Redemoinho escrita por Alice


Capítulo 25
25. Começos


Notas iniciais do capítulo

Resumo: Onde Ramona confirma que começos podem não ser tão ruins quanto parecem.



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Ramona e Jackson se encontravam sentados no sofá do apartamento dela, com a TV ligada em mudo à frente deles, a sala escurecendo aos poucos e as luzes dos postes da rua começando a aparecerem pela janela. O Fuller não queria interromper o que quer que estivesse se passando pela cabeça de sua amiga, conseguiu distraí-la por algumas horas, mas em algum momento ele a perdeu para pensamentos assustadores. Maya estava com o pai, o primeiro passeio sem supervisão, Ramona se encontrava assustada, irritada e receosa, Jackson passou a tarde com ela pois sabia o quão difícil iria ser.

— Mona. - chamou cauteloso apertando de leve seu pulso, ela balançou a cabeça e soltou um suspiro cansado.

— É estranho, tudo isso parece surreal de mais. - afirmou, se levantando bruscamente. Caminhou pelo apartamento ligando as lâmpadas e abajures, depois levou as duas mãos ao rosto esfregando os olhos com força. - Eu era a única na vida dela, sei que isso deve soar egoísta, mas parecia seguro saber tudo o que ela passava, com quem ela conversava, onde ela estava e com quem. Saber cada pedacinho da vida dela e ser a única a quem ela ia recorrer a noite em um pesadelo, a primeira a quem ela ia contar sobre seu dia na escola ou da briga com um coleguinha. Eu era a única mãe. - desabafou, seus olhos úmidos pelas lágrimas que Jackson a viu segurar toda a tarde. - Agora ela tem um pai e por mais que eu nunca vá esquecer o que ele me fez passar, por mais que me doa ter que dividir a Maya com ele, por mais que a cada vez que eu veja aquele sorriso irritante e superior eu tenha vontade de jogar ele pela janela ou-

— Hum, Ramona. - Jackson a interrompeu hesitante apontando para a boneca de pano que ela havia segurado nas mãos durante o desabafo, e que agora estava com a cabeça quase saindo por conta dos pontos quebrados.

— Oh! Ah não, senhorita Emily. - lamentou, a colocando rapidamente em uma poltrona e dando leves batidinhas nela como em desculpas. - Olha, eu só preciso ocupar minha mente enquanto eles não chegam. Só dez minutos dizendo o que eu queria fazer com ele em voz alta com toda a certeza vai ajudar.

— Mas você não tá vendo uma terapeuta?

— Sim, e pelo visto verbalizar durante dez minutos pensamentos vingativos não é nada "saudável". - informou fazendo aspas exageradas que o fizeram rir. - A questão é que eu tô bem, mas não o tempo todo e tudo bem. Só que agora é um dos momentos que eu não tô tão bem.

— Vem cá. - ele chamou, estendendo uma mão para Ramona que aceitou a contragosto. Jackson a puxou, mas ela acabou tropeçando e caindo em seu colo.

Ele a segurou pela cintura enquanto ela passava suas pernas para cima do sofá em uma posição mais confortável, estavam com os rostos próximos e Ramona aproveitou para passar os braços pelo pescoço dele e descansar sua cabeça em seu ombro, assim que Jackson a puxou para mais perto. Era cômodo, confortável e familiar. Já estavam acostumados a ficarem tão próximos assim, era quase como um acordo silencioso em que não falariam sobre as implicações de suas atitudes, mas Ramona já estava cansada desse silêncio e pelo o que podia perceber Jackson também. Levantando a cabeça aproximou seu rosto do dele e disse direta.

— Eu gosto de você. - Jackson a encarou sem fala, seu rosto expressava a surpresa pelas palavras e Ramona nervosa interpretou sua atitude erroneamente. - Falei de mais? Oh, não. Falei de mais. - afirmou agitada se afastando dele ao se levantar rapidamente. - Desculpa, é que eu pensei que.

Ramona entrou em um devaneio que só fez Jackson abrir um sorriso encantando. Ele estava esperando o momento certo para dizer a ela tudo o que sentia, mas como sempre a pessoa doida por quem ele foi se apaixonar o ultrapassou. Mas não poderia estar mais feliz em saber que aquela mulher em pé à sua frente, gesticulando nervosa em um monólogo sem sentido, sentia o mesmo que ele. Se levantando com cuidado, Jackson pegou as mãos dela entre as suas a fazendo parar e encara-lo desconfiada.

— Ramona.

— Jackson.

— Ramona. - repetiu novamente a lançando um olhar único. A Gibbler ainda estava desconfiada.

— Será que dá pra parar de falar o meu nome e me dizer o que você quer dizer logo?

— Sempre impaciente. - afirmou ao soltar uma risada que a irritou.

— E você idiota que fica brincando com a minha ansiedade!

— Ainda não acredito que eu fui me apaixonar por uma pessoa tão agressiva quanto você.

