Amor Perfeito XIII escrita por Lola


Capítulo 35
Manipulando os fatos


Notas iniciais do capítulo

A partir de agora vai ter narração de outros personagens, começando com Murilo aqui na versão da Alice e Kevin na versão do Arthur, mas ainda terão de todos os outros.
Boa leitura ♥



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Murilo Narrando

Não precisei andar muito para conseguir encontra-lo... Lá estava ele sentado no encosto do banco.

— Um bom malandro como você deveria saber que nunca pode ficar de costas para o incerto. – falei me sentando ao seu lado.

— O que você quer? – ele perguntou de forma grosseira enquanto balançava algum objeto que nem perdi o tempo de ver o que era.

— Conversar. Mas se continuar me tratando assim eu vou querer quebrar sua cara. – ele ficou me olhando e depois riu. Respirei fundo. – Eu agradeço por ter me contado sobre o que Arthur fez com Alice e eu sei que não fez isso por sentir algo por ela e sim porque queria que eu batesse nele. – ele riu mais ainda. – Isso tem que parar Kevin! – ele ficou em silêncio como eu achei que ficaria.

— O que você quer de mim? – ele me olhou e eu fiquei procurando em seus olhos algo que eu conseguisse fazer com que ele parasse com aquilo.

— Que você deixe minha irmã fora dessa rivalidade. Na verdade eu queria que você entendesse que Arthur não é seu inimigo e parasse de viver em função de ataca-lo.

— Você não sabe o que eu sinto em relação a isso tudo.

— Eu sei. Lembro quando isso começou... – suspirei. – Não é só pelo seu pai né?

— Todas as vezes que a gente estava jogando ou brincando ou fazendo algo junto ele sempre tinha que aparecer... Roubar sua atenção ou até mesmo te chamar para fazer outra coisa.

— Você deveria odiar Ryan, Alê e Yuri, porque eles também apareciam.

— Mas eu já tinha motivos suficientes para odiá-lo.

— Para com essa perseguição Kevin. Você tem noção que minha irmã está se apaixonando por você?

— Não jogo para perder.

— O seu pai te ama. Ele não prefere o Arthur. Eu sou seu amigo, se a minha amizade é tão importante pra você porque não se aproximou mais de mim?

— Temos gostos diferentes. Tudo meio que nos afastou. – ele deu de ombros.

— A gente pode mudar isso. – olhei para ele. – Gosto de você. Todos sempre falam que eu sou tão esperto quanto você, que só eu te entendo e não sei mais o que...

— Por que gosta de mim se todo mundo me odeia?

— Seu jeito. Você não é igual aos outros. – suspirei pesado. – Alê me cansa com suas piadas, Yuri às vezes é muito lento e Ryan é o mau humor em pessoa. E se tá se perguntando, nem pensei em Arthur porque pra mim ele é mais um irmão mais velho INSUPORTÁVEL que um amigo. – ele não aguentou e riu.

— E o que faz de mim diferente?

— Você está de brincadeira né?

— Estou tentando entender.

— Kevin... Lembra quando você quase caiu daquele barranco enorme perto da minha casa e eu te salvei? – ele me olhou sem entender. – Aquele dia você disse que me devia sua vida, claro, exagero de criança, mas eu lembro que me prometeu que eu tinha um pedido com você que você não poderia negar. Estou usando ele agora. Deixe Arthur e Alice em paz. Basta tudo o que você já fez. - ele ficou calado. – Sei que você é cabeça dura e é frio pra caralho. Mas você tem palavra. E você vai fazer isso. – me levantei.

— Eu não sou frio. – ele falou antes que eu fosse. Coloquei as mãos no bolso do meu moletom e parei pensando um pouco no que havia acabado de ouvir.

— Que bom que você ainda tem uma chance de mostrar isso.

— Como se alguém se importasse.

— Eu me importo. – nos olhamos. – Carente. – sorri e sai andando.

— Playboy idiota. – ele falou antes que eu não pudesse mais ouvir. Dei uma risada e balancei a cabeça negativamente. Todo esse tempo a mais lerda de todos era a que estava certa. Kevin só precisava de amor e carinho.

