Sua Única Opção escrita por NatynhaNachan


Capítulo 6
Cap 6: Mãos à obra/ Corrida




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A manhã começava cedo pra ele, como sempre, desde que iniciara seu contato com as artes marciais: se levantava antes do sol nascer, vestia seus trajes de treino (uma roupa típica chinesa, sem mangas com pequenos fechos no meio de toda a parte da camisa e calças longas, tudo em seda na cor negra.), fazia uma rápida corrida de aquecimento, se alongava e começava a todo vapor desferir golpes contra o ar inerte, fazendo também movimentos com armas.

— Bom dia. – Eriol adentrava o ginásio com um shorts e uma camiseta de academia. – Posso me juntar a você?

— Bom dia. – Syaoran estava se alongando no chão de tatami. – Claro, se conseguir. – Ele deu um meio sorriso desafiador.

O inglês se vestiu apropriadamente e começou o treino com o amigo faiza preta em kung fu.

— Resolveu tomar vergonha nessa sua cara britânica e retomar os treinos, pelo que vejo – O chinês regulava o aquecimento do amigo.

— Antes tarde do que nunca, não? – O rapaz dava o melhor de si enquanto seu melhor amigo não transpirava, correndo a seu lado. – Percebi que estava ficando fora de forma e tinha que fazer algo.

Passaram algum tempo entre os mais váriados tipo de flexão e abdominais, concentrados.

— Então, resolveu a transição do clã e a papelada toda? Estava preocupado com isso até semana passada, sem nem poder se concentrar na sua mais nova amiga de terras nipônicas... – Eriol recebia agora um magnífico auxílio de Syaoran, que tentava esticar uma das pernas dele o máximo possível.

— Sim, depois de meses, organizei as estruturas por aqui; era muita coisa antiga e sem sentido. – Ele agora fazia o mesmo com a outra perna. – Até com a aposentadoria de ex-membros do conselho tive que lidar; estou grato por ter tudo acabado bem.

A partir daí cmeçaram o treino de luta sem muito contato físico, a chamada prática de luta com “sombras”.Eriol tentou um chute rotacionado, mas Syaoran se abaixou, pegou a perna dele e o fez dar um mortal pra trás.

— Ei, eu podia ter me machucado! – Eriol se endireitou, intimamente orgulhoso de si mesmo. – E como anda com Sakura?

— Creio que bem. – Ele bancou o indiferente. – Estamos conseguindo desenvolver nosso relacionamento. – Syaoran bloqueou uma tentativa de soco do inglês.

— Tomoyo e eu percebemos bem, ontem mesmo. – Eriol se concentrava em chegar minimamente próximo de um golpe bem-sucedido. – Reparou que vocês até nos mostraram a mesma careta?

Syaoran precisou congelar um movimento para rir brevemente.

— Sim, isso foi engraçado. – Ele fez sinal para o amigo e ambos se curvaram respeitosamente, acabando essa parte das técnicas. – Eu estou começando a não conseguir parar de pensar nela. – Terminou com um suspiro.

Eriol sorriu silencioso.

— Fazia tempo que eu não sentia isso ... – O chinês pegou um grande leque e deu outro ao inglês, fazendo sinal para que começassem a rotina de movimentos que simulavam uma luta, chamada “kati”. – Na verdade... – A dupla praticava com o objeto, virando, abrindo e fechando, como numa coreografia. – Na verdade.. – Deram um chute giratório e aterrissaram. – É a primeira vez na vida que sinto algo assim. – Terminaram a rotina, ambos com sorrisos contidos.

— Devo muito a você e à Tomoyo, por colocarem, sem querer, Sakura em meu caminho. – Ele tinha um brilho sonhador nos olhos, apontando para que Eriol repetisse uma determinada postura ainda com o objeto.

