Máscara Omega escrita por MrSancini


Capítulo 16
Ataque / Sequestro?




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Christie

Olha, as vezes eu me pergunto o que se passa na mente da Cruz Mortífera. Duas semanas desde aquele confronto com o Sanguini e nada aconteceu. Talvez o prefeito esteja com medo de ser exposto ou tramando algo. E também...

"São bem informados... Devo ficar de olho ao meu redor pra ver quem vazou as coisas."

Foram as últimas palavras dele, antes de recuar em nosso combate. Isso coloca duas pessoas em perigo... Jéssica, quem descobriu a ligação do prefeito com a Cruz Mortífera, e Alpha, que agora atende pelo nome de Alice, quem nos deu o resto das informações sobre a organização. Com a Alice eu não preciso me preocupar, a não ser que o prefeito em si ataque a residência da Jéssica. Mas quanto a Jéssica...

Ela trabalha na escola, onde o prefeito é o diretor, e se ele suspeitar de algo...

—Algo te incomodando? – A voz de Tiago soa, até ele sentar do meu lado no banco da academia. Felizmente o movimento normalizara, fora provado que James não sabia e nem tinha envolvimento com as ações neo-nazistas de Wilson.

—Com essa loucura de monstros, robôs e heróis na cidade, qualquer um ficaria um tanto louco. – Dou de ombros, rindo pra afastar a preocupação.

—Nem me fale, eu saí da capital, fugindo de um emprego caótico pra encontrar um pouco de paz e o que temos aqui? Loucura. – Ele ri, com sinceridade.

—Aliás, nos conhecemos há alguns anos e até hoje não soube... No que você trabalhava na capital? – Pergunto, curiosa com a menção dele.

—Uma ONG na área de preservação ambiental. – Tiago responde. – Já ouviu falar da Fauna?

—Aaaah, você trabalhava lá? – Repentinamente lembro da organização Fauna, uma Organização Não Governamental bastante prestigiada.

Seu presidente era Stefano Artur Camargo Índio, empresário do ramo ambiental e mesmo em meio ao caos que prolifera no país, desde o Dia Zero consegue lucrar com a preservação ambiental. A Fauna tinha fama de ser conhecida como um Braço de Gaia, a mãe terra, no mundo mortal. Claro, uma metáfora para o fato deles serem úteis ao meio ambiente em si.

—Sim, e as coisas eram loucas em alguns momentos. – Ele responde a minha pergunta, com um tom nostálgico em sua voz.

—Bem, talvez as coisas possam retornar a normalidade aqui na cidade. – Digo, suspirando fundo.

—É o que esperamos, não? – Tiago sorri, dando um tapa no meu ombro e retornando a gerência da academia.

—É o que espero... Estou tentando, cara... – Comento sozinha, enquanto volto aos meus afazeres na academia.

 

Julio

Aquele dia estava sendo trabalhoso para mim. Por alguma razão, pessoas das cidades vizinhas passaram a vir na cidade para serem atendidas pelo doutor galã James... (quem foi que causou essa repentina popularidade do James?) E eu tinha que continuar com trabalhando no último dispositivo, o Gamma, e ele estava dando um tremendo trabalho.

Pelo menos não havia acontecido nenhuma loucura na cidade. Enquanto eu quebrava a cabeça em frente ao meu computador, Angela vigiava a cidade nos monitores, e eu tinha certeza de que ela ia cair no sono devido ao tédio. Eu queria que ela me interrompesse pra sei lá, discutirmos qualquer coisa. Mas, ela sabia o quanto isso aqui era importante não só pra mim, mas pra cidade em si.

Por via das dúvidas, Alice, antes conhecida como Alpha também vigiava a cidade, embora eu tenha uma ligeira impressão de que ela está usando isso como desculpa pra passear e tirar o máximo de fotos possíveis com o celular que Jéssica lhe dera.

Desde que ela saíra com a Angela umas duas semanas atrás, ela mudara um pouco. Ao invés de sempre usar aquela jaqueta e calças, variara um pouco no vestuário, além de ter adquirido o hobby da fotografia e estar menos prática e mais emotiva.

Não a culpo, ela não tinha uma vida antes de sair da Cruz Mortífera, agora ela quer aproveitar e ser ela mesma, não mais a clone da Christie ou membro da Cruz Mortífera. E se algo acontecer, ela pode estar mais perto de solucionar o problema do que eu, que estou aqui na clínica, ou Christie, que está na academia.

