Primeiro, eu matei o meu pai... escrita por Myu Kamimura, Madame Chanel


Capítulo 12
Capítulo XI




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Assim que botou os pés no Santuário, Sammyrah fez de tudo para já pôr seu plano em prática, precisava que Saga soubesse de tudo que estava acontecendo para que tomasse alguma atitude mais efetiva. Passou como um furacão pelas Doze Casas, mas ao pedir passagem por Aquário, uma presença diferente chamou sua atenção.

Não pode ser – Pensou a garota enfezada

Suas suspeitas foram fundadas ao ver Kammy passando pelo caminho contrário, com um saco repleto de maçãs. Ambas se encontraram na metade da casa e Sammyrah apenas seguiu indignada em seu passo apressado:

O que essa garota está fazendo aqui?

Chegou em Peixes, deixou a pequena mala que carregava para a missão em seu quarto, se trocou e seguiu para o décimo terceiro templo.

Ao chegar lá Gigars parecia quebrar a cabeça dentre as papeladas de pedidos de saída e de entrada, uma tarefa básica do subcomandante, na qual o mesmo parecia perdido:

—Gigars! Preciso falar com urgência com você, ou melhor, com o Mestre Arles.

—Sammyrah, agora eu estou perdido entre estes documentos será que você poderia voltar depois? - o homem respondeu gaguejando – Mestre Arles também parece estar tomado com outra tarefa…

—Mas que tarefa, Gigars? Até uma criança com instrução já teria concluído esses pedidos! E o que é mais importante que as respostas conclusivas que eu trouxe da minha missão?

—Senhorita… Como já disse… o mestre está deveras ocupado e eu também – Resmungou o subcomandante.

A ruiva apenas o olhou irritada e seguiu o caminho até a sala do mestre. Sob os pedidos de Gigars para que ficasse, bateu a primeira porta na cara do mesmo e seguiu determinada até a porta de acesso. Entrou aprazada e se deparou com Saga sentado no trono do Grande Mestre sem a máscara e o elmo,  beijando o pescoço de uma serva loira, que estava sentada em seu colo com a túnica abaixada até a cintura. A jovem sentiu o sangue ferver de raiva, apenas cruzou os braços e coçou a garganta, aparentemente não chamou a atenção de nenhum dos dois. Até que decidiu se manifestar:

—Grande ocupação, Mestre Arles. Poderia, encarecidamente, dispensar sua vagabunda? Acho que temos assuntos mais importantes a tratar, não é mesmo?

A serva loira, riu debochada:

—Ah pirralha, você acha que eu não sei do teatro de vocês? - A mulher loira sorriu arrumando a túnica – Ele me contou tudinho… Isso é só ciuminho adolescente seu, pois ele está se aliviando em mim e não em você...

Dado certo momento, a mulher mudou o semblante para um de total desespero e horror, deixando lágrimas escorrendo por seus olhos que encaravam o nada. Sammyrah tinha entrado em sua mente, percebido a oportunista que ela era e como seus bem tecidos planos poderiam cair por terra com aquela ameaça. Apenas inseriu na mente dela uma visão em que a mesma pegava uma tesoura e cortava a própria língua e ficava vendo o sangue escorrer pela boca e pelo pescoço e em seguida furava os próprios olhos com a mesma arma.

A serva apenas se levantou e saiu rapidamente dali, deixando o Grande Mestre com um olhar misto de estranheza e orgulho.

—Muito bem, jovem Sammyrah. Até que você consegue ser bem letal quando quer não é?

—Precisamos deixar nossas intenções claras, não acha?

—Quanto ódio para com a pobre da Brida… - Saga riu, adotando uma postura largada no trono – Ou, como ela insinuou, é ciúme?

—Não interessa, Saga! - A ruiva desconversou – Você quer saber o que eu descobri ou vai ficar preocupadinho com sua concubina?

—Está bem! Me perdoe... não devia ter me revelado a ela.… - a ruiva o encarou e o viu se levantar – Será que você pode me dizer o que descobriu? - O Homem se aproximou estendendo a mão.

Sammyrah aceitou a mão estendida e relatou todas as descobertas sobre os jovens de bronze que rondavam Saori Kido, e sobre seus mestres, além de uma ideia que havia rondado sua mente na volta para casa:

—Todo aprendiz é muito apegado a seu mentor. Eles então, que são muito jovens e órfãos mais ainda… acho que deveríamos atacar Albiore de Cefeu, Crystal de Coroa Boreal, Marin e o Mestre Ancião. Assim desestabilizaríamos os jovens e também tiramos da linha cavaleiros a quem eles poderiam recorrer em alguma situação…

—Você tem razão… eu já cuidei de Crystal. O Mestre Ancião é um caso a ser estudado melhor, Marin não apresenta ameaça… Acho que nosso próximo passo seria invadir a Ilha de Andrômeda.

