Resgate escrita por Tulipa


Capítulo 13
Treze


Notas iniciais do capítulo

Vcs curtiram a novidade, né?

Hahaha. Tem mais.



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⎊ Pepper Potts ⎊

 

 Diferente da primeira vez em que eu não fazia ideia do que estava a acontecendo dentro de mim, porque eu estava preocupada demais com o mundo aqui fora,  no primeiro sinal eu soube o que era. Quer dizer, numa noite estou deitada sobre pétalas de rosas tendo o meu marido lambendo mel sobre meu corpo e na manhã seguinte o cheiro, ainda que sutil, de tudo o que fizemos me causou náusea. Ou no nosso primeiro passeio de veleiro quando comecei a chorar sem qualquer motivo.  Quando Tony me perguntou porque eu estava chorando tive que usar a Morgan como desculpa, claro que eu queria que a minha filha estivesse comigo, mas tinha plena consciência de que estava em lua de mel e ela não caberia em todos os momentos.  

 

Assim como na minha primeira gravidez eu não estava completamente sincronizada com meu ciclo, afinal problemas externos tinham me causado grande distúrbio emocional e tudo refletiu no meu corpo, no entanto,  diferente do que aconteceu quando descobri estar grávida da Morgan, devo reconhecer que, dessa vez, eu fui descuidada. Em minha defesa, se meu marido havia morrido não tinha porque continuar tomando anticoncepcional,  certo? Eu não imaginava transar com alguém tão cedo, eu não imaginava sequer transar de novo e com ele de volta eu vacilei. Vacilamos. E foi tão bom, todas as vezes. 

 

Tive a brilhante ideia de retomar a cartela da minha pílula, a que eu havia deixado de lado quando fiquei viúva, deixei a natureza agir por três dias, e iniciei uma nova cartela.  Eu deveria ter menstruado antes do casamento, e não aconteceu, mais uma vez achei que fosse estresse, afinal tínhamos uma cerimônia pra preparar em poucos dias, Tony queria viajar, eu estava preocupada com o que faríamos com a nossa filha.  Viajamos e voltamos, não houve qualquer sinal de menstruação, tudo o que aconteceu foi o pior voo da minha vida, onde achei que chegaria em solo americano sem nenhum dos meus órgãos internos de tanto passar mal. A única coisa que meu estômago segurou  foi o chá que o meu marido me fez, e então eu apaguei.  

 

Acordei no dia seguinte com a sensação nauseante e ainda exausta, mas não podia passar o dia na cama ou Tony me pegaria nos braços e me levaria ao médico,  com certeza. O meu estômago roncava de fome quando cheguei à cozinha e ouvi minha filha perguntar por mim. Eu devo tê-la assustado, ela nunca me viu assim. 

 

—Bom dia, meu amor.— disse quando Morgan me abraçou. 

 

—Mamãe, acho que tem algum bebê dentro de você.— a minha filha sussurrou ao meu ouvido,  não sei de onde ela tirou aquilo, mas me deixou muito assustada. Desconversei, Tony me interpelou e eu garanti que todo o mal estar havia passado. Era mentira.  

 

Na manhã seguinte o alguém dentro de mim se manifestou super cedo, e quando saí do banheiro Tony havia acordado, fui pega no flagra como uma contraventora. Ele me lançou um olhar como quem sabe o que estou omitindo, casei duas vezes com um homem inteligente, afinal de contas.  Mas sinto que ele não vai perguntar nada, não diretamente, por enquanto, porém seu olhar indica que ele quer que eu conte logo o que está acontecendo. Ele chega a insinuar, de novo, que eu devo ir ao médico porque talvez a causa do meu mal estar sejam as algas da ilha de Vaadhoo, eu ri. Claro que elas não eram radioativas, ele sabe disso.  

 

—Vou ao médico, mas não hoje. Estou esperando uma visita,  se não vier hoje, eu vou.— garanti ainda tendo esperança de que tudo era um delírio e eu estava apenas atrasada.

 

É claro que a minha menstruação não veio.  Quando Natasha esteve aqui ontem à tarde e eu interrompi uma conversa que estávamos tendo pra ir ao banheiro da Morgan ela imediatamente se lembrou de cinco anos atrás. 

