Sua Única Opção escrita por NatynhaNachan


Capítulo 5
Cap 5 : O jantar/ Tempestade




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Já sentados à mesa e servidos, os casais conversavam e apreciavam um vinho branco suave.

Sakura observava atentamente as conformações das mesas, o espaço que se delineava no amplo local, tentava imaginar a distribuição dos convidados , como as flores ficariam melhor colocadas no dia em que chegassem e parou para prestar atenção nas lanternas rubras penduradas por um varal discreto e praticamente invisível aos olhos mais desatentos. Estava muito satisfeita com essa sua idéia repentina das lanternas: elas enfeitavam o local com classe, dando um ar de fantasia aos arredores.

— Essas lanternas ficaram muito boas espalhadas por aqui, foi um bom palpite.- Syaoran acabava de mastigar uma cenoura.

—  Idéia da Sakura, aposto – Eriol limpou o canto de sua boca e sorriu com certo ar de sabedoria.

Syaoran o olhou de esguelha, ligeiramente surpreso.

— E como você sabe? – O chinês se preocupava em alcançar sua taça de vinho.

— Não preciso, conheço a personalidade da prima de minha bela namorada, aqui. – Eriol, enlaçou os ombros de uma Tomoyo sorridente.

— Uau, sou um livro aberto pra você desde quando? – Sakura encarou o inglês em tom de desafio. – Não é como se nos víssemos ou conversássemos por horas... – Um sorriso sarcástico pontuou o desafio.

— Posso continuar falando? – Todos assentiram , curiosos. – Eu sei que foi obra da senhorita Kinomoto porque ela gosta de romance; o ar está um tanto etéreo, sonhador ... É característico dos eventos de vocês.- Eriol ajustou a armação de seus óculos retangulares, se sentindo vitorioso.

A japonesa aplaudiu de leve.

— Tenho que dar o braço a torcer; ao menos um pouquinho, você me conhece. – Ela limpou os cantos de seus lábios, sorrindo timidamente. – Me chame de antiquada, mas sempre funciona. – Ela ergueu os ombros, dando o veredito.

— E ela tem toda a razão. – Tomoyo chacoalhou de leve o conteúdo de sua taça. – Todos os clientes elogiam o toque mágico da decoração, e sempre acontece com as idéias da Sakura; é praticamente um amuleto de boa sorte para cada evento. – Ela olhou carinhosamente para a prima, que retribuiu o elogio erguendo sua taça para comemorar.

— Bom, eu acredito no poder de Sakura-san de encantar pessoas ao seu redor . – Syaoran levantou a própria taça, voltando seu olhar compenetrado e divertido para a japonesa, que deixou escapar um ligeiro riso.

 Ela precisou tomar um gole um pouco maior para acalmar sua respiração. Estava a beira da tremedeira e se forçou a controlar suas mãos.

— E eu acredito que tenho o melhor professor de kung fu da China. – Ela sorriu para ele, contendo seu nervosismo.

Ambos se encararam abertamente.

—__________________________________________________________

Acabaram o jantar ainda conversando sobre o que esperar para os próximos dias, já mais relaxados.

Somente Sakura e Syaoran haviam permanecido próximos ao local , já que os outros dois amigos haviam decidido tomar o ar noturno e caminhar pela propriedade.

—  Deixe-me ver se entendi : você é de Tomoeda e mora em Tokyo. – Ele se ajeitou no banco do jardim onde agora se sentavam. - Sente muita falta de sua família?

Um dos braços dele passava confortavelmente por trás das costas dela, apoiado na estrutura do banco.

Não evitando certo constrangimento com a beleza do rosto dele ao observa-la, tão de perto, tomou fôlego para responder.

— Sinto sim. – A moça tentava acariciar os braços, o vento da noite a deixava um pouco gelada.-  Meu pai e meu irmão sempre reclamam que eu não os visito tanto quanto eles gostariam. – Ela suspirou, olhando para os pés, para voltar o olhar para seu interlocutor logo em seguida. -  Por mim eu iria pra lá três vezes na semana, mas com o ritmo do trabalho não dá pra brincar...- O olhar dela se enterneceu ao lembrar dos parentes queridos.

Syaoran a admirou, observando seus olhos de hortelã acumularem água lentamente; ela fora criada no interior do Japão, com laços familiares muito fortes e sofria por viver longe de sua família tão pequena mas tão ligada.Não havia mencionado nada sobre uma mãe...

— Quando você falou sobre sua família você na mencionou sua... - Syaoran se aproximou dela cautelosamente.

