Resgate escrita por Tulipa


Capítulo 17
Dezessete


Notas iniciais do capítulo

Oi, eu acho que vocês vão amar esse capítulo, eu terminei ele agorinha e devem ter passado alguns errinhos, então relevem.
É o maior capítulo escrito até agora e tá cheio de amor ♥



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⎊ Pepper Potts ⎊

 

 

Estamos na estrada de volta pra casa, nos três. Nós cinco. Cinco. Hoje esse é o nosso número, na verdade é o número dela. E enquanto Stevie Wonder canta Isn't she lovely no sistema de som  do carro eu a admiro cantarolar, e a vendo pelo retrovisor me lembro do dia em que ela nasceu como se fosse hoje. Era o primeiro dia do inverno, mas fazia sol, um calor atípico havia feito a neve derreter, Morgan Hope Potts Stark nasceu num fim de tarde, num parto fácil, depois de 40 semanas de espera, e quando eu a peguei nos braços essa foi a canção que começou a tocar na minha mente, porque sim, ela é  adorável, ela é maravilhosa, preciosa, linda e é tudo isso porque nasceu do nosso amor.

 

—Essa é a minha música, né, mamãe?— ela sempre me faz essa pergunta, porque eu sempre disse isso pra ela. 

 

—É sim, meu amor.

 

—É uma música de menina, então não pode cantar pr'os nenéns, tá bom?

 

—A mamãe vai encontrar a música perfeita pra eles, você me ajuda? 

 

—Se eu tiver uma irmã empresto a minha música pra ela.— ela desconversa. Ela está animada com a gravidez, mas às  vezes demonstra não aceitar tão bem o fato de serem dois meninos afinal, ela já tem um irmão, nós acabamos de sair da minha consulta e talvez por isso ela tenha voltado a tocar no assunto. 

 

—Daqui a pouco ela abstrai, baby.— ele diz pra mim, talvez achando que o comentário dela possa ter me magoado, mas não, eu a entendo. Quando estacionamos em casa, ela imediatamente começa a se desvencilhar do cinto do assento de elevação —Ei, mocinha, porque a pressa? 

 

—Quero fazer xixi.— ela avisa. 

 

—Amor, corre, ou ela vai fazer na roupa.

 

—Mas e…?— ele pergunta soltando seu cinto.  

 

—Só corre com ela pro banheiro.— eu digo, ele sai do carro, abre a porta de trás, pega a Morgan e corre em direção à nossa casa, a porta da sala está destrancada, porque há pessoas esperando por nós,  por ela. Saio do carro e fecho as portas, entro logo atrás deles, ninguém saiu das posições, talvez por ver a movimentação estranha, claro que ninguém se manifestaria ao ver o Tony entrar correndo carregando a aniversariante como um pacote.

 

—O que houve?— Natasha sussurra ao surgir vindo da cozinha. 

 

—Ela estava apertada.— sussurro de volta.

 

Quando vejo que Tony está voltando com a Morgan faço sinal pra Nat  voltar com os outros, as luzes estão todas apagadas e essa é a primeira observação da minha pequena. 

 

—Mamãe, porque você tá no escuro?

 

—Porque a mamãe tem uma surpresa!— assim que eu comunico as luzes acendem, May surge trazendo o bolo, Happy os balões, Peter trouxe uma capa escrito Super Irmã e amarrou nos ombros dela. 

 

—Feliz aniversário, pipoca da tia Nat.

 

—Eu sou super-herói?

 

—Super-heroina!— Peter responde —Parabéns,  sua linda do irmão.— ele a abraça.

 

Quando Happy foi dar os parabéns para Morgan ele acabou soltando os balões que voaram parando presos ao teto da sala. 

 

—Dindon, você é muito atrapalhado.— Morgan riu nos braços dele. 

 

—E eu sou o quê?

 

—Tio Rhodey!— ela pula do colo do Happy pra outro colo. 

 

—Filha, é um milagre de aniversário.— Tony ironiza. 

 

—Você fala como se eu não aparecesse.— Rhodes rebate.  

 

—E você aparece? 