—Ei, Julio... O que você tem na cabeça agora? – Sinto um par de mãos nos meus ombros, e a voz de Angela logo atrás de mim.

—Esse aumento na popularidade do James... – Dou uma risada. – Só colocou mais coisa nos meus ombros.

—Pra um cara na casa dos quarenta ele tá conservado. – Angela brinca, rindo. – A reporter de uma revista, que estava de passagem na cidade, foi atendida pelo James e acabou escrevendo sobre. O doutor galã, foi o que a matéria dizia.

—Pois é, e aí agora eu tenho que completar isso aqui. – Aponto pra tela do computador. – Não falta muito, só preciso resolver a questão da energia... O dispositivo Gamma parece exigir muito de quem for usá-lo.

—Mas quem irá usá-lo? – Angela faz a pergunta que eu também me fazia.

—Não é como se tivéssemos alguém apto a isso. – Respondo, coçando a cabeça. – A Christie foi treinada por anos, e o condicionamento físico dela permite que suporte os efeitos. Eu não fui treinado, ainda sinto vez ou outra, dores no corpo após me transformar em Máscara Delta. Alice... Bem, ela foi tão treinada quanto a Christie.

—Pois é... Tipo. Eu só tenho um pouco de flexibilidade graças ao vôlei. – Ela insinua... – Provavelmente meu corpo reagiria como o seu, quando se transformou.

—Dor imensa. – Penso, seria uma boa ideia, mas não quero arriscar perder a Angela em meio a um combate. – Acredite, a primeira vez dói e...

—Acha que eu não sei disso? – Angela me dá um tapa na cabeça, por conta da minha escolha de palavras.

—Não foi isso que eu quis dizer, droga! – Tento me justificar.

—Então, senhor gênio, aprenda a elaborar suas sentenças. – Ela devolve.

—Você não me deixa escolha... – Viro a minha cadeira, pego Angela pela nuca e dou um beijo nela ali mesmo.

Ah, sim... Muito melhor. A sensação dos lábios dela, era o suficiente para acalmar minha cabeça, quando eu não conseguia pensar ou agir direito. Quando nossos lábios se separam, ela não parece zangada.

—Você quer uma sentença melhor elaborada? Não vai ter. – Comento, suspirando. – O que quero dizer, é... Que eu não quero que você se machuque. Se você parar pra pensar comigo, os trajes de Máscara Alpha e Omega, são ideais para combate variado, com Alpha puxando para a técnica e Omega puxando para a velocidade. – Abro uma outra tela no computador, clico em algumas partes para demonstrar. A tela mostra Máscara Alpha lutando contra zi-bots, usando a espada e Máscara Omega usando a forma Dash para derrubar os zi-bots em uma velocidade alta. – Ainda assim, Christie não consegue lidar com a forma Dash por muito tempo. O meu traje de Máscara Delta é ideal para combate a distância. – Mais alguns cliques e Máscara Delta luta contra zi-bots usando a Delta Pistol. – Eu aos poucos estou melhorando minha forma física pra suportar o poder do traje.

—Entendi... – Angela comenta, coçando o queixo. – E o último? Gamma, não é?

—Máscara Gamma é focado na força física. – Dou mais alguns cliques no programa, e um guerreiro diferente, com o traje azul e detalhes em laranja surge na tela. As pernas possuiam espinhos na altura da canela, assim como no pulso, como se fossem uma pulseira de espinhos. O capacete era diferente do que eu, Alice e Christie usávamos, com o visor semelhante a um óculos estranho, e na altura da boca, dava uma visão aterrorizante. Máscara Gamma andava metodicamente e com socos poderosos, destruía zi-bots. – Não quero nem pensar no quanto isso deve puxar do usuário. No momento, estou tentando pensar em como diminuir essa carga, para que alguém possa de fato usá-lo.

—Acho que é por isso que eu gosto de você... – Angela abraça meu pescoço por trás. – Com isso, você está pensando não somente na segurança da cidade, mas em quem pode usar esse negócio.

—Por aí... – Fecho os olhos, sentindo a respiração da Angela. – Mas também gosto quando você faz isso... Eu me sinto bem só de estar ao seu lado.

