Máscara Omega escrita por MrSancini


Capítulo 15
Limite / Amiga




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Christie

Eu tinha que me desculpar com o Julio uma hora dessas, por não confiar tanto nele. Pelo visto, era isso que estava impedindo ele de finalmente se acertar com a Angela. Felizmente, ele havia resolvido as duas questões, esse negócio aqui e desde a semana passada, ele namora oficialmente a Angela.

Mas, chega de pensar no passado e me concentrar nisso aqui. Eu não sentia nenhuma diferença na minha força, em relação a quando me transformo em Máscara Omega, porém, eu conseguia ver a movimentação de Sanguini, como se ele se movesse em velocidade normal, tanto que parei o primeiro soco dele e contra ataquei com um soco que o empurrou para trás.

—O Dash Disc aumenta a sua velocidade e percepção... – Julio comenta, se preparando pra lutar. – Você cuida do Sanguini, eu e Alpha cuidamos do resto.

—Tudo bem. – Confirmo, antes de partir para cima de Sanguini.

Percebo Julio e Alpha saltando por mim, mas eles estão em uma velocidade muito baixa, quase em câmera lenta. Então era assim que Sanguini via os oponentes... Supondo que ele tenha lutado com alguém além de mim.

—Não pense que só porque pode acompanhar a minha velocidade, que irá me vencer. – Sanguini provoca, defendendo meu primeiro soco.

—Eu nunca saberei se não tentar. – Aponto o canhão acoplado em meu antebraço para o peito dele e puxo meu braço, como se puxasse algo. Para minha surpresa, funciona e um disparo é feito, acertando-o. – Esses brinquedos do Julio são ótimos.

Sanguini recua e faz um movimento com a capa, fazendo com que três brocas de energia negra surjam no ar. Ele abre a mão direita e as brocas voam na minha direção. Uso o bastão que havia percebido em minhas costas para rebatê-las para o alto.

—Venha... – Provoco Sanguini novamente.

Ele avança na minha direção, deslizando pelo chão, com a mão já piscando. Agora que estou na mesma velocidade de combate dele, vejo o que é, um concentrado de energia que se expande aos poucos e provavelmente explode quando entra em contato com o oponente. Salto por cima dele, me virando e atacando com o bastão, mas o mesmo defende meu ataque, com um movimento da capa.

—Acha que desviando de meus ataques, conseguirá me derrotar, cobaia? – Sanguini sorri. – Não importa que você consiga acompanhar meus movimentos, ou tenha a ajuda daquele moleque insolente, ou daquela traidora insolente. Eu sou supremo.

—Diz o cara que vendeu a alma e a cidade para ter um pouco mais de poder, não é... Prefeito Santiago? – Não me intimido com as ameaças dele, partindo novamente pra cima.

—C-como? – Agora ele estava surpreso. Tanto que minha primeira sequência de socos na altura do peito é bem sucedida.

—Há muito sabemos da sua ligação com a Cruz Mortífera. – Disparo um tiro com o canhão esquerdo, bem sucedido.

—São bem informados... Devo ficar de olho ao meu redor pra ver quem vazou as coisas. – Ele diz, fazendo um movimento com a capa e abrindo duas asas enormes as batendo uma vez.

Um vendaval de poeira verde é criado e mal consigo vê-lo, disparo com meus dois canhões dos braços, mas eles passam pelo vendaval e alguns segundos depois, a poeira baixa, Sanguini desaparecera.

Sem a necessidade de me manter naquela forma, retorno a ser a Máscara Omega, apertando o botão que havia no Omega Watch, as partes da moto que se juntaram para formar essa armadura extra saem do meu corpo, formando novamente minha moto.

O mundo parece novamente se mover na velocidade normal e pelo visto, Julio e Alpha haviam começado a lutar contra os dois monstros há pouco tempo.

—Pessoal, fiquem com os monstros... Eu cuido dos zi-bots. – Avanço contra os robôs, que apesar de não oferecerem ameaça aos meus amigos, estão em maior número e podem causar complicações.

—Tudo bem! – Julio concorda, trocando da pistola para a Shotgun. – Não se exceda.

Não sei por quê ele me deu esse conselho, mas dou de ombros... Percebendo que agora o bastão estava preso as minhas costas. Removo o mesmo para lutar, percebendo que deve ter sido outra atualização de Julio, para eu não ter que sacar a moeda e transformar em bastão toda vez que for lutar.