 

—Só não é como a primeira vez porque agora tenho plena consciência  do que está acontecendo.— respondi —Mesmo que ainda não tenha feito o teste. 

 

—Ele ainda não sabe, não é?— Nat quis saber.  

 

—Quem não sabe o quê, tia Nat?— Morgan pescou a nossa conversa. Ela estava sentada no chão brincando de boneca,  enquanto nós duas estávamos sentadas na cama dela. 

 

—Seu pai não sabe o que nós vamos jantar, vá avisar pra ele, meu amor.— eu disse. 

 

—Podemos jantar pizza?— a minha pequena perguntou e o serzinho dentro de mim também achou uma boa ideia. 

 

—Podemos.— respondi e a Morgan nos deixou sozinhas no quarto dela. 

 

—Vou até a cidade comprar a pizza,  peperoni , certo?— ela me perguntou. 

 

—Como você sabe o sabor que eu gosto?

 

—Fui sua assistente, lembra?— ela replicou.

 

—Há tipo uns 10 anos e de mentira.— observei —Mas já que você é tão eficiente, vou lembrar os velhos tempos e pedir uma coisa da farmácia. Não que eu precise realmente fazer um teste pra ter certeza.  

 

—Beleza, já que você tem tanta certeza, vou levar a Morgan comigo,  você fica sozinha um pouco com ele e conta a novidade, ok?

 

—Você está maluca se acha que vai andar com a minha filha na sua garupa…

 

—Nós vamos no seu carro.— ela me comunicou.  

 

Desci logo atrás das meninas e Tony questionou o motivo da Natasha ter que ir até a cidade. Nesse momento eu tinha que ter contado pra ele sobre a minha gravidez, mas não fiz. Claro que ele iria querer esse filho,  então eu tinha que ter certeza de que ele existia, por isso decidi esperar pela confirmação do teste.  

 

(...)

 

Acordo antes do meu marido, como tem acontecido nas últimas manhãs,  mas diferente dos últimos dias não estou enjoada, ainda assim pego o teste de gravidez que escondi no fundo da gaveta e sigo as instruções de uso.  Sei que existe um tempo até o resultado ser exibido, então escovo os dentes e lavo o rosto. Mais alguns minutos e ao olhar no leitor digital do teste eu leio a palavra "grávida" e na indicação de semanas há a informação 3+, o que significa que estou grávida de mais de três semanas. Ou seja, eu posso ter engravidado em qualquer momento entre o dia que Tony me pediu em casamento e  quando transamos no meu escritório pela primeira vez depois que o trouxe de volta, isso só uma ida à minha médica poderá confirmar, tudo o que eu quero agora é contar pra ele. Imediatamente tenho uma ideia de como dar a notícia e a coloco em prática. 

 

Subo em nossa cama, me debruço sobre ele e começo a beijar seu rosto, Tony acorda e eu sei que a minha atitude o deixa confuso, ainda mais quando me levanto e peço pra ele vir comigo. Quando saio para o quintal tomo uma lufada de vento em meu rosto, faz um dia frio, Tony protesta um pouco, mas só parei ao chegar ao deck. 

 

—Só me ouve.— peço impaciente, e o envolvo na coberta junto de mim.  Eu sei que ele está preocupado achando que estou doente, e sei que quando ele souber que o que eu tenho não é doença os cuidados serão ainda maiores.

 

—Por que você me trouxe aqui?— ele pergunta.

 

—Porque foi aqui que eu me despedi de você,  dois meses atrás.— respondo e já fica difícil continuar —Eu e a Morgan colocamos seu primeiro reator numa coroa de flores e então você partiu...— começo a chorar.

 

—Mas estou aqui, não estou?  Você me trouxe de volta, minha super-heroína.— meu super-herói diz tentando reter uma lágrima em meu rosto.   

 

—Trouxe.— sorrio —Foi aqui também que nós renovamos os nossos votos, então é aqui que eu quero te dar a maior prova de vida que pode existir…

 

—Você tá me dizendo que…?— ele hesita,   parece se lembrar de como eu o chamei ao acordá-lo. 

 

—Que eu estou grávida.— declaro. O sorriso que ele abre pra mim dissipa todo o nevoeiro.  

 

—Você está esperando um filho meu mesmo?— ele ainda parece meio bobo com a notícia. 

 

—De um fitoplâncton radioativo é que não pode ser.— eu brinco, ele ri. 

