Juntos por uma Eternidade escrita por CamilaHalfBlood


Capítulo 16
Capítulo 16 – A Carta


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora ;-;
vcs podem contar que o prox e o depois desse eu não vou atrasar!



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Capítulo 16 – A Carta

Pov. Bella

Edward não estava mais ali – foi a primeira coisa que percebi ao abrir os olhos.

Demorei um segundo para perceber o que ele sentia.

Ele estava ansioso com algo.

Me permiti sentir aquilo por mais um minuto antes de me afastar dele, trancando o máximo que conseguia a nossa ligação, como se colocasse uma parede entre nós.

Soltei todo o ar que estava em meus pulmões. Nossa ligação se parecia um eco agora, longe o suficiente para ser possível respirar, mas ainda sim presente. Era mais confortavel dessa forma, ainda era cansativo, mas com toda a certeza menos do que manter da forma que estava antes.

Me levantei assim que amanheceu, me preparando para ir a escola.

Bati na porta de Charlie antes de descer para a cozinha. A mesma continuava trancada, exatamente como estava quando o mesmo havia saído naquela noite.

Suspirei.

Olhei pela cozinha, já não havia mais comida, tinha cerveja, algumas bolachas mas era apenas isso, estava tentando racionar o máximo que eu conseguia, mas finalmente havia acabado, e ainda faltava uma semana para o fim do mês.

Um mês no mundo humano, com certeza me parecia muito mais.

Juntei o resto dos meus mantimentos, os agrupando por quantidade, o que me surpreendeu já que esperava que houvesse mais.

Charlie costumava pedir muita comida em casa, ou pelo menos era o que o mesmo havia me dito. Nunca teve o dom para preparar refeições, então mesmo que ele tivesse comprado mantimentos antes da minha chegada, ainda era pouco.

Meu inventário no fim era 3 pacotes de bolachas salgadas, um engradado de cerveja, e o último pacote de macarrão que sobrara.

O dinheiro que Charlie havia dado para mim nos primeiros dias para me alimentar na escola também já havia acabado.

Sentei na bancada da cozinha enquanto abria um dos pacotes.

Se aquilo seria minha principal fonte de alimentação até eu receber meu salário, tinha que economizar.

Três bolachas teria que bastar para meu café da manhã.

Suspirei saindo da cozinha. Nem de longe me sentia satisfeita, mas não havia nada o que eu pudesse fazer quanto a isso.

Foi quando a vi: parada em cima da mesa, como se estivesse esperando por mim.

Havia uma carta e uma pequena caixa pousada delicadamente na mesa da sala. Não estivera ali antes, quando havia passado para tomar meu “café da manha”.

— Charlie? – chamei, mas eu já sabia que não havia ninguém na casa.

Peguei os itens na mão analisando, a caixa era de madeira escura e inteiramente detalhada. Não reconhecia os símbolos, mas pareciam letras até algum ponto, passei os dedos contornando as linhas delicadas que subiam e desciam com delicadeza.

Mas os símbolos não preenchiam toda a madeira, na parte de baixo quase imperceptível havia letras que eu entendia.

MH

Quem é MH?

Abri-a devagar e senti minha respiração se prender ao olhar dentro da caixa.

Havia 3 frascos de água light dentro. Pesei os frascos em minha mão. Eram pequenos, mas se eu tomasse um inteiro teria magia o suficiente para voltar para casa.

E tudo seria igual a antes.

Engoli em seco. Enquanto minha pele formigava em expectativa, pousei o conteúdo novamente dentro da caixa a fechando.

Quando abri o envelope o meu choque foi ainda pior que ao ver o conteúdo da caixa, minhas mãos tremiam e lagrimas que eu não queria começaram a cair.

Não podia der possível, mas ali entrava, clara como eu me lembrava, a letra de Bernard.

Minha querida Isabella.