 

Alice

Definitivamente preciso de uma câmera melhor do que esse celular. A vida lá fora é tão bonita, queria capturá-la de uma maneira que refletisse isso... Eu poderia pedir a Jéssica uma câmera, mas ela já faz muito por mim do jeito que as coisas estão. Um lar, uma cama, roupas e o carinho dela.

Eu poderia arranjar um emprego de meio-período, como a Christie, o Julio e a Angela fazem, mas... Não tenho identidade para isso. Então por enquanto eu posso me contentar com as fotos de celular.

Enquanto observo as pessoas caminhando pela cidade, passando pela praça principal cuidando de suas vidas, penso no que aconteceria com esse cenário e essas pessoas, caso a Cruz Mortífera vença. Eu já vi fotos de cidades devastadas pela guerra, e não era difícil imaginar Trerriense assim, muitos mortos, cidade devastada, pessoas escravizadas por medo ou sede de poder.

E há muito, eu escondia de todos uma informação importante. Informação essa que nunca me perguntaram, mas ainda assim, ter essa informação e não dar a eles fazia meu coração doer. Eles me aceitaram apesar de ter sido parte da Cruz Mortífera, de ter atacado Christie duas vezes. Fizeram com que eu me sentisse parte deles, eu encontrei em Angela uma amiga em quem posso confiar, Jéssica é como uma irmã pra mim. Mesmo Christie e Julio, são pessoas a quem estimo e James... Bem, ele é o doutor galã, vai ficar bem. Caramba, até eu estou chamando ele assim. Maldita reporter.

Começo a rir no meio da praça, pensando em como basicamente a minha vida melhorara porque consegui amigos. Ter aquele tempo pra si é bom, mas... As vezes, contar com alguém é necessário, porque nem sempre a vida é justa.

Pensando nisso, uso meu telefone pra fazer uma ligação. Um toque, dois toques, finalmente atendem.

—Alice, alô? – A voz de Christie sai do aparelho. – Aconteceu algum problema?

—Não, relaxe, quanto a isso. – Respondo a pergunta preocupada dela. – Só queria pedir algo... No horário que a clínica fechar, tem como você passar lá?

—Creio que sim, por quê? – Ela pergunta, mais aliviada.

—Tem algo que preciso conversar com você e com os outros. – Concluo, decidida.

—Tuuuudo bem... – Christie concorda. – A gente se vê mais tarde.

Desligamos o celular, e volto a me ocupar com a cidade, acho que vou até a floresta na saída sul fotografar o caminho de lá, é um ponto que pode render boas fotos.

 

Christie

Horas depois daquela ligação da Alice, estamos lá novamente reunidos no centro de controle, embaixo da clínica, eu, Alice, Julio, Angela, Jéssica, que saiu cedo e James que teve que fechar a clínica porque tinha gente completamente bem de saúde jurando que estava doente só pra ele atender. Isso tá saindo do controle.

—Então Alice, você disse que tinha algo pra conversar conosco... – Começo, imaginando qual seria a informação.

—Sim, é algo que tenho guardado comigo desde o dia em que abandonei a Cruz Mortífera. – Ela confirma, com um tom de voz triste. – Eu sinto por ter escondido de vocês, ainda mais depois de tudo o que fizeram por mim. Enfim, eu escondi de vocês a localização do covil da Cruz Mortífera na cidade.

—Sabemos disso. – Julio mal espera Alice terminar. – E provavelmente sabemos o porque de você não ter contado.

—Você não se sentia pronta... – Angela passa o braço pelo ombro de Alice. – Ou qualquer que seja o motivo, não importa.

—Mas se eu tivesse contado antes, nós poderíamos... Poderíamos... – As mãos de Alice começam a tremer.

—Poderia, como não poderia. – Adivinho no que ela pensava. – Ou não, já que Wilson não era um monstro da Cruz Mortífera.

—O mais importante agora... – Jéssica continua. – Onde fica o covil, Alice?

—A pedreira, no norte da cidade... – Alice responde, respirando fundo. – Três quilômetros ao norte da pedreira, naquele monte, com umas cavernas abandonadas. Lá é a entrada, levando a um covil subterrâneo, onde os funcionários da Cruz Mortífera, além de zi-bots e Johann Krauser, sem contar a produção de monstros.