 

—Pepper, por favor?— Rhodes pede pra que eu intervenha.

 

—Vocês que são amigos que se entendam.— eu digo.  

 

—Ele não estava aqui no casamento? 

 

—Obrigado, May.— ele diz —É que nem todo mundo se aposentou, sabe?

 

—Vamos parar de discutir quem se aposentou, afinal o único idoso está em Londres.— Tony caçoa. 

 

—Saudade do vovozinho.— Morgan se pronuncia, pois sabe que Tony está falando do Steve,  e nos faz rir.

 

—Oi, Morgan, feliz aniversário.— May diz. 

 

—Agora eu tenho cinco anos, May.

 

—Eu sei.— ela diz —Você está muito grande. 

 

—E eu tenho uma capa.— ela diz orgulhosa. 

 

Morgan passou a festa toda correndo entre as pessoas com aquela capa, as vezes enroscando  nos móveis e derrubando algumas coisas, mas o sorriso dela valia a pena. Eu só não curti quando ela cismou que poderia pular alguns degraus da escada.  

 

—Você vai se machucar,  filha.— eu digo aflita.  

 

—Meu pai me segura, não segura, papai?

 

—Seguro.— ele garante, e eu o censuro duramente —Mas pode não ser tão seguro. 

 

—Espera...— Peter se pronunciou, e lançou jatos de teia que ficaram presos ao teto —Um pêndulo de teia, a sua capa fica no ar, e uma queda pode não ser tão ruim. 

 

—Um balanço no meio da sala.— Natasha comenta com aquele tom de "que ideia idiota". 

 

—Podia ser na varanda, mas tá frio lá fora.— o garoto dá de ombros.  

 

—Eu tô achando demais.— a minha menina diz, claro que ela está. 

 

—Se ela se machucar eu quebro você.— Natasha rosnou pra ele.

 

Peter não ousou sair de perto do balanço, até porque a aniversariante não quis sair de lá também. Eu e Tony seguramos o bolo diante dela na hora de cantar parabéns. 

 

—Morgan! Morgan! Morgan!— eles continuaram batendo palmas após o parabéns.  

 

—Tem que fazer um pedido antes de soprar as velas.— May disse a ela. 

 

—Eu quero uma…

 

—Mas as pessoas não podem saber o que você vai pedir.— Happy disse a interrompendo.  

 

—Apenas peça com o seu coração e apague as velas.— Peter instruiu.  

 

—Tá bom.— ela diz, então fecha os olhos e apaga as velas. 

 

Eu ganhei o primeiro pedaço de bolo e o Tony morreu de ciúme, mesmo sabendo que não fui bem eu, afinal, atualmente sou só o receptáculo de pessoas das quais ela já gosta bastante. Não foi difícil convencê-la a descer do balanço para comer bolo e depois ela já não quis mais voltar, pro meu alívio e do Peter. 

 

—Pipoquinha,  olha quem ligou pra falar com você.— Natasha avisa ao mostrar o visor do telefone pra ela. 

 

—Vovozinho!— ela exclama ao ver Steve —A Tia Nat disse que você não vai mais voltar,  é verdade?— Morgan pergunta ao sentar-se no colo da Natasha, Steve confirma —Não gosto quando as pessoas viajam pra não voltar, você podia voltar, como o papai.  

 

—O seu pai viajou e voltou por você,  e eu vou ficar em Londres pela minha filha,  ela acabou de ter um bebê e eu preciso ficar perto deles.— Steve explica. 

 

—Um bebe só? 

 

—Filha,  algumas pessoas têm um bebê por vez.— eu digo.  

 

 —Na verdade é uma bebê,  a nossa pequena Hayley.— Steve diz —Nós vamos ficar te esperando aqui, você pode nos visitar quando quiser, ok? 

 

—Tá, vou semana que vem.— ela responde, e isso pode ser qualquer dia na cabecinha dela. 

 

—Feliz aniversário, Morgan Hope.— Steve diz —Muitos anos de vida, Deus te abençoe. 

 

—Obrigada, vovô.— ela responde e manda um beijo antes que a ligação encerre.  