Já tive que me refrear meus impulsos de ir vê-la tantas vezes, que nem ao menos consigo contar

Mas eu não posso ir até ai, não mais... E peço seu perdão por isso.

Queria ter estado ai ao seu lado quando você teve o sonho.

Filha, esse não é o melhor modo para te contar, mas é o único jeito que eu tenho, por palavras turvas e por uma conversa unilateral que talvez te deixe mais confusa do que antes.

Sua mãe não era uma humana como você pensa. Eu conheci ela, seu nome era Marie, uma filha de um anjo integrante do veneno, mas você tem que entender que ela não era só isso, ela era uma vampira, transformada em 1800.

Sei que o você acha do nosso mundo, dos anjos, dos vampiros e de todas as raças que existem nesse mundo tão grande, mas está tudo errado filha, quase nada do que você sabe sobre nosso passado é verdade.

A muito tempo, anjos andavam em terra, junto aos humanos. Éramos como qualquer raça na terra, vivíamos juntos ainda que separados dos normais, mas mesmo assim não eramos diferentes de ninguém, todavia ainda viviamos com medo já que os humanos temiam tudo de diferente. Veja o que aconteceu com as bruxas, nem existem mais.

Tudo por se deixar ver. Esse foi a última gota.

Tínhamos tanto medo, então descobrimos como nós proteger ao criar a Agua-Light e ficamos seguros, escondidos de todos e o paraíso consequentemente foi a solução perfeita para nossa raça para nos vivermos com a magia que cercava esse líquido.

Mas a magia que nos protegia, tem efeito em nós, você deve ter sentido agora fora de seu controle, como o mundo é diferente, como é melhor, por que ela nós limita, sempre limitou.

Não era para vivermos assim para sempre, temporário eles diziam, mentiras contadas para aplacar o povo.

A segurança cobrou um preso alto e nem todos conseguia abdicar do que precisava ser feito.

Ouve um massacre, por aqueles que queriam descer e aqueles que queriam ficar, não podiam deixar tantos anjos descerem, se o disfarce fosse comprometido então não teria como continuar com o estilo de vida fantasma que eles queriam.

E todos contra morreram.

Eu me envergonho do que fiz, mas participei disso.

Sinto muito por tudo o que está passando, por que foi nesse momento em que tudo começou. Se eu tivesse percebido o que estava em jogo, o que esse massacre traria para todos nós, nunca teria participado.

Era inconsequente na época, não via a situação como um todo, mas isso são apenas desculpas, eu participei e tenho que viver com isso todos os dias.

Mas não é que estou lhe escrevendo, mesmo agora não peço o perdão de ninguém, por que todos quem eu teria que pedir já estão mortos.

O ponto que quero que você entenda é que há uma linha tênue que separa nós dos humanos e das outras raças, e ela estava morrendo.

Nós fizemos com que ela permanecesse, que ficasse mais forte do que nunca esteve.

Pois a única coisa que ainda a mantém e manteve o nosso mundo ainda funcionando é a Redoma.

Eles aprenderam com seus erros, viram que os mais fracos de nós tinham que esquecer, e os mais fracos ainda sim tinham que temê-los.

Já que saber o que eles tinham feito e como era viver não era uma opção, eles perceberam que precisavam de controle, precisavam que nós dependessemos deles.

E convenientemente da Água-Light também.

Controle é a chave.

Eles começaram a criar diversas leis depois disso, algumas delas apenas para encobrir o que eles estavam planejando.

Pensei nisso por muito tempo, o motivo de cada uma, mas creio que nenhuma é mais importante do que não podemos ter nossa prole.

Tudo isso por que a Água-Light não só floresce seus poderes, ela é uma droga, te deixa dependente, e mantêm você em seu modo fantasma. Quando você para de tomar, seus poderes enfraquecem e você cai na terra voltando a ser humano, por que por ser filho de uma mulher humana eles não possuem poder suficiente para manter nada da sua forma de anjo, mas com filhos de apenas anjos e mestiços isso não acontece.