Alice Narrando

Custei a dormir, mas acordei um pouco após o horário habitual, já que era sábado. Peguei a roupa e minha nécessaire para me trocar e escovar os dentes no vestiário e encontrei Gio na volta, ela parecia bem abatida.

— O que foi amiga? – perguntei demonstrando minha preocupação.

— Alê e eu terminamos. – ela suspirou. – Iriamos fazer seis meses de namoro.  

— Por que terminaram? – ela andou me acompanhando e entrei em meu dormitório e guardei minhas coisas.

— Na verdade ele terminou. Disse que não estava sendo sincero comigo, que sentia atração por outra pessoa. Sei que é a Larissa, mas eu a fiz prometer que não vai ficar com ele.

— Por que você fez isso se o seu namoro já acabou? – ela me olhou espantada enquanto íamos para o refeitório.

— Você tá brincando né? – ela deu uma risadinha ácida. – Eu o amo. Ele e eu éramos um casal. Se for mesmo ela quem ele está sentindo atração, o mínimo que ela tem que fazer como minha amiga é dizer não a ele.

— O Kevin tá tão bonito hoje. – comentei ao vê-lo na fila um pouco mais a nossa frente.

— Você virou uma egoísta! Estou aqui me abrindo e desabafando, você não dá a mínima.

— Desculpa. É que ele me deu um fora ontem... Ainda estou lidando com isso. Mas com certeza o seu drama é bem maior.

— Você tá caidinha pelo Kevin! – ela abriu a boca em assombro. – Em um mundo que existe Arthur... – ela olhou enquanto ele chegava e a maioria das meninas e mulheres olhavam também. – Até daria em cima dele, se ele ficasse com alguém.

— Vocês santificam demais o Arthur! – nos sentamos perto dos nossos amigos.

— Já estamos sabendo da novidade! – Soph falou e olhou Gio e depois Alê que também estava bem pra baixo.

— Tá cheio de gatinhas aí... Estamos presos aqui mesmo, vamos aproveitar. – Yuri cutucou o amigo com o ombro.

— A gente poderia mudar de assunto? – ele questionou visivelmente incomodado. Alê parecia chateado, isso era bom, significava que ele tinha alguma consideração por Giovana.

— Vai ter uma celebração de alguma coisa daqui a pouco.

— É meio que uma missa solene pelas mortes que houveram até agora pela doença. Os números já passam de cinquenta.

— E somos obrigados a participar?

— Credo Murilo! Quanto frio você é para não dedicar alguns minutos do seu tempo para desejar que algumas almas descansem em paz? Podia ser a gente. – assim que acabei de comer Fabiana fez um sinal para mim. Ela beijou meu irmão e avisou que iria lá para fora de uma vez e então a acompanhei.

— Você precisa conversar com Murilo. – a olhei. – Ele está muito magoado e nervoso com Arthur. Sei que ele errou, mas o fato de vocês estarem... Naquele clima... Ele acha que Art passou dos limites e você precisa explicar que deu permissão para isso.

— Eu realmente dei? – paramos. Observei o pequeno palco um pouco a frente. As pessoas aos poucos se juntavam, era a parte lateral oposta a que ficava a horta e a estufa.

— Acho que ele jamais faria algo sem permissão, principalmente contigo.

— Mas não era ele... Se você o visse entenderia. Eu o pedi para parar.

— Ele foi violento Alice? – ela arregalou os olhos.

— Não. – suspirei. – Tenho que ser honesta. Eu quis. Talvez aconteceria de qualquer jeito.  – a olhei. – Não posso e não consigo mentir para você. Vou falar com Murilo.

— Obrigada. Fico mais aliviada sabendo disso. – vimos Alícia passar com Giovana. – Alícia está chateada porque Arthur deu um fora nela e Giovana acabou de ficar solteira... Acho que as duas estão se lamentando juntas. – não falei nada, apenas apontei para as cadeiras de plástico e nos sentamos.