 

—Promete, amor?— ele pergunta —Promete que seremos quatro. 

 

—Eu juro, juradinho.— respondo e ele me beija de maneira urgente e depois se torna tão gentil e calmo.  

 

Tony me levanta, me envolvo ao redor dele e sem soltar o cobertor que nos protege do frio formamos um casulo. Ele me leva pra dentro de casa, é cedo e a Morgan ainda está em sono profundo,  com certeza, seguimos pro quarto, ele me põe no chão. Meu marido não demonstra qualquer sinal de cansaço em me carregar por metros e ainda subir uma escada comigo, mas vamos aguardar se ele conseguirá tal proeza daqui seis meses. 

 

—Posso olhar pra você?— ele pede, e eu me desfaço da manta, não estou usando uma de suas camisetas,  mas uma camisa flanelada com botões que ele prontamente abriu exibindo a minha barriga. Pela primeira vez me percebo grávida, há uma certa saliência, mas nada muito evidente, no entanto, Tony me olha como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo, se ajoelha diante de mim e começa a conversar com o meu estômago —Ei,  feijãozinho...— por um bom tempo, ele chamou a Morgan da mesma forma quando soube que ela estava dentro de mim —...Saber que você está aí deu um novo sentido pra minha vida, sabia?— ele começa a chorar eu estou chorando —Eu tô tão feliz, quero viver tanto, já te amo tanto, e isso é muito louco.— sinto um beijo na minha barriga —Tem uma garotinha aqui fora que vai pirar com a sua chegada, você vai adorar ela, a sua irmã,  sua mãe, ela é incrível e o seu pai tenta ser também. Nós seremos um quarteto fantástico, então se prepara, a gente te espera.  

 

—Você é incrível.— digo quando ele se levanta —Eu te amo tanto, obrigada por ser o amor da minha vida.  

 

—Obrigado por me devolver a vida, e ser o meu amor em todas as minhas vidas.— ele me diz, nós nos beijamos. Saboreando cada polegada da minha boca senti que ele me direciona pra nossa cama, Tony me despe, me deita e contempla meu corpo amorosamente e então ele me possui com todo o zelo.  A partir desse momento eu sei que serei envolta em cuidados.

 

(...)



Finalmente agendei a minha consulta pra ter certeza do tempo da minha gestação e também saber se está tudo bem aqui dentro.  Há dois dias estou tentando convencer meu marido de que precisamos esperar pra contar pra Morgan, mas se dependesse dele ela já saberia. Na verdade eu ainda não quero que ninguém sabia. 

 

—Você não viu a carinha dela quando perguntou se podia ter um irmão…

 

—Então, baby,  ela quer um irmão, agora nós vamos dar a ela, por que não contar?— ele me perguntou.  

 

—É cedo ainda, tenho medo de...— não consigo falar,  porque perder qualquer um deles é meu pavor constante. 

 

—Nada vai acontecer, nós vamos te dar muito amor pra ajudar você gerar esse feijãozinho.— ele diz acariciando a minha barriga. Nós estamos na varanda, estou sentada no colo dele, e Morgan está na cabana no jardim. Ela está dando sorte, pois o período das chuvas ainda não começou,  e a cabana ainda está no quintal, mas logo Tony a levará lá pra cima e ficará montada no final do corredor por cerca de 4 meses, ou um pouco mais, até que não haja mais qualquer ameaça de chuva ou neve. —E então?  

 

—Eu não…

 

—Mamãe?!— ouço a minha filha gritar, prontamente eu pulo do colo do Tony, ainda que não seja um grito desesperado —Mamãenhe?

 

—Devagar, baby.— Tony diz preocupado, quando eu desço os degraus com pressa.

 

—O que foi, meu amor?— pergunto ao invadir a cabana. Tony fica parado na entrada, porque um adulto aqui dentro é o suficiente —Filha, o que foi? 

 

—Olha o que eu achei?— ela me mostra uma chupeta,  tão velha e suja que o bico tem um tom marrom chá —A minha chupeta, tava bem lá no meio dos brinquedos.

 

—Que nojo, você não colocou na boca, né?— Tony se manifesta —Larga isso, filha.  

