Resgate escrita por Tulipa


Capítulo 14
Catorze


Notas iniciais do capítulo

Ivy, sua lindeza, obrigada pela recomendação eu amei demais ♥



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⎊ Tony Stark ⎊



—Dois bebês de uma vez, é por isso que eu já estou surtando.— Pepper diz entre lágrimas  não consigo decifrar se trata-se de uma dúvida ou constatação.

 

—Em gestação gemelar tudo é muito mais intenso mesmo.— a dra Geller avisa.  

 

—Mas são mesmo dois, tem certeza?— eu pergunto.

 

A Dra confirma com um aceno de cabeça e continua o exame, as mãos da Pepper nas minhas estão frias e trêmulas,  ou talvez seja eu em pânico. Dois bebês. Três filhos. Seremos cinco em vez de quatro e isso é bem louco. É incrível. 

 

—Pelo que eu estou vendo um embrião é  mais desenvolvido que o outro…

 

—Como assim?— Pepper quer saber, sinto a preocupação em sua voz, também me preocupo. 

 

—Um embrião tem cerca de sete semanas e o outro cinco.— ela diz movendo o cursor sobre o ventre da minha esposa —Sabe aquela coisa que você fez com as pílulas?— Pepper aquiesce —Quando você iniciou a segunda cartela já estava grávida, e mesmo grávida, você ovulou o que gerou a segunda fecundação. É o que a ciência chama de superfetação. Serão bebês distintos,  dois meninos, duas meninas ou até mesmo um casal, é um evento bem raro, mas acho que vocês dois estão mais do que acostumados com isso, não é?— assentimos. 

 

Não sei se a Dra se refere a gestação da Morgan num mundo apocalíptico ou ao fato de eu ter morrido e estar aqui. Mas ela está certa, estamos acostumados com fenômenos raros e vamos tirar de letra. Paris terminou o exame e autorizou Pepper a se levantar, ainda bem que eu estava a ajudando, pois ao  ficar em pé ela, literalmente, apagou me deixando desesperado.

 

—Amor?!

 

—Coloque-a de volta na maca.— a Dra falou e eu fiz, ela deixou a maca em posição vertical e logo a Pepper recobrou os sentidos —Ei, moça,  muita emoção?— Paris perguntou, pelo menos havia alguém calmo na sala —Você comeu hoje? 

 

—Não consegui.— Pepper respondeu fraco. 

 

—Bem, daqui pra frente você precisa conseguir,  por três.— a médica avisou —Você consegue levantar e se trocar enquanto peço um chá?

 

—Eu a ajudo.— avisei. Fomos pra outra sala e eu a ajudei a se vestir, ela estava linda, apesar de pálida em seu vestido justo azul-marinho, os saltos não eram o mais indicados,  mas ela teria os lançado na minha testa em casa se eu abrisse a minha boca —Tudo bem?— pergunto e ela se joga nos meus braços. 

 

—Estou apavorada.— ela confessa —Não sei se dou  conta, se meu corpo dará conta.— Pepper levanta o olhar pra mim, eu a beijo em sua testa.

 

—Claro que a gente dá conta, afinal de contas somos dois super-heróis, não somos? 

 

—Fomos.— ela corrige. 

 

—Bem, pra esses dois serzinhos e pra mocinha em casa nós sempre seremos.— eu afirmo —Agora você precisa comer alguma coisa, vamos?. 

 

—Camomila.— a Dra diz ao apontar pra caneca fumegante sobre sua mesa, há algumas bolachas também —Esse chá é um ótimo aliado pra enjoos e ansiedade durante a gestação.— ela avisou quando novamente nos sentamos à sua mesa. Enquanto a Pepper comia e a cor voltava às suas bochechas,  a Dra continuou com a consulta, nós fizemos dezenas de perguntas, todas respondidas, Paris pediu alguns exames e fez algumas indicações. —Não necessariamente gêmeos nascem mais cedo, mas pode acontecer, e por causa da diferença de idade fetal nós vamos tentar levar essa gestação até a 39°, ok?

 

—É uma gravidez de risco então?— Pepper perguntou preocupada. 

 

—Não posso afirmar isso antes de ver os seus exames.— a Dra respondeu —Mas conhecendo o seu histórico, acredito que será tão tranquilo quanto a gravidez da Morgan.

