O tempo passou voando e quando Hanna se deu conta, o casamento já havia chegado.

A noiva estava nervosa, teve a ajuda de Karen e de sua mãe com o vestido, a maquiagem, o cabelo e tudo mais.

— Você está linda, filha. – Samira disse, olhando para a filha da cabeça aos pés.

— Obrigada, mamãe. – Hanna sorriu.

Karen ajeitou o véu da amiga e perguntou, toda orgulhosa:

— Está pronta para se casar?

— Me olhando no espelho, eu diria sim. Mas botando a mão em meu peito... – Hanna deu um sorriso triste.

— O que foi, amiga?! Por que está assim?

— Eu não tive resposta do Mike. Ele nem me deu parabéns pelo casamento, nem notícias dele, nem nada. Ele tinha planos de vir para a cidade, mas...

— Hoje não é dia para tristeza, filha. – Samira sorriu, encorajando Hanna, mesmo ainda um pouco insegura sobre o casamento. – Vamos, porque já estamos atrasadas!

Entraram no carro de Karen, tomando muito cuidado com o vestido e foram para a igreja, onde todos já estavam esperando.

Após Karen e Samira correrem para seus devidos lugares, avisaram os músicos que a noiva já havia chegado e a marcha nupcial começou a tocar.

Hanna entrou de braços dados ao pai. Willian estava todo emocionado com o casamento da filha e não se envergonhou em deixar uma lágrima tímida escorrer de seus olhos.

Quando chegaram no altar, Willian deu um beijo na testa de Hanna e entregou sua filha nas mãos de Bob. Com uma mão Hanna segurou seu buquê de girassóis contra o peito e com a outra segurou a mão quente do noivo.

O casal se ajoelhou diante do padre, que começou a cerimônia.

E após uma bela oração, o padre se virou para Bob e perguntou:

— Você, Robert Cury, aceita Hanna Meyer como sua legítima esposa? Para amá-la e respeitá-la na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza até que a morte os separe?

— Aceito. – Bob respondeu, mais feliz que nunca.

E quando a voz de Bob ecoôu nos ouvidos de Hanna, um flash passou diante de sua olhos:

Hanna, quando criança, estava na calçada de sua casa com Mike. Os dois estavam sentados lado a lado de mãos dadas, com uma grande enciclopédia sobre suas pernas.

— Eu queria te mostrar essa foto, Na. Por isso trouxe esse livro para você ver! – Mike disse, apontando para a imagem da Aurora Boreal, no Alasca.

— Que luzes engraçadas, Mike! – Hanna riu.

— São as luzes coloridas do céu.

Quando voltou a realidade, Bob estava olhando para ela, ansioso.

— Na alegria e na tristeza, até que a morte os separe? – o padre perguntou e olhou para Hanna, esperando a resposta.

Hanna ficou em silêncio, sua boca de repente ficou seca e a vontade de dizer "não" era enorme. Alguns convidados começaram a cochichar até que o som da sirene de polícia começou a soar, chamando a atenção de todos.

Vários policiais desceram de suas viaturas e entraram na igreja.

— Me perdoem, mas vocês não podem continuar com esse casamento! – o chefe da polícia exclamou, e todos os convidados ficaram assustados. – Robert Cury, você está preso por roubo, falsificação e outros crimes!

Ao ouvir isso, Bob tentou fugir, mas os policiais conseguiram imobilizá-lo e levá-lo até o camburão.

— É mentira! Eu sou inocente! – Bob gritou.

— Tudo o que você disser pode e será usado contra você! – um dos policias exclamou.

— Eu quero o meu advogado! Eu tenho direito a um advogado!

Hanna ficou no altar, paralisada, sem saber o que estava acontecendo. E por de trás dos policiais, um jovem rapaz de máscara branca, apareceu e chamou por ela:

— Hanna! Você não pode se casar com esse cara!

Ela, que já estava assustada e não estava entendendo mais nada, perguntou:

— O que está acontecendo?

— Ué, não é o stripper da despedida de solteira?! – Karen perguntou, espantada.

— Stripper?! – foi a vez de Samira perguntar.

— Eu não sou um stripper! Sou detetive e aquele era só um disfarce. – o rapaz falou para Karen, e continuou. – Você não pode se casar com ele, Hanna.

— Detetive? Disfarce? – Hanna perguntou.

— Você não pode se casar com ele porque teve perda de memória e não se lembra desse homem. – então o detetive tirou sua máscara e sorriu para Hanna. – E porque nós temos uma promessa!

Hanna olhou bem para o rapaz, e então se lembrou de tudo. Era Michael!

Ela se lembrou de todas as memórias que haviam sumido de sua mente após o desmaio. Se lembrou de tudo, e então ela correu até os braços dele.

— Agora eu me lembro! Agora eu me lembro! – Hanna disse, chorando de alegria, enquanto Michael a abraçava com força. – Eu me lembrei de tudo! Me lembrei de você, Mike!

Todos os convidados começaram a aplaudir e Michael a pegou no colo e disse:

— Pois vamos cumprir essa promessa!

Hanna jogou seu buquê, que caiu nas mãos de Karen, e foi levada no colo até o carro que ganhou do pai, como presente de casamento. Era um belo carro preto, simples. Na traseira haviam varias latas amarradas e balões, e nas janelas a frase "recém casados" estava escrita em branco.

Michael acelerou o carro, fugindo com a noiva, deixando os convidados e os pais de Hanna de queixo caído.

— Aquele moleque! – Willian disse, entredentes.

— Aquele moleque salvou nossa filha de um criminoso! – Samira disse, abraçando o marido.

O chefe de polícia se aproximou do casal e disse:

— Por favor, nos desculpem por estragar o casamento. Mas tivemos sorte em chegar a tempo, esse garoto vive dando golpes por aí e é procurado em mais de dez estados! Era bem possível que desse o golpe na filha de vocês também.

— Obrigada, policial. – Samira agradeceu.

— E não se preocupem, sua filha está em boas mãos. Com licença. – e então, o policial se retirou.

— Aquela Hanna, sempre me surpreendendo. – Karen disse, com o buquê de girassóis nas mãos. – Primeiro na despedida de solteira, agora no casamento! Até me senti em uma novela!

— Quero saber essa história de despedida certinha, Karen! – Samira puxou Karen pelo braço.

— E sobre esse moleque que acabou de sequestrar minha filha! – Willian puxou Karen pelo outro braço.

Os três saíram da igreja rindo, pois sabiam que Hanna tinha feito uma boa escolha. Maluca, mas a escolha certa desta vez.