— Pelo jeito ela está bem contente também. -  O jovem britânico acabava de terminar uma parte da sequência. – Ontem a noite ela ainda tinha um discreto sorriso que não deixava o rosto dela, até a hora em que nos despedimos para ir dormir.

— É mesmo? – Ele parou de ajudar Eriol e o encarou. Sorriu com o canto os lábios, satisfeito.

— Eu já havia percebido algo no ar ontem. Achou mesmo que não dava pra notar que vocês se beijaram? – Eriol cuidava de acabar de terminar firmemente sua sequêcia, uma sobrancelha sabichona arqueada, o encarando ao final.

Um suspiro cansado derrotou o anfitrião.

— Pois foi bem isso. – Ele se endireitou, com ânimo renovado. – E espero que só melhore. – Gesticulou para que o amigo se sentasse e alongasse com ele. – Vamos terminar esse treino, agora.

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Sakura se levantou, sonolenta e se arrastou até o banheiro; tomou um acolhedor banho quente, escovou os dentes, vestiu uma calça jeans preta e uma blusinha amarela com delicadas flores vermelhas nas bordas. Deixou seu cabelo semi-preso, deu uma olhada no espelho, se mostrou satisfeita e encontrou a prima no corredor, num vestido azul celeste e com os longos cabelos presos de um dos lados.

— Bom dia Saki – A prima beijou sua face brevemente. – Aposto que dormiu muito bem essa noite – Ela observava a reação da organizadora.

— Bom dia, Moyo. – Ela piscou rapidamente. – E posso saber porque acha isso?

Foram caminhando escada abaixo para tomar o café-da-manhã.

— Por favor, preciso mesmo explicar depois de presenciar aquela química chuvosa de vocês? Eu percebi, o Eriol também, e quem mais estivesse ali daria parabéns pelo namoro .

Sakura olhou nervosa ao redor, colocou o indicador em riste em frente a seus lábios.

— To-mo-yo! – Ela sussurrou. – Que exagero, ninguém falou nada de namorar.- Ela alisava sua blusa distintamente.- Para de sair falando isso por aí. – O olhar dela se tornou de urgente reprovação.

— Tá, e vocês parem de se agarrar escondidos! – Tomoyo retribuiu o sussurro, rindo.

— Idem! – Sakura fechou com um último sussurro, também abrindo graciosamente um tímido sorriso.

À mesa encontraram a matriarca tomando serenamente seu chá; se curvaram respeitosamente e se saudaram como sempre.

— Bom dia, meninas. – Yelan sorriu abertamente. - Vejo que estão muito lindas e muito bem dispostas.

— Bom dia Yelan-san. Está igualmente elegante, obrigada. – Sakura se sentou seguida da prima. – Estamos animadas para resolver o contratempo das chuvas e aliviadas pelo cronograma estar com folgas.

— Graças aos céus. – Tomoyo já sorvia um gole de chá. – Monções podem atrapalhar, mas sempre temos um plano B.

— Não esperava menos de vocês. – Agora a senhora se servia de bolinho, enquanto olhava os recém-chegados. – Ah , esses rapazes atrasados...Sabem que temos um horário rígido, não?

Os rapazes se distribuíram ao lado de seus pares – oficiais ou semi-oficiais – dizendo seus bom dias.

— Pelo visto acordou cedo – Sakura se ocupou em esfriar seu chá, olhando curiosamente o cheiroso chinês ao seu lado.

Ele trajava uma camiseta grená de gola “v” e um jeans escuro.

— Precisava treinar e revisar um inglês preguiçoso. – Aponto Eriol do lado oposto da mesa enquanto enchia uma xícara de café preto.

— O que eu sempre agradeço. – Eriol meneou a cabeça, cômico. – Então iremos ajudar ainda mais no processo de organização a partir de hoje; já fizemos a papelada nova do clã e , com tudo regularizado, estamos com o período totalmente disponível para vocês. – Ele olhou alegre para todos que estavam na mesa enquanto atacava um pão recheado.