 

—Mas eu não tenho mais a idade que tinha quando engravidei a primeira vez.— Pepper observa.

 

—Alimente-se bem, continue fazendo seus exercícios,  só que de maneira mais moderada agora, e tudo ficará bem.— a Dra garantiu —Vou pedir pra minha secretária agendar a sua próxima consulta pra daqui duas semanas, assim dá tempo de você fazer todos os exames.

 

—Tudo bem.— Pepper respondeu —Eu posso ligar se surgir alguma dúvida? 

 

—Claro.— a Dra Geller respondeu —Nos veremos e nos falaremos muito nos próximos meses.— ela garantiu.  

 

Deixamos o consultório,  e evitamos três elevadores lotados de pessoas.  É estranho dizer isso, porque eu morri pra que todas elas estivessem aqui, mas até andar de elevador num  mundo com menos gente era mais fácil. 

Quando chegamos ao hall, havia um certo burburinho,  os olhares que eu havia percebido antes agora não eram mais discretos,  dedos e celulares apontados na nossa, na minha, direção e eu sabia o motivo.  

 

—É  ele mesmo.— ouvi algumas vozes dizerem. 

 

—Como pode?— outras questionavam. 

 

Me arrependi de ter deixado o carro com o manobrista, se tivéssemos subido pela garagem do prédio até o consultório quando ninguém nos veria e evitaria o que  veio a seguir. Havia dezenas de repórteres na porta, o que atrapalhou o trajeto até o carro, flashes, perguntas, câmeras esperando um pronunciamento.  

 

—A informação que chegou até a nossa redação é verdade, Tony Stark, o homem de ferro, está mesmo vivo.— uma repórter afirmou, senti a mão da Pepper apertar a minha.

 

—Sr. Stark, foi amplamente divulgado que o Homem de Ferro havia se sacrificado pra salvar o mundo e trazer de volta as pessoas que haviam sido blipadas, como você explica o fato de estar vivo?— uma loira perguntou e todos os celulares foram direcionados pra mim. 

 

—Bem, você acaba de afirmar que foi o Homem de Ferro quem se sacrificou, certo?— repliquei com outra pergunta. 

 

—Mas Tony Stark e o Homem de Ferro não são,  ou eram, a mesma pessoa?— um rapaz questionou. 

 

—Tony Stark está vivo, e o Homem de Ferro está morto.— afirmei —Tire as suas próprias conclusões.  

 

—Com essa declaração o Sr. afirma que nunca foi o Homem de Ferro? 

 

—Afirmo que o Homem de Ferro viveu o suficiente pra cumprir a sua missão, agora eu preciso viver a minha vida.— afirmei —Com licença.

 

Puxei a Pepper pra junto de mim e tentei protegê-la como pude entanto abria o mar de jornalista pra chegarmos ao carro, o valet havia deixado a porta aberta, e com ela segura  respirei mais aliviado. 

 

—Você enganou todo mundo esse tempo todo, Tony Stark nunca foi o Homem de Ferro.— um jornalista acusou enquanto eu dava a volta no carro pra poder sentar no banco do motorista.

 

—O que eu fui, o que eu fiz já não interessa mais,  todo mundo está aí, não está?— rebati —Mas você está certo, Tony Stark nunca foi de Ferro,  só um homem, um cara normal, que descobriu que só quer uma casa que ninguém exploda, esposa e filhos. Vai me julgar por isso?— questionei ao abrir a porta, ele nada respondeu  —Aproveite a sua vida, nem todo mundo tem mais de uma chance.— eu disse, entrei no carro, bati a porta e arranquei.  

 

Durante todo o caminho até em casa perguntei várias vezes se Pepper estava bem, se no empurra-empurra ninguém a acertou na barriga e ela me garantiu que não.

 

—Como assim vocês saem sem me dizer que estão esperando um bebê?— Happy nos recebe na varanda com uma bronca. Com certeza a Morgan não parou de tagarelar nos ouvidos dele. 

 

—Porque não é um, são dois.— respondo.

 

—Puta merda!

 

—Happy!— Pepper o censura porque a nossa filha está bem aqui. 

 

—São dois mesmo?— ele pergunta, confirmamos. 

 

—Mamãe você viu os bebês?— Morgan questiona.

