Primeiro, eu matei o meu pai... escrita por Myu Kamimura, Madame Chanel


Capítulo 11
Capítulo X


Notas iniciais do capítulo

A aliança do Caos começa a empreender seus primeiros passos...



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Arles retornou ao Salão do Grande Mestre pensando no que Afrodite havia dito. Se a armadura estava no Japão, Aiolos poderia estar vivo, já que nunca recuperaram seu corpo:

 

—Assim como nunca acharam a maldita criança – murmurou.

O novo patriarca ficou de pé e fez menção em tirar o elmo, mas ouviu passos vindo da direção do Templo e o recolocou. A figura de uma mulher de longos cabelos negros, tal como a túnica que vestia, e máscara prateada com uma única estrela azul solitária abaixo do olho direito entrou e curvou o corpo ao vê-lo:

—Mestre Arles – a voz carregava um tom de desprezo – O ritual de comunhão com a Deusa está pronto.

—Deixe de fazer cena – sussurrou enquanto descia do elevado onde estava, quando se aproximou  pegou-a pelo braço – é a hora de você provar que merece continuar viva, Marie!

—Só mantenho esse maldito teatro em memória a Shion! Apenas por isso, seu verme.

—Não… - Ele a puxou com força, erguendo seu corpo - Você o mantém porque quer continuar viva, mas isso não importa. Eu tenho uma missão para você, querida sobrinha.

—Eu não sou sua sobrinha - Ela ralhou - Meus tios estão mortos!

—Por favor, já disse para encerrar as encenações! - Saga riu embaixo da máscara - Eu sei que você sabe quem eu sou – tirou a máscara azul, exibindo um sorriso e depois, com dois dedos, arrancou a máscara dela, exibindo seu rosto carrancudo – poderia botar um sorriso na cara? Nós não nos vemos há quase 10 anos…

—Eu vou acabar com você, desgraçado - Marie puxou novamente o corpo, numa tentativa de se desvencilhar

—Não… Você não tem forças para isso – largou o braço e a pegou pelo pescoço, suspendendo-a do chão. Tinha um sorriso sádico no rosto – Mas eu tenho! E vou lhe passar as ordens. Se você negar, eu te mando pro lado do seu amado velho – ela o olhou  com os olhos arregalados em espanto e ele deu uma leve risada – Certamente achou que eu não ia perceber o romance de vocês. Passei 10 anos enojado! Graças aos Deuses ele morreu sozinho. Poupou-me do trabalho de mandá-lo para o inferno, mas enfim… Você vai para o Japão. Quero que investigue de perto Saori Kido e tudo sobre essa tal Guerra Galáctica. E pode ir sem máscara mesmo, pois nem amazona você é – a soltou de qualquer jeito no chão – Você nada mais é que a puta de um velho e acompanhante de uma deusa fantasma!

—Suas ordens serão acatadas, Grande Mestre – respondeu ainda no chão, após recuperar o ar – em algumas horas partirei ao Oriente e enviarei um telegrama assim que possível.

—Não esperava menos de você – respondeu, recolocando a máscara e sumindo nos corredores do décimo terceiro templo 

Três dias se passaram após a partida de Marie. Arles estava na área externa, em uma varanda, deitado em um divã antigo de madeira e forrado com um tecido branco apreciando um livro sobre Alexandre, o Grande, quando um soldado lhe trouxe uma carta endereçada ao Grande Mestre. Saga reconheceu de imediato a letra de Marie no lado externo do envelope e abriu-a depressa:

Prezado Senhor Arles. Conforme solicitado, me infiltrei na Fundação Graad e consegui algumas informações. Quatro dos nove cavaleiros presentes na Guerra Galáctica enfrentarão os Cavaleiros Negros e Ikki de Fênix, valendo as partes da armadura de ouro. Esse embate acontecerá a 5 dias contando do dia que lhe escrevo, em um monte conhecido como ‘Pedra do Leão’. Fiquei alguns instantes próximo às partes da armadura de ouro que estão em poder de Saori Kido. Não identifiquei qual armadura é, porém tenho certeza que trata-se de uma autêntica armadura de Ouro do exército de Athena. Sobre Saori Kido, ela não passa de uma riquinha mimada, que trata os cavaleiros como seus escravos. Creio que já mandei as informações relevantes. Sem mais, a puta de um velho e acompanhante de uma deusa fantasma”

—Claro que ela não ia perder a oportunidade de me ofender, maldita! – ele disse, rasgando a carta e a atirando os pedaços para o desfiladeiro abaixo de si – mas agora que sei que é uma armadura de ouro e sobre esse conflito por ela, precisarei tomar uma atitude – respirou e ficou de pé – Não acredito que farei isso, mas…

 

Ele levantou-se caminho para  o salão principal, onde Iris o aguardava carregando  um jarro de vinho, ele sentou-se no trono do grande mestre, e observou a serva se  afastar. A serva observou atentamente Arles caminhar até o púlpito e se sentar na cadeira do Grande Mestre, assim que ele o fez, se aproximou e  serviu-o de um cálice. Enquanto o observava dar um profundo gole, pôs se ao seu serviço:

—Em que posso lhe servir, Mestre Arles?

