Yours Green Eyes escrita por Itiana Chan


Capítulo 5
Capítulo 5- sensações...




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Dias se passaram e Kurtis encontrava-se diante da ponte em que recomeçara sua vida, os grandes olhos azuis fixos na água cristalina a alguns metros de distância. Mal podia acreditar que quase se jogara dali poucas semanas antes e se não fosse por aquelas pequenas mãos frias certamente não estaria vivo naquele momento. Suspirou com um sorriso tranquilo e logo estava perdido em pensamentos novamente.

Naquela época, a única coisa que parecia afastar as dores insuportáveis que sentia eram aqueles grandes olhos verdes que o fitavam pela fresta na parede. A primeira vez que os vira, pensara estar alucinando após uma surra, mas depois de alguns dias tornou a vê-los novamente. As casas possuíam as paredes unidas e de algum modo a criança do outro lado nutria um curioso interesse em o observar.

Com o tempo, a rachadura ficou maior e os dois puderam se ver claramente, era uma menininha de curtos cabelos dourados e cheios de grandes cachos. Sua face possuía uma expressão inocente assim como sua voz infantil, deixando o coração de Kurtis acelerado. Sorriu bobo e ela retribuiu.

— olha... minha mãe quem fez! Dissera ela ao entregar-lhe, pelo buraco na parede, um pedaço de bolo de chocolate. Um pouco incerto, Kurtis acabara aceitando e seus grandes olhos azuis marejaram. Sendo uma criança na época não entendia o porquê de aquele gesto ser tão forte.

— me chamo Loren... – Ela se apresentou sorridente e o loiro percebeu que ela já possuía uma janelinha na frente, deixando-a ainda mais fofa.

— e- eu me chamo Kurtis...

Mal percebera quando o tempo passou e aquelas duas crianças tão pequenas cresceram, mantendo a amizade por aquela fresta na parede. Porém, num dia de verão acabara esbarrando com a moça que ajudava uma velha senhora com as compras, fora a primeira vez que a viu por completo.

Agora um pouco mais velho e com treze anos de idade, começara a trabalhar para ajudar nas despesas esperançoso que trazendo dinheiro para a casa o padrasto se tornaria uma pessoa melhor. E como estava errado...

Sua aparência estava diferente, os fios curtos e loiros agora estavam cumpridos e mais lisos mas, seus grandes e brilhantes olhos verdes permaneciam exatamente como quando se conheceram, tão cheios de vida que chegavam a o contagiar.

— o-oi... Loren! Gaguejou quando seus olhos se encontraram e para sua felicidade, recebeu um grande sorriso vindo da jovem que o abraçou perguntando como estava e porque não o via a alguns dias.

— estou trabalhando durante o dia e estudando a noite... – Explicou retribuindo o sorriso ainda um pouco bobo.

A senhora entrou em sua casa, deixando-os a sós, mas não antes de agradecer Loren com alguns doces caseiros. Sentaram-se abaixo de uma árvore e permaneceram em silencio por um tempo apenas contemplando a existência um do outro enquanto comiam as pequenas cocadas adocicadas.

— entendo... e como você está? Seus olhos encontraram-se novamente e pareceram procurar por machucados causados pelos surtos de seu padrasto. Apertou a borda do vertido branco que usava e seus olhos se entristeceram. – tem certeza que não quer que eu peça ajuda aos meus pais, eles podem ajudar...

Ao ouvir aquela pergunta, seus olhos se arregalaram em surpresa, imaginava que ela poderia saber sobre tudo o que passava, mas em momento algum quis a envolver naquela situação. Negou com a cabeça e forçou um sorriso, pedindo que não interferisse.

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— durante o dia esse lugar é lindo... – Loren comentou tirando-o de seus devaneios, seu sorriso era luminoso como na infância e estava vestida como na noite em que encontraram-se pela primeira vez em anos, seus cabelos parcialmente cobertos pelo cachecol e a gola do pulôver que a aqueciam.

— no que está pensando? Perguntou apoiando-se na mureta de metal em que subira tempos antes e se perguntou como havia tido coragem para subir ali.

— lembrando de quando éramos pequenos... seus olhos não mudaram nada! Ele respondeu desviando os olhos da paisagem para ela e riu baixo ao lembrar-se da imagem dela tentando subir aquelas hastes metálicas de saltos.

— não sabe como me arrependo de ter ido embora com meu pai... – Loren sussurrou olhando para as próprias mãos sem conseguir o encarar, sentiu o rosto aquecer e logo lágrimas quentes romperam a linha d’água e rolaram por seu rosto.

— não se culpe, não é como se fosse sua culpa... – O loiro lhe consolou com uma voz tranquila, acariciou seus ombros tensos e beijou-lhe o topo da cabeça. – sem contar que você tinha 15 anos e não poderia opinar... eles escolheram.

Quando finalmente a loira calmou-se, secou as lágrimas e sentou-se dessa vez no chão de ferro da ponte. Abraçou os joelhos e deixou as muletas ao lado, permitindo-se apenas sentir a presença do loiro ao seu lado.

— ela parece mais gordinha... – Murmurou notando a cadelinha, acariciou sua cabeça e sorriu vendo-a abanar a calda com animação.

— acho que as corridas matinais a deixaram mais saudável... – Kurtis respondeu com lentidão grato por terem mudado de assunto. – acho que está fazendo bem a mim também...

— isso é bom... – A loira sorriu secando as lágrimas que ainda manchavam suas bochechas, lhe sorriu e acariciou os o pelo da cadelinha que acomodara-se sobre suas pernas.

— estou me esforçando para mudar minha vida para melhor... inclusive, falei com Chuck e trabalharei apenas como compositor agora! Kurtis anunciou pegando-a de surpresa, mas logo recebeu um abraço orgulhoso da jovem.

Ela o observou atentamente, sua aparência estava visivelmente melhor depois que retornara as consultas psiquiátricas e aos poucos, seu organismo era limpo dos resíduos químicos que se intoxicara no passado.

Enquanto conversavam o celular vibrou em seu bolso, o pescou rapidamente e atendeu. Para sua surpresa, era o hospital em que sua mãe estava internada tentando entrar em contato consigo.

— poderá comparecer ao hospital? Uma recepcionista questionou do outro lado da linha e o coração de Kurtis acelerou violentamente, mal conseguia respirar. Suas mãos tremiam diante da possibilidade de estar prestes a receber uma notícia horrível.

— d-do que se trata? Questionou quase em um sussurrou nervoso para o fone, causando um chiado estranho na linha.

— a senhora Amália Williams, despertou a algumas horas e passa por exames médicos no momento...

 


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