Amor Perfeito XIII - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 25
Cuidado


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Arthur Narrando

Estranhei ter acordado mais cedo, mas lembrei que eu havia dormido antes do horário comum ontem... Isso que dava tentar fazer algo no recorde do tempo, cansaço. Mas eu precisava me livrar de ter que trabalhar para Caleb o mais rápido possível.

— Bom dia. – Lis me abordou na fila do café da manhã.

— Bom dia. – sorri e fiquei olhando para ela.

— O que foi hein? – ela sorriu parecendo querer rir.

— Nunca havia reparado que os seus olhos são bonitos.

— Ah claro, olhos amarelos fazem mais o seu estilo. – dei uma risadinha sútil. – Não vai me perguntar sobre a operação que você me colocou.

— Tem apenas um dia. Você disse que precisava de dois a três.

— Mas já tenho a resposta.  – olhei em seus olhos.

— Não apresse isso porque está ansiosa... – ela colocou o indicador em meus lábios.

— Sou boa nisso. Se eu disse que eu tenho a resposta é porque eu tenho.

— Qual resposta? – Alice chegou perguntando. Por azar éramos os últimos da fila naquele horário tão cedo.

— É pessoal. – Lis respondeu e a olhou com desdém. Odiei vê-la fazendo isso.

— Foi mal. – ela saiu certamente chateada e envergonhada.

— Essa daí nunca vai te esquecer.

— Sou eu que não a esqueço. Não fale mais assim com ela.

— Antes que fique mais nervoso ainda, quer saber ou não?

— Eu já sei. – respirei fundo. – Porque se não houvesse nada você já diria de primeira.

— Esperto. Gosto demais disso em você. – nos servimos. – Sei que não pediu nenhum conselho, mas vou dar mesmo assim. – sentei e ela se sentou ao meu lado. – Não sei o que pretende fazer, mas pelo que eu vi... Acho difícil conseguir resultado.

— Como assim?

— Você quer intervir e não deixar acontecer não é isso? – concordei. – Não depende de você se vai acontecer ou não. Se eles quiserem isso, nada vai impedir.

— Vai sim. Não existe eles quererem, você ainda não entendeu isso ou não quer entender.

— Você pediu a minha opinião. E ela é a de que eles querem. Os dois.

— Oi, bom dia. – Lari se sentou com alguns dos meninos.

— E olha quem está vindo ali lado a lado. – olhei e vi Murilo vindo conversando com Kevin. Eles pareciam falar sobre algo divertido, pois eles sorriam ao mesmo tempo em que falavam.

— Bom dia. – ele falou e  Kevin como sempre ficou mudo.

— O que conversavam? – perguntei e estreitei os olhos involuntariamente.

— Sobre música. Uma pessoa no dormitório do Kevin usa despertador. E adivinha qual música é? – ele riu me olhando. – Arthur?

— A gente precisa conversar. – falei sério.

— Você não vai fazer isso. – Lis praticamente cantarolou baixinho.

— Aconteceu alguma coisa? – ele mudou o semblante.

— Só queria sua ajuda em uma coisa. Depois passa lá na sala do todo poderoso. Vou indo. – olhei meu irmão e vi que ele estava desconfortável, porque claro, ele não era nem um pouco burro.

Hoje seria difícil eu conseguir me concentrar em alguma coisa. Eu me questionava porque caralho o senhor Caleb trouxe tantos planos de negócios dos hotéis para esse lugar.

— Qual é o seu problema? – levantei os olhos.

— Estava me perguntando quando viria.

— Sei que você já sabe de mim, então se puder evitar o papinho furado e ser sincero eu vou agradecer.

— Sai da defensiva primeiro. Eu só estou preocupado.

— Não vou corromper o seu priminho Arthur.

— Kevin. – me levantei. – Você não entende! Estou com medo de como isso pode te afetar. Ele quer te ajudar a mudar, mas isso não significa que ele sinta algo.

— Eu disse que sente? – ele pegou o celular e mexeu em alguma coisa. – Olha aí. – o aparelhou deslizou pela mesa. – Tenho alguém. O que mais preciso para te provar que não precisa se preocupar?

— Vocês... Não acha que deviam se afastar um pouco?

— Você está falando como a porra do Vinicius agora! Não me faz te odiar de novo Arthur, por favor. Isso é muito fácil de acontecer.

— Desculpa. – pedi com todo meu coração. – Perdi a cabeça. Não ter Alice e sofrer tanto por isso me afeta de uma forma que... – respirei fundo. – O que eu puder fazer para alguém próximo não sofrer tanto eu farei.

