Resgate escrita por Tulipa


Capítulo 16
Dezesseis


Notas iniciais do capítulo

Oi, desculpa a demora



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/777832/chapter/16

 

 

 

⎊ Tony Stark ⎊




Dois meninos. É como eu pensava que seria, e é tudo o que eu, inconscientemente,  temia porque me vem à mente a relação conturbada com o meu pai. Sei lá, acho que há uma tendência das meninas amarem mais os pais e os meninos as mães, aquela coisa dos opostos se atraírem. Eu sempre amei a minha mãe incondicionalmente, já com o meu pai era diferente,  talvez por sermos muito parecidos, nós sempre batemos de frente, não éramos pólos distintos que se atraíam, éramos polos iguais que se repeliam, éramos mais e mais, e eu demorei a perceber que eu deveria ser um pouco menos, afinal era uma questão hierárquica. Embora Steve tenha dito que o que ele vivenciou foi diferente, graças a nossa viagem ao passado, eu só posso acreditar no que de fato vivi e nada do que eu me lembro é muito legal.  

 

—Mamãe,  você falou pra não ficar triste.

 

—Às vezes a gente chora de alegria também, meu amor.— ela responde pra Morgan, sei que ela está mentindo, afinal ainda está magoada, coloco minha mão sobre a sua e ela se esquiva —A mamãe já tem você, e agora nós vamos ter dois príncipes. 

 

—E eu princesa!— Morgan exclama, acho que ela vai gostar de reinar soberana nessa monarquia. 

 

(...)

 

Deixamos a consulta e ela não falou comigo, voltamos pra casa, almoçamos,  passamos a tarde, jantamos e eu continuei de castigo, mas dormir brigado com ela, ou longe dela, não é algo que eu possa aceitar, no entanto continuo encarando a foto amarelada que ganhei do Capicolé. Se eu ainda tivesse a máquina do tempo daria um jeito de passar ao menos alguns minutos com a minha versão dessa foto pra saber o que Howard Stark significou pra ele. "Nenhum dinheiro no mundo compra um segundo de tempo", se o que eu aprendi com a Morgan mudou Howard Stark, porque eu estou preocupado em ser uma péssima referência pra dois garotinhos agora que eu tenho, literalmente, todo tempo do mundo?



Passo pelo quarto da Morgan pra tentar começar uma conversa, ela não está mais lá  e a nossa filha já parece em sono profundo, desço até a cozinha e dou de cara com a pessoa com a qual eu preciso me acertar. Pepper está sentada na mesa enquanto devora um prato de brigadeiro com morangos. Sim, ela pode comer morangos à vontade desde que o vírus extremis passeou livremente pelo corpo dela sem matá-la. E o desejo pela fruta, com certeza, é coisa da gravidez. 

 

—Posso?— peço permissão pra me aproximar, ela concede, me sento na cadeira vaga ao lado da qual ela apoia os pés —Me desculpa por te magoar? 

 

—Te desculpo porque te amo,  eu te amo demais, mas às vezes eu não gosto de você, não gosto mesmo, no entanto nunca conseguiria dizer que te odeio.— ela me dá uma bronca apontando a colher suja de chocolate na minha direção. 

 

—Mas eu não disse que os odiava, baby.

 

—E por isso foi pior, porque eles não têm nenhuma capacidade emocional, então eles não podem te odiar, Tony. 

 

—Amor, eu só disse aquilo porque os caras, e pelo visto os carinhas, não vão muito com a minha cara.— me justifiquei.

 

—E ainda assim, você queria que a Morgan fosse um menino, não queria?— ela me perguntou sem rodeios —No seu sonho, era um menino que nós tínhamos.

 

—Queria, era, mas confesso que fiquei aliviado quando ela nasceu.— respondo —Sempre achei que o problema era o meu pai, mas eu também não fui um filho fácil, então eu pensei "Menina é muito melhor, menos chance dela ser parecida comigo". 

 

—Você está errado.— ela diz antes de morder um morango melado em brigadeiro.  

 

—Eu sei disso.— repliquei —Mas sempre fui ótimo com todas as mulheres que cruzaram a minha vida, sempre foi fácil dobrá-las, tê-las fazendo o que eu queria…

 

—Essa observação é o seu machismo gritando.— ela me diz mordaz.