—O que significa que se destruirmos lá, a Cruz Mortífera sofrerá um golpe tremendo. – James diz, se animando.

—Espere aí, tio. – Interrompo a alegria de James. – Não creio que vai ser tão fácil assim destruir aquele covil.

—Christie tem razão – Alice continua. – O problema não vai ser entrar, a segurança deles não é boa... A questão é, como sairemos de lá. E o que encontraremos... Um confronto com Johann, não seria bom pra gente. Nem mesmo se eu e Julio tivéssemos o upgrade da Christie.

—O quão forte Johann é? – Julio pergunta, pensativo.

—Eu nunca o vi lutar pessoalmente, mas ouvi histórias de treinamento sobre ele. – Ela responde, com um tom preocupado. – Ele, sozinho, destruiu pelo menos uma centena de monstros. E pelo tom que ele usava com o Sanguini, no dia que fugi, tenho certeza de que não são apenas mitos aumentados.

—Entendi... – Ele abre um sorriso, provavelmente pensando em um plano B.

—Se as coisas chegarem ao ponto de confrontarmos Johann, eu ganharei tempo para vocês fugirem... – Alice continua, um tom de voz frio.

—NEM PENSE NISSO! – A minha voz sai mais alta do que pretendia.

—Como? – Alice parece tão chocada quanto os outros na sala.

—Eu... Eu não quero mais perder ninguém... – Coloco pra fora. – Já perdi meus avós quando mal podia entender o que acontecia, perdi meus pais e parte de minhas memórias naquele dia maldito... Perdi alguém que me admirava pelo que eu passava numa quadra de vôlei. Eu não vou perder mais uma pessoa importante!

—Christie... – Percebi que Alice corara. – Mas eu sou só...

—NÃO TERMINE A FRASE! – Dou um tapa na cara de Alice. – Não diga que você é só um clone...

Podia parecer meio forçado, mas eu havia me apegado a Alice, talvez por ela ter surgido de mim, ou termos o mesmo tipo de treinamento, mas algo na inocência dela, era só ver como ela se relacionava com a Angela, ou a Jéssica.

—Você não vai se sacrificar pela gente, Alice... – Passo a mão onde havia dado um tapa.

—Relaxa, vamos sair vivos dessa, todos nós... – Julio diz, confiante. – Deixem comigo, eu sou o gênio da equipe.

—Não... Não brinca. – Escutamos a voz de James, e ele estava com o celular na mão.

—O que foi, tio? – Pergunto, estranhando o tom de voz dele.

Ao invés de nos responder, James vai até um dos computadores ali, abre o navegador e mostra uma página, com uma manchete:

Massacre Silencioso na Prefeitura

A Cruz Mortífera volta a atacar, dessa vez, diretamente no coração da cidade. Quinze pessoas foram assassinadas em um intervalo de tempo de menos de um minuto. Não se sabe como aconteceu, apenas que as pessoas foram caindo sem vida no chão, com furos na altura do peito.

Não há testemunhas, as vítimas estavam em pontos diferentes do prédio, e o prefeito, que conversava com uma das vítimas, alegou a polícia não ter visto nada. Pode ter sido um ataque orquestrado por multiplos monstros.

—Qual a razão para essas mortes? – James se pergunta, fechando o navegador.

"São bem informados... Devo ficar de olho ao meu redor pra ver quem vazou as coisas."

—Sanguini está eliminando as pessoas que trabalham ao seu redor. – Respondo, pensando no que ele me dissera.

—Jéssica, Alice... Não voltem para casa hoje a noite. – Julio continua. – Permaneçam aqui na clínica.

—Eu posso... – Alice começa, mas Angela a cala.

—Não, não pode. – Angela é firme. – Julio tem razão. Sanguini matou quinze pessoas em menos de um minuto. Vocês estarão mais seguras aqui.

—Bem, já estava na hora de eu pedir demissão mesmo... – Jéssica dá de ombros. – Ainda bem que saí mais cedo da escola, imagina se...

A interrupção dos pensamentos de Jéssica dizem exatamente o que pensei. Sanguini havia ido para a escola, e não tinhamos mais como detê-lo. Outras pessoas morreriam, provando que ele era um monstro e precisava ser destruído e exposto a qualquer custo.

—Não há nada que possamos fazer... – James diz, punho cerrado e tremendo.