Por que não há lado humano o suficiente para tanto.

É proibido para um anjo se acasalar com uma outra raça além da humana, por que as crianças nascidas dessa junção são catastróficas para a segurança que eles querem.

É apenas por eles não saberem do sangue vampírico e anjo de sua mãe que você está viva hoje.

Conheci sua mãe quando ela era parte do Veneno, mas não por que queria, mas por que não tinha escolha, não tinha para onde ir, a Redoma nunca deixaria ela voltar para o Paraíso.

Sua mãe era um anjo primeiramente, mas em 1800 ela foi transformada em vampiro. Isso acabou com ela, o veneno vampiro aflorou, tanto que ela se alimentava de sangue, sangue humano.

Eu sei que é muita coisa para raciocinar, mas tenha calma, minha filha, seu passado é mais importante do que você imagina.

Mas eles não sabem como funciona a água em vampiros. Não como aconteceu com você e sua mãe, ela prende o seu lado vampiro, por isso você nunca manifestou nada disso e pode viver comigo sem ninguém percebesse.

Normalmente, como você deve saber, seus poderes deveriam sumir de acordo com o tempo que passa na terra, como já deve ter percebido isso não está acontecendo com você e não vai acontecer.

Agora com seu organismo quase limpo, eles devem voltar a aparecer, por que você nunca precisou da água-ligth para mantê-los, sei que é difícil acreditar, mas você não precisa da água a muito tempo atrás, mas seu corpo vai continuar pedindo por ela tanto que você terá que se acostumar com a falta dela, por isso você ficará muito fraca no começo, mas como já disse você se adapta, vai sobreviver, controle seus poderes, é o único jeito de lutar contra o veneno.

Você, Isabella, é única com sangue de vampiros e anjos nas veias, isso a torna mais forte do que imagina.

Mas não pense que é imbatível por isso, e peço que não procure Charlie, não devia ter sido tão inconsequente quando o mandei, mas achava que os Lobos podiam tomar conta do que está acontecendo naquela cidade.

Irei dar um jeito nessa situação, por isso que peço para se manter longe.

Se deixe viver um pouco Bella.

Prometo explicar como sua mãe e Klaus se relacionaram e te dizer toda a verdade, sobre tudo, mas agora eu sinto muito por não poder dizer mais, não poderei entrar em contato tão cedo, as coisas mudaram muito desde que você nós deixou.

Mas filha se estiver muito difícil, mais difícil que você consiga aguentar, use meu presente, não tenha medo de falhar.

Se cuide.

Bernard

Pisquei tentando afastar as lagrimas, as palavras de Bernard rebobinando em minha mente, reli a carta mais três vezes até cada palavra estivesse tão bem guardada em minha mente que poderia recitá-la.

Quando era menor, pensava muito em minha mãe, em como ela poderia me salvar de Klaus. Esse fato nunca acontecera, e depois de Elizabeth nunca mais pensara nela.

Não conseguia entender o que tudo isso significava, mesmo que muitas das minhas perguntas tivessem sido respondidas ainda tinham muitas que eu não as tinha.

Se minha mãe não era humana, então o que aconteceu com ela depois que eu nasci?

Abri a caixa mais uma vez, passando o polegar pela superfície do vidro, era gelado e fazia minha pele formigar de uma maneira boa.

Olhei para a carta novamente, sentindo todo o ressentimento de não saber dos segredos que Bernard guardava de mim se dissolver, mesmo que o mesmo não tivesse dito o que estava acontecendo agora eu entendia o por que ele havia feito tudo aquilo.

— Sinto tanto sua falta, Bernard – falei não sabendo se ele escutaria ou não, mas esperava com todas as forças que ele soubesse – Mas não posso voltar e não posso fazer o que está me pedindo, não mais...

Mesmo que o mesmo houvesse dito para me manter afastada, eu não podia faze-lo, se Charlie estava com problemas era minha obrigação ajuda-lo.