—Como você pretende intervir nisso? Com quem?

—Albiore tem um grande séquito lá… enviar apenas um cavaleiro de prata seria um erro…

—Então entre logo com a artilharia pesada…

—Um cavaleiro de Ouro? Deixe-me adivinhar… Quer que eu dê a missão ao Afrodite?

—Mais ou menos… O ideal seria mandarmos 2 Cavaleiros de Ouro, para liquidar com tudo e todos lá. Afrodite tem força e nosso respeito. Podemos até mandar ele, mas com outra pessoa fora do nosso “círculo” - fez aspas com as mãos - Se o senhor mandar sempre os mesmos Cavaleiros a missões, podem haver fofocas desnecessárias e começarão a desconfiar de sua índole.

—Que tal Aiolia?

—Questionador demais… Eu sugeriria alguém como Aldebaran de Touro ou Milo de Escorpião.

—Hm, eu gosto do estilo do Milo… Abaixa a cabeça e aceita sem pestanejar.

—Quer que eu o ajude com as ordens de convocação? Gigars está meio atolado.

—Você não é secretária dele. Eu deixei ele trazer o Píton para ajudá-lo, já que ele tem certas dificuldades, mas são dois inúteis. Deixem que se virem.

—Hm… Certo.

Batidas foram escutadas na porta. Saga rapidamente colocou a máscara e sentou em seu trono, enquanto Sammyrah postou-se de pé:

—Entre!

Satrina entrou, carregando uma bandeja com frutas e vinho. Estava sem máscara e com a túnica usada pelas servas do Grande Mestre. Tatiana não perdeu a chance:

—Satrina? Sério mesmo? - debochou – você não era aprendiz?

—Sammyrah – arfou – Continuei treinando após a Kammy ganhar a Armadura de Cervo, mas nenhuma constelação brilhou para mim. Com o suicídio de Íris, fui recrutada pelo Mestre Arles para servi-lo.

—Ou seja, você perdeu a armadura pra camponesa e te botaram pra limpar o chão? Desculpe, mas você chegou ao fundo do poço, amiguinha.

—Ora, sua…

—CONTENHAM-SE – Arles ordenou – deixe a bandeja e saia, serva.

—S-sim senhor.

Satrina saiu apressada e nitidamente incomodada com Sammyrah, tanto que não fechou a porta por completo, apenas a encostou. A ruiva virou o rosto descontente e a porta bateu com fúria:

—Sua bruxaria está pesada hoje. - Saga riu, tirando a máscara e pegando uma taça de vinho – Posso saber porque está tão nervosa?

—Antes que eu responda isso… Iris se suicidou?

—Ah isso… - suspirou, repousou a taça de volta a bandeja, ficou de pé e, enquanto caminhava em direção a Tatiana, falou – Brida e outra serva a encontraram com os punhos cortados com o caco de um espelho em um dos banheiros… Um triste fim para uma intrometida.

—Intrometida, né? - ela sorria por baixo da máscara – você foi muito ardiloso.

—Eu poderia dizimá-la, reduzi-la a poeira cósmica, mas como explicaria o sumiço? Então decidi simular esse suicídio e sabia que tudo ficaria bem – ele chegou bem perto dela e a segurou pelo queixo, ficando a centímetros de sua face mascarada – Você faria o mesmo, não é, Tatiana?

O sangue da ruiva ferveu naquele momento. Ela o interrompeu com Brida. Ele deveria estar louco de vontade. Não era assim que ela havia imaginado que teria sua primeira vez, mas, se fosse com Saga, seria o suficiente:

—Claro que teria agido da mesma maneira – ela ergueu a mão direita e ousou deslizar a ponta de seus dedos pelo antebraço do Patriarca, podendo ver o arrepio que isso causou – E ainda teria usado meu poder para fazê-la deixar uma carta de suicídio. Acrescentaria drama.

—Heh… - para sua tristeza, ele soltou seu queixo e voltou ao trono – E agora, vai me falar o motivo de sua revolta?

—Ah… - inspirou – Me explica como que aquela maldita camponesa da Kammy está morando em Aquário?