— Ei. – Murilo entrou e nos olhou. – Ue. – ele escorou no ombro de Kevin e o olhou. – O que está fazendo aqui diabo?

— Já falei para não me chamar assim! – meu irmão reclamou o fuzilando.

— A graça está aí bobinho. – ele sorriu e depois me olhou. – Vim te ajudar.

— Ah... Não precisa. Kevin já ajudou.

— Já? – ele estranhou, mas pareceu se convencer. – Então tá bom. Vou ir ajudar no almoço, que é o mesmo que fazer nada. – ele respirou fundo. – Até mais. – assim que ele saiu nos olhamos.

— Viu como ele acreditou? – Kevin perguntou com o olhar perdido. – Ele é tão sem maldade com as pessoas que confia. Eu não confio em ninguém. Estou tão acostumado a estar sempre desconfiando e tentando saber o que tem por trás das coisas. Ele é... Leve.

— Liga para esse cara da foto e termina. – falei em tom de ordem. Ele saiu do seu transe e voltou a me olhar.

— Por quê?

— Por mais que não vá ficar com Murilo você está completamente apaixonado e isso é injusto com essa pessoa.

— Não estou.

— Caralho Kevin!

— Sei o que eu sinto. E admira-lo não é estar apaixonado.

— Não é admiração. É o seu olhar. A sua fala. O jeito que você muda. E eu sinto informar... Seu coração é idiota pra caralho!

— Sabe o que está acontecendo? – ele fez cara de tédio. – Eu sempre camuflei minhas emoções. Agora que estou mudando eu não me policio mais para isso, então você está achando que eu estou sentindo algo porque não está acostumado a me ver demonstrando sentir nada.

— É... - pensei um pouco. – Pode ser. Espero que seja mesmo.

— Tchau Arthur. – antes de sair ele me olhou. – Seja rei da sua vida Arthuzinho, não se meta mais na minha. Combinado?

— Combinado irmãozinho. – só esperava que ele estivesse certo, caso contrário iria ser um drama sem fim cheio de sofrimento.

Kevin Narrando

Vi a mulher ruiva sentada em minha cama e na hora franzi o cenho e fiquei encarando-a. Se ela demorasse mais um segundo para dizer o que estava fazendo ali eu a tiraria sem nenhuma delicadeza. Foda-se o novo Kevin.

— Poucas coisas me dão medo, mas você com certeza é uma delas. – ela disse e suspirou. – Estou começando a me arrepender de estar aqui.

— Então já pode sair. – falei e peguei minha toalha.

— Senta aqui, por favor. – sua voz era angelical, o que me dizia que eu devia dobrar o cuidado. – É sobre o Murilo. – a olhei e ela deu um sorriso de lado.

— Se você o quer tem que ir atrás dele e não de mim.

— Sou namorada do Arthur. Não quero ninguém. – eu iria retrucar, mas ela não deixou. – Eu só quero te dizer algo sobre ele. Bom na verdade é sobre seu irmão também. Vou precisar que confie em mim, mas estou vindo aqui para o seu bem.

— Fala logo. – me sentei, imaginando ser alguma coisa relacionada ao meu pai.

— Arthur me procurou pedindo para eu sacar se havia um clima entre você e Murilo porque percebi que você era gay. – continuei olhando para ela. – Acontece que pensei em mentir para ele, porque ele acha que você vai sofrer. Só que não consegui. E por haver a possibilidade dele atrapalhar vocês dois eu tinha que vim até você e te encorajar. O que eu percebi é que existe sim um clima e que ele está na sua assim como você está na dele. Procurei saber e entendi o medo de Arthur, esse Murilo é bem pegador né? Mas parece que ele foi pego. – meu coração acelerava com cada palavra que ela dizia.  – Vou te deixar processar essas informações.

— Você não sabe o que tá dizendo.

— Sabe o que é mais incrível? – ela sorriu. – Você tem mais medo que ele.

— Como assim? – não queria estar demonstrando fraqueza, mas não dava para evitar.

— O que eu vi observando bem atentamente é que ele é livre contigo e você se prende muito. Qual é o seu medo? Se apaixonar? – fiz sinal positivo contido. – Então seria melhor você dizer isso a ele... Porque ele claramente já está apaixonado. – ela deu um sorriso triste e saiu. Tentei não deixar aquilo mexer tanto com a minha cabeça e fui tomar banho. Quando cheguei para jantar senti falta de algumas pessoas.

— Cadê o pessoal? – perguntei para Yuri.

— Arthur, Alice e Murilo estão na enfermaria com os pais dele.