 

—Sim, a mamãe viu.— Pepper se curva pra pegá-la no colo. 

 

—Baby,  melhor não, né?— aconselho,  afinal a Morgan já não é mais tão leve, mas ela me ignora. 

 

—Como você sabia que eram dois bebês, filha?— ela caminha pra dentro de casa e logo se senta no sofá com a nossa filha ainda em seu colo. Morgan dá de ombros como  no episódio da chupeta —Mas você está feliz com dois irmãos?

 

—Sim.— ela sorri —E o Peter também ainda é meu irmão, né? 

 

—Com certeza,  você está cheia de irmãos agora.— eu digo a ela. 

 

—Vou subir pra trocar de roupa enquanto as roupas que tenho ainda me servem.— Pepper avisa. 

 

—Vou com você, mamãe.

 

—Andando, tá,  filha.— aviso —A sua mãe não vai subir essas escadas com você no colo de jeito nenhum.— olho bem firme pra Pepper, ela me olha com um pouco de raiva em retorno, mas acata o que eu acabo de dizer. 

 

Me sento na poltrona onde ela estava, Happy se senta no sofá —Obrigado por hoje.— eu agradeço.. 

 

—Me chamem sempre que precisarem, pelo visto vai ser bastante daqui pra frente.  

 

—Acho que está na hora de termos mais gente pra ajudar, isso sim, uma babá de verdade…

 

—Epa,  espera aí,  eu sou de verdade.

 

—Só não é uma babá.— observo  —A Morgan é só uma e faz o que quer com você, imagina 3 dela? 

 

—Três meninas já pensou, Tony?— ele indaga —Bem, você sempre gostou de estar rodeado de mulheres, não é mesmo? 

 

—Quando a minha vida era vazia, eu achava que tinha algum sentido ter várias,  mas depois me dei conta de que uma era o suficiente.— digo me referindo ao amor da minha vida. 

 

—Mas se essa uma te der mais três, não há do que reclamar.— ela comenta eu sorrio.  

 

—Não mesmo!

 

—Como você está se sentindo?

 

—Vivo pra caralho.— afirmo. 

 

—Por falar nisso, Peter  me mandou o vídeo da saída do centro clínico,  está em todos os lugares.— ele diz. 

 

—Imaginei que estaria.— eu digo,  pensando que eu e Pepper não tivemos tempo de  conversarmos sobre a confusão —Mas o que está feito, está feito. Preciso preparar o almoço, me ajuda? 

 

—Gostava mais quando eu saía pra buscar hambúrgueres.— ele reclamou.  

 

—Só que a Pepper não pode ficar comendo essas porcarias,  cara.

 

—Então eu acho que vocês, agora, precisam mais de uma cozinheira do que de uma babá.— ela observou.  

 

—Eu super concordo.— Pepper comentou descendo as escadas —Mas com fome que estou não posso esperar a contratação de uma. 

 

—E o que você quer comer?— perguntei. 

 

—Sei lá. 

 

—Nenhum desejo?— pergunto, ela move a cabeça em negação. 

 

—Eu tenho um desejo, papai.

 

—Qual é o seu desejo, minha princesa?  

 

—Quero macarrão com arvorinha, frango e batata laranja...— ainda aguardo mais detalhes.

 

—Batata laranja?— Happy indaga confuso.  

 

—É a maneira como ela chama cenoura.— Pepper informa.  

 

—...Aquele macarrão que a gente come com o palito, papai. 

 

—Yakisoba?— Happy perguntou.  

 

—Huuumm, filha, que delícia. É isso, amor, eu quero!

 

—E depois picolé!— Morgan bate palmas. 

 

Nós fizemos o almoço a oito  mãos, mas Happy e Morgan mais atrapalharam do que ajudaram. E pra quem no início não sabia o que queria Pepper comeu bastante e não enjoou, e depois passou o resto do dia grudada na nossa filha enquanto eu recusava todas as ligações da assistente dela. Algumas publicações tentavam a todo custo uma exclusiva sobre a minha "ressurreição" ou esperavam que eu revelasse ter mentido sobre ser um super-herói por todos esses anos. Recusei todas as propostas, tudo o que eu precisava dizer foi dito mais cedo, e agora eu estou no lugar de onde nunca deveria ter saído, ao lado delas, agradecendo por quase ninguém saber o endereço do nosso refúgio. 

