Yours Green Eyes escrita por Itiana Chan


Capítulo 2
Capítulo 2- O som de suas palavras...




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— então, me conta... o que esteve fazendo todo esse tempo? Loren questionou enquanto caminhavam pela calçada, colocou as mãos os bolsos das calças jeans e sorriu para o antigo amigo. – senti sua falta...

— é. Eu também senti a sua... – Kurtis segredou olhando para os próprios pés, era difícil admitir o quanto sofrera com a partida da loira. – montei uma banda com uns amigos e bem, você já sabe... e quanto a você?

— nem acredito que se passou uma década inteira, queimei os neurônios na Sorbonne e virei vegetariana, no mais é só isso! A loira sorriu vendo uma barraquinha de rua vendendo pipoca. Comprou para os dois e se balançou lentamente para os lados comentando como sentia falta da comida de rua brasileira.

Uma chuva fina começou a cair sobre os dois, molhando as roupas da loira que logo começou a espirrar. Com esforço, conseguiu convencê-la a dormir em seu apartamento naquela noite e seguiram rumo ao seu bairro.

— vou procurar uma roupa para você... – Kurtis comentou quando entraram no apartamento, caminhou até seu quarto e retornou alguns minutos depois com uma muda de roupa que julgou caber na moça. – a primeira porta a esquerda é um banheiro, melhor se trocar ou vai ficar resfriada...

— hum... tá bom! Loren concordou sem pensar muito. Seguiu as instruções do amigo e entrou no banheiro vendo como era limpo, sorriu agradecendo mentalmente e banhou-se. Enquanto penteava as longas madeixas aloiradas, notou a quantidade de medicamentos que possuía no armário embutido na parede.

“É tão difícil assim? Ao ponto de não conseguir dormir sem estar dopado de medicamentos?” Pensou consigo mesma remexendo os vasos de medicamento em seus longos dedos, suspirou fechando os olhos e devolveu tudo de volta ao seu lugar, saindo do banheiro em seguida.

— achei que tinha descido pelo ralo... – O loiro debochou rindo baixo quando encontrara-se na cozinha, indicou que se sentasse e lhe serviu o jantar que pedira enquanto se banhava.

— ah, eu bati a cabeça e fiquei desacordada por uns minutos, não sei nem onde estou! Loren exclamou tão seria que por um momento o loiro até pensou ser verdade.

— claro! Como não percebi esse galo? Kurtis riu baixo gesticulando com as mãos. – você está no Brasil, São Paulo...

Depois do jantar, sentaram-se no grande sofá de coura na sala, em frente a grande televisão de tela plana. Loren pescou o controle remoto e trocou os canais procurando por algum filme que lhe interessasse.

— tentei ter notícias suas por todo esse tempo mas, só soube de você uns anos atrás quando a banda começou a fazer muito sucesso... – Murmurou aconchegando-se em seu ombro, permitiu-se relaxar ao seu lado e fixou os olhos na tela.

— gosto de suas músicas... – A voz um pouco sonolenta de Loren ecoou por seus ouvidos, o loiro ficou feliz sabendo que aquelas palavras eram sinceras e continham um significado propriamente deles.

Em outro momento jamais se permitiria estar tão vulnerável na presença de alguém que não via a tanto tempo mas, Kurtis era diferente e podia confiar sua vida a ele como quando eram pequenos.

— me desculpe por ter ido embora... – sussurrou sentindo tudo escurecer, estava exausta pela longa viagem e permitiu-se adormecer em seus braços.

Na manhã seguinte, acordou sentindo os raios solares recaírem sobre seu rosto, irritando um pouco as íris sensíveis. Praguejando por ter deixado os óculos de grau no quarto de hotel quando saíra na noite anterior, ergueu-se notando que estava no quarto de Kurtis.

Esticou-se e caminhou pelo quarto vendo álbuns na parede, cadernos numa escrivaninha e uma bagunça de panos por todo canto. Sorriu imaginado que ele era bem bagunceiro para quem tinha um banheiro tão impecável e saiu do quarto, encontrando-o ainda adormecido no sofá da sala.

“Que cavalheiro!” Pensou consigo mesma, caminhou até a lavanderia e pegou suas roupas que lavara a noite, vestindo-as rapidamente. Após lavar as roupas que vestira durante a noite, retornou a sala onde Kurtis se remexia acordando.