 

Reconheço, a chupeta foi dela, mas Morgan nunca foi apegada a ela,  mas eu nunca a joguei fora, ficou por anos na gaveta da cômoda no quarto dela, e quando a minha pequena teve idade o suficiente pra fuçar as gavetas ela a achou e virou um brinquedo.

 

—Não, papai,  é o mamá da minha filha.— ela diz se referindo a sua boneca favorita. 

 

—Você assustou a mamãe, meu amorzinho.— eu digo —Cadê a sua neném,  vamos dar a chupeta pra ela? 

 

—Ela não chupa mais chupeta, a gente vai dar pro meu irmão.— ela diz. 

 

—O Peter não tem idade pra isso, Maguna. 

 

—Não, papai,  meu irmão que tá na barriga da mamãe.— ela diz, e eu, que estava apenas agachada, caio de bunda no chão. 

 

—Amor, cuidado!— ele me segura pra que eu não caia de costas. O meu espanto é  porque não é a primeira vez que ela demonstra saber que terá um irmão ou irmã. 



—Filha,  quem disse pra você que a mamãe está esperando um bebê?— eu pergunto, ela dá de ombros.

 

—Você tá de verdade?— ela quer saber. Olho pro Tony por cima do ombro, ele me lança um olhar de incentivo. 

 

—Estou.— confirmo.

 

—Jura juradinho?— ela me pergunta. 

 

—Você vai ganhar um irmãozinho.— eu garanto. 

 

—Ou, irmãzinha.— Tony comenta —Parabéns, Maguna do papai,  você foi promovida a irmã mais velha, bate aqui?

 

—Porque já sou grande, né?— ela perguntou batendo na palma da mão dele.  

 

—Grande e linda, vai ser uma irmãzona.— ele comenta. 

 

—Sim!— ela concorda. 

 

—Você está feliz?— eu  pergunto.

 

—Sim!

 

—Que tamanho?— eu quero saber.  

 

—Um monte assim!— ela abre os braços. A reação dela me preocupava,  é claro que a gente ainda vai passar por muita coisa durante a gestação, mas a aceitação dela é reconfortante.

 

—A mamãe também está muito feliz e te ama um monte assim.— também abri os meus braços, e depois a puxei pra mim. 

 

—Devagar, baby...— Tony protesta.  

 

—Filha, fala pro papai vir abraçar a gente, porque está tudo bem. 

 

—Papai, vem dar amor pra gente.— ela pede. E eu amo a maneira dela se expressar. Tony prontamente nos abraça, e eu me sinto no melhor lugar do mundo, entre o meu marido e minha filha, eu poderia morar nesse abraço pra sempre. 

 

(...)



Agora que eu não escondo mais nada de ninguém parece que tudo está mais intenso, a onda de enjoo que me atingiu ao acordar foi  gigante, meus seios estão inchados e doloridos, eu só quero dormir e me sinto irritada. 

 

 —Não me lembrava que o início da gestação era assim.— reclamo ao me sentar na cama depois do banho.

 

—Também não me lembro de ter sido assim, mas logo vai passar.— meu marido tenta ser positivo —Que horas é a consulta mesmo?  

 

—Às 10h.— respondo —Pedi ao Happy pra ficar com a Morgan.

 

—Ela não vai gostar de ter que ficar…

 

—Tony, ela não tem que gostar ou não. É a minha primeira consulta, e já vai ter gente demais, não é um show com plateia.— eu digo e só me dou conta do tom arredio depois. 

 

—Você está querendo dizer que prefere ir sozinha?— ele questiona ofendido e me faz sentir vontade de chorar.  Droga de hormônios. 

 

—Só estou querendo dizer...— claro que a minha voz vacila —...Nada. Eu não quero nada.— me levantei e fui ao closet escolher o que vestir. 

 

Enquanto esperávamos o Happy, Tony deu café pra Morgan, fiquei bem longe da cozinha porque hoje,  especialmente, tudo está me enjoando. Ela também não quis comer, só que diferente de mim, ela não tocou no café porque estava emburrada.  

 

—Mamãe, não quero comer, quero ver os bebês no médico.— ela disse ao sentar no meu colo. 

 

—Meu doce...— respiro fundo —Você não veria nenhum bebê, porque não vamos a um hospital,  essa é só uma consulta pra médica da mamãe saber se está tudo bem comigo e com o bebezinho aqui dentro. 