—Peça a um soldado que informe a discípula de Afrodite que chegou correspondência para ela - O grande Mestre respondeu seco

—Ele não pode, simplesmente, levar a correspondência dela? - A serva respondeu abusada

—Acaso está questionando minhas ordens, Iris? - Saga apenas cortou qualquer outra reclamação de imediato

—Longe de mim, senhor… - Ela fez uma breve reverência - Só acho que ela não deveria ter privilégios que outros não têm.

—Sammyrah é, originalmente, a herdeira do trono russo. Se um dia o regime que comanda aquele país cair e ela voltar ao poder, precisamos manter as alianças… Mas isso não te diz respeito. Você é uma serva, apenas isso e nada mais.

—Claro senhor… Perdoe-me.

Iris se ergueu e logo foi cumprir a ordem que lhe fora dada. A mulher desceu bufando, até encontrar um soldado, que poderia atravessar o Jardim das Rosas Diabólicas. Ela, como simples serva, morreria facilmente ao tentar. Iris fazia as contas na sua mente, tudo aquilo era estranho demais, Arles tinha ataques severos de raiva, coisa que era tida como incomum pelas servas mais antigas, além daquela estranha aproximação com a jovem aprendiz de Afrodite, que lhe causava asco e ainda mais dúvidas, não entendia o motivo pelo qual aquele homem dava tanto cabimento a uma adolescente. Após dar o recado ao soldado caminhou até a área de descanso das servas, por acaso, ouvindo uma delas, loira, se gabar das habilidades sexuais do mestre para outras duas:

—Garotas, vocês não fazem ideia! Não quero perder nunca esse privilégio! - Suspirou - Aquilo que é homem de verdade

—Ahhh! Te cuida, hein, que aquela pirralha ruiva mal encarada vive pra cima e pra baixo com o seu Mestre por aí.

—Aquela garota ainda fede a mijo! - A loira respondeu ríspida enquanto bebia uma taça de vinho - A dona da cama dele sou eu!

Após ouvir uma estrondosa gargalhada conjunta, Íris desistiu de entrar no local e caminhou de volta até uma outra área mais tranquila.

Sammyrah, que recebeu seu aviso, se concentrou para ver se encontraria com alguém no caminho, mas não sentiu o cosmo de ninguém. Achou uma pena, pois adoraria cruzar com o espanhol novamente. Logo, já estava enfurnada na sala de reuniões do Grande Mestre, ouvindo atentamente o seu relato:

—Preciso tomar alguma atitude quanto a esse circo. Não podemos deixar que a identidade do Santuários seja exposta desse jeito.

—Você não enviou uma espiã para observar os fatos de perto? - A ruiva enrolou os cabelos num coque observando o mestre, ele parecia mais tranquilo que na reunião anterior.

—Enviei sim, mas é alguém sem poder bélico – O mestre suspirou

—Então não a envie mais. Precisamos de fatos novos além da confirmação…

—Eu sei, Sammyrah… O que eu quero mesmo é mandar alguém que vá até lá e extermine esses Cavaleiros de Bronze.

—Bem… Quanto a isso, você pode enviar o Docrates

—O Docrates? Mas porque ele tão especificamente?

—Um dos cavaleiros de bronze traidores é o Seiya, não é? Então, pelo que fiquei sabendo quando cheguei, quando ele ganhou a armadura de Pégaso, ele humilhou Cassius, irmão caçula de Docrates, que ficou sem patente e sem orelha – A ruiva deu um leve risinho – Seria uma boa opção, pois, de certa forma, o senhor daria uma chance ao Docrates vingar o irmão…

—Hmm… verdade – Saga disse desanimado – Bem garota, eu acho que você deveria ficar ao meu lado mais tempo.

—Como assim?!

—Não posso ficar à mercê de lhe esperar subir e descer para resolver todos os meus problemas… - O mestre levantou, rodeando a jovem – Quer ser minha subcomandante?

—Saga… - Ela cruzou os braços - eu acho isso um ato extremamente inconsequente!

—NÃO ME CHAME POR ESSE NOME! - O mestre a segurou por um dos braços e apertou, fazendo a ruiva amolecer

—Tá, me esqueci, perdoa – A ruiva estremeceu enquanto sentia seus cabelos escorrerem pelas costas, pois, com o sacolejo, o coque tinha se soltado – Agora me solta, que você tá me machucando.