 

—Eu realmente achava isso, até me deparar com a mulher mais difícil da minha vida, que me deu uma pimentinha ardida, mas ainda assim, não é tão difícil quanto me imaginar exemplo pra dois garotos.

 

—Você adota um garoto de 16 anos, mas tem medo de dois bebezinhos, não consigo te entender.

 

—Eu não precisei conquistar o Peter, ele sabia quem eu era e  já me idolatrava, então as chances dele não gostar de mim eram bem pequenas, mas com eles...— eu engulo em seco —Tenho receio de não ser bom o suficiente.  

 

—Eles já te conhecem, você é o pai deles, seu idiota.— ela me diz entre lágrimas e coloca o prato com doce sobre a mesa, já tendo  devorado quase a metade —Não precisa ter medo, você é Tony Stark...

 

—Gênio,  bilionário, playboy e filantropo.— completo e ela revira os olhos. 

 

—Você não é esse há anos.— ela diz —Lembra daquela nossa conversa sobre evolução?— movo a cabeça afirmativamente —Tony Stark, gênio, bilionário, marido e pai. E de todas essas suas qualidades, ser pai é a melhor delas.

 

—Não sou um bom marido?— eu a provoco.

 

—Ótimo marido e genial, mas podia se esforçar mais pra virar trilhonário, porque estou cansada dessa vida simples.— ela ri, o humor dela voltou,  então estou realmente perdoado —E ter três crianças em casa será muito custoso.  

 

—A gente chega lá.— eu falo, ela sorri outra vez. Mas sei que  mesmo que ela esteja brincando, nós nunca seremos trilhardários com o tanto de caridade que ela faz, filantropia é coisa dela agora, a última ideia foi um fundo para auxílio aos desabrigados do blip

 

—Amor, vamos tentar de novo?— ela indaga, abrindo os botões da sua camisa de flanela xadrez, aquiesço ansioso —Vem, chega mais pertinho.— ela pede, eu me levanto, Pepper me deixar ficar entre as suas pernas, segura as minhas mãos e as posiciona nas laterais de sua barriga e então eu os sinto,  meus filhos —Sabe o que eles estão querendo dizer?— ela segura meu rosto entre suas mãos enquanto continuo com as minhas mãos em seu ventre.

 

—Que eu sou um imbecil.— eu digo, minha voz embarga. 

 

—Não, porque eles são comportados.— ela diz e com o polegar retém as lágrimas que escorreram dos meus olhos —Eles estão dizendo que você não precisa ter medo de perder o posto de Alpha, assim como eu senti.

 

—Como assim você sentiu medo, porque? 

 

—Por causa do jeito que você olhou pra nossa filha assim que a pegou nos braços.— ela revela —Eu pensei "Acabo de perder o amor da minha vida pra outra mulher", mas com o tempo me dei conta de que você continuaria sentindo amor por mim, embora tivesse se tornado todo amor por ela. 

 

—Não tinha como eu não ser todo amor por ela. 

 

—Nao, nao tinha.— ela diz —E a mesma coisa vai acontecer daqui há alguns meses, porque eu sempre quis um menino, e agora terei dois, mas você continuará sendo o meu Alpha.

 

—Você queria um menino, mas sempre discordou de mim quando eu dizia que a Morgan era menino, porquê?

 

—Por que eu era a casa dela.— ela me responde envolvendo os braços ao redor do meu pescoço. Agora eu a entendo. A ligação dela com os nossos filhos começou no momento do resultado positivo,  por mais que eles também sejam meus, são muito mais dela, sempre serão —Nesse momento sou o lar de dois meninos, embora sentisse que seria um casal.

 

—Acho que você queria um casal pra satisfazer o seu desejo e o da nossa filha de uma vez só.— observo.  

 

—Talvez.— ela diz —Mas vamos ter meninos e um deles vai se chamar Valentin. 

 

—Valentin? 

 

—Sim.— ela afirma —Esse é o meu sonho, Sr Stark, não ouse discordar.