 

—O Dindon está indo embora, vou ganhar um beijo?— Happy pergunta abrindo os braços pra ela, e Morgan abandona a Nat pra se despedir do Happy, e depois diz adeus à  May e ao Peter. 

 

—Porque você vai embora?— ela pergunta ao garoto.  

 

—Amanhã tenho um compromisso, mas no final de semana venho pra dormir.— ele avisa. 

 

—Peter vai ajudar a gente a arrumar o quarto dos seus irmãos.— Tony se manifesta. 

 

—Vou? 

 

—Claro que vai.— meu marido diz.

 

—Então tá, né?— ele concorda. 

 

—A gente podia aproveitar a deixa também, né?— Rhodes pergunta olhando pra Natasha, ainda sentado ele esfrega as mãos em sua coxa. 

 

—Vocês estão juntos?— Tony pergunta.  

 

—Viemos juntos, sim.— Rhodey diz.  

 

—Estamos juntos,  não.— Nat reforça —Eu estou na casa do Steve desde que ele viajou, virou uma espécie de QG, já que o Complexo está em reforma, todo mundo que precisar pode ficar por lá. 

 

—Eu posso ficar por lá?— Morgan pergunta animada. 

 

—Quando você quiser!— Nat responde.  

 

—Só que você não precisa.— o meu marido ciumento diz —Apenas peça pro seu tio não sumir de novo. 

 

—Eu não sumi, só achei que vocês precisavam de um tempo depois de tudo, e depois do casamento,  mas acho que vocês tiveram tempo demais.— Rhodey disse irônico e olhou pra minha barriga. 

 

—Eu tenho todo tempo do mundo, meu caro.— Tony afirma. 

 

—Eu quero essa disposição quando os meninos ficarem acordados à noite.— eu digo pra ele.  

 

—É sério,  Rhodey, não suma.— Tony diz ao apertar a mão dele —A gente vai abrir vagas pra padrinho, Projeto Dindon 2024.— ele brinca. 

 

—Não vou sumir.— Rhodes garante. 

 

As nossas visitas saíram pelos fundos, já que seus carros foram deixados atrás da casa para não estragar a surpresa. 



—E então, Maguna, você curtiu a festa de aniversário?  

 

—Eu amei, papai.— ela responde, está sentada nos ombros dele. 

 

—Agora é hora de tirar a capa de super-heroína, tomar banho e ir dormir.— eu digo. 

 

—Posso comer só mais um docinho?— ela pergunta fazendo uma carinha fofa e irresistível, e ceder ao pedido dela foi uma ótima desculpa pra eu poder comer mais doces também.  

 

(...)

 

 

Acordei pra ir ao banheiro e não consegui mais dormir, ficar me mexendo na cama em busca de uma posição confortável fará com que meu marido acorde, então decido levantar. Visto meu suéter sobre o pijama e deixo o quarto, passo pra ver a Morgan, e vou até a cozinha.  Enquanto preparo um chá, olho pela janela e o quintal está coberto de neve, desde o aniversário da Morgan tem nevado todos os dias, os bonecos que ela e Tony fizeram ontem ainda estão de pé. Dois bonecos, meninos, segundo ela são os seus irmãos, nós fizemos fotos pra registrar o último dia de 2023 um ano que tinha tudo pra ser o pior ano da minha vida, mas não foi.

 

Quando o meu chá fica pronto,  seguro a caneca em minhas mãos e ainda vendo os flocos de neve caírem do lado de fora, antes de sorver o primeiro gole,  penso em tudo que está por vir. O que 2024 reserva pra mim? Pra nós? Paro de pensar, bebo um gole, então sinto as mãos dele na minha barriga, logo em seguida o beijo em meu pescoço. 

 

—Bom dia.— eu digo.  

 

—Não era pra você ter levantado,  o meu plano era fazer café.— ele diz  —Um café da manhã espacial. 

 

—Espacial?— eu rio e me viro pra ele, a cara ainda amassada denuncia que talvez ele nem tenha lavado o rosto e veio atrás de mim.

 

—Especial.— ele corrige —Estou meio dormindo ainda. 