—O que podemos fazer é nos preparar para amanhã. – Julio começa. – Eu vou continuar aqui terminando meu trabalho.

—Tudo bem, vou terminar as coisas na academia, mas acho que devido ao que aconteceu, o Tiago deve ter fechado. – Digo, me espreguiçando.

—Se ele não fechar, seria louco... – James diz, abrindo a porta que leva a escadaria da clínica.

Eu, Angela, Jéssica e Alice subimos com James, enquanto Julio permanece ali embaixo, trabalhando. Como sou a última, ainda observo Julio no computador. Ele se vira pra mim e abre um sorriso, confiante.

—Acredite, eu vou tirar a gente dessa, Christie. Vamos todos sobreviver ao dia de amanhã. – Eu nunca havia ouvido a voz dele tão séria, quanto naquele momento. Não era o Julio de sempre, se gabando da inteligência, como quando ele fazia pra me provocar. Era um cara com cem por cento de confiança nas habilidade, e duvido que haveria alguém no mundo capaz de discordar dele.

Com um aceno, me despeço e fecho a porta, deixando Julio maquinar suas ideias e focando minha mente no que preciso fazer amanhã. Mais tarde, combinamos que atacaríamos por volta das nove horas da manhã. Pelo menos foi o que o Julio ordenou e eu não seria louca de discordar dele.

No dia seguinte, estamos próximas da caverna, Alice e eu, na hora em que Julio havia combinado. O mesmo não estava lá.

—Uau, ele combina a hora e não aparece! – Exclamo, levemente irritada. Eu estava com minha jaqueta preta porque fazia um friozinho. Alice usava sua combinação clássica de jaqueta e calça roxas.

—Relaxa, são nove e três da manhã, Christie. – Alice ri, dando um tapinha em meu ombro. – Agora, mudando de assunto... Obrigado por ontem. Não vou mais pensar em nada idiota.

—Esse é o espírito... – Sorrio, escutando em seguida um ronco de motor e uma moto amarelada se aproxima. Era Julio, usando uma jaqueta branca com detalhes em vermelho e uma blusa amarela por baixo. – Está atrasado!

—Desculpa... – Ele diz, enquanto desce da moto. – A Angela queria me ver antes de eu vir pra cá.

—Tá legal, tá legal. – Dou de ombros. – Prontos?

Julio e Alice confirmam com a cabeça. Ele coloca o Delta Belt na cintura e nem faz o teatrinho, apenas passa a carta pelo LED. Alice coloca a moeda no Alpha Watch e a aperta. Faço o mesmo, colocando a chave no meu Omega Watch e a girando.

—TRANSFORMAÇÃO! – Gritamos ao mesmo tempo, os trajes de Máscara Alpha, Delta e Omega revestem nossos corpos. Reparo que meu Omega Watch ainda está no meu braço, mesmo com o traje.

—Isso é... – Começo, pensando.

—Um giro na parte posterior, e você se transforma em Omega Dash. – Julio responde. – Mais fácil do que ter que colocar o Dash Disc toda santa vez.

—Não podemos mais perder tempo, vamos! – Alice chama a nossa atenção.

Começamos a correr até a entrada da caverna daquele monte, será que enfrentaríamos muita resistência, inimigos? Dentro da caverna, depois de andar talvez 100 metros, não parece mais uma caverna, e sim um corredor, com piso de concreto e algumas portas nas laterais, mas...

—Era pra ser assim mesmo, Alice? – Pergunto, me virando pra ela.

—Não, a parte superior é menos vigiada, mas ainda assim... Geralmente grupos de vigias guardam aqui, indo de uma saída a outra da caverna. – Alice responde, até que chegamos em um ponto onde há um elevador.

—Bem, todos em guarda, talvez tenhamos que lutar no elevador. – Julio sugere, enquanto aperta o botão do elevador.

—Nem tudo o que passamos precisa ser uma cópia de Vingadores, Julio... – Digo, entrando no elevador, felizmente vazio.

—Na verdade, a referência é a Capitão América 2... – Alice retruca, apertando um botão no elevador.

—Que seja. – Dou uma risada, vendo que Alice tinha pego a referência melhor que eu.

Após o que pareceram vinte e sete anos de espera, a porta do elevador se abre e lá nos esperam pelo menos duas dúzias de zi-bots, mas... Pelo que eu vejo...