 

—Certo, o primeiro bebê que sair de dentro de você vai se chamar Valentin.— eu digo e ela fica tão feliz que me dá um beijo doce, separo meus lábios, deixando sua língua quente deslizar contra a minha, ela reagiu como eu sabia que faria, total eletricidade carnal entre nós. Pepper agarrou a parte de trás do meu cabelo, 

inclinando minha cabeça em sua direção.

 

—O segundo pode ser Howard.— ela diz. 

 

—Howard?— questiono surpreso, e me lembro da conversa com o Strange,  e também que Steve disse que eu me apresentei ao meu pai com Howard Potts, então agora tudo parece fazer sentido.

 

—Se você quiser,  claro.  

 

—Nada de Howard Neto ou Howard Segundo.— eu digo, ela sorri concordando —Howard Potts Stark. 

 

—Parece ótimo.— Pepper diz de modo efusivo e eu ganho outro beijo, suas pernas se apertaram em volta da minha cintura enquanto eu deslizo as minhas mãos até seus quadris, ainda sob a sua camisa. 

 

—Sabe o que parece ótimo pra mim?— pergunto, ela aguarda sem saber o que esperar. Com um sorriso sacana subo minhas mãos por suas costas, beijo seu pescoço,  ela estremesse —Ter você num lugar mais confortável do que sobre a mesa da cozinha.

 

—Então, espero que esse obstáculo, ainda pequeno,  não atrapalhe você me carregar lá pra cima.— ela se aperta em volta de mim, e eu a tiro de cima da mesa com bastante facilidade, mas daqui uns 4 meses não sei como vai ser. 



(...)

 

Algumas semanas passaram e a mulher de negócios  com a qual me casei não consegue ficar muito longe do trabalho, e mesmo que ela consiga resolver tudo através de uma videoconferência, Pepper decidiu fazer uma viagem até a matriz da empresa, nenhuma das nossas babás  estavam disponíveis, eu insisti que poderíamos levar a Morgan, mas ela teimou em ir sozinha. E enquanto a Pepper passou o dia em reuniões eu cuidei da nossa filha em casa.

 

Embora o mundo não seja mais como há cinco anos, decidi reformar o quarto dos bebês sozinho, assim como fizemos enquanto aguardávamos a chegada da Morgan. A diferença é que agora posso pintar tudo de azul porque sabemos o sexo do bebê. 

 

—Não, papai, esse não.— a minha assistente protesta, atrapalhando a minha projeção. Estamos usando óculos de realidade virtual e ela consegue visualizar tudo o que eu projeto —Parece de noite. Mamãe falou azul de bebê.— ela diz escolhendo outro tom.

 

—Ok,  é muito escuro mesmo.— concordo com ela —Mas esse é bonito, parabéns. 

 

—Obrigada. 

 

—Sexta-feira, quais são as opções de adesivo pra parede?

 

Deseja ver os pré-determinados pela Sra Stark?— a IA questiona.  

 

—Pode ser.— repondo e Sexta-feira exibe as opções. Há temas com ursinhos, aviões,  balões e passarinhos. 

 

—Sexta-feira, cadê  minha nuvem e estrela?— Morgan pergunta. 

 

—Só eu que não pré-determinei nada?

 

É o que parece, Sr.— a minha petulante IA responde.  

 

—Filhota a gente pode usar a sua ideia com uma das ideias da mamãe, você prefere avião, balão ou passarinho?  

 

—Balão!— ela responde —Queria andar de balão!

 

—Um dia o papai te leva pra andar de balão…

 

—Jura juradinho?

 

—Juro.— garanto —Mas primeiro vamos pensar na decoração,  a gente vai pintar as paredes com o seu azul.— eu projeto —Desenhar umas nuvens e colar os adesivos de balões coloridos.— gosto da projeção que acabo de idealizar —Gostou, filha?  

 

—Lindo, mas e as estrelas? 

 

—Quando a mamãe decidir quais móveis comprar você escolhe umas luminárias com estrelas, combinado?

 

—Fechado!— ela responde. 

 

Sr. Stark? 

 

—Sim, Sexta-feira?

 

O avião da  Sra Stark acaba de decolar do aeroporto de Los Angeles, as condições climáticas são favoráveis e o tempo estimado de voo até o aeroporto de Hartford é de 2h37min.— a IA avisa. 

 

—Certo, obrigado.

 

—Será que dá tempo de pintar o quarto antes da mamãe chegar? 

