Redemoinho escrita por Alice


Capítulo 24
24. Furacões


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo queria dizer que esse capítulo vai ser só da Ramona e da Maya, preciso dessa construção antes do próximo em que o Jackson vai aparecer.

Resumo: Onde Ramona precisa encarar um eminente furacão.



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Maya rodopiava animada, em frente à sua mãe, com os olhos fechados e vestida de bailarina lutadora como sua avó havia dito, o que consistia em uma saia rosa de tule e uma máscara dourada cobrindo a parte de seus olhos . As duas estavam em um parque perto de casa, o sol brilhava, mas um vento fresco amenizava o calor. Ramona estava sentada em um banco observando cada movimento de sua filha, apertava com força o celular que se encontrava em suas mãos e tentava controlar as lágrimas de raiva.

No início da manhã, quando arrumava sua filha para a escolinha, recebeu um telefonema da última pessoa em que pensaria lhe ligar. A conversa não ocorreu bem e ameaças com alguns xingamentos foram trocados, se encontrou tão irritada e sobrecarregada que resolveu não levar a filha aquele dia e juntas partiram para o parque, e para longe das perguntas indiscretas de sua família. Sabia que quando voltasse todos iriam querer descobrir o que havia acontecido, o que estava acontecendo, mas não tinha energias para explicar o que ela mesma ainda não estava conseguindo entender.

Inspirou profundamente e fez uma pequena contagem regressiva enquanto soltava o ar. Mentalizou todos os bons momentos enquanto observava sua pequena bailarina fazer bolhas de sabão enquanto girava lentamente.

10. Quando recebeu a confirmação de Londres.
9. Cada momento com sua família.
8. A primeira vez que sentiu Maya.
7. Quando a pegou pela primeira vez nos braços.
6. Quando viu seu primeiro sorriso.
5. Sua primeira palavra.
4. Seu primeiro dia de aula.
3. Todos os abraços.
2. Todos os Eu te amo.
1. Cada pedacinho dela.

Quando percebeu que não iria chorar, abriu os olhos e deu de cara com a carinha curiosa de sua filha. Ela a olhava de forma analítica e tinha a cabeça inclinada para o lado fazendo a cascata de cachos quase cobrir seu rosto, seu olhinhos castanhos estavam apertados como se procurassem a resposta para algo e suas mãos apertavam o brinquedo de forma nervosa. Ramona notou que ela estava tão assustada quanto ela, mas estava com medo de descobrir o motivo.

— O que houve estrelinha? - perguntou em um tom doce, abrindo os braços para ela que logo se sentou em seu colo.

Maya baixou o olhar para as mãos que ainda estavam ligadas e falou quase em um sussurro.

— Eu tenho um papai?

A pergunta pegou a Gibbler de surpresa. Sentiu seu peito apertar percebendo que o tópico que ela tentava evitar a todo custo finalmente veio para testá-la.

— Por que você está perguntando isso?

— Eu ouvi você gritar no telefone que eu não sou filha dele e que ele não me quis em primeiro lugar.

Ela realmente deveria tomar cuidado com o paradeiro de Maya, a garotinha de cinco anos estava se tornando mais esperta a cada dia.

— Olha, pequena. - começou de forma insegura e pensou em inúmeras mentiras que a iriam fazer se sentir melhor, mas sabia que se começasse a mentir iria provocar uma avalanche que no futuro poderia se voltar em sua direção. Por isso, pegou o rosto pequenino de sua filha e a puxou delicadamente para encara-la, o olhar assustado dela a desarmou, não poderia mentir. - Há muitos anos quando você ainda estava na minha barriga, eu tive uma briga muita feia com seu pai. - a palavra ainda provocava um gosto amargo em sua boca.

— Você xingou? - indagou com os olhos arregalados e Ramona assentiu. - Isso é feio, mamãe.

— Eu sei, meu amor. Mas quando estamos com raiva falamos coisas horríveis e seu pai me disse as mais terríveis, eu chorei muito e fiquei bastante triste. Eu morava em Londres e pedi ajuda ao seu padrinho Jackson. - continuou, tirando ela de suas pernas e a sentando ao seu lado. Segurou suas mãozinhas entre as suas e prosseguiu. - Ele me ajudou muito e eu vim morar com todo mundo. Seu pai ligou hoje de manhã e disse que queria conhecer você, nós acabamos brigando de novo e falando coisas horríveis um pro outro.

— Por que vocês vivem brigando? - perguntou em uma sincera curiosidade.

— Nós não concordamos com muitas coisas e você é uma delas, mas acho que por lei ele tem direito de te conhecer, ainda vou ver isso. Mas tenha a certeza de que ele nunca, nunca, nunca vai me tirar de você. - prometeu, se inclinando para dar um beijo em sua cabeça.

— Eu sei que você não vai deixar. - afirmou confiante a fazendo abrir o primeiro sorriso da manhã. - Você é minha super mamãe, mas.

Maya hesitou em continuar e se afastou para se encostar no banco e ficar longe do olhar de Ramona.

— Mas o que, mi vida?

— E se eu não quiser ver ele? - indagou baixinho torcendo a barra da saia de forma angustiada. - Ele te fez mal, mamãe. Ele te machucou e xingou você, eu não quero um papai que te deixa triste. - disse, com a voz embargada que deixou sua mãe completamente destruída.

Ramona a puxou novamente para suas pernas e a apertou em um abraço a sentindo derramar algumas lágrimas em seu ombro, lutou contra as suas próprias e tentando se acalmar seguiu com o que seria uma das decisões mais difíceis de sua vida. Ainda com a cabeça de Maya escondida na curva de seu pescoço, ela continuou.

— Todas as pessoas quando crescem possuem muitas partes, sempre podemos escolher qual parte iremos mostrar ao mundo, ao que amamos ou somente a nós mesmos. Seu pai erra, assim como eu, Jackson e toda a sua família. Ele errou comigo e sei que ainda vai errar, mas ele percebeu que errou com você e eu quero tanto acreditar nisso porque você merece todo o melhor amor que esse mundo pode dar, e por mais que ele tenha me machucado ele ainda me fez feliz por um bom tempo e é essa parte dele que eu quero que você conheça. É essa parte que eu espero que ele lhe mostre sempre. - sua voz estava controlada e Ramona fechava seus olhos com força para impedir as lágrimas. - Nossa vida vai mudar, minha pequena luz. Vai mudar de uma forma totalmente nova e vai ser estressante, mas eu espero que para você seja sempre para melhor.

— Mas eu não quero ver ele agora. - repetiu com a voz abafada enquanto sua mãe passava a mão em suas costas em um carinho confortante.

— E não precisa, quando você estiver pronta. Só quando você estiver pronta.

Sua promessa valia para as duas, ela teria que se preparar para o furacão que iria invadir sua vida, mas o que a consolava era saber que não estava sozinha. Sempre teria sua família e amigos ao seu lado, e principalmente Jackson.

Oh, senhor! Ele iria surtar quando ela fosse lhe contar tudo.


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