Seus grandes olhos verdes recaíram sobre as marca de agulha em seu braço e suspirou com tristeza, já imaginava que o loiro se drogasse mas, não queria o ver assim.

— bom dia! O loiro murmurou sentando-se no sofá, esticou as costas e elas estalaram brevemente mas, ignorou. – dormiu bem?

— sim... bom dia! Sua voz soou um pouco incerta, seus pensamentos ainda estavam voltados ao que notara antes e o loiro logo percebeu, puxando a manga da camisa para esconder as marcas que tanto a distraiam.

— estou tentando parar... – Murmurou baixo com um olhar um tanto perdido e suspirou ao perceber que não estava sendo julgado. Pelo contrário, ela parecia o encorajar a continuar mesmo que do seu jeito meio torto.

— preciso retornar ao hotel onde me hospedei mas, acho que não sei chegar lá, pode me ajudar? A loira mudou de assunto colocando as mãos nos bolsos e puxou o aparelho celular. – a propósito, me passa o seu número?

— claro! Vou me trocar e tomamos café na padaria aqui perto antes de irmos! O loiro concordou e seguiu até o banheiro, precisava escovar os dentes e arrumar os cabelos antes de irem.

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— lugar legal! Kurtis comentou observando todo o hotel como se o analisasse, sorriu para a loira e perguntou em tom de deboche se ficara milionária ou algo parecido.

— não te contei? Depois que os meus pais se separaram e minha mãe me levou para Paris, ela se casou novamente e enriqueceu junto ao novo marido! Loren explicou enviando algumas mensagens, avisando que estava bem para a família. Pegara somente alguns documentos e o roteiro turístico que trouxera consigo dos museus que planejava visitar nos primeiros dias antes de se manter permanentemente no local.

— acho que é disso que você está precisando! A loira resmungou enquanto passavam em frente a um pequeno abrigo para adoção de animais, pegou na mão do amigo e o arrastou para dentro do pequeno prédio.

— que tipo de animal você prefere? Loren perguntou puxando-o pela mão para fazê-lo o acompanhar mais rápido, a mesma mão pequena e fria que o trouxera mais um motivo para viver. – li que tem um abrigo nessa rua...

— acho que cachorros... a casa precisa de mais barulhos mesmo! A voz ainda um tanto melancólica de Kurtis soou decidida. Seus olhos fixaram-se nos animais dentro das pequenas jaulas que pareciam implorar por carinho.

Aproximaram-se da área do canil, o barulho se intensificou e uma cadela jovem de pastor alemão deitada com as orelhas baixas, chamou sua atenção.  Ao vê-lo, o animal ergueu-se mostrando seu grande porte e lambeu a mão do homem que acariciava o topo de sua cabeça.

Os grandes olhos de Loren observavam a cena a sua frente expectativa, desde que entrara no canil evitara fitar o animal temendo apegar-se a ele pois, sabia que um cão daquela idade não poderia ser mantido por muito mais tempo em um órgão público.

— você é bem esperta, não? Kurtis perguntou vendo-a rolar na jaula e balançando a cauda toda animada. Seus olhos pareciam brilhar de emoção, instintivamente sabendo que as duas pessoas ali tinha grande carinho por animais. – olha! A sua patinha é uma prótese...

“Tão quebrada quanto eu...” Pensou consigo mesmo enquanto lia a descrição da situação de maus tratos que causou o resgate do animal de seu antigo dono. Sorriu com carinho e ergueu seus olhos para Loren que parecia mais animada que o cachorro.

— vou ficar com ela... – O loiro exclamou procurando com os olhos a atendente que vez ou outra passava por eles. Aos poucos, começava a imaginar os tipos de rações, coleiras e caminhas que poderia comprar para ela.

— por favor, precisamos de uma certidão para essa menina! Loren comentou sorridente para a moça que os atendia no balcão. Alguns documentos foram assinados e uma certidão de adoção foi providenciada.

— aqui estão os documentos que te ajudarão com o cuidado dela, a alimentação é normal e a prótese não precisa de grandes cuidados! A moça explicou vendo Loren assinando um termo para ajudar no trabalho voluntário.


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