Fechei os olhos por um segundo, esperando que algo acontecesse. Mas quando abri os olhos, nada aconteceu. Ainda ouvia o som do vento batendo na janela e o cantar calmo dos passarinhos na distância.

Para mim, o mundo parecia que tinha virado de ponta cabeça novamente, de uma forma tão brusca quando havia sito expulsa da única casa que conhecia.

Então suspirei, guardando o frasco e a carta dentro da caixa novamente.

O que eu faria com aquilo?”— pensei comigo mesma

Charlie havia me dito que queimava as cartas de Bernard após lê-las, mas apenas a ideia de fazer aquilo com a única coisa que tinha dele parecia horrível para mim.

Não sobrara muito além das minhas memórias e isso as vezes não era suficiente.

Além do mais, se Bernard havia me dado Água-Light era por um motivo, podia não saber o por que, mas era importante.

Se fosse para eu apenas voltar para casa como o mesmo havia dito, não seriam 3 frascos. Já era difícil se comunicar com humanos do Paraíso e conseguia ser pior quando se tratava de água-Light, era para ser impossível teoricamente.

Aquilo era um risco.

E Bernard não nunca corria riscos.

Ou, pelo menos, não corria até mandar Charlie sem garantia de sucesso.

Suspirei voltando para o meu quarto, precisando achar um lugar onde esconder a caixa.

Tentei colocar junto as roupas, ou em baixo da cama, mas todos os lugares pareciam muito visíveis ou previsíveis para mim.

Em algum momento percebi um barulho repetitivo soar aos meus pés.

Olhei para o chão, tentando achar extremamente de onde o som provinha.

Quando achei puxei com força a madeira, ela relutou rangendo, mas um segundo depois o prego se soltou e ela veio em minha mão.

Sorri.

Era o espaço perfeito para esconder a caixa de Maria.

Desci a escada rapidamente, empurrando a mesa para o canto da casa retirando o tapete que estava ali.

Coloquei o tapete no meio do quarto e me afastei um pouco para ver.

Testei o piso, tentando escutar o barulho novamente, mas ele estava bem mais silencioso agora.

Parecia bom para mim.

Mesmo que alguém procurasse não havia como achá-la sem saber onde procurar.

Sai de casa 5 minutos depois, decidindo que não iria para a escola, tinha coisas para descobrir sobre mim mesmo que não podia esperar, então fui em direção a floresta.

Andei por horas, não sabia exatamente por quanto tempo estava ali, quando ouvi, um barulho ao longe, trazido por azar pelo vento, me abaixei apenas escutando esperando ver algo.

Algo se mexeu na mata, fazendo os arbustos tremerem.

Era apenas um coelho.

Senti meu estômago revirar, mas puxei o ar em lufadas, estava longe mas aos poucos meu interior foi mudando, o cheiro chegou a mim primeiro minha garganta gritou de dor enquanto eu sentia o enjoou me assolar, mas invés de lutar com as sensações deixei que elas aflorassem, tomassem meu corpo e deixei aquele desejo me consumir.

Não que eu tivesse como lutar contra, estava com tanta sede.

Segundos depois o coelho estava no chão, morto e totalmente sem sangue.

Meus músculos travaram, mas a única coisa que eu conseguia pensar era no sangue, corri para mais para dentro da floresta procurando, caçando, minha velocidade era igual a um vampiro, ou, pelo menos, parecia ser para mim naquele momento de insanidade.

Apenas depois de drenar mais 4 animais grandes que a lucidez voltou a mim, minhas roupas estavam horríveis, o que me fez agradecer imensamente por ter trazido uma muda de roupa junto e ter guardado em uma árvore antes de começar a caçada se não, já teria deixado-a em algum lugar ou sujado com toda a terra e sangue.