 

—Eu também queria estar dormindo, confesso.  Mas um dos seus filhos espremeu a minha bexiga, eu tentei voltar a dormir, mas um deles não estava gostando da posição,  então eu pensei "Um chá de camomila vai acalmá-los, e me ajudar a conseguir dormir em qualquer posição".  

 

—Err, Feliz ano novo?— ele enruga o nariz. 

 

—Feliz ano novo.— eu beijo. Termino de tomar o meu chá e voltamos pra cama. 

 

(...) 

 

 

Trinta e cinco semanas. A primavera se aproxima, percorremos um longo caminho, falta tão pouco, mas ainda parece tão longe.  Tony está no quarto dos bebês colando no teto as estrelas que a assistente dele fez questão de comprar, mesmo que ela tenha aberto mão da função de decoradora para ser a minha acompanhante, já que eu estou pesada demais pra ficar em pé, embora ela, nesse momento, esteja na sua terceira jornada de trabalho. 

 

—Fecha o olho, assim.— a minha maquiadora instrui. Estou sentada em minha cama, meus cabelos já foram penteados e agora estou sendo maquiada, porque, segundo ela, os bebês podem nascer a qualquer minuto e eu tenho que ir para o hospital muito bonita. Na última semana,  Morgan começou na pré-escola, ela estava animada e ansiosa, mas eu fiquei tão preocupada, sem qualquer necessidade, diga-se de passagem, que uma crise de ansiedade desencadeou contrações de Braxton-Hicks, desde então estou em repouso. Sinto o pincel sobre a minha pálpebra —Abre,   tá ficando linda, mamãe. 

 

—Obrigada por cuidar da mamãe, filha.— eu digo. Tenho medo de me olhar no espelho. 

 

—Falta o batom.— ela diz —Que cor você quer? 

 

—Bem clarinho.— eu digo procurando por um batom nude na minha necessaire que está sobre a cama —Esse!

 

—Não.— ela diz —Vermelho!— ela decide por mim, foi assim com a sombra, eu escolhi uma clara, ela usou uma verde, ela passa batom em si mesma também —Posso beijar meus irmãos agora?— aquiesço, e minha barriga é carimbada por dezenas de beijos. 

 

—Que amor de irmã,  mamãe também quer beijo.— eu peço e ela me dá um selinho —Te amo infinito. 

 

—Te amo mais, te amo do tamanho do mundo.— ela me diz.

 

—Filhota, a mamãe precisa fazer xixi.— eu anuncio e me levanto com dificuldade,  vou ao banheiro e ao me olhar no espelho não me reconheço, a minha maquiadora é adorável, mas péssima, eu rio.

 

—Mamãe, tá tudo bem?— ela vem perguntar preocupada.  

 

—Está sim.— eu asseguro. 

 

—Venham ver como ficou!— Tony grita do quarto dos bebês. 

 

Ela sai correndo e eu demoro alguns minutos pra percorrer alguns metros. Quando chego ao quarto as luzes estão apagadas pra que possamos ver o efeito das estrelas no teto,  imediatamente me lembro do céu das Maldivas, foi debaixo daquele céu que eu tive os primeiros sinais da minha gravidez.  

 

—Tá lindo, papai.

 

—Está mesmo, amor.— eu digo —Agora tenho a sensação de que realmente está quase tudo pronto.— caminho até a poltrona e me sento. 

 

—Por que quase tudo?— ele me pergunta. 

 

—Você finalmente foi com a cara da última moça que contratamos pra cozinhar a ajudar na casa, mas ainda não temos babá.— eu lembro. 

 

—Nos viramos muito bem com a Maguna sem babá.

 

—Mas ela era só uma.— eu digo —Dois pais, três crianças, é uma equação simples.

 

—Eu já sou grande, não preciso de babá.— ela diz ao sentar na poltrona ao lado da minha. 