— Ei. – Otávia nos cumprimentou se sentando ao lado de Fabiana. – Deixa eu ficar no meio? – ela perguntou olhando para ela. Eu estava na beirada e sabia que ela brigaria pelo lugar do meio.

— Você é muito mimada amiga. – comentei enquanto ela trocava de lugar com Fabiana.

— Por que o Ryan está me olhando fixamente com aquele olhar estreito e sedutor? – ela perguntou vermelha e quase sem ar.

— Não viaja. Ele olha assim para todo mundo. – vi Arthur chegar. Ele se direcionou ao palco e ajudou meu pai e o tio Gu com alguns fios, caixas de som e mais algumas coisas.

— Eles tentam afastar o Arthur, mas já esqueceram da surra. – Otávia comentou olhando a cena.

— A credibilidade dele é maior. – Fabi afirmou. Olhei ele descer do palco e a namorada, que ele me disse que não era namorada o esperava encostada à parede. Ele vestia uma blusa de linho preta, em uma modelagem reta, gola V e mangas longas. E o dia estava quente. Vi ele passando a mão na testa para secar o suor e depois passou as mãos nas laterais da cabeça. Os dois conversavam pouco e até que distantes. Pareciam mais colegas que tudo. Nem amigos eu diria que eram. Ele se apoiou á parede e encostou a cabeça olhando para cima. Enquanto eles conversam ele fica ainda mais sexy e lindo concentrado no incensário em sua mão.

— Gente, não estou entendendo nada que está acontecendo. – Soph chegou abafada. Ela agachou em frente a gente. – Parece que Kevin quer dar mesmo uma de mocinho. Depois de colocar Arthur na fogueira, ele se arrependeu, pediu perdão a ele e implorou ao meu pai que substituísse o irmão nos castigos e ele aceitou.

— Agora ele vai retirar o lixo, fazer todo o carregamento pesado e ajudar nas plantas? – perguntei espantada.

— Sim. Essa última parte depende mais do seu pai que ficou de pensar se era uma boa ideia deixa-lo tão perto de você.

— Ele não vai aceitar, trocou Kevin de Ala para que ficássemos distantes.

— Outra fofoca. – ela olhou para os lados. – Peguei Alê e minha irmã se beijando escondido.

— Ele terminou com a Giovana ontem! – Otávia exclamou perplexa.

— Você não parece assustada Sophia. – a olhei.

— Vindo da Larissa. – ela revirou os olhos. – Só espero que ela se distraia bastante para deixar o Yuri em paz. – senti o seu ódio. Sempre iria ter um cara entre elas?

— Não é bem assim. Devia questionar ele o interesse, se você se importa com isso.

— O que você sabe sobre isso? – nos olhamos.

— Vai começar a celebração. – Fabiana me salvou bem na hora.  Ela se sentou ao lado de Fabi e ficamos em silêncio. Quando tudo acabou procurei Arthur. E me arrependi. Não tive as respostas que eu procurava e tive que vê-lo beijar a namorada. Agora a minha cabeça estava ainda mais confusa. Além de não entender as atitudes de Kevin, procurava os motivos da mentira de Arthur. Por que ele disse que a mulher não era namorada dele quando era? Mas eu senti verdade nele. Só que não faz sentido algum ele apresentar alguém a família sem estar com essa pessoa quando ele nunca fez isso nem por impulso.

— Vejo fumacinhas saindo da sua cabeça de longe. – Aline se sentou ao meu lado no banco que costumávamos todos ficar e agora eu estava sozinha.

— Você acha que esse namoro do Arthur é sério? – a olhei de perto.

— Não. Ele está vivendo uma fantasia de pegar a professora para todo mundo ver.

— Você conseguiu esquecê-lo? – ela demorou um tempo para responder.

— Acho que uma parte dele sempre vai estar em mim. Arthur é um cara que tem um jeito muito carinhoso e fofo, acho que herdou da mãe. – ela sorriu. – Ele conquista profundamente sem muito esforço. E marca muito.

— Tenho que concordar. – nos olhamos.