Quando Edward caçava era tão belo, quase como uma arte, enquanto eu parecia que tinha cometido um massacre, minha blusa totalmente rasgada e manchada de sangue, mas minha pele tinha alguns resquícios de aranhões feito pelos animais, não me lembrava exatamente como fora, até por que não havia tanta clareza do que acontecerá quando estava caçando.

Agora que a caçada estava acabada comecei a perceber algumas diferenças.

Minha audição estava melhor assim como meu olfato, mas não podia dizer o mesmo da minha pele, ela estava mais branca e mais resistente, mesmo assim ainda podiam me ferir

Não era uma vampira completa afinal.

Pensei por um momento no que ele queria dizer sobre a Água-Light. Será que chegaria algum dia que eu seria vampira para sempre, quando a magia dos Anjos acabassem?

Ou ficaria trocando entre as duas formas mesmo depois disso?

Devia conseguir ler seus pensamentos?”— Edward me perguntara no dia anterior.

Se aquela barreira não era mágica de anjo, só podia ser da minha parte vampira.

Fazia sentido, afinal, já havia ouvido falar de um vampiro do clã Vulturi que tinha um vampiro com esse poder em sua posse.

Se eu tinha uma arma precisava aprender a usá-la.

Me sentei em um tronco, enquanto me sentia meio idiota quando tentava mentalizar algo.

Estiquei a mão mas ela apenas atravessou o vazio, grunhi de frustração

Me concentrei novamente, imaginando uma parede, uma redoma, tomando forma quase por camadas endurecendo-a, eu tinha que acreditar que havia algo ali.

Eu não sabia se eu podia tratar os meus poderes de vampira como eu tratava os de anjos

Dessa vez quando estiquei a mão ela bateu em algo, mesmo claramente não tinha nada lá, mas estava lá, sólido ao meu toque.

Minha animação foi tanta que o escudo caiu sem minha concentração, mas havia acontecido e isso foi suficiente por continuar ali tentando durante horas.

Cada vez parecia mais fácil, mais comum para mim usá-lo, como uma extensão de mim. Era totalmente diferente dos meus poderes de anjo que parecia mais imposto e mais cansativo de se usar, ao fim do dia conseguia erguê-lo sem precisar de tanto da minha concentração, era incrível como era uma ferramenta perfeita para um anjo, era até cômico, agora que não era mais um de fato tinha um escudo invisível que parasse tudo, era quase como se o meu lado vampírico também se moldasse ao que eu já fui.

O que melhor do que um escudo para um protetor?

Sorri boba para tudo aquilo. Era reconfortante, mesmo sabendo que esse meu lado era perigoso, eu não me tinha como segura para ficar o tempo todo nele, mas era libertador correr, força, a visão.

Me senti certa como não me sentia a muito tempo.

Inspirei mais uma vez, gritando a plenos pulmões enquanto corria, tentando libertar tudo o que eu tinha passado nesse tempo na terra, cada medo e cada insegurança.

Nada importava afinal.

Mas então me concentrei e tudo se foi, a leve queimação sumiu enquanto a agua-light suprimia tudo, e parecia que tinha ligado um gerador em meus ouvido, os sentimentos de Edward me pegaram em um baque, soltei um gemido de dor, quando tudo caia sobre mim novamente.

Agora que Bernard havia me falado, me dito tudo o que a água-light fazia comigo eu conseguia perceber melhor o que ele que havia dito.

Viver com aquilo não era viver de verdade, era como ver tudo de longe onde nada podia te alcançar de verdade.

Eu não queria aquilo mais em mim.

Mas o que aconteceria se eu ficasse o tempo todo no meu modo Vampira?

Não pudia fugir das minhas responsabilidades mais, se queria ajudar Charlie, precisava de todos os meus poderes.

Então precisava esperar para me livrar de tudo aquilo.

Saí da mata, já vestida para o trabalho, não sabia quanto tempo demoraria para ajudar Charlie, e em algum momento eu precisaria do dinheiro para reabastecer o estoque de comida da casa.