— E você, dormiu bem ? – Syaoran continuava a conversar exclusivamente com Sakura. – Ontem foi um dia agitado, espero que tenha descansado. – Ele a olhou, interessado.

— Como uma pedra. – Ela acabava de pegar uma fatia de melancia. – Dias agitados tendem a fazer isso comigo. – Um imperceptível sorriso repousava em um canto de sua boca.

Não deixaram de se encarar com sorriso no olhar, num entendimento mútuo.

O restante da mesa observava com largos sorrisos .

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Era sempre deste mesmo modo: por mais que já estivesse tudo bem arrumado,  o peso da responsabilidade da perfeição era constante.

Ao longo da semana as japonesas contavam com um ainda maior exército solícito de serviçais dos Li, muito bem dispostos, eficientes e simpáticos: sem eles a tarefa seria mil vezes mais árdua. Até mesmo Eriol entrou na dança.

Porém, quem mais se destacava no quesito "força de vontade" era o jovem guerreiro e recém-empossado cabeça do clã dos Li ; ele não parava, procurava ordens diretas de Sakura, que mostrava a ele seu gentil sorriso todas as vezes que ele se dirigia a ela.

 Ah, esse chinês...Estava tirando a concentração da Kinomoto, pra dizer o mínimo.

Haviam mantido seu recém-começado relacionamento em segredo, e se encontravam em caminhadas, aulas de kung fu, e até um passeio na movimentada cidade haviam feito. Tudo em programas de casal, na presença dos sempre encorajadores Tomoyo e Eriol.

Ainda não haviam repetido o beijo daquela noite chuvosa; Sakura estava extremamente receosa e deixava isso óbvio, ficando tensa ao lado do chinês.

Syaoran, por sua parte, achava graça no commportamento dela, mas não a forçava a nada; estava satisfeito por andarem de mãos dadas em seus passeios sem muita resistência da parte dela.

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Tomoyo de um lado e Sakura do outro: celulares-rádio sempre funcionando na comunicação entre as duas, em lugares consideravelmente distantes para se pensar em falar somente com a força das próprias gargantas.

Sakura estava no salão principal, gigantesco, construído especialmente para a ocasião, no meio do majestoso jardim dos Li.Já Tomoyo se encarregava da decoração de todo o caminho até chegar ao local do salão, incluindo algumas mesas espalhadas displicentemente.

— Sakura, na escuta? – Seu celular-rádio gritava com insistência, fazendo a moça despertar de seu estado contemplativo.

— Na escuta, Tomoyo – Sakura se esforçou para se concentrar em algo além dos ombros largos e torneados do chinês dando o ar da graça na organização de alguns móveis ao fundo.

— Mesas principais a caminho; carregadores impertinentes. Bom, se bem que o Syaoran pode...- O sinal foi interrompido: Sakura havia desligado a conexão antes que o mesmo ouvisse o diálogo que estava no "viva-voz". – OK Tomoyo, entendido.- Sakura desligou o rádio.

Todos estavam tão atarefados que nem notaram a chegada dos carregadores com duas imensas mesas, que seriam usadas para o self-service do buffet.

— Por favor, por aqui.- Sakura se adiantou e indicou o local onde deveriam ser colocadas.

— Claro, belezura. – Um chinês disse com rapidez, esperando que ela não entendesse, arrancando risos dos outros colegas.

— Mais respeito, posso entende-lo perfeitamente.- Sakura estava a dois passos deles, esperando que acabassem de colocar tudo no chão, o rosto frio e desconfiado.

— Não precisa ficar nervosa, pelo contrário...Isso só facilita nossa comunicação, não? – O mesmo homem do gracejo se aproximou , enquanto os outros prestavam atenção maior na arrumação dos arredores, sem realmente notar o que ocorria.

Sakura deu um passo pra trás, segurando sua prancheta firmemente em suas mãos.Não demorou até que os outros carregadores, já cientes da disposição do amigo em arrumar confusão, o interpelassem.

