Amor Perfeito XIII - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 24
Intenção


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/777951/chapter/24

Arthur Narrando

Estava vendo filme quando Murilo me chamou, estranhei pra caralho e fui rápido. Ele não iria me chamar atoa.

— Você estava certo. – ele olhou para os lados. – Ele é gay.

— Vem. – o conduzi até o lado de fora e sentamos em um banco afastado. – Como você soube?

— Ele meio que falou... Daquele jeito dele. Mas não sei quase nada. - ele ficou me olhando. – Ele não me ama.

— Eu sei. Não faz sentido. Ele não aguentaria sentir algo e te ver com tantas garotas.

— Sim. Ele até já me ajudou algumas vezes. – conclui. – O que está pensando então?

— Ele não parece sofrer com isso... Digo... Ele não se envolve com nenhuma menina para fingir que gosta, mas nem se assume, mas o que não significa que ele se esconde... Ele parece confortável. É bem estranho.

— Ele negou para mim quando questionei, mas acho que é porque ele tem medo de eu me afastar dele.

— Você vai? – nos olhamos.

— Lógico que não né Arthur, que pergunta!

— Não sei ue, você é tão... – o interrompi.

— Safado. Não escroto. Ficar com várias garotas não me faz um preconceituoso ridículo.

— É um alivio saber disso. Se ele está se abrindo com você é porque a confiança entre vocês dois é cada dia maior, Kevin confiar em alguém é complicado.

— Eu sei disso. – suspirei. – Sabe... Não estou tão surpreso, porque esperávamos alguma coisa dele, mas... Fico pensando o que ele passa com o pai que vocês dois tem.

— Ele com certeza sabe.

— Você acha? – arregalei os olhos.

— Tenho certeza. Os dois são carne e unha. Ele deve ter contado quando mais novo, ainda inocente, se é que Kevin foi inocente um dia.

— E ele não conta para ninguém porque Caleb exige?

— Dai já não sei. Acho que não. Como eu disse, ele parece confortável e sempre foi bem fechado, então não é algo que ele queira contar para alguém. Não o imagino contando nada do tipo para ninguém. É a personalidade dele. – concordei e ficamos em silêncio. – Espera. – ele segurou meu braço como se eu fosse a algum lugar. – Ele tem namorado!

— Que?

— Sim. Eu já vi um cara lá na casa dele quando fui lá falar alguma coisa com meu pai. E não foi só uma vez. E já o vi no carro dele. Acho que também já o vi no hotel se não me engano.

— Ele era bonito? – ele me olhou e franziu a testa.

— Não lembro. Acho que era mais velho, não muito. Caso tenha se esquecido eu e Kevin nunca fomos amigos, vi os dois brevemente.

— Como ele consegue não falar dele?

— Kevin é frio Murilo. Não sei nem como tem alguém, se tiver.

— Diz ele que não é frio. – dei uma risada. – Vou ir dormir. Essa história toda cortou minha onda e eu to com sono.

— Tá. Também vou. Perdi o final do filme.

Depois que acompanhei Murilo até seu dormitório fui para o meu e passei mais uma noite acordando toda hora... O pior de toda essa história é que eu não poderia conversar sobre isso com Kevin. Não até ele se abrir comigo.

— Parabéns pra você nesta data querida... – ouvi a cantoria e andei mais rápido. Ainda era o horário do café da manhã, mas havia um bolo em frente a Alê, era aniversário dele hoje, havia me esquecido completamente.

— Dezesseis anos e o seu maior presente foi a vida de solteiro de volta. – Murilo disse e deu um soco nele. – Não faz mais isso, a gente não está na idade de namorar.

— Pelo menos em uma coisa esse retardado é sensato. – Giovana concordou com amargura.

— Ainda bem que falta muito para o meu... – Alice disse baixo ao chegar ao meu lado. – Acho que muitos dos nossos amigos vão fazer aniversário aqui.

— Também acho. – concordei e lancei um pequeno sorriso.

A parte boa de ter essa comemoração é que foi uma distração. Assim que a maioria foi para a aula, invés de assumir minha função na sala do meu pai, eu procurei Lis.

— Como você está me evitando preferi não ficar aparecendo. – ela falou assim que me viu.

— Sempre vou te evitar. Não namoramos. E você estava certa. – respirei fundo. – Ele é gay.