Com o bastão em mãos, começo a atacar com força, partindo pelo menos um a cada golpe aplicado. Apesar dos numeros maiores, eles só tem efetividade contra humanos comuns, e ainda assim, se um humano for bem treinado e forte, ele pode ser capaz de destruir um zi-bot.

Vejo que sem os zi-bots para fazer número, Alpha e Julio não tiveram dificuldade para derrotar aqueles monstros. Alpha estava fazendo um círculo com a espada e arremessando a mesma no meio do círculo, atravessando o monstro aquático com a mesma, o paralizando.

—O seu destino, está selado... – Alpha dá alguns passos para trás, corre e dá um salto, com uma voadora atravessando o corpo do monstro, que explode, se transformando em pó.

—Você não deveria se meter com o Gênio Atirador, cabrito... – Julio insire duas cartas na parte de trás da Shotgun, que começa a brilhar. Ele puxa o gatilho, e um raio laser fino atravessa o bode, destruindo-o em seguida, em uma explosão.

—Bom trabalho, pessoal... – Elogio os dois, observando que as pessoas desacordadas pelos zi-bots começavam a se mexer, além de sirenes do corpo de bombeiros. – Vamos pro beco, antes que nos vejam.

Nós três, eu e Alpha conduzindo nossas motos, vamos até o beco, quando repentinamente sinto uma dor imensa no peito e um choque passa pelo meu corpo.

—Aaaaagh! – Me destransformo, assim como Julio e Alpha.

—Christie! – Alpha me impede de cair no chão.

—O... O que foi isso? – Pergunto, sem entender. Ao longe no fim do beco, vejo Angela correndo até nós.

—Creio que isso... Seja meio culpa minha. – Julio responde, meio cabisbaixo.

—Como assim? – Pergunto, ainda apoiada em Alpha.

—O Dash Disc, eu o concluí, mas... – Ele começa a explicar. – Para permitir que você atinja a velocidade equiparável a do Sanguini, ele exige muito do seu corpo, uma carga que talvez você não consiga suportar, não por um período muito longo.

—Por isso você... – Alpha começa, entendendo o que Julio havia me dito: "Não se exceda".

—Julio, ao mesmo tempo em que eu quero te dar um abraço, sem ofensa, Angela, quero socar a sua cara. – Tento dar uma risada, mas meu corpo ainda dói.

—Talvez eu precise refazer umas coisas e... – Julio começa, mas ergo a mão.

—Não. – Interrompo. – Tenho a impressão de que Sanguini vai continuar a nos confrontar, agora que sabemos do segredinho dele. E vamos precisar desse poder para combatê-lo de igual pra igual.

—Agora precisamos sair daqui... – Angela sugere.

Decidimos nos dividir em grupos de dois, eu pegando carona com Alpha e Julio e Angela usando minha moto, retornamos para a clínica. Julio e Angela iriam trabalhar, e eu não estava na menor condição de ir para a academia naquele dia.

 

Alpha

Vou confessar: Sinto inveja da Christie, do Julio e da Angela. Eles tem vidas normais, vão para a escola e trabalham depois de sair de lá, já eu tenho que ficar trancada na casa da Jéssica. Teoricamente, eu posso sair daqui a hora que quiser, mas não tenho o que fazer fora daqui. A verdade é que tecnicamente eu não existo. Não tenho documento algum, pelo menos não documentos legítimos.

Ainda tenho aqui comigo alguns dos documentos falsos que usei quando viajava pela Cruz Mortífera, com vários nomes diferentes. Christina, Mariana, Beatriz, Natalia... Mas eu mesmo não tenho nome. Parando pra pensar, é meio triste. Talvez por isso eu me sinta levemente animada quando tenho que lutar ao lado da Christie e do Julio.

Mas isso não muda o fato de que ficar aqui no apartamento da Jéssica, tendo a TV como companheira é um tédio. Eu adoro a Jéssica, mas ela só chega de noite, pois hoje ela foi fazer umas coisas em outra cidade, algo a ver com seu trabalho como voluntária. Por alguma razão, é totalmente diferente dos meus dias solitários lá na base da Cruz Mortífera. Eu não tinha essas preocupações.

