo 4- dor...




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Aos poucos, todas as suas técnicas para afastar o tédio de estar em repouso naquela cama de hospital se esgotavam, levando Loren a um estado de desânimo e tornando Kurtis sua única fonte de distração. Principalmente, quando o loiro reservava um tempo para lhe trazer livros ou até mesmo cantar acústico suas músicas prediletas acompanhado apenas de um violão.

— desculpe, não sei toda a letra! O loiro riu baixo coçando a nuca em confusão mas, continuou cantando as partes da música que conhecia e sabia ser do agrado da amiga.

— canta green eyes, eu já descobri que você escreveu para mim mesmo... – A jovem pediu com um risinho de superioridade e acomodou-se melhor na cama para poder vê-lo em um bom ângulo. – gosta da forma como fala da cor...

— vou tentar mas, não sei se ficará bom ao som do violão... – Kurtis explicou e voltou sua atenção ao instrumento, tentando chegar no ritmo da música e quando o encontrou, cantou a letra pedida. Mesmo estando com a garganta arranhando um pouco pelo esforço dos shows nos dias anteriores, fez o possível para cantar o mais afinado possível.

— está sentindo dor na perna? Questionou fazendo uma pausa na música, confundira seu olhar pensativo com uma expressão de dor e agora olhava-a preocupado.

— estou bem... estou dopada de remédios ainda... – Respondeu acalmando-o o rapaz que já planejava procurar uma enfermeira que pudesse administrar seus remédios para dor.

Vê-lo dedicar-se tanto enchia de alegria o coração de Loren, ainda mais por saber que aquele esforço era unicamente pelo seu bem estar. Sentir isso, fez com que selasse seus lábios aos dele com carinho e recebeu um olhar surpreso, mas logo teve o contato retribuído. Não era como se já tivessem conversado sobre isso mas, sentia a química entre os dois desde pequenos e tendo seus sentimentos aceitos, lhe sorriu selando novamente os lábios.

— você parece um pouco distraído... – comentou com certa preocupação, apesar do loiro estar ali consigo e tendo se beijado, era evidente que seus pensamentos estavam em outro lugar naquele momento. – no que está pensando? Não gostou do beijo?

— claro que gostei... nossa nem parece que se passaram dez anos! Kurtis respondeu fez questão de deixar bem claro que gostava muito dela. 

Obviamente, a loira gostara de ouvir aquela declaração porém, sentia que precisava fazê-lo expor o que estava em sua mente pois, notando as várias confusões que o fazia agonizar sobre tudo e todo o tempo, sabia que precisava solucionar algumas de suas dúvidas e facilitar sua vida.

— meu padrasto foi julgado hoje... – Kurtis explicou após refletir por alguns minutos se deveria expor tudo o que se passava em sua mente à loira. – ele ficará 20 anos em regime fechado... chega a ser ridículo!

— quer conversar? Prometo que escutarei quieta... – Loren sussurrou procurando seus olhos um tanto cautelosa em o pressionar. Após alguns minutos pensativo, o loiro ergueu-se e sugeriu que dessem uma caminhada.

Ergueu-se lentamente do leito e com o auxílio do equipamento onde ficava a bolsa de soro ainda injetado em seu braço fino, a jovem caminhou ao seu lado, tentando não se apoiar-se muito na perna machucada. Os dois andaram em silencio por um tempo pelo corredor até que finalmente, o loiro começou a contar tudo com a maior quantidade de detalhes que podia.

— aquele homem sempre foi agressivo, você deve se lembrar... um dia bêbado, acabou destruindo nossas vida! Explicou quase em um sussurro, sua voz estava arrastada e cansada pois, lembrar-se daquela maldita imagem sangrenta retornava memorias horríveis a sua mente.

— eu sempre venho aqui visitar uma pessoa... – Completou fixando seus olhos azuis numa porta que ficava no fim do corredor. – e sempre é extremamente difícil passar por essa porta...

Como comentara dias antes, Kurtis a levou para conhecer uma das pessoas que mais importava e a única fonte de felicidade que sobrara em sua vida. Entraram no pequeno cômodo branco em silencio e os grandes olhos verdes de Loren recaíram-se sobre uma mulher deitada em uma cama hospitalar ligada a aparelhos que a mantinham viva. A jovem loira aproximou-se notando que as madeixas daquela pessoa tinham a mesma coloração que as suas, contrastando com a pele extremamente branca pela falta de sol.

— essa é a Loren, mãe... acho que se lembra dela! Kurtis murmurou sentando-se no leito, pegou uma escova sobre o criado mudo e a deslizou pelos fios dourados com cuidados, sussurrando palavras de carinho.

Aquelas palavras tocaram diretamente o coração de Loren, finalmente entendia o porquê de tanta dor nos olhos do loiro, ele claramente esperava que ela acordasse e ansiava por isso. Pegou a ficha clínica da mulher e notou que fazia anos que ela estava em coma após ser baleada pelo marido em um momento de fúria.

 - a... a sua mãe... – Loren gaguejou caindo em um pranto doloroso, puxou Kurtis para mais perto e o abraçou com força, demonstrando que estava ali para ajudá-lo no que fosse preciso. – ela parece tão serena...

— acho que finalmente está tranquila... – O rapaz explicou deslizando os dedos pela pele alva de seu rosto com delicadeza, acariciou sua mão e a beijou com carinho. – todos os dias eu acordo esperando receber uma ligação avisando que ela acordou... queria que ele tivesse atirado em mim e não nela...

Fechou os olhos com tristeza e as lagrimas escorreram involuntariamente, seus dedos apertaram com firmeza o tecido do cobertor e pela primeira vez desde que tudo ocorrera permitiu-se chorar na frente de outra pessoa.

Tinha consciência de que fingir estar bem era justamente o que mais lhe fazia mal, sua terapeuta já lhe dissera isso em suas consultas mas, não conseguia ser tão vulnerável sabendo havia uma pessoa precisando muito de si naquele momento.

— tenha fé! Ela vai acordar... – Loren sussurrou abraçando-o, enrolou os dedos nos fios loiros e continuou o confortando com palavras de carinho.

Com grande surpresa, Kurtis sentiu um leve aperto em sua mão e ao olhar para baixo teve a certeza de que era realmente os dedos de sua mãe que fechavam-se ao redor em uma forma de consolo.


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