Amor Perfeito XIII escrita por Lola


Capítulo 53
Não é ninguém


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Alice Narrando

Assim que acabei de almoçar procurei Yuri. Precisava de alguma coisa para me distrair para que eu não caísse em uma tristeza profunda.

— Olá. – falei quando o achei jogando totó com uns garotos que eu não conhecia. Ele me olhou e sorriu. – Queria falar com você.

— Tá. – ele parou de jogar e saímos andando para fora da sala de jogos.

— As meninas contaram que você atacou meu irmão por ter ciúme de Sofia.

— Não é isso. Você já reparou que o Kevin é completamente fofo com o Murilo? E vice versa.

— Engraçado você trazer isso a tona logo no dia que a Soph decidiu dar em cima dele...

— Como se eu me importasse com o que aquela palhaça faz. Foi ridículo. Não tem nada a ver fazer isso, eles nem tem clima nenhum mais.

— Então... Ela fez pra te provocar e conseguiu. – sorri.

— Hã?

— Sofia é louca por você Yuri, já tem um bom tempo. Você ficou nessa de querer a irmã dela, isso acabou com ela. Parece que ela está tentando te demonstrar o quanto doeu.

— Mas... – ele precisou de um bom tempo para assimilar e digerir tudo. – Ela estava mesmo afim de mim, eu sei, mas pensei que fosse apenas algo ocasional. Não imaginava que existia sentimento.

— Existe. E não é pouco. O que já ouvi Sofia suspirando por você por aí... Ela ficou muito mal com todo o seu interesse por Larissa.

— Não dá para escolher quem vamos sentir atração. Só que agora eu estou querendo Sofia... De tanto ela ficar me cercando, tratando bem, mostrando interesse e elogiando... Ela conseguiu.

— Não precisava nem dizer. Todo o seu ataque ao meu irmão foi puro ciúme. Pelo que Otávia contou foi ridículo, estou bem decepcionada com você Yu.

— Mas...

— Mas nada. Já se colocou no lugar deles? Já parou pra pensar que se eles realmente têm alguma coisa, existem barreiras que eles precisam ultrapassar sozinhos antes de estarem expostos a todos dessa forma?

— Eu não falei sério. – ele me olhou chocado. – Só queria que ele saísse de perto dela.

— Foi por isso que te contei do que Sofia sente. Não precisa disso. Ela não está querendo Murilo. Você vai deixar meu irmão em paz né?

— Eu estou mal agora. – ele suspirou entristecido. – Era bem visível, mas ainda assim eu achava impossível.

— Eu não afirmei nada.

— Nem precisa. O que você disse entrega tudo. Parando pra pensar faz todo sentindo, a explosão do meu irmão explica tudo. Ele nunca explodiu assim, além daquele dia com o seu pai.

— Posso te pedir uma coisa? – ele me olhou preocupado. – Evita falar dele, por favor.

— Tudo bem, desculpe. – respiramos fundo praticamente juntos. – O que eu vou fazer? Pedir perdão ao Murilo e ao Kevin?

— É o que você está sentindo vontade de fazer? – ele concordou gestualmente. – Então peça.

— E a Sofia? – dei uma leve risada. – Ah, qual é Alice, você é a minha conselheira. Tem que me ajudar.

— Não sei Yu. Tivemos essa festa logo no meio da semana... Amanhã é sexta, com certeza todo mundo vai ficar conversando até tarde, se tiver bebida melhor ainda... Aproveita e chega nela, você sabe que não será rejeitado. Só que pensa antes de falar as coisas e vai com calma.

— Ok. Farei isso sim. – sorri para ele.

— Vou lá cuidar das plantas. – me despedi dele. Fiquei bem mais aliviada, primeiro porque conversei sobre tudo que Otávia me contou mais cedo e segundo por ter ajudado ele e Soph. Com certeza depois que eles ficassem ela viria até a mim e contaria por três ou quatro vezes e iria fazer várias suposições do que aconteceria dali adiante e isso também me ajudaria a distrair. Acho que a pior parte da fase ruim estava começando a passar.

Murilo Narrando

Estava deitado com Kevin e ríamos de alguma besteira, ainda era um pouco cedo então para conseguir não pensar em beija-lo decidi jogar.

— Você tá vendo meu celular? – perguntei o olhando.

— Tá aqui. – ele me entregou depois de passar a mão na cama e eu abri o jogo, mas antes diminui a luminosidade do aparelho e ele ficou me olhando.

