POV BELLA

Olhávamos um para o outro em silêncio, certos de que não precisávamos de palavras para dizer o que sentíamos.

Ao fixar o meu olhar naqueles olhos verdes tão intensos senti que se esvaía toda a tensão que se acumulara no meu corpo ao longo deste tempo sem que eu percebesse, dando lugar à mais perfeita paz.

E Edward devia de sentir o mesmo, pois nos seus lábios estava desenhado um pequeno sorriso, que o deixava ainda mais bonito.

Eu queria dizer alguma coisa, queria recuperar as horas perdidas, as horas em que estivemos afastados, mas ao mesmo tempo não queria quebrar a magia que se instalara entre nós.

Era como se estivéssemos sozinhos no mundo.

-Tenho medo – confessei num sussurro.

Edward olhou-me intrigado.

Depois recuou, ainda abraçado a mim e sentou-se, puxando-me para o seu colo.

- Medo de quê querida?

- Eu tenho uma queda por ti. E como em todas as quedas é inevitável que eu vá acabar por cair.

Surpreendendo-me Edward sorriu-me e olhou-me fixamente ao responder:

- Quando isso acontecer, podes ter a certeza que eu estarei lá para te segurar.

Sorri com a sua resposta.

- Obrigada

Edward estreitou-me nos seus braços.

- Estás a mudar completamente a minha vida Bella.

- Eu não quero fazer isso.

- Pois mas estás. E sabes o que é a pior parte?

Balancei a cabeça.

- O pior é que eu estou a gostar.

Suspirei com as suas palavras e encostei a cabeça no seu peito, sentido as batidas fortes do seu coração.

- Nem acredito que estamos aqui, juntos.

- Nem em querida.

Ficámos em silêncio mais uma vez.

Edward começou a acariciar o meu cabelo.

Os meus olhos foram ficando pesados, até que me deixei vencer pelo cansaço.

…

Acordei na manhã seguinte quando senti o calor do sol a bater-me nos olhos.

O sorriso foi instantâneo quando percebi a pressão dos braços de Edward à minha volta para que eu não caísse.

Naquela noite havíamos dormido juntos, no sofá, de frente para o mar.

Suspirei e lentamente desencostei a cabeça do seu peito para poder olhá-lo.

Dei um leve beijo no seu pescoço, o único sitio onde eu conseguia chegar sem acordá-lo.

Edward murmurou qualquer coisa que não percebi, suspirou baixinho e os seus lábios formaram um pequeno sorriso.

Sorri enquanto o observava.

Edward era lindo, dormia como um anjo.

O sol batia no seu cabelo, ainda mais despenteado do que o normal, e a sua pele parecia mais clara do que o normal.

O meu peito encheu-se de ansiedade e de felicidade.

Ele mexeu-se levemente, apertou os braços à minha volta e abriu os olhos, fixando-os imediatamente nos meus.

- Bom dia – a sua voz saiu rouca pelo sono.

- Bom dia.

- Estás acordada à muito tempo?

- Não, acabei de acordar.

Ele sorriu mas depois voltou a ficar sério.

- Bella, eu vou ter que voltar hoje para casa.

Senti o meu sorriso desmoronar.

- Já? Mas ainda agora cheguei.

- Sim eu sei. Mas eu não me demiti – nessa altura ele franziu-me a sobrancelha, fazendo-me rir – nem estou de férias. Disse apenas que tinha algo urgente para resolver, meti-me no avião e pronto. Tenho que voltar.

Olhei-o por uns instantes e as palavras saíram da minha boca sem que eu pudesse impedir.

- Vou contigo – ele olhou-me surpreso – quer dizer, se não te importares – reformulei imediatamente.

- Sabes perfeitamente que não me importo, mas não queres ficar mais tempo e aproveitar. Afinal estás de férias e quero que te divirtas.

- Lembraste do que me disseste ontem? Que não querias mais ficar longe de mim? – ele acenou – pois bem, eu também não quero ficar longe de ti. Acho que já aproveitei o bastante das minhas férias, agora quero estar contigo.