 

—Está vendo?— ele diz. Eles não entendem que eu quero garantir que ela esteja acolhida por alguém, afinal, os bebês podem, e vão, tomar toda a minha atenção nos primeiros dias. Mas não adianta discutir isso com o meu marido agora, ainda mais na frente da nossa filha —Por que ainda estamos no escuro?— ele bate palma duas vezes e as luzes se acendem —Meu Deus, baby, o que vocês estavam fazendo?  

 

—Maquiagem.— Morgan responde —A mamãe não está linda, papai?

 

—Linda, parecendo um quadro do Picasso.— ele ironiza, faço uma careta —Eu casaria com ela pela terceira vez.— Tony se aproxima e me dá um beijo casto. 

 

—Eu tô com fome.— Morgan resmunga. 

 

—Quando é que você não está?— Tony provoca —Você pediu pra Eva fazer algo especial?— movo a cabeça em negação. 

 

—Você pode cuidar disso?— pergunto —Isso se ela já não tiver começado o jantar, não faço ideia de que horas são, mas precisamos de um banho pra tirar essa maquiagem e esse batom da minha barriga. 

 

—Está bem, mas antes...— ele pega o seu telefone sobre a cômoda —...Precisamos registrar essa obra de arte, não é,  filhota?  

 

—Sim!

 

Eu permaneço sentada, meu rosto "maquiado" e minha barriga exposta cheia de marcas de beijos, Morgan se posiciona de um lado da poltrona e o Tony do outro então ele faz algumas fotos de nós três enquanto fazemos caras e bocas.  

 

(...)



Eu só preciso aguentar duas semanas pra que Howard, o nosso caçula que tem se escondido em todos os últimos ultrassons,  não nasça prematuro. Fato é que agora que a minha menina não fica mais o dia todo grudada em mim eu não vejo a hora de ter os meus meninos aqui do lado de fora.  A Dra Paris chegou a cogitar uma cesárea, mas os dois estão na posição perfeita para um parto natural, então junto com o Tony, decidi deixar que os meninos cheguem no tempo que quiserem.

 

(...)

 

Trinta e oito semanas e dois dias, já posso dizer que consegui. Conseguimos.  Sigo em repouso, foram dezenas de livros, filmes e algumas séries. No período da manhã senti algumas dores, suportáveis, arrumei as malas pra maternidade, mas assim como veio a dor passou, no entanto a minha médica  está de sobreaviso. 

 

Olho no celular, 16h, está quase na hora de buscar a Morgan no colégio, Tony saiu do banho há alguns minutos e está no closet, não demora ele surge em seu jeans, camiseta, tênis e jaqueta de couro. 

 

—Puta merda.

 

—O que foi, amor, contração?— desesperado ele vem até mim, eu rio, ele está alarmado.  

 

—Não, só que você é lindo demais, e eu fico imaginando todas aquelas mães e professoras se derretendo enquanto eu estou aqui presa nessa cama.— eu digo, estou morrendo de ciúme desde o dia da reunião de pais de começo de ano em que ele era o único pai presente. 

 

—Eu nem ligo pr'aquele monte de ex-morenas.— ele ironiza, é uma piada nossa o fato da maioria das mães terem luzes nos cabelos —Na minha vida não cabe mais nenhuma mulher,  só tenho olhos pra minha menininha e minha ruiva.— ele senta na beira da cama de frente pra mim. 

 

—Mesmo desse tamanho? 

 

—De qualquer tamanho.— ele afirma me dá um beijo demorado. 

 

—Me ama?— pergunto com meus lábios a centímetros dos dele. 

 

—Te amo.— ele afirma —Volto logo, a Eva vai ficar de olho em você, me liga se sentir qualquer coisa.  

 

—Está bem,  só me ajuda a levantar pra eu ir ao banheiro antes de você sair.— eu peço,  vou até o banheiro, quando estou voltando pra cama sinto a dor que senti pela manhã, só que agora um pouco mais aguda.  

 

—O que foi?— ele pergunta quando eu paro. 

 

—Aquela dor, um pouco mais forte.— aviso, volto a caminhar e paro novamente —Aiii!

 

—Ok,  vou pedir pra Natasha pegar a Morgan…

 

—Ela não vai chegar no horário, Tony. 

 

—A Eva pode ir.