—Ela foi para a 11ª casa por solicitação do Camus. Estou tentando trazer ele para nosso lado, apesar de não saber, ao certo, o que ele pensa… Além do mais, a tal Kammy estava sofrendo na Casa das Amazonas igual você sofreria se ficasse lá por mais tempo. Um ato de bondade não faz mal a ninguém

—Claro que não… Mas quando se trata da Kammy, faz sim!

—O que quer dizer?

—Cheguei ao Santuário ao mesmo tempo que ela. Você viu o que posso fazer. Eu quero uma armadura!

—Tatiana… eu posso afirmar categoricamente, ainda mais depois de hoje, que você é uma bruxa poderosa, com um cosmo abrangente, não só entrou da mente de uma alguém deixando-a apavorada, como também bisbilhotou minhas lembranças… mas como Amazona… não sei.

—Não sabe? - A ruiva bateu o pé – Como não sabe?

—Nunca te vi em combate, garota... Nem seus treinos com Afrodite... você tem quantos anos? Pelo corpo, uns 16.... Ele pode estar te preservando, mas ele precisa te desvirginar em combate… - Saga deu outro gole na taça de vinho com um sorriso sacana – E não franza a testa que sua máscara afrouxa...

—E tudo que venho te ensinando? Por acaso não vale de nada? - A ruiva se aproximou dele, caminhando e se colocando entre as pernas dele – Uma amazona não tem que ter conhecimentos técnicos além de dar porrada em qualquer um?

—Tatiana… Para ser Sammyrah, a grande amazona, você precisa de outras coisas… - O Patriarca retribuiu a carícia e passou dois dedos por um dos braços da ruiva – Seus conhecimentos a farão uma grande mulher um dia… mas você ainda é uma garota – Ele a encarava com um meio sorriso enquanto a acariciava - Tem muito o que aprender ainda, até conquistar o que tanto deseja…

Saga se levantou lentamente, naquele pequeno espaço que restava entre ele e Sammyrah, a segurou pela cintura e deu um beijo no topo da cabeça dela, descendo em direção a seus aposentos, mas antes, virou e falou:

—Um dia, Sammyrah… você terá tudo o que você quiser…- a ruiva apenas saiu, abrindo a porta com a mente e a batendo com a mesma, seguindo sem querer ouvir o que ele dizia - Ou o que eu quiser…- completou, logo depois colocando a mão na cabeça com dor

 

Assim que chegou em casa de volta, Tatia tomou um banho gelado e se jogou na cama enquanto trançava os cabelos. Presa em sua mente, começou a conversar com seu pôster de Jim Morrison:

—Olha, eu to cansada daquele vespeiro de vagabundas em cima dele. Por que ele simplesmente não diz que me ama e que me quer também? Tudo seria tão mais fácil, teríamos um staff realmente efetivo…- Tatia bufou – Se ele me ama mesmo… por que continua fazendo esses joguinhos? Sabe, estou cansada disso… Jim, você acha que eu deveria dar bola para o Shura?

Nessa hora, Afrodite entrou no quarto e riu:

—Ótimo, você está pedindo conselhos ao pôster de um morto... Você sabe que ele se SUICIDOU para viver eternamente ao lado da namorada, né? Socorro Tatiana!

—Ah Dite… É que você não me entenderia.

—Sammy… Eu te conheço desde que você não tinha peito. Eu te vi crescer em todos os sentidos que essa palavra engloba, criatura. O que eu não entenderia?

—Você sabe quem ele é, não sabe?

Ela suspirou e respondeu:

—Desde o primeiro instante.

—E porque nunca me falou?

—Justamente pra evitar isso! Essa situação – inspirou profundamente – Eu creio que você já sabe, mas falarei da mesma forma. Fui convocado a uma missão. Me ausentarei por alguns dias. Você ficará bem?

—Claro que sim… Quer ajuda com as malas?

—Quero, mas não desvie do assunto. O que eu não entenderia?

—A confusão que está minha mente. É ele, ao mesmo tempo que não é. Eu o temo, ao mesmo tempo que quero… Desculpa... eu quero ele de verdade sabe?-Ela olhou enviesado para o pisciano-Como uma mulher deseja um homem....

 

—Deuses! Pondere-se! - olhou para o lado – embora eu entenda seu sentimento -  pegou nas mãos dela – mas por favor, eu preciso que você entenda: a partir do momento que você não servir mais para ele, ele vai te eliminar! Você não tem nenhum plano B? Nenhum outro macho que te desperte algo parecido?

 

Hesitou. Achou melhor não contar sobre o flerte que dera com Shura dias atrás:

—Não...

—Hm… - suspirou, levemente desapontado - Você é maravilhosa, Sammyrah. Logo mais vai aparecer alguém digno de todo esse fogo que está aí guardado – riu – Agora me ajude com a mala, antes que o Milo apareça aqui com todo aquele falatório dele.