— Vamos logo, Lao, você sabe onde estamos...Não é inteligente arranjar dor de cabeça aqui.- Um outro homem segurou o braço do primeiro.

— Me deixa, aqui só tem um monte de empregadinhos... Que mal pode ter bater um papo com essa moça tão aproveitável? Não posso desperdiçar essa chance... – Ele puxou bruscamente Sakura para perto de si.

A moça se protegeu como pode, batendo violentamente na cabeça dele com a prancheta rósea sem pensar duas vezes.Arrematou com uma cotovelada no estômago do homem.

— Como você ousa, sua...- Ele levantou perigosamente sua pesada mão.

—Lao, não! – Um dos amigos tentou avisá-lo.

Tarde demais. O homem foi atingido com um preciso golpe num ponto do pescoço que o deixou inconsciente.

O autor do golpe permanecia parado entre Sakura e o restante dos homens, seu olhar impiedoso os encarando.

— Alguém mais quer bancar o hospitalizado? – Ele mirou o grupo de frente,olhos semi-cerrados, estralando os dedos das mãos.

— Vamos embora! – Um outro homem carregou o Lao desfalecido com a ajuda de um terceiro e se juntou ao quarto pra fora da mansão o mais rapidamente que suas pernas conseguiam.

Sakura o olhou, ainda assustada ; fora tudo tão rápido, que não havia processado os detalhes .

— Tudo bem, Sakura? – Shoaran segurou delicadamente as mãos dela, vendo a cabeça da moça balançar afirmativamente.

— S-sim.- Sakura não conseguia desfazer a expressão de susto, seu corpo ainda trêmulo. – Obrigada Syaoran-kun, eu fiquei nervosa, não sabia o que fazer e usei o que tinha... – Ela olhava para as próprias mãos.

Ele se aproximou, a abraçando.

Ela aceitou o gesto de bom grado, o puxando junto a si.

— Não precisa se preocupar, você só se defendeu.- Ele sussurrou contra o cabelo dela. – E estou orgulhoso de você ter conseguido isso com pouquíssima instrução. – Se afastou e sorriu de leve para ela.

— Sinceramente, espero não precisar dos meus dotes marciais por um bom tempo. – Ela afagou uma última vez as costas dele, mirou seu rosto e deu um demorado beijo em sua bochecha, sem se preocupar com os espectadores curiosos. – Obrigada por me proteger , Syaoran.

— Sempre que precisar, Sakura. – E se aproximaram novamente, já não contendo os sentimentos que só se expandiam com os passar dos dias de convívio.

A tarde passou fugazmente, os empregados já eram poucos a circular, e somente Sakura e Tomoyo continuavam sentadas próximas, conversando.Mas não sobre trabalho.

— O carregador quase te agarrou? – Tomoyo arregalou os olhos. – Mas que absurdo!

— Faltou muito pouco.Na verdade acho que ele ia tentar me bater depois de ter levado o golpe de prancheta...Mas quando eu pensava que seria atingida o homem já estava caído no chão. - Sakura instintivamente olhou para o chão, se lebrando da cena. – Foi surreal; parecia cena de filme de ação. – Ela engoliu seco.

— Syaoran foi tão rápido assim ? – Tomoyo arrumou sua postura, se colocando curvada mais para frente, interessada em cada detalhe. – Ele se aproximou por detrás do homem e você nem viu?

— Foi meio de lado que ele se colocou nas costas dele; e em poucos segundos ele já estava caído. Não foi lá uma cena super agradável de se presenciar , mas por outro lado... – Ela suspirou com um sorriso se formando em seu olhar. - Me senti mais segura do que nunca quando ele veio me abraçar, me acalmando.

Tomoyo a observava em silêncio, com um sorriso inconfundível em seu rosto.