— Quase nunca erro. Por mais que ele tenha o jeito bem másculo, ele não olha para mulheres. Não as desejas. Fácil perceber. – ela olhou em meus olhos. – Sei que não está me dizendo isso atoa.

— Como você é tão boa... Nessa coisa toda... Preciso que “perceba” algo.

— Isso vai me complicar? – ela ergueu as sobrancelhas. – Porque aquele garoto é um problema.

— Ele não vai saber. – ergui as mangas do meu suéter. – Observe bem e veja se existe a mínima possibilidade de estar rolando algum clima entre ele e nosso primo Murilo.

— Pra que você quer saber isso?

— Se for o caso preciso intervir e não deixar isso acontecer, Kevin irá sofrer muito se iludindo e eu me preocupo com ele.

— Mas se existe clima... O outro garoto obviamente corresponde, não?

— Não necessariamente. Às vezes pode até parecer que ele está correspondendo, mas não é o caso.

— Você não está sendo muito intrometido não? – ela fez uma cara bem feia.

— Acredite em mim: isso não pode acontecer! E os dois estão muito próximos, então preciso evitar o risco.

— Você? Arthur... São OS DOIS. Qual a parte de você não ter nada a ver você ainda não entendeu?

— Dá ou não para você fazer?

— Faz você.

— Se eu estive com ele todos esses anos e não percebi que ele era gay, não vou perceber que ele está afim de alguém. – ela ficou pensando. – Por favor.

— Não. - respirei fundo inconformado. – Ah não ser... – seu olhar mudou. – Quero algo em troca, não algo, uma experiência...

— Você quer que eu transe com a amante do meu pai? – perguntei incrédulo.

— Dizendo parece errado. Mas não é.

— É nojento. Não vou fazer isso.

— Se melhora as coisas eu e ele não temos relação há muito tempo.

— Não sei o que é muito tempo pra você e nem pretendo perguntar.

— Eu fico com outro cara antes se te faz se sentir melhor.

— Quer tanto assim? – a encarei surpreso.

— Sim, eu quero. – ela sorriu de forma segura e provocativa. – Você é atraído por mim desde a primeira vez que nos vimos aquele dia que você estava fumando perto da faculdade com o Rafael e quando te vi na sala... O seu olhar me passava uma vontade, que sei que ainda existe.

— Depois dele não vai ser legal.

— Você sabe que vai. E eu me pergunto... Isso tudo para impedir seu irmão de talvez sofrer futuramente ou porque você já sabia que eu te pediria isso em troca? – ela deu um sorriso intensamente maldoso. – Você quer tanto quanto eu Arthur. – desviei o olhar. – Irei observar os dois por uns dois ou três dias para te dar uma resposta mais objetiva e segura. E a gente se encontra na sala do seu papai. – a última frase fez com que algo acendesse em mim e eu senti algo que não era apenas desilusão e tristeza.

Parecia que eu estava com sorte, não encontrei com o meu pai até a hora do almoço, onde o encontrei e também todos os outros pais. Nem comi direito e voltei a fazer tudo que ele mandou. Quanto antes eu acabasse, antes eu iria me livrar de ter que conviver com ele, porque eu não ficaria ali de jeito nenhum.

Kevin Narrando

Murilo segurou em meus ombros por trás e os apertou dando um pulo e depois chegou com a boca bem perto do meu ouvido.

— Vamos jogar!  - me soltei dele.

— Você tem necessidade de contato físico. – reclamei. Ele me imitou debochadamente e ficou me olhando.

— Anda logo, vamos.

— Não dá, tenho que juntar o lixo.

— Eu te ajudo.

— Não pode. E eu realmente não posso furar nenhuma regra. – respirei fundo.

— Te vejo mais tarde então. – ele saiu com os meninos. E o mais tarde virou fim de tarde. E com ele a decepção.

Era por isso que eu preferia manipular as pessoas a me decepcionar com elas. Perdi completamente a fome e só conseguia ficar parado no mesmo lugar pensando porque deixei chegar a esse ponto.