Não adiantaria muito se eu morresse de inanição antes de poder ajudá-lo.

Infelizmente a mãe de Mike não estava deixando apenas eu e ele para cuidarmos da loja, o que rendeu um dia inteiro de perguntas do acidente que havia acontecido no dia anterior,

Quando a noite chegou eu sai fechando a loja.

Liguei para casa com o celular de Charlie, chamou até cair na caixa postal, ainda havia esperança que tudo o que Bernard havia dito fosse apenas um engano.

Mas claro que não era, suspirei.

Não queria ter que voltar para casa ainda.

Muito era porque minha ligação com Edward havia voltado, e consequentemente minha determinação estava mais forte agora, gritando por atenção, então aceitei aquilo por hoje, não via como aquilo podia ser ruim, não havia o visto no dia e duvidava que agora que podia usar meus poderes eles fossem perceber minha presença.

Corri para a casa dos Cullens com esse pensamento.

A casa que eu tanto conhecia apareceu em minha frente alguns minutos depois, estava a quilômetros de distância mas ainda sim com a visão de vampira conseguia ver com clareza o que acontecia dentro.

Me agachei e suspirei aliviada, todos os Cullens mais jovens estavam na casa em segurança.

Usei meus poderes para ocultar tudo sobre mim, sabia que em apenas em um deslize eles poderiam me perceber ali, mas eu precisava daquilo hoje.

Saber que eles estavam realmente bem.

Suspirei aliviada enquanto algo dentro de mim se acalmava.

Quando chegou a madrugada, vi Edward sair correndo de sua casa sozinho em direção a cidade, franzi o cenho por que normalmente ele iria para Port Angeles ou até mesmo Seattle, mas não para Forks, os vizinhos podiam comentar sobre seu estranho costume de andar pela ruas durante a madrugada.

Só que com seu afastamento, novamente me senti inquieta, a sensação de calma que minha determinação me trazia se foi.

Olhei mais uma vez para a casa, me certificando que estava tudo bem, suspirei enquanto pulava do galho em que estava sentada, caindo em pé.

Considerei ficar durante a madrugada na floresta, pelo menos era melhor do que ficar em casa, se, pelo menos, tivesse trazido meu livro comigo seria uma ideia mais viável.

Senti o celular no meu bolso vibrar alguns minutos depois, o que me fez me assustar pelo barulho repentino na mata tão silenciosa.

— Alô?

— Oi Bella.

— Edward – falei sorrindo – O que aconteceu?

— Eu queria falar... com você – respondeu depois de alguns segundos de silêncio

— Certo.. – falei segurando o riso – O que é?

— Onde você está? – não pude conter o riso dessa vez, ele havia ido para a minha casa?

— Agora? – Ponderei olhando em volta – Na floresta.

— O que? – sua voz subiu as oitavas – Como assim na floresta? O que está fazendo ai?

— Passeando? – respondi nervosamente – Sabe, descobrindo Forks.

— Onde você está exatamente? – perguntou – Vou te encontrar

— Eu não sei – confidenciei – mas eu consigo achar o caminho para casa

Era simples na verdade, se eu usasse a minha velocidade de vampiro em algum momento eu acharia a casa de Charlie novamente.

— Bella não seja tão perigosa – ele parou por um minuto como se estivesse tentando se acalmar - Sabe que horas são?

— Muito tarde? – suspirei - Estou bem Edward, vou para casa. Okay?

— Espera, Bella – implorou ele – Vou te encontrar.

— Mas Edward... – comecei a negar, mas antes que eu terminasse a linha foi cortada e Edward tinha desligado

Pisquei surpresa com seu ato, e um pouco incomodada também.

Suspirei enquanto me sentava encostada na arvore e fechava os olhos enquanto esperava.

— Agora está com sono? – ouvi sua voz

— Na verdade, não. – respondi – Foi na minha casa e eu não estava lá?