 

—Confesso que estou com um pouco de ciúme desse grude.— digo enquanto assisto a minha esposa ninar a nossa filha.  

 

—Acostume-se, vou ser dela o máximo que eu conseguir pra que ela não se sinta preterida com a chegada de dois bebês.— ela informou. 

 

—Acha que será difícil?

 

—Seria difícil se fosse apenas um, mas são dois.— ela obervou —Será insano.  

 

—Eu já tive medo de não ter ninguém, agora tenho quatro amores, tem noção?— eu indagou enquanto afago os cabelos castanhos da minha menina, Pepper aquiesce. 

 

—Lembra quando ela era apenas um bebezinho e você passou dias dormindo aqui com medo dela sumir?— minha esposa pergunta, confirmo —Eu fiz o mesmo mêses atrás, porque também não podia perder mais ninguém, e agora nós somos cinco. 

 

—Cinco Stark, o mundo até parece bom, não parece? 

 

—Parece maravilhoso.— ela responde —Mas por falar em cinco Stark, o que você vai fazer agora que todo mundo já sabe sobre a sua volta?— sinto preocupação na voz dela. 

 

—Vou fazer o que tenho feito,  viver como tenho vivido, construir uma casa da árvore no quintal, continuar ensinando a Morgan a ler, levar ela pra escola, cuidar de você…

 

—E de dois bebês…

 

—E de dois bebês.— confirmo. 

 

—Então você será nossos em tempo integral?— ela indaga —Eu gosto disso, mas…

 

—Mas?

 

—As pessoas podem não reagir tão bem, elas podem ser agressivas como a imprensa.— ela diz receosa,  e eu me dou conta de que em algum momento durante o dia ela foi buscar pelas matérias, com certeza sensacionalistas, sobre eu estar vivo.

 

—Você quer dizer ingratas como ele? Eu tô acostumado com a ingratidão,  Pep.— eu digo —Meu compromisso não é com eles, é com vocês. 

 

—Um herói só nosso, eu tenho muita sorte.— ela sorri sonolenta. 

 

—Seu, inclusive a gente pode repensar a ideia da babá,  uma cozinheira e alguém pra limpar a casa está ótimo.

 

 —Uma equação que não fecha, três crianças e dois pais.— ela riu —Mas a gente não precisa de uma babá agora, temos o Happy.— Pepper bocejou.  

 

—Vamos pro nosso quarto, Sra Stark, ela já dormiu faz tempo, você está quase. 

 

—Está tão bom aqui.— ela disse manhosa, claro que pra ela está ótimo, elas estão virada uma pra outra a Morgan está perfeitamente encaixada nela, mas eu estou quase caindo da cama. 

 

—Se vocês estivessem na nossa cama poderíamos ficar todos, mas três é demais pra uma cama de solteiro.— observo —Você já foi bastante dela hoje, vem ser um pouco minha?  

 

—Pedindo com essa cara, desse jeito.— ela diz. Pepper beija a testa da nossa filha e se levanta,  faz frio, mas eu percebo que ela está usando uma das minhas camisetas, ao contrário do que aconteceu nas últimas noites. 

 

—Mudou de pijama?— pergunto após dar um beijo de boa noite na Morgan e deixarmos o quarto dela. 

 

—Depois do banho, me dei conta de que tenho que voltar a usá-las agora antes que eu estique e alargue todas elas. 

 

—Três pessoas usando uma camiseta minha de uma vez.— sorrio, porque é mágico demais —Você pode alargar todas elas, não vou ligar. 

 

—Já disse que te amo hoje?— ela me perguntou, movi a cabeça em negação —Então eu vou apenas mostrar.— ela me beijou, a peguei nos braços e a levei pra nossa cama. Então foi a minha vez de niná-la até que ela pegou no sono.


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Notas finais do capítulo

Oie, só alguns esclarecimentos. A Morgan não é médium ou coisa do tipo, tá? Não sei se vcs convivem com crianças, mas algumas tem uma sensibilidade mais apurada o que gera certas "previsões".
Essa questão da superfetação existe, real oficial, deem um google se quiserem saber mais.

Até o próximo capítulo ♥



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