— Agressiva?! E, espera, como assim se apaixonar? Jackson, para com esse silêncio e de me olhar com cara de idiota e explica logo. Eu não tenho mais idade de-

— Ramona. - repetiu novamente seu nome ao levar as duas mãos ao rosto dela para que o encarasse em silêncio. - Às vezes você tem que calar a boca.

Arregalou os olhos indignada e iria rebater se ele não tivesse a calado novamente, mas desta vez com um beijo. Ela ofegou em surpresa, mas logo esqueceu a irritação e passou os braços ao redor do pescoço dele. Jackson desceu a mão direita para a cintura da mulher em seus braços a apertando levemente antes de contornar com o braço a trazendo para mais perto. Se perderam na sensação do outro, no contato com a pele e nas batidas do coração que ousaram serem ouvidas à quilômetros de distância. Esqueceram o mundo e se deram o tempo de finalmente aproveitarem o outro como queriam a tanto tempo, mas o mundo não estava em pause e o toque insistente da campainha quebrou o feitiço lançando por eles.

— Que merda. - Ramona resmungou ao afastar seu rosto irritada do de Jackson. - Quem vem a essa hora na casa dos outros? - perguntou derrotada, jogando sua cabeça para trás em um drama que fez o Fuller rir.

— Sua filha. - disse o óbvio a vendo mudar totalmente a feição e correr para a porta.

Ramona a abriu ansiosa e um enorme sorriso naturalmente surgiu em seu rosto assim que viu sua pequena Maya à sua frente, mas este mesmo sorriso se fechou quando escutou alguém pigarrear tirando sua atenção para um homem alto, forte e de olhar calmo que segurava a mão de sua filha.

— Boa noite, Mora. - O tom de voz que ele usou a fez inspirar profundamente antes de forçar o sorriso em seu rosto a permanecer, pelo bem de sua filha.

— Olá, Pierry. - retribuiu com um aceno automático. Estendeu à mão para sua filha que rapidamente a pegou antes de puxa-la para um abraço apertado. - Oh, minha abelhinha. Senti tanto a sua falta.

— Só foi um dia, mamãe. - Maya lembrou rindo quando Ramona começou a beijar sua bochechas. - E você teve o tio Jackson pra te fazer companhia. - apontou para ele que estava sentado no sofá à espera delas.

— É, ele. - Pierry torceu o nariz antes de acenar com a cabeça para Jackson que retribuiu o gesto sério. - Precisamos conversar.

— Ok. - aceitou desanimada ao se separar de Maya. - Dê tchau para o seu pai e entre.

Maya rapidamente se virou para Pierry e o abraçou forte sendo prontamente retribuída.

— Eu gostei muito do passeio, papai. - falou carinhosa fechando os olhos com um sorriso sincero quando ele se abaixou para depositar um beijo na cabeça dela.

— E vamos repetir sempre que der. Te adoro, cristalzinho.

— Também te adoro.

Ramona cruzou os braços tentando disfarçar o incômodo que a facilidade daquela troca de carinho a causava. Maya entrou correndo para se jogar nos braços de Jackson e Ramona fechou a porta lentamente aproveitando o claro incômodo de Pierry com a cena. Ela poderia ser bem vingativa quando queria, o que não poderia ser a todo momento pelo bem de Maya.

— Acho que precisamos acertar muita coisa em relação a Maya.

— Agora me diga algo que não seja óbvio. - rebateu, se apoiando de costas na parede ao lado da porta.

Ele repetiu seu gesto na parede oposta e soltou uma risada surpreendemente verdadeira.

— Sua animosidade comigo não pode aparecer em frente da nossa filha.

— Como se eu já tivesse expressado minha enraizada antipatia por você na frente dela. - falou de forma seca o vendo levantar uma sobrancelha em descrença.

Maya tinha a mesma expressão quando não acredita nela, na verdade ela tinha muito dele e isso deixou de ser estranho em algum momento. Sua filha possuía as melhores partes de seu pai e Ramona agradecia por isso, por mais que Pierry a tenha feito sofrer ele parecia não querer que a filha deles passasse por nada ruim e ela seria eternamente grata por isso. Maya deveria vim acima de tudo, mas os dois ainda tinham um longo caminho a percorrer antes de poderem sentar na mesma sala e conversarem sem alfinetadas.

— Mas vamos logo com isso, tenho uma maratona de Steven universo pra começar com a Maya. - informou o vendo abrir outro sorriso, mas dessa vez ela deixou o seu também aparecer.

Eles tinham que partir de algum ponto e Ramona estava satisfeita em dar o primeiro passo, assim ela poderia controlar até onde a linha limite deles se estenderia. Mas apesar de tudo sabia que do outro lado da porta estavam as duas pessoas que nunca a deixariam e isso a dava forças para continuar tentando.


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Notas finais do capítulo

E conhecemos Pierry, não vejo Ramona não cair de amores por um garoto francês.
Espero que tenham gostado e estou preparando outro para postar qualquer dia.



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