 

—Mas, mamãe…?— ela choraminga.

 

—Hoje o dindon vai ficar com você,  vai ser rapidinho.— Tony comentou —Mas quando o bebê não for mais um feijãozinho você vai à consulta  com a gente, tudo bem?— ela aquiesce, mas ele não devia ter prometido isso. 



Saímos assim que o Happy chegou. No caminho nos desentendemos a respeito da promessa que ele fez. Pra piorar, ao chegarmos ao prédio do consultório, todos os olhares nos seguiram, então me dei conta de que era a primeira aparição pública de Tony Stark, meu marido, após a morte de Tony Stark,  o homem de ferro. Ele esteve em Manhattan há cerca de um mês quando encontrou Peter pela primeira vez, mas estar no Queens era bem diferente de estar num lugar onde há muita fofoca por metro quadrado. Uma moça no saguão nos encarou tanto que eu achei que fosse tropeçar. Finalmente a secretária da minha ginecologista chamou meu nome e entramos no consultório, o que não significou o fim dos olhares.  

 

—Sim, é ele, Tony Stark em carne e osso.— disse antes que a Dra Paris dissesse qualquer coisa.  

 

—É realmente surpreendente, mas não é ele o centro das atenções aqui.— ela disse —Como vai, Virginia?  

 

—Grávida.— respondi,  ela riu. 

 

—Impaciente, ao que me parece.— ela observou   —O que é normal.— ela apontou as cadeiras pra que nós sentássemos diante de sua mesa. 

 

—Dra. sei que não é o meu local de fala, mas tudo parece muito mais intenso.— Tony se pronunciou, e eu só não discuti porque ele está certo.  Eu estou irritada comigo.  

 

—Cada gravidez é diferente.— a minha médica respondeu —Mas antes de mais perguntas eu preciso de algumas respostas.

 

—Certo.— respondi,  e a Dra me fez algumas perguntas como a data da minha última menstruação, se eu havia interrompido a pílula ou se havia tomado alguma outra medicação nos últimos meses. Contei tudo o que ela precisava saber.

 

—Nessa cartela que você pausou, restavam quantos comprimidos? 

 

—Não me lembro, acho que uns 10.— respondi. 

 

—Antes de retomar a pílula depois de uma pausa de alguns dias o indicado é fazer um teste de gravidez,  e dando negativo, usar camisinha por, pelo menos, um ciclo ao retomar a medicação.— ela diz como se fossemos adolescentes. Eu sabia de tudo isso, realmente sabia, mas estava numa avalanche de acontecimentos, o como numa praia com mar bravo, onde cada vez que conseguia me levantar uma onda vinha, batia na minha cara e me derrubava —Mas em todo caso o único método totalmente eficaz pra evitar gravidez desejada ou indesejada e o celibato. 

 

—Nunca foi uma opção.

 

—Não mesmo.— Tony reforçou meu comentário.  

 

—Então, vamos cuidar desse bebezinho?— ela sorriu pra mim,  assenti. Mudei de roupa e me deitei na maca para o exame. Tinha me esquecido de como era a sensação do gel gelado sobre a minha barriga,  mas a ansiedade ainda era a mesma. Nossos olhares atentos no monitor enquanto a minha médica movia o cursor do ultrassom sobre o meu ventre, nenhum som, nenhum comentário,  e meu coração batia cada vez mais rápido —E a Morgan, está feliz com a novidade? Vocês já contaram?— Paris quis saber. 

 

—Já.— respondi —Ela amou, ela  já está naquela fase de pedir por um irmão, sabe?  

 

—Sei.— ela respondeu —Bem...— a Dra olhou pra mim, pro Tony e pro monitor —E se ela tiver dois irmãos de uma vez? 

 

—Como assim?!— Tony perguntou.  

 

—Dois?!— perguntei sobrepondo a pergunta dele. 

 

—Você está grávida de gêmeos, Virginia.— minha ginecologista anunciou com uma certeza impressionante, e eu agradeci a maca sob mim, ou teria caído, literalmente. Ainda é como estar num mar revolto cheio de ondas.   




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Notas finais do capítulo

Eu disse que tinha mais.

Com esse plot twist decido que a história vai um pouco além do que eu havia planejado, vocês me aguentam por mais um tempinho?

Até mais ;)

Starkisses,

Tulipa.



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