—Heh…  me perdoe - Ele a soltou - Melhor assim… 

—Não posso ser sua subcomandante por dois motivos: o primeiro, não tenho idade nem muito menos patente para tal, segundo: ser subcomandante exige algum prestígio dentro da cavalaria, metade da mesma me odeia e a outra metade…

—A outra metade?

—Não importa, pois acho que conheço alguém apto para o cargo....

—Deixe-me adivinhar – questionou, se sentando – Afrodite?

—Não mesmo. Eu amo o Dite e o respeito muito, mas não creio que ele encararia um trabalho de tamanha responsabilidade.

—Então quem seria?

—Existe um antigo Cavaleiro de Prata que foi ferido em combate, mas ainda serve ao Santuário como pode, por exemplo, como mentor para alguns aspirantes, cavaleiros de Bronze ou soldados.

—Claro… Um Cavaleiro de Prata que perdeu um olho e sofreu graves queimaduras nas pernas. Gigars, não é isso?

—Exatamente –ela se colocou atrás dele  e atreveu-se a colocar as mãos nos ombros do Grande Mestre, massageando-os de leve – Gigars, além de um cavaleiro experiente, possui certo prestígio entre a cavalaria e faz parte dos poucos que me respeitam. Eu posso facilmente sussurrar algumas coisas em seus ouvidos para ele te passar e, caso não seja suficiente, ninguém vai estranhar se  ele me chamar para alguma coisa.

—Pois bem, eu o chamarei em breve – segurou em uma das mãos dela – por hora, obrigada mais uma vez, Sammyrah.

—Por nada, mestre Arles – meneou com a cabeça e sorriu por trás da máscara – posso me retirar?

—Sim. E, por favor, continue treinando para que eu possa te dar uma armadura. Mesmo com o Gigars, continuará estranho uma aspirante vindo toda hora ao salão do Grande Mestre.

—Bem, eu acredito que a farsa da correspondência se sustenta por algum tempo, mas não para sempre, eventualmente isso vai acontecer… - A ruiva sorriu e saiu andando da sala, tranquila

Seguindo a ideia de Sammyrah, Docrates foi enviado ao Japão para recuperar a Armadura de Ouro e eliminar os Cavaleiros de Bronze. Parecia uma vitória fácil, mas, quatro dias depois, os soldados enviados junto ao grandalhão regressaram trazendo partes da armadura. A urna e o elmo permaneceram em posse dos cavaleiros de Saori Kido, que, aparentemente, haviam vencido Docrates. Gigars, a fim de agradar Arles, resolveu agir por conta própria e enviar alguém para recuperar o elmo. Pensou em diversas opções de Guerreiros menores, mas nenhuma lhe agradara. Procurou por Sammyrah em Peixes e no Coliseu e, como não a encontrou, acabou consultando Shina. A amazona de prata prontamente veio com a ideia:

—Seiya treinou no Santuário. Ele conhece praticamente todos que passaram por aqui, mas existem pessoas que ele não conhece. Pessoas que foram isoladas por causa de birras infantis.

—Acaso fala de…

Ela balançou a cabeça positivamente e continuou:

—Seiya não lembrará de Geisty e dos outros, pois não conviveu diretamente com eles… E nem todos os aspirantes participaram do julgamento que os condenou ao exílio por terrorismo – suspirou – um crime pelo qual foram julgados com base em fofocas daquela maldita Princesinha Sem Teto.

—Eu concordo com sua ideia, Shina e vou levá-la ao Mestre Arles. Quem sabe, se Geisty e os outros tiverem êxito em sua missão, nosso novo Grande Mestre não retire a pena?

Gigars o fez e, conforme a orientação passada, Geisty e os demais foram liberados da Ilha do Espectro, no Mar do Caribe. Sequestraram um petroleiro pertencente a Fundação Graad, a fim de chamar atenção. O confronto ocorreu, só que, mais uma vez, os cavaleiros de Bronze saíram vitoriosos.

—MAS QUE DIABOS – Arles vociferou, atirando um cálice de vinho contra a pilastra. Sammyrah apenas se levantou e o acompanhou – Eles são cavaleiros de bronze. Simples cavaleiros de bronze, que acabaram de sair de seu treinamento.

—Desculpe, mas… - a ruiva o interrompeu – o senhor há de concordar comigo que, a partir do momento que são capazes de envergar uma armadura, não importa o tempo como cavaleiro.

—Concordo, mas a experiência é um fator atenuante!

—Assim como o excesso de confiança é uma fraqueza.

—E essa Saori Kido? Por que eles a acompanham e protegem?

—Porque ela é riquíssima e extremamente bonita? - deu de ombros e encontrou o Mestre do Mal a encarando incrédulo – Cavaleiros ou não, eles ainda são adolescentes cheios de hormônios, Mestre Arles.

—Você… Conhece Saori Kido?