Como por exemplo, a limitação que a forma Dash tinha, afetando o corpo da Christie se usada em excesso. E pelo que ela disse, a luta com Sanguini não durou muito tempo. Felizmente, a frequência de ataques da Cruz Mortífera diminuiu, então não precisávamos nos preocupar em ficar todo dia de vigia, Sem contar que qualquer coisa, o Julio, que ficava com esse trabalho, avisaria da necessidade.

E tudo o que a TV tinha para oferecer era tão divertido quanto ver uma corrida de lesmas em câmera lenta. Ainda mais num sábado, dia legal para não se fazer nada. Estou eu em minha auto piedade, até que o celular que Jéssica havia me dado, toca. Achando que é uma emergência, corro até o mesmo, atendendo.

—Alô? – Atendo, meio esbaforida.

—Alpha, boa tarde. – A voz animada de Angela soa do outro lado.

—Boa tarde, Angela, algum problema? – Pergunto, estranhando um pouco o tom dela.

—Felizmente não. – Ela responde. – Só que percebi que como a Jéssica está fora nesse sábado, você deve estar morta de tédio, então pensei em algo.

—Estou ouvindo. – Algo em mim parece sorrir.

—As obras do shopping terminaram, então podíamos passear lá e não sei, tentar nos divertir, mas se... – Angela sugere, e logo parece se arrepender da ideia.

—Topo! – Interrompo antes que ela termine a sentença.

—Sério? Ótimo! – Ela parece realmente feliz. – Me encontre no shopping, em uma hora.

—Tudo bem, até lá. – Respondo, desligando o telefone.

Uma hora depois, lá estou eu na entrada do shopping, com minha jaqueta roxa e calça roxa, aguardando Angela aparecer. O shopping parece cheio, por causa da reinauguração. Não posso falar pelos outros, mas parece que a população quer provar que ainda pode sobreviver, que não se deu por vencida.

Logo no saguão de entrada, onde se não me engano, Christie lutara contra Taranto e encarou Sanguini pela primeira vez, havia uma espécie de bloco de concreto, com algo escrito lá, e muitas coroas e buquês de flores, além de pessoas depositando mais flores. Deve ser um memorial aos mortos na tragédia e repentinamente me sinto mal... Não somente por ter sido parte da organização que causou isso, mas por não ter trazido flores para o memorial.

—Você chegou pontualmente, não é? – Escuto uma voz atrás de mim, me viro e vejo Angela, vestindo um casaco com a cabeça de um ursinho desenhada na altura do lado esquerdo do peito, o casaco sendo branco e verde, além de uma calça jeans. Ela trazia dois buquês de flores.

—Angela... É, eu não tinha muito o que fazer, então... – Dou de ombros, até que Angela me entrega um buquê.

—Aqui. Suspeitei que você não soubesse do memorial as vítimas, então comprei um segundo buquê de flores. – Ela sorri, e eu acabo corando.

Nós duas vamos até o memorial e depositamos as flores no local. Não sei no que Angela pensa, quando deposita as flores, mas eu só quero que as famílias das vítimas encontrem paz e esse ciclo de violência aqui termine, apesar de que ele só vai terminar, quando tirarmos Sanguini daqui. Eu... Eu preciso me tornar mais forte.

—Vamos. – Angela pega na minha mão e me conduz para fora do memorial.

Começamos a andar pelo shopping, as pessoas ao nosso redor parecem mais animadas, ou pelo menos é o que eu acho. Talvez seja o bom tempo do fim de semana, agradáveis 19 graus, não muito quente, não muito frio.

—Ei, Alpha, queria saber uma coisa... – Angela se dirige a mim, enquanto entramos em uma loja de roupas aleatória.

—Fala. – Respondo, sem interesse nas roupas.

—Você tem um hobby? – Ela pergunta, alternando o olhar entre algumas roupas e mim.

—Hobby? – Estranho, tipo, assim do nada.

—Tipo, a Christie ela gosta mesmo de treinar. – Angela continua. – Não só porque o tio dela a preparou pra hoje em dia, mas porque ela passou a gostar de praticar... O Julio gosta de videogames, e a habilidade dele em Time Crisis veio a calhar. Eu gosto de ler, entre uma partida e outra de vôlei, coisa que aliás, precisamos retornar na escola. Você não tem algo que gosta?