 

—Não, você vai.— eu digo.

 

—Mas e você? 

 

—Eu vou me sentar naquela cama e monitorar o intervalo dessas dores.— aviso, ele concorda relutante, mas quando Tony está deixando o quanto meu quarto  o faço voltar, acabo de molhar a nossa cama, a minha bolsa rompeu. 

 

—Amor, calma, respira, você sabe que entre o rompimento da bolsa e o nascimento tem algum tempo, certo?— ele diz, eu estou calma, mas ele mal respira. 

 

—A gente vai passar pelo colégio,  pegar a Morgan e ir pra maternidade.  

 

—Baby?

 

—Dá tempo, eu sei e você também sabe.— eu digo,  ele é ótimo com teoria, mas na prática Tony me levaria voando ao hospital se pudesse. 

 

Ligo pra minha médica e ela já está a caminho da maternidade, ligo pra Natasha também, e depois faço exatamente o que falei, pegamos a minha filha na escola e estamos indo pra maternidade só que no caminho as dores vão ficando mais intensas e menos espaçadas. 

 

—Meus irmãos estão chegando, hoje é um dia feliz na minha vida porque também fiz uma amiga na escola.— Morgan diz.  

 

—É  mesmo, amor,  como é o nome da sua amiguinha?— pergunto abstraindo a dor. 

 

—Lorena, ela é nova e parece o tio Rhodey.— ela diz, acredito que ela esteja querendo dizer que a amiguinha é negra como  o nosso amigo. 

 

—Ela deve ser linda, meu amor. Um dia você convida ela pra ir em casa pra mamãe conhecer?

 

—E conhecer meus irmãos, né? 

 

—Ela vai conhecer toda a nossa família.— eu garanto,  olho pro meu marido e ele permanece tenso com sua atenção voltada pra estrada.  

 

Chegamos ao hospital e é tão estranho vê-lo lotado, há cinco anos não havia quase ninguém. Tony encontra a Dra Paris que traz uma cadeira de rodas pra eu sentar, então me leva pra sala de preparação para o parto enquanto faz algumas perguntas. 

 

—Estourou há cerca de duas horas.— Tony responde no meu lugar.  

 

—Depois que rompeu a dor mais intensa tem vindo a cada 20 minutos.— eu completo, olho pra minha filha e ela parece assustada —Liga pra Nat de novo ou pro Happy, eu vou querer você comigo, mas ela não vai poder entrar.  

 

—Mas eu quero ver meus irmãos. 

 

—Eu sei, meu amor, mas quando a Dra estiver tirando eles de dentro da mamãe você não vai poder ficar vendo.— esclareço.  Ela compreende como a mocinha que ela é, eu amo vê-la nesse uniforme. 

 

—Virginia, você precisa mudar de roupa pra fazermos alguns exames pré-cirúrgicos.— a Dra Geller informa.  

 

—Cirúrgicos? Não,  a bolsa rompeu naturalmente,  eu quero parto normal.— digo desesperada.

 

—Eu sei, e nós vamos tentar, mas eu preciso saber se há condições pra um parto normal,  se há passagem pr'os bebês e como está a sua dilatação.— ela explica —A Morgan precisa deixar a sala agora.

 

—Tony, vai com ela.

 

—Mas e você?— ele pergunta, acho que deve ser a décima vez hoje.

 

—Vou ficar bem, assim que alguém chegar você volta.

 

—Baby…?— ele quase me suplica e eu percebo o medo em seu olhar, medo de que algo dê errado, medo de me perder, medo de perdê-los.  

 

—Está tudo bem, eu sinto.— o tranquilizo,  ele me beija, peço um beijo da Morgan, ela também está apreensiva,  eles deixam a sala. 

 

A Dra Paris afere  a minha pressão, está ótima, então ela realiza um exame de toque, tenho 5 dedos de dilatação. Ela realiza um ultrassom e eles estão perfeitinhos,  de cabeça pra baixo, o maiorzinho está mais próximo da saída, meu Valentin, como sempre está escondendo o irmão, mas os dois corações estão batendo e eu não me preocupo.  