—Claro. Meu pai e o falecido avô dela já fizeram negócios diversas vezes. Inclusive, há 5 anos, fui ao velório dele…

—Hm…

—É isso! - ela disse, ficando de pé.

—É isso o quê?

—Eu tenho permissão para sair do Santuário.

—Dada pelo antigo Mestre. Comigo é outra história.

—Eu conheço Saori Kido e posso me aproximar dela sem levantar suspeitas. Tenho uma identidade civil conhecidíssima. Mesmo que ela esteja cercada dos seus fedelhos de bronze, eu não representarei perigo

—Hmmm… mas o que você fará exatamente ?

—O que sua espiã e o Docrates não fizeram – A ruiva virou de costas com as mãos na cintura – Trazer alguma resposta conclusiva, para realmente mexer no moral desses garotos.

—Desestabilizar para vencer, não é, Madame? - O mestre se levantou e correu os dedos pelo braço da ruiva

—Exatamente – A jovem se arrepiou e o olhou de soslaio – E eu quero meu passe de saída como sempre tive, minha vida não se resume a isso aqui – Ela sentiu a respiração do mestre acima da sua cabeça e os braços dele como se a envolvessem – E é Mademoiselle

—É… vamos ver até quanto tempo não é, Tatiana? - Ele disse debochado

—Engraçado que você pode me chamar de Tatiana, mas eu não posso te chamar de Saga, não é mesmo, Mestre Arles? - Ela se encostou de leve nele

—Você pode me chamar do que quiser garota… desde que faça alguma coisa útil…

Sammyrah respirou fundo, deu um passo se afastando e virou-se para ele:

—Eu posso ir embora, Saga?

—Pode sim… e tem sua autorização pra missão e seus passes de saída…

A ruiva desceu num passo apressado até Peixes. Assim que adentrou a parte residencial retirou a máscara e se jogou em uma das poltronas suspirando. Saga ultimamente vinha sendo mais incisivo, parecia mais interessado nela e não somente no que ela podia proporcionar a ele. Perdida nos seus pensamentos, ouvia Afrodite lhe chamando ao longe, até que um estalo a assustou:

—Tá com a cabeça aonde, garota? - O pisciano estava de pé ao seu lado, atrás do encosto da poltrona

—Em nada, Dite… - Ela enrolava uma mecha em um dos dedos e tomou um susto com a pergunta do seu mestre - Por quê? 

—Tatiana me respeita! Eu te conheço desde que você nem peito tinha - ele atirou um envelope aberto no colo dela – Agora aspirante sai em missão?

—Ah, isso? É apenas uma bobagem… - Ela deu um risinho - nada que me coloque em risco…

—Você sabe muito bem o que eu penso de tudo isso… – Afrodite se sentou no braço da poltrona suspirando – E também que, no dia que ele perder o interesse no que você tem a oferecer… você será descartada

—Eu posso oferecer mais… - Ela ergueu o olhar em direção ao pisciano - você sabe disso…

—Ai, pela Deusa, Tatiana! Abre o olho… é só o que eu te peço tá? E cuidado nessas maluquices que ele te coloca..

—Tá bem Dite… você sabe que eu não me arriscaria em vão

—Eu espero que não - O sueco deu um beijo no topo da cabeça da discípula e a viu sorrir

—Vamos - Ela se levantou rapidamente - vem me ajudar com a mala...

—Eu posso ao menos saber onde você vai?

—Vou dar uma voltinha pelo Japão - A ruiva deu um risinho de quem vai aprontar

—Deuses... – ele respirou fundo – vamos logo, antes que eu me arrependa!

Com a ajuda do mestre, a mala de Sammyrah ficou pronta depressa. Ele a escoltou até a saída do Santuário, onde ela se livrou da máscara e colocou os óculos escuros estilo aviador. O voo foi tranquilo e sem interferências. A ruiva conhecia um pouco sobre a rotina da herdeira de Mitsumasa Kido, então seria fácil encontrá-la em Tokyo.

Tatiana alugou uma scooter e, durante um dia inteiro, observou de perto Saori. Sempre que saía, estava acompanhada de dois ou três rapazes, mas não viu Seiya – o único que ela conhecia.

No dia seguinte, a milionária saiu cedo. Caminhou um pouco pelo jardim e, logo, os três rapazes apareceram. Conversaram um pouco e entraram em um carro. Tatiana os acompanhou a uma distância segura, vendo eles parar em um café temático. O estabelecimento tinha toda uma ambientação de floresta tropical, as paredes eram pintadas com retratos fiéis de árvores imensas, as mesas e cadeiras eram todas feitas de madeira de demolição e o no centro do café, havia uma grande árvore, cujos galhos cobriam grande parte do teto. Além do mais, no chão haviam folhas, e pequenos caminhos de flores plantadas ao lado das mesas maiores:

Os asiáticos realmente levavam as temáticas a sério— pensou a ruiva. 