— Só abraçando? – Tomoyo apoiou o rosto em cima de uma de suas mãos, já sabendo a resposta, pelo olhar que transmitia um sorriso malicioso.

— E você viu. – A moça de olhos esmeralda respirou fundo e passou uma mão pelo rosto, frustrada. – Naquele momento ele me fez sentir tão inatingível que...- Sakura suspirou fundo – Acho que não consigo mais explicar. – Chutou algumas pedrinhas, distraída. – Só fiquei envergonhada e sai de fininho, voltando pro trabalho.

— Tentando voltar, você quer dizer. – Tomoyo a cutucou, divertida. – Mas porque a vergonha? Tá na cara que vocês se gostam!  - As mãos de Tomoyo gesticulavam loucamente.

— Eu não sei ao certo... – Ela olhou para os lados, exasperada. – Ele não pode estar querendo nada sério comigo Moyo. – A cabeça dela pendeu para baixo.

— Porque não? – A prima subiu o inconformado tom de voz.

— Ele tem tantas opções, porque seria eu a fazer a diferença? – Sakura voltou a encarar o banco em que se sentava. – Melhor só esquecer isso, tá? – E se levantou com uma Tomoyo bufante em seu cangote.

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Depois deste episódio os casais almoçaram juntos e descansaram.

Logo, todos reunidos, voltaram aos afazeres e o fim da tarde se aproximava.

— Bom, ladeira abaixo a partir de agora. – Sakura colocava as duas mãos na cintura, olhando os arredores.

— Ah, que alívio. Só mais dois dias e estaremos de volta para casa. – A morena abraçou de lado o namorado recém- chegado. – Que saudades da minha cama, do meu travesseiro... – Ela afundou a cabeça no peito de Eriol.

— Nem me fale, eu adoro sua cama. – Ele alisou o queixo da bela, que ria .

— Credo, por favor, cadê a decência. – Sakura tentou chutar a canela do inglês, sua expressão em um nojo cômico. – Acho que vou sair correndo. – Ela mirou o horizonte.

— Nossa, faz tempo que você não corre mesmo, Saki – Tomoyo ainda se dependurava no namorado. – Te contei né – Indicador em riste no rosto dele. – Essa Kinomoto era viciada em esportes na escola; sempre foi primeiro lugar em todos os campeonatos .

Os rapazes voltaram seus olhares para ela.

—  Desde pequena fui encorajada pelo meu pai e mantive meu hábito de fazer uma corrida nas primeiras horas de todos os meus dias. – Ela estufou o peito , orgulhosa. – Só nessas semanas que relaxei um pouco.

— Eu acho que vocês podiam apostar uma corrida, então. – Eriol abraçava a namorada possessivamente. – Syaoran odeia perder e está totalmente nesse mundo esportivo há muito tempo.

Sakura e Syaoran se olharam.

Ela ainda tímida pelo episódio de horas atrás.

Ele curioso para ver como ela reagiria à proposta.

—  Pois tenho certeza que se você saísse correndo com todo o seu fôlego nesse exato momento eu ainda seria capaz de te alcançar . - Ele mirou a moça com expressão de desafio.

 - Adoraria ver você tentar. – Seu rosto fechou em concentração afiada; a maratonista dentro dela havia superado a timidez.

— Então acho bom você começar a correr. - Ele mal acabou de falar e já se viu perseguindo a japonesa, que havia abandonado sua prancheta em cima de uma das mesas e saíra correndo como um tiro veloz ao vento.

Corria campinas, vales, pulava flores; só queria ver o horizonte à sua frente, sem se preocupar em ter que desviar de móveis ou pessoas. Seria fácil despistá-lo .Ao olhar para trás se deparou com um sorriso sedutor na face do chinês; se espantou a vê-lo a pouquíssimos metros de suas costas. Tinha que usar todas as suas forças, e imediatamente.