 

—O irmão mais velho passou a gestação inteira escondendo o outro.— Paris observa.

 

—Nós só o vimos bem no começo, lembra?— ela assente. Sinto a minha barriga endurecer e logo vem outra contração, seguro nos lençóis,  é uma onda mais intensa e mais longa. 

 

—Quarenta e três segundos.— a Dra Geller informa —Você está evoluindo bem. 

 

Cerca de uma hora depois de me deixar meu marido volta e a minha primeira pergunta é —Quem está com ela? 

 

—A Natasha, Happy,  Peter, May...— ele informa e eu rio aliviada, a nossa rede de apoia não poderia ser melhor.  

 

Já faz cerca de 5 horas desde o rompimento da bolsa,  as contrações vêm com alguns minutos de intervalo e duram cerca de sessenta segundos, o meu marido incrível me deixa apertar sua mão por todo esse tempo,  quando atinjo nove dedos de dilatação a Dra pede pra que o Tony coloque a roupa estéril sobre a sua e seguimos para a sala de parto onde há uma enfermeira e um pediatra também. Diferente do parto da Morgan, em que o Tony estava sentado sobre a maca me apoiando entre as suas pernas, devido a pequena probabilidade de evolução pra um cesárea ele ficará em pé.  Eu mal me deito na maca e sinto que meu encontro com o terceiro amor da minha vida está bem perto.  

 

—Você conseguiu, seu corpo está pronto, então é com você, Virginia.— a minha médica diz,  e mesmo depois de cinco anos meu corpo jamais esqueceria o que tem que fazer. Então em meio a uma contração intensa sinto o bebê coroar —Isso, eu já estou vendo ele, falta pouco, muito pouco.— ela comenta, empurro, e então ouço o choro, é o meu menino, meu Valentin. 

 

—Ele é mais chorão do que a Morgan.— Tony observa ao cortar o cordão —Ei,  garotão, não precisa chorar.— ele diz ao quando a Dra Paris o entrega em seus braços —Eu já vou te entregar pra ela, pro amor das nossas vidas.— estendo os meus braços ansiosa —Ele é muito seu mesmo.— ele me diz e quando pego Valentin nos braços percebo o motivo do meu marido ter dito isso, ele tem muito cabelo, ruivos como os meus.

 

—Oi, Valentin, oi,  meu amor, como você é lindo.— eu digo —Ele não é lindo, amor?

 

—Sim, ele é.— ele me beija —Eu já podia agradecer por ele, mas ainda falta um. 

 

Quando acho que vou ter tempo pra namorar o meu ruivinho, meu corpo começa a dar os sinais de que outro encontro se aproxima, o meu quarto amor, as contrações se fazem presentes, mas eu estou cansada demais. Já é quase meia-noite, então faço força pra que eles nasçam no mesmo dia. 

 

—Ele está chegando,  vamos, Virginia.— a Dra Geller me incentiva. Sinto o suor escorrer em minhas costas, olho pro meu marido.  

 

—Estamos quase lá, baby.— ele beija a minha têmpora enquanto eu aperto a sua mão —A gente nunca desiste,  você nunca desiste, então faz só mais um pouquinho de força.— ele me abraça como se quisesse me transferir toda a força que eu preciso, começo a chorar, e então eu empurro. 

 

—Nasceu.— a Dra anuncia, mas Howard não chora. 

 

—Porque ele não está chorando, Tony?— eu pergunto e então Tony me deixar pra ir até a Dra Paris,  que também está calada, ela apenas olha pra nós, pra mim, abre a boca, mas não articula qualquer palavra —O que está acontecendo?!— grito agoniada, vejo que Tony está cortando o cordão assim como fez com Valentin —Tony?!

 

—Baby, o Howard...— ele pega o nosso filho nos braços.

 

—Ele está bem, está respirando?— quero saber —Tony?!— meu grito o acorda do transe. 

 

—Howard é uma menina.— Tony anuncia. 


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Notas finais do capítulo

Eu amo plot twists. Hahahaha.
Até o próximo ♥

p.s. Sara, obrigada pela recomendação, eu amei.



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