Percebeu que era hora de ser vista. Livrou-se do capacete, passou as mãos nos cabelos e entrou, desinteressada na cafeteira:

Gudu morningu, missu— uma garçonete a recepcionou estendendo o cardápio.

Good Morning. Thank you, I'll call you when I decide what to eat* – a ruiva respondeu com um sorriso, tirando os óculos de sol.

A garçonete curvou o corpo e saiu. Se o sotaque nipônico falando inglês não chamasse atenção, o forte sotaque francês de Tatiana o faria. E foi exatamente o que aconteceu. A ruiva flagrou um dos rapazes a olhando, tomando um esporro de Saori em seguida:

—Shun! É deveras deselegante encarar uma mulher dessa forma – sussurrou

—Eu sei, mas – respondeu virando para a frente – o sotaque dela me chamou atenção.

A curiosidade acabou por consumir a majoritária da Fundação, que acabou olhando para trás, desacreditando em quem via:

—Tatiana?

A ruiva abaixou o cardápio e sorriu:

—Ah, Saori chérie! - Ela deu um meio sorriso - Que surpresa agradável 

Ambas ficaram de pé e se cumprimentaram. A executiva foi incisiva:

—O que você faz aqui?

—Já que você perguntou – sorriu sem graça. Ela aprendeu um pouco de japonês com Marin, mas tinha certa dificuldade, misturando com inglês em alguns momentos –  eu vi aquela Guerra Galáctica e dei um jeito de vir assistir, mas não encontrei nada quando cheguei.

—Ah perdoe-me… Aconteceram tantas coisas – esmoreceu – tivemos que cancelar o evento, por enquanto… - segurou nas duas mãos dela – mas como te conheço há um bom tempo, posso te apresentar alguns dos cavaleiros do Zodíaco, que tal?

—Eu ficaria encantada - A ruiva respondeu animada

—Então venha! Sente-se conosco - Saori a convidou cordialmente

A ruiva prontamente aceitou. Aconchegada, acabou pedindo apenas um café preto sem açúcar, diferentemente da jovem Kido, que pedira um chá açucarado e uma fatia de um bolo fofo típico do Japão:

—Bom – Saori começou – Agora que já fizemos o pedido, vamos as apresentações. Essa é Tatiana Romanova. Nos conhecemos há muito tempo, graças aos negócios de meu avô com o pai dela… Vovô enlouquecia com as obras de arte de Dimitri… 

—Encantada em conhecê-los. E sim, antes que perguntem, sou descendente desses Romanov – sorriu colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha – Desculpem-se se não entenderem algo que falo. Meu japonês é horrível.

Yesli khotite, my oba mozhem govorit' po-russki* — o loiro do grupo assuntou, logo voltando a falar em japonês - Sou Hyoga Yukida, cavaleiro de Cisne, treinando na Sibéria Oriental por Crystal de Coroa Boreal.

—Um prazer conhecê-lo, mas meu russo não é dos melhores. Capaz de ser pior que meu japonês... Falando nisso, Hyoga é um nome de origem nipônica e você não me parece…

—Sou mestiço. Meu pai era japonês e minha mãe russa.

—Eu sou Shun Amamiya – o caçula cortou, estendendo a mão – cavaleiro de Andrômeda, treinado na Ilha de Andrômeda por Albion de Cefeus.

—Ah sim – ela o olhou com certo escárnio e voltou seus olhos verdes para Shiryu, passou a língua pelos lábios e perguntando – e você?

—Shiryu Suiyama, cavaleiro de Dragão treinado em Rozan, na China. Ainda tem o Seiya, mas ele....

—Ele não interessa – Saori falou com um sorriso estranho.

—Seiya? - a ruiva olhou maliciosa – Seu namorado, Saori?

—D-de maneira nenhuma… - A jovem respondeu um pouco constrangida - Ele é só mais um cavaleiro… o mais teimoso deles, mas enfim… nosso café chegou.

Os quatro ficaram um tempo conversando, até que Shiryu informou que eles tinham que ir:

—Vamos passar uma temporada em minha casa de campo – Saori falou – Que vir conosco?

—Infelizmente não dá… Como não tem o torneio, voltarei para Paris antes que minha mãe enlouqueça - Ela deu de ombros - Você sabe que mamãe não perdoa meus exageros e os de Vlad…

—Ah, que pena… - ela a abraçou – foi um prazer te rever.

—Eu digo o mesmo.

—Foi um prazer te conhecer, senhorita Romanova – Shiryu disse, se aproximando.

—O prazer só não foi maior porque estamos sem tempo, senhor Suiyama – respondeu em um sorriso provocativo, estendendo a mão para que ele beijasse – espero que nos encontremos em breve.

