Sua Única Opção escrita por NatynhaNachan


Capítulo 8
Cap 8 : Festa




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/777800/chapter/8

Syaoran  começou a caminhar entre os convidados ao lado da japonesa; notando a displicência do rapaz, ela se inquietou.

— Não vai conversar com estas pessoas? – Os braços dados pareciam cada vez mais confortáveis.

— Deveria? – Ele a olhou com curiosidade, não prestando atenção em mais nada.

— Não sei, mas se a festa traz chances de novos contatos para a empresa, pelo menos conversar um pouco com alguém poderia... – Os olhos dela falavam por si.

—Ah, Sakura, por favor, você sabe tanto quanto eu que noventa por cento dessas pessoas são entediantes e metidas; não me dou bem com nenhum desses tipos, e não quero me aborrecer esta noite. – Ele a olhou com interesse pela resposta que viria a seguir.

— Bem, se você vai assumir a empresa, é bom se acostumar... – Sakura ponderou com astúcia.- Aborrecimentos não escolhem data, sabe?

— Bem, é pra isso que servem todos os outros funcionários. – Shoaran deu seu famoso meio-sorriso.

— Mas o senhor esperteza ainda vai precisar lidar com os chefões de empresas muito mais prepotentes e revoltantes do que o normal, e disso você também sabe. – Sakura desafiava bravamente o guerreiro chinês com suas ponderações.

— Sim senhorita, e é exatamente para isso que eu treinei artes marciais por toda a minha vida. – Ele sorriu largamente e Sakura não evitou o riso.

— Ah, então esse é o segredo do clã mais poderoso da China? Se o discurso não resolver, use os punhos? – Ela simulou o gesto de soco.

— Claro que não...- O rapaz ria junto. – Pode ficar à vontade com os pés também.

Nem notaram o quanto haviam andado; já estavam longe da multidão, do salão, das tendas...Somente algumas lanternas demarcavam o perímetro desértico, próximo a entrada.A luz do luar e o céu estrelado ajudavam a compor o visual poético da noite.

Ali, a alguns passos, a ponte de madeira, com um braço de rio lento, gorgorejante e convidativo se estendia aos pés do casal.

— Muito bom mesmo esse seu jeito meigo de lidar com os outros empresários...Olha, se fizer o mesmo estrago que fez naquele carregador , nem precisava ter cursado faculdade. - Sakura sorriu de leve, se apoiando no corrimão da ponte e vislumbrando o horizonte.

O chinês mirou diretamente seus olhos castanhos na íris verde da bela flor de cerejeira; pensava em como começar a falar, convence-la, de uma vez, de que falava sério sobre seus sentimentos a respeito dela. Terceira tentativa e contando.

— Sakura, eu preciso falar algo para você. – Ele pegou as mãos da moça, que arregalou os olhos ligeiramente, mas esperou para desvendar a urgência do olhar que o rapaz lhe transmitia. – Já tinha tentado antes, mas preciso deixar claro para você.  O fato é que eu...

— Xiao Laaaang! – Uma garota de cabelos negros e olhos rubi, envolta num belo vestido mostarda com detalhes em minúsculas flores douradas vinha correndo desabalada, e logo alcançava o casal na ponte.

Discretamente Sakura retirou suas mãos do contato com o chinês, que fechou sua própria mão, com uma cara de frustração inequívoca, ao sentir Sakura se afastar.

— Finalmente Xiao Lang, achei você! Porque veio tão longe ao final das contas? Bem, eu...- A moça viu Sakura e fez uma pequena reverência. – Ah, desculpe por não me apresentar, meu nome é Li Meiling, prima do Xiao aqui. – A moça abraçou rapidamente o primo de lado e o soltou. – Muito prazer.- Sorriu simpaticamente.

— Prazer, meu nome é Kinomoto, Sakura...- Sakura fez uma breve reverência mas não teve tempo de acabar.

— Desculpe, eu preciso falar logo: tia Yelan vai se pronunciar e você tem que ir fazer um pequeno discurso oficial sobre o empossamento do clã e da empresa. – Meiling respirou fundo após falar sem pausa.

— Odeio esse negócio de discursar pra multidões de pessoas que eu mal conheço. – Shoaran se frustrava a olhos vistos.

—Não adianta Xiao, você sabe que faz parte,você tem que ir de qualquer jeito. – Meiling começou a empurrá-lo caminho afora. – Quanto mais cedo terminar,mais cedo vocês voltam a... – Ela olhou para o casal, parecendo medi-los. – Fazer o que quer que seja que faziam. – Ela arqueou uma sobancelha divertida.

— Que seja, vou terminar logo com isso. – Shoaran se pôs a caminhar apressado, mas logo parou e se voltou brevemente. – Sakura, eu ainda preciso falar com você. – A japonesa perdeu o fôlego com o olhar que ele havia lhe lançado, conseguindo somente balançar de leve a cabeça. – Meiling, faça companhia a ela, por favor. – E se retirou sem mais delongas.