—Sem monstros ou funcionários. – Alice comenta, partindo pra cima dos zi-bots com sua espada. Julio atirava, abrindo caminho.

—Vá em frente, Christie, nós lhe alcançamos! – Julio diz, com a shotgun abrindo buracos no peito de zi-bots.

Continuo correndo, nosso plano era... Chegar a sala de máquinas, pegar explosivos, programá-los, mandar os funcionários humanos pra fora da base e dar no pé. De preferência, sem morrer no processo. Mas pelo que vejo, haviam apenas aqueles zi-bots nos aguardando.

Tanto, que um minuto depois, Alice e Julio haviam me alcançado, eu não tinha nenhum oponente.

—Alice... Isso aqui está meio estranho. – Digo, abrindo uma porta e vendo um quarto que parecia desocupado há tempos.

—Verdade e esse... Era meu quarto aqui. – Ela concorda e revela. – Vamos, não tem nada aqui, e o escritório do Johann fica próximo daqui, quem sabe conseguimos uma pista.

Fechamos aquele quarto solitário, e andamos até uma outra porta, essa até um pouco imponente. Nem precisamos forçar a entrada, ela estava só fechada na maçaneta. Aquele escritório possuía alguns móveis bem caros, e uma TV tela plana de 40 polegadas, que de algum modo ela parece deslocada.

—Essa TV não é do Johann... – E no que Alice termina de falar, a TV liga sozinha, mostrando o fundo azul de sem sinal.

—Eita, agora você liga televisores com a voz... – Julio esconde o temor com uma piada.

—Olá, cobaia, cópia barata, inferior insolente. – A voz de Sanguini vem da TV, que repentinamente mostra imagens dele, no topo de algum lugar e do seu lado estava...

—ANGELA! – Julio grita, ao ver o terror no rosto da namorada.

—Eu não posso escutar vocês, mas... Vocês podem me escutar, sei que estão no covil da Cruz Mortífera. – Ele continua, com um braço apoiado em Angela, que estava amarrada por cordas. – A verdade é que sabíamos que viriam até o covil, principalmente depois da minha falha em encontrar a vadia daquela secretária, que passou minhas informações para vocês. Então, negociei com Johann, para que ele destruísse esse covil.

—Destruir o covil? – Coço a cabeça, até que Alice dá um tapa na própria cabeça.

—A pouca vigilância, poucos zi-bots... Era uma armadilha. – Ela parece furiosa consigo mesmo.

—Perceberam que foi uma armadilha, não é? – Sanguini provoca, rindo. – Eu posso não estar vendo vocês, mas as câmeras aí transmitem pro meu computador pessoal na prefeitura, então vou poder ver e rever vocês derretendo e sendo soterrados quantas vezes quiser, até dominar a cidade! Mas não sou um cara cruel, veja bem... Vocês tem três minutos, a partir de agora para fazerem as pazes com quem quiser, se confessarem, que seja, e então cabum! Ah sim, Julio, conheço uns amiguinhos que vão querer fazer algumas coisas divertida com a sua namorada. Morra sabendo disso.

A TV desliga, mostrando um contador em três minutos e a frustração é enorme. Correr aquilo tudo pra cair numa armadilha e saber que Sanguini irá vencer. Jéssica... James... Angela... Sinto muito.

—DROGAAAA! – Começo a socar a parede.

—Christie... Eu... Eu sinto muito. – A voz de Alice é desesperada, porque ela deu o endereço, deve estar se sentindo destruída por ter nos colocado nessa.

—Alice... – Eu a abraço, esquecendo que estávamos prestes a morrer. – Não se culpe, você fez o que achava certo.

—Eu deveria ter previsto a armadilha. – Agora pela voz dela, ela estava soluçando.

Quem não parecia tão abalado quanto nós duas, era Julio que observava o nosso arredor. Tinhamos dois minutos e vinte pra fugir, até que ele caminha até uma estante, que tinha algo pendurado. Ele pega o papel, não sei por qual razão, e o entrega pra Alice.

—Acho que é pra você. – Ele diz, e vejo que de um lado da folha está escrito "Alpha".

Alice funga e começa a ler o que estava escrito.