— Não entendo porque ele está nesse relacionamento... Vocês pareciam estar em uma conexão além da amizade de primos que sempre existiu... Interpretei errado?

— É complicado. – desconversei. – Ele sempre me disse que você percebeu o que ele sentia sem ele dizer nada. Como consegue isso?

— Sentindo. – sua risadinha saiu doce e fraca. – O único que não consigo sentir é seu irmão. – ouvi um suspiro pesado. – Ele não quer namorar Fabiana, mas ele também não quer continuar ficando comigo... Ele é bem confuso né?

— Pensei que ele e Fabiana namorassem.

— Ele me disse ontem que não. – ficamos em silêncio. – Acho que ele nunca vai saber o que ele quer.

— Aquele vindo ali é o Caleb? – perguntei estreitando meus olhos.

— Parece que sim. – ao se aproximar tivemos a certeza que se tratava mesmo dele.

— Quero conversar contigo. – ele me olhou e sorriu amistosamente.

— Já vou indo. – Aline se levantou e saiu andando. Ele se sentou ao meu lado.

— Isso vai parecer estranho, mas preciso muito de um favor seu. – esperei que ele continuasse sua fala. – É o Arthur. Não sei nem como dizer depois que vi Luna fazer de tudo para afastar vocês dois...

— Até onde me lembro, você foi parte ativa nisso. – o olhei indignada com a forma como ele queria manipular os fatos.

— Não me lembre disso. As coisas que eu faço para ajudar Luna na super proteção dela as vezes me envergonham. Mas não posso mais deixar o que está acontecendo ir para frente.

— Seja mais claro, por favor, Caleb.

— Montez é um nome que tem um peso muito grande. E vem com inúmeros benefícios. É incrível o número de desconhecidos que sabem disso... Essa namorada de Arthur, as intenções dela não me parecem boas. Por ela querer vim e ficar no hotel, por ter um emprego que recebe pouco, viu que o Arthur cheira a dinheiro de longe e há algo nela que me remete a interesse. E todos nós estamos cansados de saber que ele não sente nada por ela e sim por você. Queria que se aproximasse dele, não deixasse ele se perder por ela. – seus olhos me passaram desespero.

— Não posso fazer isso. – suspirei. – Ele está me maltratando sempre que chego perto.

— Vamos ver se ele é tão resistente a você? Vou te manter em minha sala escondida e emitir o alerta que você sumiu. Quer ver como ele vai enlouquecer e te procurar incansavelmente? Quando achar vai apenas querer te ter por perto.

— Isso não é natural. Não me sinto bem fazendo esse tipo de coisa.

— Se quer continuar sendo maltratada... E ainda deixar esse lance com outra crescer. Você que sabe Alice. É uma coisa de nada sem maldade que não vai ferir ninguém.

— Acho melhor não.

— Não vai nem se aproximar dele? – fiz sinal negativo. – Alice! – seu tom de voz ficou agressivo. – Preciso que faça isso! – fiquei com medo e arredei um pouco.

— Para de pressiona-la agora. – ouvi a voz de Kevin atrás dele e respirei aliviada.

— Imitação falsificada do Arthur. – ele resmungou para o filho e saiu andando.

— Obrigada. – corri até ele e o abracei. – Seu pai me deu muito medo.

— Ele geralmente fica agressivo quando é contrariado. – nos olhamos. – O que ele queria que fizesse?

— Que eu me aproximasse de Arthur. Mas eu não vou. – olhei em seus olhos e como sempre nunca conseguia saber o que ele estava pensando.

— Ele está se aproximando... – ele falou baixo e olhou para os lados.

— Como você faz isso?

— Cheiro. Acho que tenho o olfato mais apurado.

— E audição e visão também. Sei lá, você não pode ser humano.

— Não é, ele é um rato. – Arthur falou ao chegar até a gente. – Temos que conversar sério!  - ele encarou o irmão.

— Sempre é sério. – ele deu de ombros. – Vamos. – eles saíram andando e eu fiquei intrigada com aquilo.


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