— Esse Xiao...Pensa que manda em todo mundo, desde pequeno...- Meiling sorriu e olhou para Sakura.- Bem, Sakura-san, eu não deixei você acabar de se apresentar, mas eu ouvi falar de você a semana toda...A Xiun não parava de falar em como você era legal, bonita, simpática e tudo mais...Sinceramente, irritante. – Meiling sorriu com desembaraço.

—Ah, eu, hã...Bem...- Sakura não sabia onde enfiar sua cara.

A chinesa animada sorriu alegremente.

 -  Bem, vamos indo então? A tia Yelan gosta que todos compareçam quando alguém discursa...- Meiling incitou a caminhada ao lado de Sakura. – E sua presença vai ajudar com a inspiração do meu primo, pelo que soube.

Sakura simplesmente arregalou os olhos em surpresa e seguiu Meiling até o salão.

Todos ouviam a sonora e firme voz do chinês a discursar no espaçoso local, com muitos olhos atentos às suas breves e coerentes palavras; não floreava, ia direto ao ponto e transcendia a aura de poder que seus títulos lhe conferiam.

— Dá uma olhada na cara de buldogue do Xiao...Ah, ele odeia mesmo fazer isso. – Meiling riu de leve e mostrou o primo, num lugar de destaque, empunhando o microfone.

Sakura observava as palavras do chinês que denotavam autoridade, mista com amabilidade e simpatia; seu olhar firme e penetrante, exigente porém espirituoso. Lembrou em um milésimo de segundo como havia se apaixonado à primeira vista por ele.Levou uma das mãos no coração ao perceber o que havia acabado de pensar.

Foi de súbito que ele encontrou o olhar dela, e por um segundo, pensou que não conseguiria mais se concentrar no fechamento do discurso. Obrigou cada neurônio a trabalhar a seu favor, no final de sua última frase.

— Isto posto, me despeço e desejo uma boa festa a todos. Obrigado e boa noite. – Ele fez um levíssimo meneio de cabeça e se retirou imponentemente de seu lugar, tentando sumir o mais discretamente possível na multidão, indo em direção à Sakura e Meiling, que agora travavam conversa com Eriol e Tomoyo.

— Ah sim, eu me lembro de você Hiragisawa, e também não me esqueci de seu rosto, Tomoyo-chan; já faz um bom tempo que não nos encontramos afinal. – Meiling sorria amavelmente.

— Sim, Meiling-chan, de fato não nos vemos há questão de meses. – Tomoyo sorriu e reverenciou. – Espero que esteja tudo muito bem com você.

— Obrigada Tomoyo, está sim; não estava muito bem pro meu querido priminho há alguns minutos atrás. – Meiling sorriu e olhou diretamente para o rapaz.

 Syaoran deu um suspiro cansado e pegou uma taça de vinho branco, que estava sendo servida pelo garçom. –  Esse discurso não vai acabar com o meu bom-humor.

— Pois eu achei melhor impossível, meu filho, parabéns. – A matriarca dos Li chegou sem aviso na roda de amigos, acariciou os ombros fortes do filho e sorriu elegantemente. – Tudo o que eu esperava de você, um digno e imponente líder.

— Pois me dou o direito de ser menos sociável agora. – Ele tomou mais um gole de sua taça.

Um toque de celular fez com que todos olhassem para o lado que Sakura se encontrava , entre Tomoyo e Meiling.

— Me desculpem, eu tenho que atender essa ligação. Com licença. – Sakura parecia um pimentão, se misturando à multidão enquanto buscava um lugar deserto para engatar sua conversação, tapando um dos ouvidos para poder ouvir quem falava.

 – Aliás, já que o assunto é a Sakura, eu ainda não consegui conhecer bem seu caráter, mas eu acho que esta finalmente é a certa Xiao.Vá em frente. – Meiling deu dois leves tapas nas costas do primo, com um sorriso no rosto. – Ela é uma boa pessoa, mas é insegura; nada que o tempo não resolva.

Notando a surpresa do primo, Meiling o puxou pelo braço e disse quase num cochicho.

— Eu sei o que eu atrapalhei aquela hora na ponte. Eu não queria, mas não tinha como deixar de intervir. Particularmente , recomendo o jardim, com aquela cerejeira enorme, com aquele banco de madeira, sabe? Isolado, romântico, perfeito. – Meiling deu uma piscadela e se voltou com a cara mais normal do mundo para Eriol e Tomoyo.- Com licença, volto logo.- E se retirou contente do salão.

— Tá Toya, eu sei...É volto amanhã. Ah, eu saio daqui de Hong-Kong de manhã, vou pra Tokyo e direto pra estação de trem, pra ir pra casa.É, as malas já estão prontas...Toya!Como eu ia esquecer o aniversário do vovô? – Sakura se irritava com a rabugice do irmão. – Toya, chega, deixa eu falar com o papai...Toya...- Ela rangeu os dentes. – Kaijuu é você, seu baka!Passa pro papai! – Sakura ia cada vez mais longe com seu telefone, para que ninguém escutasse seus gritos. Não havia percebido para onde estava indo. – Oi papai..Eu também estou com saudades..É, estou na festa..Tá sim, tudo ótimo. Sim, eu havia me lembrado , vou chegar aí a tarde, penso eu...Ah, vou chegar e tombar na minha cama, com a canseira que eu vou estar... Pra você também, e pro chato do Toya.Tá.Beijo,tchau.