Agora a Angela me pegou, porque... Lembrando todos os anos na Cruz Mortífera (como se fossem tantos assim), ou essas semanas de liberdade... Nunca tive algo que gostasse de fazer, a única coisa realmente agradável era passar as noites conversando com a Jéssica. Os momentos com os outros eram em sua maioria parte do dever.

Eu passei a gostar da Christie e dos outros como pessoas, mas não é como se tivéssemos muitos momentos para ficarmos juntos.

—A verdade é que eu não tenho nenhum hobby... – Digo, enquanto seguimos em frente no shopping, rumo a praça de alimentação. – Não é como se eu tivesse a liberdade de escolher algo por prazer na Cruz Mortífera, e agora, eu mal saio de casa.

—Entendo... – Angela dá de ombros, meio triste.

—Tipo, se alguma coisa acontecer comigo na cidade, vai ser um problema, porque tecnicamente eu não existo. – Confesso, suspirando. No que Angela ergue as sobrancelhas, continuo. – Não me refiro a ser um clone da Christie. Eu não tenho sequer documentos, ou mesmo um nome real.

—Aliás, esse é um problema. – Ela diz, enquanto nos sentamos numa mesa para dois. – Eu acho extremamente chato ter que te chamar de Alpha.

—Hein? – Tento segurar a risada, porque foi engraçado ouvir isso.

—Alpha me lembra robôs... – Angela responde. – E é uma letra do alfabeto grego, não um nome de verdade. Precisamos de um nome de verdade pra você.

—Eu tenho alguns nomes falsos da época em que viajava a serviço deles. – Comento, tentando lembrar de três deles. – Já fui Mariana, Lara e Natália por exemplo, dependendo do local. Que tal?

—Nenhum desses combina com você... – Ela sacode a mão, em negação e começo a rir. – Queria um nome que não fugisse muito dessa coisa que te batizaram. Algo com Al... Alisson... Nah, apesar de terem mulheres com esse nome, não soa bem pra você, não muito brasileiro...

—Christie não é um nome lá muito brasileiro. – Lembro da Christie.

—Ela não nasceu aqui, esqueceu? – Angela dá um peteleco na minha cabeça. – Alannis... Muito longe, Allie... Alice... Que tal Alice?

—Como a personagem da Disney? – Pergunto, lembrando de uma animação que havia visto uns dois anos atrás.

—Lewis Carroll, na verdade. – Ela responde, rindo. – O filme é um adaptação do livro. É uma história interessante, mas podemos dizer que sim, como a personagem da Disney. Enfim, pense um pouco no caso, vou comprar algo para comermos. Algo em particular?

—Não, pode escolher. – Respondo, sorrindo involuntariamente, por alguma razão, me sentindo feliz.

Por quê eu estava me sentindo feliz? É o que penso, enquanto Angela vai até uma das lanchonetes ali da praça de alimentação. Será que era assim que o Julio se sentia perto dela, mesmo sendo algo diferente? A presença da Angela era extremamente tranquilizadora, eu não conseguia deixar de sorrir.

Quanto ao nome que ela escolheu. Alice... Escrevo com o dedo na mesa, pra praticar, e sai redondinho. Se eu pudesse falsificar documentos, não seria difícil criar um histórico pra essa identidade. Enfim, se as pessoas que estão do meu lado puderem me chamar assim, seria algo bem legal.

Lembro de como me senti, quando descobri que não passava de um clone da Christie. Eu... Eu queria reter essas lembranças dela, porque elas doíam em mim, como se eu tivesse perdido meus pais no Dia Zero e aquilo era algo que nunca havia sentido, a sensação de perda. Por outro lado, eu não me importaria de ter morrido enquanto fugia, ou procurava o endereço da Jéssica na escola.

Agora... Agora eu me sinto bem por ter escolhido recomeçar fora da Cruz Mortífera, eu tinha um lugar confortável pra viver e pessoas que eu gostava de ter ao meu lado. E bem... Graças a Angela, agora eu tinha até um nome.

Olho para o lado e vejo Angela retornando com uma bandeja, que continha dois sanduíches, duas bebidas e duas pacotes de batata frita. Pelo visto ela não demorou pra escolher.

—Demorei? – Ela pergunta, colocando a bandeja na mesa, vejo que os sanduíches não eram chamativos, apenas duas carnes e dois queijos. – Como eu não tinha ideia do que você iria gostar, pedi dois cheeseburgers duplos com batata frita e refrigerante e... O que foi?