 

—Não.— eu rio —Até porque não compramos as tintas, mas dá pra tomar banho e preparar o jantar antes dela chegar.— eu me levanto do chão —Vamos?— tiro os meus óculos e estendo a mão pra ela.

 

—Você tá azul, papai.— ela gargalha —Posso usar sempre esse ósculos, posso tomar banho com ele?

 

—Não, mas eu vou te dar um.— eu a pego nos meus braços e lhe dou um beijo estalado na bochecha —Isso é um ósculo.

 

—Ósculo é beijo na bochecha? 

 

—A palavra significa beijo, não importa o local onde se beija.— eu explico —E isso que usamos pra enxergar são óculos. 

 

—Você é muito esperto, né, papai?

 

—Um pouquinho, filhota, só um pouquinho.— digo caminhando pra fora do quarto. 

 

Estamos na sala, a minha filha está quase dormindo deitada no meu colo enquanto eu assisto qualquer coisa inútil na TV,  mas ela magicamente desperta ao ouvir o barulho dos pneus do carro nos cascalhos do quintal.

 

—Ai, que saudade do meu amorzinho.— Pepper diz ao ser recebida na varanda.   

 

—Você demorou um monte pra parar de trabalhar.— a nossa pequena resmunga. 

 

—Eu sei, mas agora a mamãe vai ficar muito tempo sem viajar pra trabalhar.— a minha esposa diz —Oi, amor.— eu ganho um beijo casto —Tem umas coisas no porta malas, pega pra mim?— ela pede.  

 

Quando chego ao carro e abro o porta malas ele está forrado de sacolas e eu me pergunto se ela estava mesmo trabalhando ou foi até Los Angeles fazer compras. 

 

—Baby, o que é tudo isso?— pergunto ao entrar  com as sacolas. 

 

—Eu apenas tropecei numa loja de roupas pra crianças.— ela encolhe os ombros, parecendo exausta. Pepper abre o zíper na lateral de sua saia, se livra dos sapatos, senta no sofá e apoia os pés na mesa de centro. 

 

—Machucou, mamãe?

 

—Não, filha, não aconteceu de verdade.— ela explica —Quando saí pra almoçar entrei numa loja e comprei um monte de coisas para os seus irmãos. 

 

—E pra mim?— a pequena mostra-se ansiosa.

 

—Pra você também.— ela responde. 

 

Morgan tagarela com a Pepper a respeito do nosso dia, enquanto a mãe exibe tudo o que comprou,  eu ainda me pergunto como ela arrumou tempo. Me perco na quantidade de roupinhas e de "Own' e "Que fofinho" ditos pela nossa menina, e percebo que embora sejam dois meninos a minha esposa tem optado por cores neutras.  

 

—Eu usava roupa desse tamanho quando era um bebê?— a Maguna pergunta segurando um macacãozinho diante de seu corpo.

 

—Usava, você era a bebê mais linda do mundo.— Pepper responde ao beijá-la. 

 

—Mas agora eu sou grande,  vou fazer cinco anos.— ela mostra os cinco dedos da mão. 

 

—É, falta muito pouco agora, mocinha.— eu observo.

 

—Sou uma super-irmã,  a minha tia Nat disse. 

 

—Será que vai ter bolo de aniversário?— Pepper comenta fingindo mistério.

 

—Eu amo bolo!

 

—A mamãe também!— Pepper a puxa em seu colo. 

 

—Não vou amassar meus irmãos, né?

 

—Não vai, não.— Pepper garante e Morgan abraça barriga da mãe. 

 

—Mamãe, nós vamos pintar o quarto dos nenéns!

 

—Então quer dizer que vocês decidiram a decoração do quarto? 

 

—Decidimos, mas não vamos contar.— eu respondo —Não conta, hein, filha?

 

—Tá bom, papai.— ela responde.

 

—Ok.— o meu amor diz condescendente —Mas eu só tenho 19 semanas pra arrumar aquilo tudo, e vou ficar cada vez mais lenta, então vocês precisam ser rápidos.

 

Dezenove semanas.  Já chegamos à metade do caminho, logo seremos cinco.




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pretendo não demorar tanto.

Até mais ♡



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Resgate" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.