— O que foi? – perguntei e o olhei.

— Nada. Vai jogar? – fiz sinal positivo.

— Não que você não seja mais interessante, é até demais. – olhei para um senhor entrando. Ele deu uma risada.

— Corrida de rua? – ele perguntou e sorriu.

— São traficantes. Tenho que tomar o território deles. - ele riu mais ainda. – Adoro esse joguinho, faz tempo que não jogo.

— Mentira, outro dia estava fazendo isso na sala.

— Não era esse. Estava bolado contigo, não iria conseguir passar nenhuma barreira, era um jogo mais calminho.

— Olha só... Eu interfiro em tudo. – o olhei de lado e voltei a me concentrar. – Estou te atrapalhando né?

— Seu ex namorado não gostava? – perguntei continuando a jogar.

— Jogos? – ele me olhou franzindo a testa.

— É né Kevin.

— Acho que não. – ele respondeu após pensar um pouco.

— Não o conhecia o bastante?

— Não posso dizer que sei tudo sobre ele, apesar de saber muita coisa.

— Mas isso é algo bem básico. Que namoro era esse?

— O namoro que tem drama demais e momentos assim de menos. Nós dois com um psicopata atrás da gente temos menos drama.

— Vocês ficavam juntos, ele pirava e você se esforçava para entendê-lo, sempre nesse ciclo? – o olhei.

— Basicamente. – voltei a jogar. – Por que estamos falando dele se te incomoda tanto?

— Incomoda você? – ele ficou pensando. – Caralho eu amo isso. – escapei de um canhão com muita estratégia e ele riu.

— Adrenalina?

— Distração.

— Por que está precisando se distrair?

— Você ainda não me respondeu. Incomoda que eu fale do seu ex namorado?

— Um pouco. Por eu saber que você tem ciúme. Por que tá falando dele? E do que está se distraindo?

— Estou me distraindo da vontade de beijar sua boca. – fiquei o olhando.

— Vou ter que perguntar de novo? – não respondi e ele tirou o aparelho da minha mão.

— Caralho Kevin! Eu estava... – ele não me deixou terminar de falar.

— Por que está falando dele Murilo? – ficamos nos olhando. – Você tá com ciúme, estou vendo no seu rosto. Por que vem com isso?

— Porque isso existiu eu falando ou não. – ele parecia não entender. – Quero saber como foi, como era o jeito dele, como era com vocês dois, tudo. É ridículo. Não sei o que fazer, só penso nisso.

— E eu só penso em você. É injusto, sabia?

— Eu sei, eu não queria que fosse assim. – admiti sendo o mais sincero possível.

— Não sei mais o que faço para te fazer entender que ele não é importante pra mim.  

— Só me aguenta. – o olhei de um jeito manhoso. – Você é conhecido por não ter muita paciência e eu vou dar mais ataques de ciúmes, mas vai passar.

— Tá. – ele pegou meu celular no criado. – Toma.

— Não quero mais jogar. – me aninhei a ele. Ele voltou com o aparelho para o lugar anterior e começou a me fazer carinho. Só não esperávamos que a manhã já começaria daquela forma.

— Murilo! – ouvi me chamarem e abri o olho de forma sonolenta. Era a minha mãe. Caralho. A minha mãe. Kevin suspirou pesado tentando se afastar de mim. – Posso saber o motivo de você estar agarrado ao seu primo igual sua irmã se agarrava ao Tobias quando era criança?

— Quem é Tobias? – olhei para Kevin e vi que ele não estava prestes a enlouquecer e isso era muito estranho.

— Um urso que ela tinha. – respondi e voltei a olhar pra minha mãe.

— Ela não tinha, ainda tem. Só não dorme mais com ele. Responde Murilo.

— Estávamos conversando e acabamos dormindo, sei lá mãe... Eu estava dormindo. – tentei aparentar o máximo de tranquilidade. – Talvez, só por uma hipótese remota, toda essa situação, o abrigo e esse isolamento social, estejam afetando meu cérebro, consigo aguentar o Kevin por mais de quinze minutos... É bem mais fácil quando ele tá calado e dormindo, acredite.

— Isolamento social? A cidade quase toda está aqui. E vocês nunca ficaram tão grudados. O seu pai já te falou que não gosta disso, desculpa Kevin, mas você é um problema.

— Ah, sim, claro. Eu sei disso.  – aquilo de alguma forma parecia tê-lo ferido.