—Mas Dite… não é só fogo… eu amo o S-…

—Vamos evitar nomes, certo?  - Afrodite colocou um dedo nos lábios dela - No dia que você encontrar um homem de verdade… Vai saber que isso não é amor, mas sim pura e unicamente fogo no rabo!



Afrodite estava certo. Mal recebera a carta de convocação do Grande Mestre e Milo já aprontou sua bolsa. Apenas o básico, afinal, não era uma viagem de passeio. Sabia que Afrodite gostava de demorar, então pensou em apressar seu companheiro nesta missão. Usava uma calça preta de couro, coturnos, uma regata vermelha sobreposta com uma jaqueta do mesmo material que a calça. Com a urna da armadura nas costas – encoberta por uma capa de couro – e a mochila nas mãos, tomou a subida pelas 12 casas. Passou pela vazia Sagitário e apressado por Capricórnio, mas quando chegou a Aquário, decidiu cumprimentar seu mais querido amigo:

—Geladinho?! - sua voz ecoou pelo salão principal – Hey, Camus, você tá por aqui?

—O mestre Camus está no banho – A resposta veio de uma jovem amazona, sentada no canto, encosta em uma pilastra enquanto lia um livro, que foi fechado enquanto ela se postava de pé – Perdoe-me por não me fazer notar antes, mas achei que o senhor ia passar direto.

—E você é…?

—Ah, minha cabeça! - curvou o corpo rapidamente – Kammy de Cervo, amazona de prata e assecla da Casa de Aquário.

—Primeiro a aprendiz em Peixes e agora você? - franziu o cenho – O que vocês têm de especial que podem ficar aqui?

—Não me compare com a Sammyrah – retrucou com as mãos na cintura – É deveras ofensivo,  sabia?

—Eu só queria entender o motivo de…

—O caso de Peixes eu não sei, mas Kammy é filha de minha mestra, Dorothée – a voz de Camus foi ouvida. Vestia um roupão de banho e chinelos de dedo – Ela estava sendo hostilizada devido a armadura que acabou por envergar. Então reclamei ela a meu clã.

—Você precisa sempre ser tão detalhista e clássico? - reclamou o escorpiano – Era só falar “não sei o caso de Peixes, mas a Kammy é minha parente”.

—Eu não fui detalhista demais. Apenas apresentei os fatos como ele são – olhou a mochila aos pés do cavaleiro – foi convocado?

—Sim… Mas ainda não sei para onde vou. Tô indo falar com o Mestre Arles.

—Boa sorte – virou de costas – eu vou me vestir que também tenho uma missão a cumprir. Estou indo para a Sibéria.

—Mas você está extremamente elegante nestes trajes, Geladeira.

Camus apenas ergueu o dedo médio e seguiu seu caminho. Milo virou o olhar a Amazona:

—Desculpe se te ofendi.

—Não foi nada comparado ao que já me disseram antes – deu de ombros – Bom, vá a sua reunião, que quero terminar meu livro.

—Vocês dois são tão esquisitos…

E seguiu seu rumo até Peixes. Chegando lá, Milo suspirou, Afrodite demoraria séculos para descer, então pediu para ser anunciado por uma serva e adentrou a parte residencial de peixes. Se sentou desajeitado em um dos sofás, observando a decoração:

—Preciso ter uma casa mais elegante…

—Precisa mesmo Milo – Afrodite apareceu portando uma camisa de tecido branca e calças azuis – Vamos logo que o grande mestre nos aguarda.

Milo se levantou desajeitado, caçando as coisas no chão e fazendo Afrodite franzir o cenho:

—Como você consegue ser assim?

—Assim como? - Sammyrah falou de um cômodo

—Não é você, querida. E não apareça sem máscara, que Milo de Escorpião está aqui…

Milo estranhou aquela frase. Que espécie de relação Afrodite tinha com aquela garota – que ele estava morrendo de curiosidade de saber quem era:

—Ah… Olá, Senhor Milo…- A jovem ruiva saiu do quarto já mascarada e abraçou Afrodite – Boa viagem, Mestre!

—Obrigada querida – Afrodite sorriu e chamou Milo – Vamos logo, você sabe que Arles não tem paciência pra gente lerda.

Milo seguiu Afrodite e logo chegaram ao décimo terceiro templo, onde receberam as orientações de Gigars, deveriam ocultar os cosmos e observar antes e depois agir. Deviam voltar em no máximo 4 dias, era um serviço simples.


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