Ele sorriu.

- Quero estar contigo a cada segundo do resto da minha vida.

- Vais acabar por te fartar de mim.

Edward sorriu travesso

- Eu bebo água todos os dias e ainda não me fartei.

- Mas a água é essencial à vida tolo – mordi-lhe o nariz.

- Tu também és essencial para a minha vida.

Olhei-o com os olhos marejados.

Lentamente inclinei-me e beijei-o.

Saboreei cada canto da sua boca sem pressas e ele deixou que eu fizesse o que queria.

- Eu amo-te Edward. – a minha voz estava tremida.

- Como eu te amo.

…

Quando ouvi o barulho de Alice e Rosalie a saírem dos quartos comecei a ficar nervosa.

Percebendo isso, Edward segurou a minha mão, por cima da mesa do pequeno almoço que preparámos e sorriu-me.

- Estás nervosa?

- Estou. Elas assistiram a tudo desde o primeiro momento. Os bons e os maus momentos que já atravessamos até agora. Ajudaram-me sempre que precisei e deram-me força quando eu fui abaixo. E ontem a tua irmã falou comigo.

Ele olhou-me surpreendido.

- Falou? Quando?

- Antes do jantar. Veio pedir-me que te desse uma oportunidade de falar comigo?

- Foi por isso que me ouviste?

Percebi no seu tom um leve toque de indignação e tristeza.

Sorri.

- Não. Eu nunca conseguiria virar-te as costas sem te ouvir antes. Gosto demasiado de ti para isso.

Edward abriu a boca para falar mas não cheguei a saber o que me ia dizer, já que fomos interrompidos por dois gritos estridentes.

- NÃO ACREDITO.

- VOCÊS ESTÃO JUNTOS.

Olhámos ao mesmo tempo para a porta e Alice e Rosalie olhavam-nos com os olhos arregalados.

Então como se levassem um choque, correram para nós.

Rosalie abraçou-me enquanto Alice se atirava para os braços do irmão.

Depois trocaram de lugar.

Alice olhou-me com os olhos marejados.

- Obrigada Bellinha. Eu sabia que tu não me ias desiludir.

Ri-me das suas palavras e das suas acções.

Parecia que tínhamos acabado de ganhar algum campeonato.

Sentámo-nos todos à mesa quando me lembrei de algo importante.

- Meninas eu hoje volto para casa.

- Já? – Rosalie olhou-me sem perceber.

- Sim, o Edward tem de voltar hoje e eu quero ir com ele, se não se importarem.

As duas sorriram compreendendo os meu motivos.

- Percebo perfeitamente os teus motivos. Na verdade estou tentada a ir com vocês. Estou com saudades do meu ursão.

- É e eu do Jasper. Já são muitos dias longe.

Senti um nó na garganta.

- E eu sinto-me culpada e uma egoísta por vos ter mantido afastadas tanto tempo.

- Não sejas tonta. Já te disse que estes dias longe só nos vão fazer bem, vais ver quando voltarmos – piscou-me o olhar maliciosa, fazendo-me corar diante do olhar divertido de Edward.

…

O carro que nos ia levar para o aeroporto finalmente chegou e de lá saiu um Jacob sorridente.

Olhei mais uma vez para a casa a que me tinha apegado tanto nestes dias e fechei a porta.

- Meninas as vossas ferias acabaram?

Jacob sorriu largamente para cada uma de nós e o seu olhar prolongou-se um pouco nas pernas das três.

Edward ao meu lado abraçou possessivamente a minha cintura e olhou de cara feia para Jacob, que entendeu o recado e mais do que depressa arrumou as malas no carro.

…

A chegada a casa revelou-se uma confusão de sentimentos.

Por um lado estava contente por voltar ao meu apartamento, onde certamente viveria momentos muito melhores do que os anteriores.

Por outro senti um aperto no peito ao lembrar dos acontecimentos antes da viagem.

Edward acabara de me deixar quando ouvi a campainha.

Corri para a porta na esperança que fosse ele.

No entanto ao abrir a porta tive uma surpresa.

- Tanya