Sim, cada gota de suor estava valendo a pena naquele momento. Ela era bem rápida, precisava admitir. Ele estava com as vantagens, pois sua resistência e condicionamento corporais sempre o fizeram se sobressair em qualquer situação de aptidão física.

Estava em suas últimas reservas de energia, com a respiração ofegante demais, muito esforço em pouco espaço de tempo. Além do mais estava sem seu religioso treinamento...Iria desabar, mas precisava continuar a correr por entre árvores, alcançando a ponte do rio, a estrada de terra...Estava próxima à entrada da propriedade, só precisava se esforçar um pouco mais. Quem diria que uma pedrinha no meio do caminho mudaria tanta coisa.

Ele viu quando ela esqueceu de olhar um pedregulho que a desequilibrou; ele se antecipou, segurou suas costas por trás, girou seu corpo por cima do dela e amorteceu sua queda com seus próprios braços, como se segurasse um frágil e delicado bibelô.

— Olá, prazer em revê-la. - Syaoran deu um sorriso cômico. - Eu acho que ganhei a aposta.

— O pedregulho ganhou a aposta, Syaoran - Sakura deu um sorriso enviesado, ainda recuperando o fôlego. - Se não fosse por ele eu estaria fora da propriedade agora.

— Eu sei, mas não ia suportar mais. – Ele sorria, sabichão.

O corpo dele acima do dela estava começando a produzir certo embaraço na bela morena.

— Tudo bem, tem razão, você é magnanimamente mais rápido.  - Ela se via cercada pelos braços dele , impaciente e com um sorriso cínico.

 Syaoran retirou suas mãos das costas da moça, colocando seus braços ao lado do corpo dela.

— Confortável agora? – Ele parecia se divertir, sorrindo amavelmente.

— Nenhum pouco, obrigada. - Sakura se mexeu debaixo dele. – Porque não me dá licença? – O rosto dela embravecia. -  O que você quer de mim? - Ela o olhou sem paciência.

— Sabe, esse tempinho sem se mexer é sua punição por ter perdido a corrida pra mim.- Syaoran vislumbrou o rosto de Sakura se contrair em impaciência, seus olhos girarem nas órbitas por pura frustração.  – É só pra você não fugir de mim, de novo.

Ela não sabia pra onde olhar. Encarou os olhos dele quase sem coragem.

— Digo, se eu estiver interpretando errado, me avise. – Ele finalmente saiu de cima dela, sentando-se na grama, no chão. Ele a ajudou a fazer o mesmo. Voltou a prestar atenção na expressão do rosto dela. – Por acaso aquele beijo não foi mútuo? Você saiu apressada e um fiquei um pouco pensativo,sabe? – Ele limpou a própria calça, com um leve sorriso.

Ela voltava o olhar para a grama; ainda não conseguia encara-lo.

— Não se preoucupe, foi totalmente consensual. – Ela arrancou um fiapinho de mato. – Eu só não penso que você quer algo sério comigo, e eu entendo isso. – Ela fez questão de pontuar essa parte o encarando com o rosto aparentemente compreensivo. - Isso também me deixa um tanto confusa, por isso não queria me envolver. – Ela sorriu sem graça.

O silêncio do canto dos pássaros, o sol do entardecer, a sombra das árvores propiciavam um cenário a favor do momento de contemplação mútua dos dois.

— Pois não pense que você não é importante pra mim, não estaria mais enganada em pensar assim. – Ele se voltou para ela, acariciando sua face com as costas dos dedos. – É exatamente o contrário disso.

Ela nunca havia sentido sua face esquentar tanto. Engoliu seco.

— Se quiser, posso deixar o mais claro possível pra você... – Ele foi se inclinando sobre o rosto dela, a trazendo para seu lado vagarosamente.

Mais uma vez, voltaram a provar dos lábios um do outro. Agora mais seguros de que sentiam o mesmo um pelo outro, apesar de não terem expressado com todas as palavras.


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