— Sei que não quer falar comigo. – ele se sentou ao meu lado. Pensei em me levantar e sair andando, mas sei que ele viria atrás. – Preciso saber como eu faço para consertar isso. – não respondi. – Eu estou arrasado Kevin. – sua voz era triste. Quase o olhei, só que fiquei com medo de fazer isso e influenciar em tudo que eu estava sentindo. – Nós três somos amigos. Pensei que sei lá... Você contaria a ele. Não sei. – ele parecia tão perdido, tão arrependido, culpado... – Se eu pudesse eu voltava no tempo e não tinha feito isso. Eu juro que não faria.

— Murilo... Não ligo se você contou ao Arthur e pra mais alguém e pode contar pra quem quiser. Realmente não me importo. Não ligo para o que as pessoas pensam e estou realizado com a minha escolha.

— Não entendo. Você falou sobre confiança...

— É isso. Não confio mais em você porque quando você pensou algo a respeito de mim invés de você conversar comigo foi correndo para o Arthur. Isso é horrível.

— Não pensei nada sobre você Kevin.

— Diz o real motivo de ter contado a ele. – ele ficou calado parecendo estar pensativo. – Você diz tanto não saber, mas no fundo você sabe.

— Não sei.

— Você ficou horrorizado com o fato de eu ser gay e existir a possibilidade da desconfiança dele estar certa e eu te amar. Queria saber o que ele tinha a dizer. É isso Murilo.

— Você de novo com as sequelas de tudo o que seu pai te fez. Como você pode se magoar tanto sozinho?

— Vai dizer que eu estou errado?

— Completamente. – ele escorou a cabeça em meu ombro. – Não era essa a intenção. E eu não ficaria horrorizado. E eu já disse que não sou preconceituoso.

— Desencosta Murilo. – balancei o ombro.

 - Você reclama tanto da minha mania de contato físico que sou eu que devia pensar que você tem algo contra mim.

— Tenho alguém. E ele não gostaria de me ver assim com um cara. – ele pareceu surpreso.

— Então você realmente namora. Ele não está aqui?

— Não. Ele não mora em Torres.

— Como o conheceu?

— Não quero falar dele agora. – suspirei. – Murilo... Quando pensar alguma coisa, não corre para o Arthur. Por favor.

— Você o ama? – o olhei sem entender. – Seu namorado. Você o ama?

— Lógico. Que pergunta imbecil.

— Fica tranquilo, não vou falar mais nada para o Arthur. – ele encostou-se ao banco e ficou olhando para cima. – Posso pelo menos ficar brincando com a sua mão?

— Você não se cansa disso. – praticamente rosnei entregando minha mão a ele.

— Foi nossa primeira briga. – ele observou enquanto apertava os meus dedos.

— Não foi uma briga, foi uma discussão. AÍ! – reclamei de dor.

— Tentei morder as reticências do seu dedo, mas elas são muito juntinhas olha... As marcas ficaram longe.

— Alguém aqui não sabe nem qual é a largura de um dente. – falei e ele arregalou os olhos.

— Tamanho eu sei por que eu tenho um primo chamado Yuri que tem uns dentes beeeeem grandes de coelho. – dei uma risada alta. – Ainda bem que vocês não são parecidos.

— Não sou parecido com ninguém. – ele ficou me olhando.

— É sim. Você tem os olhos do seu pai.

— Os olhos que você disse que não servem de nada. – dei uma risada.

— Não é o que é mais bonito em você mesmo.

— O que é então? – ele me olhou e ficou sério.

— Sua boca. Ela é linda. – ele ficou me olhando por tempo demais.

— Se continuar me olhando vou achar que está hipnotizado.

— E estou. – ele sorriu. – É que... Ela me lembrou uma mulher. Seu lábio superior tem um V marcado um pouco distante, então olha...  Aqui são os peitos. – ele colocou o dedo em uma ponta. - E aqui a bunda. – ele colocou o dedo em outra ponta e deu aquele sorriso de idiota dele.

— Isso foi muito escroto e eu não esperava nada menos de você.

— Se eu fosse gay eu não iria ser discreto como você, iria ser bem afeminado e exaltar os homens. Eu acho.

— É. – o olhei. – Você seria uma bicha escandalosa. – rimos juntos. Não tinha como ficar com raiva de Murilo, ele me fazia tão bem e eu me sentia tão feliz ao lado dele. Faria de tudo para que não nos afastássemos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor Perfeito XIII - Versão Arthur" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.