Sakura desligou o telefone com um leve sorriso, mas sentiu algo lhe apertar o peito; um nó na garganta, um sentimento de desamparo. Partiria e deixaria uma pessoa tão importante para trás...

Um chinês galanteador pelo qual estava...Apaixonada. Mal notou ele se aproximando ao seu lado.

— Tudo bem, Sakura? – O japonês com leve acento a fez se virar para encarar os consternados e ternos olhos âmbar. – Parece preocupada.

— Era meu pai avisando sobre a comemoração do aniversário do meu avô...- Sakura segurava delicadamente o aparelho. – Ele queria saber as informações sobre a minha chegada amanhã; nada demais. – Ela mirou o horizonte, cabisbaixa.

— Amanhã... – Syaoran se virou para frente e mirou o vazio.

— Minhas passagens estão marcadas pro vôo da manhã. – Sakura se aproximou da grande cerejeira, florida e com longos galhos, e notou o quão longe tinha ido.

 Syaoran se sentou no banco debaixo da cerejeira, convidando Sakura, ao pegar pela sua mão , a fazer o mesmo.

— Bem, eu estava conversando com você até ser brilhantemente interrompido pela Meiling. – Um traço de mau humor perspassou o rosto dele, mas logo deu lugar a um sorriso discreto. – Mas agora posso continuar.

Sakura engoliu seco; ela já suspeitava, pela seriedade do rosto dele, pela insistência em manter seus olhos conectados, pela delicadeza com que tomava suas mínimas mãos em sua fortes palmas.O nó na garganta parecia indissolúvel.

— Sakura, eu nunca acreditei muito em histórias de romances-relâmpago, em casos de amor à primeira vista, nem nada que se passasse num curto espaço de tempo e envolvesse sentimentos sólidos. – Ele sorriu e se sentiu bem ao ver que ao menos havia conseguido arrancar um nervoso sorriso dela.

Sakura estava com as pernas bambas; realmente era o que ela suspeitava desde a primeira tentativa: ele iria falar de seus sentimentos.Da forma mais clara possível.

— O fato é que isso aconteceu, e agora eu acredito em todas as histórias que me contaram ; com o decorrer dos dias, fomos nos aproximando mais naturalmente e acabei ficando certo do que sentia.

Sakura se arrumou em seu lugar e relaxou um pouco.

— Não havia experimentado nada parecido com o que eu começava a sentir; a cada momento tinha mais certeza de que eu finalmente sinto algo forte por você , que passa da atração física. – Shoaran afagava as mãos da moça, que haviam ficado trêmulas, apesar de seu rosto permanecer atento.

Iria agüentar?Se esforçou para ouvir até o final...QUERIA ouvir tudo o que ele tinha pra dizer.

— A verdade é que eu amo você, Sakura. – Ele buscava a reação da moça em seus olhos, mas somente sua surpresa era o mais visível. – E nada nesse mundo vai mudar o melhor dos sentimentos de toda a minha vida.

Agora tudo estava embaçado ao seu redor; seus pensamentos não faziam mais sentido, nenhuma palavra saía da sua boca .

Syaoran notou o nervoso da moça, e não conteve um sorriso.

— Era isso o que eu queria dizer, mas você não precisa se sentir obrigada em dizer nada neste momento; quando se achar segura e com os pensamentos em ordem, se quiser falar comigo, estarei a disposição. – Ele deu um beijo na testa da moça e se levantou. – Oyasumi, Sakura – Um sorriso 18 quilates apareceu em seu rosto; afagou suas mãos e prosseguiu.

— Espera, Syaoran - A voz aguda da moça se fez ouvir; ele se virou , ela foi atrás dele.

A moça ficou parada bons segundos a frente dele, olhando sua face, criando coragem;tinha que responder, e logo.

— E-eu já sei o que sinto por você, e também já faz um certo tempo. – Ela tentou arrumar seus cabelos. – Provavelmente desde que te vi no aeroporto, então a teoria do amor à primeira vista foi bem aplicada com nós dois. – Os olhos dela começaram a querer se encher de água. -  Eu só tive medo de me apaixonar logo de cara, já que você tem muitas chances com muitas mulheres na vida. – Ela começava a abrir um sorriso, ele pareceu ligeiramente incomodado com a frase. – Mas o decorrer das semanas e suas atitudes me convenceram que eu posso, sim, ser sua única opção. – Ela limpava as lágrimas que escorriam. – E você a minha. Estou apaixonada por você, Li Xiao Lang, e sinto muito em ter que ir embora nesse momento. – Ela não conteve um soluço nervoso.

Ele não evitou o embargo da emoção e a abraçou como se o mundo fosse acabar ali, naquele momento.

Ela enterrou sua cabeça no peitoral dele e tentou não chorar o tanto que gostaria. Se forçou a parar o aproveitar ao máximo a companhia dele. Sequer dormiria; haveria bastante tempo pra isso no avião de volta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sua Única Opção" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.