"Alpha

Dói demais ter que escrever isso, não só como representante da Cruz Mortífera, como seu criador. Eu tive que acatar o plano de Santiago de atrair vocês até aqui, mas por outro lado... Não acho que você deva morrer dessa maneira. Tentei lhe trazer de volta, mas você recusou a ideia, então é hora de seguirmos caminhos separados. Considere a dica abaixo, meu presente de despedida. Na próxima vez que nos vermos, seremos inimigos.

Johann Krauser.

Lembre-se de como eu ia da escola para o covil, sem precisar dirigir pela cidade."

—Johann... – A voz dela é um tanto saudosa. – Tudo bem, não vamos morrer. Tem uma passagem secreta aqui no escritório, que leva até a escola.

—Temos exatamente um minuto e vinte segundos pra achá-la. – Digo, olhando ao meu redor.

—Nós dois temos esse tempo... – Julio indica a si mesmo e a Alice. – Você não.

Caramba, como eu era burra. Que Deus abençoe a inteligência do Julio que manteve o sangue frio. Eu giro a parte posterior do visor do relógio e uma voz sai dele gritando: "CONECTADO!" Ao invés da moto vir até aqui, as peças da forma Dash começam a surgir no meu traje. Estando muito mais veloz que meus amigos, começo a procurar pelo cômodo, por uma passagem secreta. Passo cerca de cinquenta segundos procurando, até que puxo um quadro que revela uma porta. Abro a porta e vejo um corredor longo, parcamente iluminado.

Agora era hora de tirar meus amigos dali. Vou até Julio e Alice e os pego pelo braço, os conduzindo até o tunel, ando por pelo menos trezentos metros antes de retornar a minha forma normal.

—Sem papo agora gente, só CORRAM! – Digo, o que os dois assentem e começamos a correr sem parar, até escutarmos uma sequência de explosões.

 

Jéssica

Estava difícil ter que ficar de fora da ação até o momento certo. Angela capturada, Sanguini se filmando provavelmente para Julio, Christie e Alice... Espero que eles tenham conseguido dar um jeito de sair de lá.

De repente, escuto explosões que devem ter sido ouvidas em toda a cidade, olhando na direção do monte, vejo pelo menos uma coluna de fogo subir. Caramba, deve ter sido feio. Mas, aquele era o sinal.

—Hahahahahahaha! – Dava pra ouvir a risada de Sanguini dali do muro, ele no alto do prédio principal, os zi-bots no pátio externo... Ele conseguiu até mesmo deixar a polícia de fora disso, ainda que crimes tenham ocorrido aqui ontem. – Minha querida... – Ele se vira para Angela. – Seu namoradinho e os amigos dele morreram. E seu destino será pior.

Corro pelo muro da escola e dou um salto, acertando um soco num dos zi-bots. As luvas que Julio me dera serviram bem, pois mesmo eu sendo fortinha, socar um robô com a mão nua iria doer.

—Você! – Sanguini aponta para mim. – Você fez com que eu matasse meus próprios funcionários, até perceber que tinha sido você quem falou sobre mim para os defuntos!

—Você pagará, Sanguini, por tudo o que fez contra a cidade! – Digo, tirando um dado que Julio me entregara, esse dado continha um botão em um dos lados, o aperto e ele se transforma em um cinto, semelhante ao que ele tinha.

Coloco o cinto na cintura e aperto um botão no lado dele, o que faz com que as tiras saiam dos dois lados do retângulo. Ao contrário do Delta Belt, ele não tinha um LED onde eu colocaria cartas. Ele só necessitava que eu apertasse mais um botão e me transformasse. Aperto o botão e ergo meus braços em posição de combate. A energia emanada pelo cinto era incrível, então era isso que Alice, Christie e Julio sentiam.

—TRANSFORMAÇÃO! – Grito, e um traje azul com detalhes laranjas cobria meu corpo. A bota tinha espinhos na altura da canela, assim como por todo o meu antebraço.

Eu sentia que meu corpo havia se transformado em um instrumento letal de combate. Agora eu entendia a adrenalina que Christie e Julio devem ter sentido na primeira vez em que se transformaram, quanto a Alice... Eu sentia pena, porque a usavam para o mal. Mas, se o plano do Julio tivesse dado certo, nós lutaríamos juntos em breve.

—M-mais uma... – A voz de Sanguini é fria.

—Meus punhos e meus pés serão as vozes daqueles que você calou com sua ambição... – Aponto para Sanguini. – Máscara Gamma!


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