—A verdade é que... Eu nunca comi em fast-foods. – Respondo a última pergunta. E ela arregala os olhos. – Na base da Cruz Mortífera, as comidas são preparadas por chefes de cozinha selecionados por Johann... Nas viagens, bem, comia em restaurantes caros, e com a Jéssica, ela prepara a comida a noite e deixa instruções para que eu prepare meu almoço.

—Você é... Estranha... – Angela ri, de maneira inocente. – Já decidiu quanto ao nome?

Não respondo a princípio, porque estou meio ocupada comendo o sanduíche. Era algo diferente, não necessariamente ruim, mas também não era algo que eu comeria todos os dias. Tipo, aqui e ali, numa saída com os amigos, até vai. As batatas fritas estão... Normais, isso é uma coisa que a própria Jéssica já havia preparado em casa, e o refrigerante só ajuda tudo a descer.

—Parece que você está gostando... – Ela sorri, sincera.

—Isso não é de todo ruim. – Digo, após limpar minha boca com o guardanapo. – E a propósito, Angela. – Dou um sorriso. – Pode me chamar de Alice.

—S-sério? – Angela pergunta, gaguejando levemente.

—Não, eu estou tirando uma com a sua cara. – Faço uma cara zangada, de mentira, antes de dar um peteleco na testa dela. – Você está surda, por acaso?

—Tudo bem, Alice... – Ainda parece alienígena, saindo da boca dela.

—Vai demorar a acostumar. – Digo, com um calafrio na espinha. – Mas, tudo bem.

O dia, pelo menos é tranquilo, passamos passeando no shopping sem rumo, até sairmos pela nova porta do shopping, construída na parte de trás do mesmo, depois da praça de alimentação. Aquela era uma medida para evitar o que ocorrera antes, das pessoas não terem para onde fugir com facilidade.

Depois de me despedir da Angela, volto para a casa de Jéssica, que provavelmente deve ter chegado, se não me engano ela volta da cidade vizinha mais ou menos essa hora, quando vai fazer o trabalho voluntário. E quando abro a porta do apartamento, bingo. Lá está Jéssica, com um ar zangado.

—Alpha... Onde a senhorita esteve? – O tom dela é zangado, mas preocupado. – E que sacola é essa?

Ela havia apontado pra sacola que eu trazia, de umas roupas que Angela havia comprado pra mim. Honestamente, um lado meu ficou muito feliz que ela estava preocupada comigo.

—Bem, Angela me ligou e... Nós fomos na reinauguração do shopping... – Respondo, e vejo Jéssica suspirar de alívio. – Desculpe não ter deixado recado, mas foi meio do nada, a gente passou o dia juntas no shopping. Ela fez algumas compras porque queria me dar um look novo, mas eu não vejo problema nessa jaqueta e calça aqui.

—Eu... – Jéssica me abraça, aliviada. – Eu fiquei preocupada, que algo... Algo ruim tivesse acontecido com você.

—Desculpe mesmo... – Digo, meio envergonhada de tê-la preocupado. – Eu devia ter avisado, mandado um recado, que seja...

—Por outro lado. – Ela ri, satisfeita. – Fico feliz que você tenha finalmente decidido sair de casa para fazer algo.

—A propósito, mais uma coisa... – Jogo minha sacola no sofá, me jogando lá logo depois. – De hoje em diante, bem... – Fico um pouco corada, de pensar nisso. – Pode me chamar de A... Alice.

—Alice? – A confusão no rosto de Jéssica é evidente.

—A Angela comentou que estava cansada de ter que me chamar de Alpha e sugeriu que eu adotasse um nome normal. – Respondo, lembrando do que acontecera mais cedo. – Daí, entre nomes, Alice foi o que mais me identifiquei...

—Por causa do filme da Disney. – Ela completa, com um sorriso.

—Como sabe? – Pergunto, confusa.

—Você mora comigo aqui, conversamos quase toda noite. – Jéssica responde, ainda sorrindo. – Algumas coisas ficam fáceis quando se gosta da pessoa.

—Aaaah... – Ainda estava confusa, mas feliz.

—Então, preciso proceder de maneira correta. – Ela repentinamente fica séria, para em seguida abrir um sorriso novamente. – Seja bem vinda de volta ao lar... Alice.


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