— Por quê?

— Suspeita da doença.

— Quem?

— Murilo. Seria bom você ir fazer exame também, vivem grudados.

— Vou lá. – sai o mais rápido que pude. Assim que cheguei vi Vinicius, Raíssa, Alice e Arthur.

— Cadê ele? – perguntei olhando em volta.

— Isolado fazendo exames. – a mãe dele respondeu aflita e vi Vini abraça-la com carinho. Eu não acreditava que eles levariam aquela história de separação adiante, era óbvio e muito nítido o quanto se amavam. – Estou tão preocupada!

— Não vai acontecer nada. - Alice afirmou e olhou para ela.

— O que ele teve? – olhei para Arthur.

— Febre alta e tosse.

— Ele disse ontem a noite que estava sentindo que iria gripar. – comentei pensativo. – Vinicius a gente pode conversar rapidinho? – aproveitei a oportunidade. Ele foi para o canto e eu fui junto.

— Pode falar. – ele me olhou sério.

— Sei que não gosta de mim. E eu não tiro sua razão. Eu fui um... Não tem palavras. Sempre tive inveja do Arthur. Ele é mais velho, mais bonito, mais inteligente, mais querido... Errei muito em não saber lidar com essa raiva que sentia dele. Mas o Murilo... Ele... De alguma forma conseguiu me fazer enxergar quem eu era quando eu ainda tinha inocência. Vi que não posso continuar sendo assim. O Arthur me perdoou e acreditou em mim. O seu filho também. Queria te pedir uma chance de mostrar que eu mudei.

— Por que se importa tanto?

— Porque eu sei que quer o melhor para ele e... – foquei meus olhos em algum ponto. – Um pai como você não admitiria alguém como eu por perto.

— Nunca admiti Kevin. E nunca adiantou nada.

— É por isso que estou tendo essa conversa. Se você não der essa chance vou ter que me afastar e eu não queria isso.

— Estou confuso. – nos olhamos. – Não sei se consigo acreditar em você. Desculpa. Você é só um garoto, mas... Tudo que já aprontou. Você estava disposto a ir o quanto longe fosse com a minha filha só para machucar o Arthur. – fiquei sem palavras e abaixei a cabeça.

— Aqui está esse menino febril. – Maísa anunciou ao chegar com Murilo que parecia bem abatido. Juntamo-nos a eles. – É só uma gripe comum. Daqui sete dias ele está novo. – ela abriu um armário alto e entregou três caixas de remédios a ele, escrevendo de quantas em quantas horas devia tomar na caixa. – Repouso Murilo!

— Não consigo pensar em outra coisa se não minha cama. – ele resmungou e Alice riu e afirmou o quanto ele era inquieto e mudava quando passava mal. Fomos para o dormitório dele e depois dos pais saírem ele disse que iria tentar dormir.

— Quer que eu fique com você? – Alice perguntou o olhando.

— Não precisa, eu vou ficar. – Arthur me olhou sério.

— Kevin. – ele chamou minha atenção inutilmente.

— Odeio essa expressão de vocês dois são tão iguais. – falei olhando ele e Alice. Abri meu moletom e pendurei na beirada da cama, antes de eu me sentar ele me segurou.

— Você vai ficar com ele por quê?

— Porque não tenho nada melhor para fazer e o meu dormitório tem umas pessoas barulhentas que não me deixam dormir. Além disso, ele é meu primo, eu posso querer cuidar dele? Se ele morre o mundo perderá o próximo fracassado e isso é injusto. – Murilo chutou minha costela me fazendo gemer de dor. – Por isso eu não sou legal. Tá vendo o que acontece?

— Estava com saudades das suas piadinhas, você anda tão sério. – Arthur comentou finalmente deixando a tensão e preocupação de lado.

— Convivência com você. Faz mal.

— Boa noite. Melhoras Murilo.

— Valeu. – Alice foi até ele e beijou seu rosto.

— Ele acabou de ser medicado. – ela falou me olhando. – Ele tem que tomar o remédio de febre daqui seis horas e o de gripe pode ser amanhã cedinho. Qualquer coisa me manda mensagem e eu venho ficar com ele.

— Caralho eu não preciso de babá, vão a merda!

— Eu já disse que ser legal não compensa? – perguntei debochadamente. Assim que eles se foram comecei a rir. – Você tinha que se ver desse jeito. Você tá muito mal. Deita direito. – ele ficou reto e eu me deitei ao seu lado.

— Você vai pegar gripe. – ele falou preocupado e me olhou enquanto se abraçava em seu edredom.