O dragão lhe deu um beijo suave na mão e entrou no carro. Hyoga estava atrás e repetiu o gesto. Na vez de Shun, ela enfiou as duas mãos nos bolsos da jaqueta e apenas disse com um meio sorriso: 

—Passar bem, jovem Amamiya

Aquele rapaz tinha o rosto bonito e extremamente pacífico, porém algo nele lhe causava um arrepio na espinha que ela não entendia, mas que sabia que era algo bom. O garoto de cabelos esverdeados entrou no carro calado. A ruiva acenou por um tempo, até o carro sumir. Acendeu um cigarro e, após soltar a fumaça, falou:

—A Raíssa estaria orgulhosa se me visse agora… Ou não, já que ela falhou como espiã - Disse sentando na moto com um meio sorriso - Talvez na perspectiva soviética… Mamãe sempre foi infalível…

 

Longe dali, na limusine de Saori Kido, os rapazes comentavam sobre o encontro com a ruiva:

—Eu nunca vi uma garota tão linda – Shiryu suspirou.

—Garota nada, cara – Hyoga falou – aquilo é uma deusa. O que acho dela, Shun?

Foi quando perceberam que o Andrômeda estava com os olhos marejados. Saori tocou leve em sua mão:

—Não se atente com esses detalhes, Shun – passou um dedo por uma lágrima que escorria – Eu conheço a Tatiana por tempo suficiente pra saber que ela flerta com qualquer homem que se mexa.

—Eu não me mexi o suficiente, então? - respondeu rindo – o problema não foi ela não flertar comigo como fez com os dois, mas sim ela me desprezar totalmente. Ela mal deixou eu me apresentar.

—Ah, releva, correntinha – Hyoga falou – o Padrão da Europa é outro. Já esqueceu da sua luta com o Jabu? O quanto gritavam elogios e galanteios para você?

—É – sorriu desanimado– mas eu nem dei atenção a isso

—Ele tem alguém – Shiryu falou rindo – certeza que tem alguém

—Desembucha, Shun: quem é a garota?! - Pressionou Hyoga, o cutucando com o dedo nas costelas

—Ninguém… - Shun pulou com as cócegas feita por Hyoga e logo começou a rir - Não é ninguém! Vocês dois são péssimos…

A brincadeira rolou solta dentro do carro com o jovem Andrômeda. Saori e seus fiéis companheiros seguiam seu caminho despreocupados e sem estranhar a real intenção daquele encontro.

 

***

Enquanto Sammyrah não retornava com notícias, Arles seguia seu trabalho como Grande Mestre. Após realizar o desjejum em sua clausura, o Mestre do Mal migrou para o salão principal do templo, onde Iris o aguardava já em reverência:

—Bom dia, Iris – o mestre a saudou, sentando em seu trono – o que temos para hoje?

—Apenas a inspeção rotineira no Coliseu – respirou – Devo preparar sua toga ou Sammyrah o fará?

—Do que você está falando? - O homem ergueu o torso como se fosse se levantar

—Que sei que o senhor passou a noite com Sammyrah. - A serva falou com um ar de asco - Só preciso saber se o senhor vai pedir a sua nova vadia cuide dos seus trajes.

—Como você ousa?! - ele ergueu a voz e ficou de pé – Acho bom você retirar esse absurdo que disse, se quiser continuar viva.

—Claro que não vai arrumar – Iris riu, balançando os braços – aquela piranha tem privilégios, né? Enquanto eu, Brida e as outras sequer podemos ver seu rosto quando…

—JÁ BASTA!

Em rápida velocidade, Arles aplicou-lhe um golpe, deixando-a desacordada, carregou o corpo desfalecido até um dos banheiros, onde aguardou pacientemente a banheira ficar cheia de água. Colocou a serva desacordada na água, quebrou o espelho com um murro e, utilizando um caco do mesmo, abriu-lhe os punhos. Com a dor, ela acordou e ficou apavorada a ver todo aquele sangue. Antes que pudesse gritar, o grande mestre a apagou novamente:

Shiu… Não vamos prolongar seu sofrimento - Disse sádico alisando os cabelos da serva - Sangre tranquilamente até a morte, sua intrometida – ficou de pé – depois dou um jeito de deixar muda a safada que se deitou comigo ontem. Por hora, tenho mais o que fazer.

 

A arena, como sempre, estava lotada. Era possível ver Cavaleiros passando exercícios, que iam desde arrastar rochas enormes a flexões de ponta cabeça, para seus pupilos. Arles desfilava tranquilo ao lado de Gigars, sentindo-se um grande comandante, quando avistou Crystal:

—Ele não deveria estar na Sibéria? - o mestre murmurou

—Não se preocupe, Mestre Arles – o subcomandante falou, entrando na frente do patriarca – Eu não deixarei que ele te perturbe.

