O vento entrava pela janela do carro e fazia o véu de Hanna voar.

— Você nem imagina quanto tempo eu esperei até te reencontrar! – Michael sorriu, sem tirar os olhos da estrada.

— Eu sempre te procurei, Mike. – Hanna disse.

— E eu sempre me preocupei com você, sempre quis me manter informado sobre seus passos.

— Como assim?! Olha, você tem muita coisa para me explicar!

— Meu pai  era detetive particular, e eu entrei no rumo bem cedo. Desde sempre, pesquisei muito sobre você e quando descobri que o seu noivo era um procurado, tive que agir.

— Então você tava me stalkeando?!

— O quê?! – Michael riu.

— Nada. – Hanna também riu.

Os dois foram em alta velocidade sentido Leathcliff.

— Onde estamos indo? – Hanna perguntou.

— Ainda se lembra de nossa promessa? – Michael perguntou.

— Me lembro sim. Fugir de casa...

— Casar...

— Oh, meu Deus!

Mike então parou o carro no acostamento, olhou fundo nos olhos de Hanna e perguntou:

— Você, Hanna Meyer, aceita se casar comigo?

— É claro que sim!

Hanna o abraçou forte e então, Michael tirou de dentro do bolso de seu terno um giz amarelo, sorriu:

— Dessa vez vamos fazer do jeito certo! – remexeu um pouco mais seu bolso e tirou de lá um lindo anel de ouro. – Sei que você deve achar que é loucura tudo isso que estou fazendo, mas confie em mim! Vou colocar esse anel em seu dedo logo, logo.

— Eu confio em você. – Hanna disse. – E o Mike que eu conheço sempre foi meio louco.

Michael então aproximou seu rosto do de Hanna e a beijou carinhosamente.

Hanna sentiu a mão de Mike acariciar sua nuca e teve um leve arrepio.

Após o longo beijo, os dois se olharam e sorriram.

— Você é linda. – Michael disse, acariciando o rosto de Hanna, e logo acelerando o carro. – E o casamento que eu vou te dar talvez não seja aquilo que você sempre sonhou para a sua vida, mas...

— Você sempre foi tudo o que eu sonhei, Mike. – Hanna disse, sorrindo.

Quando chegaram em Leathcliff, estacionaram em uma capela vinte e quatro horas e resolveram se casar lá mesmo.

O homem que ia realizar a cerimônia usava um chapéu de cowboy, uma bela jaqueta de couro e parecia estar levemente bêbado. Após uma breve conversa, ele levou Hanna e Michael ao altar improvisado e começou a falar:

— Hoje estamos aqui reunidos para unir esses dois jovens em matrimônio. Hanna e Michael. Michael, você aceita essa bela mulher como sua esposa? Prometendo amá-la e respeitá-la na alegria e na doença, na tristeza e na pobreza, até que a morte dê um fim em vocês dois?

— Aceito. – Michael disse, sorrindo para Hanna. E colocou a aliança de ouro em seu dedo.

— E você, Hanna. Aceita esse homem... não tão bonito... como seu legítimo esposo? Prometendo amá-lo e respeitá-lo na alegria e na pobreza, na riqueza e na... na... riqueza? Até que a morte os separe?

— Aceito. – Hanna respondeu. E colocou a outra aliança no dedo de Mike.

— Podem se beijar! – o homem gritou.

Hanna e Michael se entreolharam, riram assustados com o grito, e se beijaram.

Após o breve beijo, Mike se declarou:

— Eu não perdi as esperanças de te encontrar, pois sabia que você também queria viver comigo outra vez, que você queria viver ao meu lado. Porque eu também queria isso. Eu sentia saudade dos nossos momentos, eu sonhava só pra te ver!  E amanhã vamos estar em um outro lugar, vou cumprir a minha promessa. Eu vou te amar, enquanto houver ar pra respirar.

— Eu já ouvi isso em algum lugar. – Hanna riu. – Eu sempre te amei. E sempre vou te amar.

— É, eu tirei isso de uma música. – Mike riu e a puxou novamente para um abraço apertado.

A viagem logo foi retomada e seguiram caminho a um novo destino.

— E agora? Para onde você está me levando? – Hanna perguntou.

— Para a última etapa da nossa promessa. – Michael respondeu.

— Mas não existe uma última etapa. Nossa promessa era apenas fugir de casa e casar.

— Essa última etapa é um bônus.

— Bônus?! – Hanna riu.

— Vou te levar para um lugar onde vou poder ter um trenó.

— Um trenó? Virou ajudande do Papai Noel?!

— Não, querida esposa. Vou te levar até as luzes coloridas do céu. Vamos para o Alasca!

Hanna ficou de boca aberta, sem saber o que dizer.

— Você está brincando?! – ela finalmente perguntou.

— Não. Meu pai me deixou de herança uma casa no Alasca, antes de morrer. E eu nunca fui para lá. Estava esperando o momento certo.

— O momento certo?

— O momento certo e a pessoa certa, Hanna. Esperei por você, como você esperou por mim.

— Você esperou por mim?

— Por dez anos, Hanna. Na verdade, eu ainda ia comprar meu trenó para depois fugir com você... Mas você conseguiu perder a memória e noivar com um cara que estava sendo procurado pela polícia, então não tive tempo.

— E como você sabe que eu perdi a memória?!

— Eu... tenho uns contatos.

— Ah, sim. Stalker!

— Stalker não. Eu estava apenas cumprindo meu dever.

— Dever?

— Cuidar dos fracos e oprimidos.

Hanna deu um leve empurrão no ombro de Michael, que riu:

—Vou te amar para sempre, Hanna.

—Promete?

—Eu prometo.