— Não estou preocupado. – respondi com a voz suave.

— Eu estaria, isso aqui é horrível.

— O que eu posso fazer para melhorar?

— Por que você faria algo?

— Por que não faria?

— Porque você é Kevin Montez. Você piora as coisas e não melhora. – ele deu uma risadinha idiota.

— Você acredita que as pessoas mudam?

— Sim. E você sabe disso. – ele pegou minha mão e começou a brincar com ela, como sempre fazia.

— Voltando a minha dúvida... O que posso fazer?

— Ir para a sua cama dormir e não ficar comigo aqui correndo o risco de ficar doente.

— Tá bom então. – tentei levantar, mas ele não deixou.

— Obrigado pela preocupação.

— Não me preocupei, realmente estava entediado.

— Se é assim pode ficar, será um prazer te passar gripe.

— Você é idiota em uma proporção tão grande Murilo. – o olhei segurando o riso.

— Só fica aí e cala a boca. – ele deu uma tossida chata e depois fechou os olhos parecendo querer tirar o foco de toda aquela sensação ruim de passar tão mal. Ele me olhou depois de um tempo e viu que eu estava quietinho deitado. – Já que vai mesmo ficar tenta dormir.

— Posso tentar te fazer dormir?

— Como?

— Lembro que você falou uma vez para uma das meninas que passar a mão no seu cabelo te dava sono, talvez te ajude a dormir.

— Certamente eu queria pegar essa tal menina, mas me da sono mesmo. Pode sim. – ele chegou mais perto e eu comecei a fazer carinho no cabelo dele.

— Você está com minha mão na sua e eu estou assim com você... Não sei se é legal. – parei e me afastei um pouco.

— Você pode não saber, mas eu sei e é legal pra caralho então só continua. – ele puxou minha mão. Dei uma risadinha contida.

— Já basta estarmos deitados juntos na mesma cama em um dormitório compartilhado.

— Sou o maior pegador de Torres. É mais fácil acharem que tem garotas escondidas aqui. – ele falou começando a perder a paciência.

— Não estou preocupado com o que eles acham.

— Do jeito que estava falando parecia que sim.

— Eu me preocupo com você.

— Se preocupasse estaria fazendo carinho em mim e não me enchendo o saco.

— Agora eu vou ter que te mandar calar a boca. Não queria fazer isso com alguém doente. – voltei a passar a mão no cabelo dele.

— Daria tudo para ver a cara do meu pai vendo a gente assim. – comentei depois de um bom tempo.

— Em pensar que você e ele eram tão amigos.

— Porque éramos iguais. Estou mudando e mudar me faz ter nojo dele! Sei que é um processo lento, mas alguns valores meu pai nunca teve. Pode parecer ridículo, contraditório... Mas por ser fruto de uma traição eu sempre valorizei o amor e a fidelidade. Fiz uma tatuagem com a data de casamento dos dois, o fiz jurar com a vida que nunca a trairia. – respirei fundo. – Ele tem que te agradecer muito por você ter me tirado da escuridão, não sei o que eu faria com ele agora.

— Então ele traiu sua mãe?

— Está traindo e eu não quero falar disso.

— Sinto muito. Sei que isso mexe com você.

— Tenta dormir.

— Sabe o que eu acho? – ele suspirou. – Alice me contou as coisas que a minha tia Luna fez para separar ela e Arthur e tipo... Conclui que todo mundo tem seu lado obscuro, isso não classifica a pessoa como boa ou ruim. O fato é que algumas deixam esse lado se sobressair demais. Você estava deixando. Não te tirei de lugar nenhum, você é que deixou esse lado parar de sobressair tanto. Só tem que continuar assim.

— Você não acredita na minha mudança. – falei e dei uma risadinha sarcástica. – Não te julgo, eu também não acreditaria. Agora tenta dormir, por favor. Você precisa descansar. Eu te acordo para tomar o remédio.

— Nunca mais diga isso. Eu sou a pessoa que mais acredita na sua mudança.

— E você é a única pessoa que me importa.

— Gostei de saber disso.

— Dorme. – pedi com a voz mais amável possível e ele enfim me ouviu, certamente deixando o mal estar e os efeitos de sonolência do remédio o guiarem. Eu o acordei na hora certa, ele se aconchegou como estava antes de apoiar no cotovelo para tomar o remédio e não engasgar. Vi que ele dormiu rapidamente. Precisava ir para a minha cama já que amanhecia, mas eu não conseguia. Era um controle absurdo sobre mim que eu ainda não entendia direito.


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