Há dias o Cavaleiro de Coroa Boreal tentava uma audiência com o Grande Mestre, mas não conseguia graças a Gigars, que agia como uma mãe superprotetora, limando as visitas que ele considerava desnecessárias. Ao saber que Arles estaria naquela manhã no Coliseu, Crystal não perdeu tempo e, munido com uma carta de solicitação de Camus, tentou se aproximar mais uma vez:

—O que diabos você quer, cavaleiro? - o subcomandante questionou.

—Eu preciso entregar essa solicitação de meu Mestre Camus ao senhor Arles… - O cavaleiro olhava diretamente para o Grande mestre - E também preciso confirmar algumas coisas que eu ouvi.

—Oras, deixe que eu mesmo entrego essa carta - O subcomandante se adiantou, tentando afastar o cavaleiro com um braço 

—Perdoe-me, Gigars, mas não confio em sua índole. Agora você vai me deixar passar ou eu terei que usar a força.

—Você não ousaria.

O cavaleiro de cabelos prateados apenas sorriu e, com um único soco, afastou o ex-cavaleiro, chamando assim a atenção do Mestre do Mal:

—Crystal, perdoe o Gigars. - falou, caminhando em direção ao cavaleiro de prata, com as mãos abertas – Ele tende a ser um tanto superprotetor, às vezes. Enfim, deseja falar comigo?

—Sim… Primeiramente, quero lhe entregar esta solicitação de meu Mestre.

—Camus não costuma me enviar cartas… - disse, ao pegar o envelope – ainda mais solicitando alguma coisa – a leu rapidamente e amassou, depositando nas longas mangas de seu manto – Eu até posso tornar Kammy de Cervo assecla de Aquário, mas permitir sua permanência no Zodíaco Dourado já é demais.

—E por que a discípula de Afrodite pode permanecer com ele e uma amazona, que inclusive possui parentesco com seu Cavaleiro Regente, não pode? Qual o privilégio que difere Sammyrah de Kammy?

—Sammyrah é constantemente hostilizada pelas habitantes da Casa das Amazonas devido o sangue nobre.

—E acha que Kammy não é hostilizada por herdar a armadura que foi de seu pai? A armadura que, outrora, pertenceu a um traidor?

—Percebo que gosta muito da moça, Crystal... A defende com unhas e dentes.

—Não mude o foco, Grande Mestre! Eu a vi nascer. Kammy e eu temos uma relação fraternal graças a Camus, meu mestre e primo dela. Diferente de certas conversas que ouvi quando cheguei…

—Agora dá margem a fofocas sobre mim, Cavaleiro de Coroa Boreal?

—Eu sequer disse o que ouvi, Mestre Arles, mas como se acusou, percebo que há verdade nos buxixos.

—Olhe para mim e repita isso.

—As suas ordens.

O antigo discípulo de Dorothée olhou nos olhos vermelhos da macabra máscara que o mestre usava a fim de confrontá-lo, mas mordeu a isca e caiu no Satã Imperial, um golpe psíquico, que permite ao Grande Mestre controlar mentalmente aquele que o recebe. A única forma de quebrar esse “controle” é quem o recebeu matar ou ser morto:

—Agora você voltará para aquela sua vila na Sibéria… E arranjará um jeito de pedir desculpas a mim.

—S-sim, mestre…

Assim que ele saiu, Gigars postou-se ao lado do mestre:

—Fez um grande trabalho, senhor.

—Não seja um puxa saco! - vociferou, virando de costas – Faça algo útil.

—Como o que?

—Indo atrás de Kammy de Cervo e levando-a a Casa de Aquário. Assim como Sammyrah, ela permanecerá no Zodíaco Dourado.

—Mas mestre… isso é…

—Basta! Estou estupefato da sua incompetência e de você tentando passar por cima das minhas ordens! - rosnou – Leve logo a garota a Aquário e ponto.

Na manhã do outro dia, Kammy foi acordada com uma carta de convocação para Aquário, fato que provocou olhares tortos e conversinhas. Enquanto a mesma organizava seus pertences, as ignorou. Pela primeira vez na vida se sentia aliviada e que seguiria para uma vida com mais sentido. A loira não era como Sammyrah, mas, agora, carregava o mesmo estigma que a ruiva:

Somos ambas rechaçadas por sermos bem-quistas no zodíaco dourado— pensou, jogando a mochila nas costas e saindo da casa das amazonas – Só queria saber o que levou o Didier a tomar essa decisão…

 

Dias antes…

 

—Mestre, podemos conversar?