Sorri com seu desespero, era apenas uma pequena vingança por ele ter desligado daquela forma, me levantei abanando as folhas da minha roupa.

— Eu não fui até a sua casa – ele negou me fazendo dar de ombros

— Tá tudo bem Edward – eu ri - Vamos

— Segui o seu cheiro – respondeu ele depois de um tempo – mas parece que você andou por tudo que lugar

— Estava explorando – respondi simplesmente

— Por que faltou hoje? – perguntou ele me seguindo

— Eu precisava de um dia de descanso depois de ontem – o olhei brincalhona - sentiu minha falta?

— Você parece muito mais feliz hoje do que em outros dias – constatou ele

— Eu estou – suspirei – Foi uma tarde reconfortante.

— Que bom – ele sorriu, satisfeito – Mas acho que você devia avisar para a escola que não morreu, eles estavam meio que esperando você para te encher de perguntas.

— Incrível – sussurrei, de mal humor – Acho que posso faltar o resto do ano.

Ele riu enquanto me ajudava a pular um galho.

— Estamos muito longe da cidade? – perguntei

— Posso te levar mais rápido se quiser – ele sugeriu

— Tudo bem – aceitei prontamente vendo seus olhos brilhares em divertimento – mas... Eu quero que você use toda a sua velocidade

— Você pode passar mal – ele avisou

— Não vou – eu ri de sua ingenuidade – não vou mesmo

Edward ficou de costas para mim, se abaixando um pouco para eu conseguir subir em suas costas, corei um pouco, mas o fiz.

Antes que o momento se estendesse muito mais, Edward começou a correr.

Ele era muito mais rápido que eu, isso era claro, em meio a corrida comecei a rir, a sensação da velocidade era ótima, não era tão boa quando era eu mesma correndo, mas, mesmo assim, incrível.

— Gostou? - perguntou ele quando parou frente a casa de Charlie.

— Se eu gostei? – falei animada enquanto pulava de suas costas – Isso é incrível, você é muito mais rápido que…

— Você podia ter vindo rápido? – ele disse, fugindo.

— Só estava testando. – dei de ombros – Queria ver a diferença.

— E que conclusão chegou?

— Não sou tão rápida quanto achei que era – sorri – Talvez um dia a gente possa apostar um corrida.

Me dirigi para a porta da frente, mas parei quando percebi que ele não estava me seguindo

— Quer entrar? – perguntei parando no meio do caminho – Você já vinha aqui antes, mesmo.

— Claro. – ele rolou os olhos – não está com sono?

— Não costumo dormir muito – dei de ombros.

Ele me seguiu para dentro da casa, instintivamente, olhei para a mesa de centro, só que dessa vez não havia nada ali.

Suspirei enquanto ia em direção a cozinha.

Mesmo que não tivesse almoçado e muito menos jantado, não estava com tanta fome, talvez o fato de ter alimentado meu lado vampiro já era o suficiente para me manter.

Então decidi apenas pegar um copo d’agua.

— Achei que você ficaria brava comigo – ele disse desistindo de negar – Por quebrar o nosso trato.

— Acho que agora não adianta muito – respondi – Você já sabe que tem algo errado comigo.

— E então? – perguntei enquanto enchia um copo de água para mim – Quais são suas teorias?

— Sabe eu sempre me diverti com o que os humanos nós comparavam – ele sorriu – vendo as teorias deles ficarem cada vez mais previsível e mais fora da realidade.

— Tipo?

— Sabe... Super-heróis – ele riu – Hollywood é uma boa fonte para cogitar, mesmo eu não acreditando em nada do que venha de lá

— O que eles pensam sobre vampiros não estão muito certos

— Algumas coisas eles acertam. – ele deu de ombros, sorrindo – Então eu pensei em algo como...

— Como...? - instiguei

— Uma bruxa?