— Não se faça de coitado. Você conhece bem os seus traços tóxicos.

— Traços tóxicos. – ele se levantou e eu não podia segura-lo se não ela iria desconfiar. – É bem forte dizer isso.

— Também é bem forte tudo o que você já fez, principalmente a minha filha.

— Ela já o perdoou mãe!

— Não importa, ela é uma adolescente que não sabe de nada ainda. Igualzinho a você. – nos olhamos e eu não consegui conter minha raiva.

— Você não tem noção do filho que tem. – senti um aperto enorme no peito ao ouvir as palavras de Kevin. Não passavam da pura verdade. – Ele só faz o que esperam dele, porque nunca esperam menos que o pior. Eu nunca tive pai e mãe como exemplo, mas vocês todos erram muito como pais. – ele saiu a deixando revoltada.

— Quem ele acha que é para me dar lição de moral?

— Ele não está te dando nenhuma lição de moral, está dizendo o que pensa.

— O que ele pensa não faz nenhuma diferença. Ele não cria os meus filhos. Ele não é ninguém.

— Exatamente mãe, ele não é ninguém. – não sabia se aquela conversa podia tomar um rumo mais doloroso.

— Vim porque estou preocupada com sua irmã.

— Também estava, mas ela está bem.

— Murilo? – ela tentou chegar mais perto de mim.

— Sai. Quero dormir mais.

— Você... – a interrompi.

— Não quero brigar com você. Por favor, me deixa dormir.

— Por que você ficou mal assim? Por que eu disse verdades ao Kevin?

— Você gostaria que alguém tratasse o seu filho igual você o tratou?

— Você não deu motivos para isso.

— Dei. Você sabe que eu sempre dei.

— As garotas se envolvem com você porque elas querem.

— Aí que tá mãe, a Alice se envolveu com ele porque ela quis. Aceita isso de uma vez por todas.

— Não vivi para ver você virar advogado do Kevin!

— Não é questão de defendê-lo, é o óbvio. Você e o meu pai só não enxergam porque não querem. Eu sinto muito pelo que aconteceu com Alice, mesmo. Mas a culpa não é só dele. Ela se deixou conquistar.

— Parece que o poder de conquistar dele é realmente incrível.

— Não fala sobre o que você não sabe. Não é de hoje que somos amigos.

— O que também era de se esperar, você sempre gostou de desobedecer.

— Tá bom mãe, agora isso virou um ataque a mim. Posso dormir?

— Pelo menos cuida da sua irmã. Você prometeu que nunca deixaria de fazer isso. – ela me olhou por um tempo e depois saiu.

Fechei os olhos tentando dormir e vi que isso não seria possível já que a raiva tomou conta de mim. Ela achava que ele não era ninguém, mal sabia ela que para o filho dela ele era tudo. A forma agressiva como Kevin foi confrontado me deixava preocupado, mas a minha raiva ainda conseguia ser maior.

— Eu te achei. – fechei os olhos de novo. – Vem até a minha sala. – levantei antes que ele saísse.

— O que ele fez? – perguntei extremamente preocupado, ele me olhou parecendo não saber do que exatamente eu dizia.

— Ele deveria fazer algo? – Caleb jogando, como sempre.

— O que você quer?

— Ter uma conversa. Vai ser rápido. – seu sorriso ficou ainda mais maldoso quando ele notou que as coisas não estavam indo bem. Assim que ele saiu peguei minha escova de dente, se ele queria falar comigo iria esperar, ele não era nenhum dono do mundo para ter tudo o queria na hora que queria.

— Preciso falar com você... – olhei para Yuri do espelho do banheiro.

— Sobre? – acabei de escovar dente e lavei meu rosto. Ele não falou nada e vi que estava bem sem jeito. – Não precisa se desculpar. Você só verbalizou o que todo mundo pensa.

— Mas eu não tenho nada a ver com isso. Falei por ciúme da Sofia, eu to bem afim dela.

— Você fica ridiculamente idiota quando está querendo alguém.

— Vai me desculpar?

— Tá, agora tenho que ir. – ele saiu ao meu lado. Vi Kevin sentado com todo mundo no refeitório, evitei olhar para ele para não ficar pior do que eu estava.

— Não vai tomar café? – Arthur perguntou e percebi que ele e Rafael estavam de boa.

— Não. – fui rápido até a sala de Caleb. Pela sua cara ele já estava puto por me esperar. Não demonstrei preocupação alguma e ele se preparou para começar a falar.


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