Crystal falou, surgindo na porta da biblioteca. Usava o uniforme de treino do Santuário, parecendo mais jovem do que era na realidade. Camus estava como sempre: com uma roupa confortável, descalço, óculos e um livro nas mãos. Ergueu o olhar ao ver o discípulo, fazendo sinal para que ele entrasse:

—Sente-se e espere um momento. Faltam 3 páginas para o fim desse capítulo – foram mais alguns minutos até o francês colocar o marcador, fechar o livro e o pousá-lo na mesa lateral, virando seu olhar para Crystal – Pode falar.

—Eu jurei não me intrometer, mas acho que seria prudente tentarmos tirar Kammy da casa das Amazonas.

—Eu sei – inspirou – já venho cogitando isso desde que ela foi sagrada Amazona, mas aí veio aquela lei de que nenhum assecla poderia viver aqui… O que não faz o menor sentido.

—Sim… Com isso, Arles deixa as casas zodiacais desguarnecidas, afinal, não é sempre que o Cavaleiro estará pronto para responder um ataque.

—Exatamente este ponto.

O cavaleiro de cabelos prateados olhou para os lados e falou baixo:

—Eu não tenho uma boa impressão sobre ele, Mestre. Eu sei que o senhor não gosta de burburinhos, mas já ouvi algumas histórias sobre ele… Mesmo sendo tão velho, gosta de jovens servas e… - ele parecia enojado – dizem que ele anda dando privilégios para a discípula de Afrodite em troca de…

—Não termine, por favor… Eu quero manter a sanidade de minha mente – tirou os óculos, coçou um dos olhos e continuou – E o que você tem em mente?

—Desculpe, mas escrevi uma carta de solicitação em seu nome… Vim falar com o senhor para que assine e sele. Sei que agi errado, mas eu tenho receio que ele faça alguma coisa com Aimée, digo, com a Kammy. Ele é despreparado e imprudente! Eu concordo que os Cavaleiros que lutaram por interesse pessoal devem ser punidos, mesmo sabendo que Hyoga é um deles, mas qual a necessidade de tirar do isolamento Cavaleiros que foram acusados de terrorismo?

—Você tem razão. Eu assinarei a carta, mas te farei de mensageiro. Você sempre foi mais engajado nessas coisas de política, saberá argumentar… - olhou para o lado e falou baixo – Enquanto eu apenas socaria a cara dele se negasse meu pedido.

—Sabe que não precisa disfarçar seus sentimentos… Não na minha frente.

—Cale-se e me dê logo essa carta.



A loira sorria por baixo da máscara, enquanto subia acompanhada de um soldado as escadarias até o 11º templo. Nunca em sã consciência teria algo em comum com aquela garota que considerava tão arrogante e privilegiada.

Ao chegar em Aquário, foi recebida por uma serva, que indicou o caminho até seus aposentos. Chegando lá, seguiu até a biblioteca sozinha mesmo, um dos poucos cômodos da casa que ela conhecia, encontrando lá seu primo, em roupas civis, de pé ao lado da janela com um meio sorriso:

—Bem vinda a casa de aquário, Kammy de cervo!

—Me sinto honrada em te servir, Mestre Camus – a loira respondeu, curvando levemente o corpo em reverência.

—Não tem ninguém olhando, Aimée. Pode vir me abraçar.

—Só estava esperando você pedir.

Os primos trocaram um abraço caloroso. O francês sussurrava felicitações, enquanto a loira o agradecia por ter tirado-a da casa das Amazonas:

—Nem aquela noite no navio, depois da morte da minha mãe, foi tão dolorosa quanto esses dias, Didier – a loira falou, tirando a máscara – Toda hora era um insulto diferente por causa de minha armadura.

—Foi por isso que decidi te tirar de lá… Demorei porque não estava muito seguro sobre isso, porém o Crystal me ajudou – suspirou – mas deixemos isso para trás, sim?! - acariciou-lhe o rosto – Agora coloque sua máscara e fique em sua área. Não queremos dar motivos para te tirarem daqui, certo?

—Claro – respondeu, ocultando o rosto novamente – com sua permissão, vou explorar um pouco a casa. Eu só conheço a área comum e a biblioteca.

—Fique a vontade, Amazona – suspirou – essa casa está muito vazia desde a proibição do mestre Arles. Sinto falta das esquisitices do Misty e do sarcasmo do Crystal por aqui… Mesmo que o Estrelinha Prateada só venha aqui às vezes

Ela acenou com a cabeça e saiu. Camus, por sua vez, sentou-se em sua poltrona, colocou os óculos e abriu um livro. Tempos sombrios estavam chegando, mas sua prima não precisava saber deles agora. Ela precisava se sentir segura.


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Notas finais do capítulo

Traduções:
*-Yesli khotite, my oba mozhem govorit' po-russki(Se a senhorita quiser, podemos falar em russo)
*-Good Morning. Thank you, I'll call you when I decide what to eat* (Bom dia. Obrigada. Eu te chamo quando decidir o que comer)



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