— Acho que você pode ser mais um pouco criativo. – eu ri, mas meu sorriso morreu assim que me lembrei das palavras de Bernard.

Talvez bruxas não fossem tão absurdo, se tudo fosse diferente.

— Considerei você ser Quileute – ele deu de ombros olhando para o chão – Responderia o por que deles não terem descoberto sobre você ainda.

— Quando fui até as terras deles... Eu ainda era apenas... Você sabe... O que eu era antes. – dei de ombros – não sei se perceberiam agora

— Acho melhor você contar para eles – ele disse – fazer o mesmo trato que nós fizemos, se eles descobrirem antes.. Vão tentar te matar, Bella.

— Vou pensar. – suspirei colocando o copo na pia – Quer subir?

— Você está me convidando para seu quarto? – ele me olhou, maneando as sobrancelhas

— O que… não… – me senti corar enquanto as palavras se atropelavam

— Estou brincando. – ele riu – Mas acho que se você for ir dormir é melhor eu ir embora

— Não vou dormir. – rolei os olhos enquanto subia as escadas escutando seus passos atrás de mim

Meu quarto estava exatamente como eu havia deixado quando sairá de casa de manha.

O que dizia que estava uma bagunça, ainda mais depois de eu ter tentando esconder a caixa de Maria. Devia ter pensado naquilo antes, mas estava tão distraída com a presença de Edward que não me lembrara desse fato.

Para evitar constrangimento assim que entrei no quarto fui direto para a janela a abrindo enquanto sentava no telhado.

— Ainda não me acostumei com isso – ele riu sentando ao meu lado – você e seus telhados

— Gosto do perigo de poder cair – falei brincando – tem uma certa beleza nisso

— Não deveria – ele disse desviando o olhar – devia se manter longe do que pode te machucar

— Não faça isso – pedi tentando chamar sua atenção novamente – você não é perigoso para mim, nunca será

— Você não sabe o que está falando

— não sei? – sorri – tudo bem então me diga, me de motivos para você ser perigoso

— Seu sangue...

— Ele é atrativo para você? – perguntei preocupada, esse fato já havia passado pela minha cabeça, mas o fato de Edward nunca demostrar nenhuma dor quando está comigo havia me feito pensar que isso não o incomodasse.

— Não, mas mesmo assim, se eu me descontrolar, posso acabar te machucando

— Não, isso não aconteceria – sustentei o seu olhar – Eu confio em você Edward, mas nunca deixaria você fazer algo que fosse se arrepender depois.

— Não acho que você possa me evitar, você não é vampira o tempo todo.

— E por que acha que o meu lado vampira é o mais forte?

— Não tem como eu saber, já que você não conta para mim a verdade.

A forma como o mesmo disse essa última frase, me fez desviar o olhar. Mesmo que ele não tivesse cobrando a verdade de mim, o ressentimento contido em sua voz me abalou mais do que eu gostaria.

Se eu contasse a verdade não precisávamos passar por aquilo nesse momento.

— Me desculpe – falei, me levantando – Acho melhor eu ir agora.

— Espere...

Mas eu não queria conversar mais naquele momento, então pulei a janela de volta para o meu quarto, esperando que o mesmo entendesse que precisava ficar sozinha naquele momento.

Entretanto, assim que me levantei, uma tontura me abateu me fazendo cambalear.

— Bella? – senti a mão de Edward em meu braço me aparando no mesmo instante – O que foi?

— Nada – tentei me segurar na parede para me manter em pé – foi apenas uma pequena tontura.

— Você não parece bem.

— Preciso.... Descansar...

— Bella? - escutei alguém me chamar – Está me ouvindo?

Mas já não conseguia ouvi-lo, a escuridão me tonava por um todo, o pânico de Edward veio a mim como uma pedra, sem minha concentração nada impedia que a nossa ligação tirasse ainda mais das minhas forças e com isso eu desmaiei.

Fim do Capítulo 16.


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Notas finais do capítulo

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