— A minha mãe? – Sakura ergueu as sobrancelhas distraidamente. –Ela faleceu quando eu tinha 3 anos ; seu nome era Nadeschiko. Ela faz falta mas, apesar de tudo, eu realmente...

— Não se lembra muito dela. - Shoaran olhou para a moça, que mostrava sua surpresa. – Meu pai também morreu quando eu era pequeno; é estranho sentir falta de alguém que mal conhecemos. – Um leve sorriso passou pelos lábios do rapaz.

Sakura se permitiu olhar mais atentamente para o rapaz, que afinal, não era só flertes e provocações; possuía sentimentos muito similares aos dela. Parecia ser mais honesto neste momento.

Foi quando sentiu o braço dele envolve-la.

— Está com frio ? – Ele acabou de se aproximar e ficou bem ao lado dela.- O vento está te deixando arrepiada. – Ele apontou o braço dela. – Caiu muito bem nesse vestido, mas não tem mangas para te proteger. – Ele acariciava o ombro dela com a mão estendida e o braço dela próximo ao seu também recebia o mesmo tratamento.

Ela se deixou ser aquecida, apesar de não estar cem por cento confortável; sua timidez, seu medo por ele tentar fazer dela só mais uma conquista....Sua mente e seu coração estavam em direções opostas.

— Sabia que você é muito bom em fazer elogios? – Ela tentou ser corajosa e franca. – Algo que fazia com frequência na faculdade? – Ela arqueou a sobrancelha, pontuando a insinuação.

— Raramente – Ele riu baixo. – Só elogio quando realmente é merecido, e você merece, Sakura. – Ele adorava ver o brilho nos olhos dela se ascender ao mesmo tempo em que ela se encolhia inconscientemente.

 Ela suspirou, tendo que recuperar o fôlego.

Ele quase não conseguiu conter sua vontade de abraça-la o mais forte que conseguisse. Parecia tão frágil que queria protege-la. Mas temia afasta-la com isso.

Um trovão se fez ouvir ao longe.

— Você leva tudo a sério demais...Se relaxasse um pouco mais, com certeza dissolveria essa sua insegurança boba.- Ele a olhou com simpatia, e afagou uma de suas mãos, ela tentou se acalmar, aceitando o carinho.

— Acredite, já evolui bastante em pouco tempo; acho que faz realmente parte de mim e eu sempre vou ter um ponto fraco que vai me fazer me fechar como uma ostra. – Ela só havia reparado agora o quanto suas faces estavam próximas.

O herdeiro do clã dos Li precisou de todo auto-controle e racionalidade de sua posição para não beijar uma moça com uma taxa de álcool acima do aceitável em sua corrente sanguínea. Não queria tirar qualquer tipo de vantagem dela.

Teve que respirar fundo e se afastar alguns centímetros.

Relâmpagos cortavam os céus.

— Bem, se quiser posso te ajudar com isso de se abrir. – Ele se virou totalmente de frente pra ela. – Pode começar falando o que acha de minha aparência hoje. – E mostrou com a mão a extensão de seu corpo, sorrindo com o canto da boca, pontuando o gracejo.

— Ok, eu posso fazer isso. – Ela ainda tentava se recuperar da antecipação por um beijo que ele refreou no último segundo. Teve que respirar fundo novamente. – Você se encontra muito bem vestido, porém isso não é exatamente novidade. – Ele segurava nervosamente suas mãos.

— Bom começo, continue. – Ele segurou o queixo, interessado e cômico.

— Sério? – Ela não conseguia mais manter seu olhar fixo no dele nesse ponto. – Logicamente você sabe o quão bonito é, além de educado e bem humorado... – Ela só conseguiu ter uma breve visão dos lábios dele. - O que deixa uma pergunta no ar : como é possível o senhor Li ainda estar solteiro? – Ela segurou o queixo, agora conseguindo ser inquisidora; nesse ponto o vinho a ajudando a ser mais brincalhona.

— Bem , eu pretendo não manter esse status por muito tempo. – Ele segurou uma de suas pernas em cima da outra, com charme. – Na verdade não faz muito tempo que me interessei em alguém que dominou minha atenção e meu coração, que é o que importa. – Ele passou os dedos entre os cabelos, parando para simplesmente encara-la.

Sakura se abanou de leve, rindo de puro nervoso. Ele não tinha sido nada sútil. E pelo que entendeu dele, essa nunca havia sido a intenção dele , de qualquer modo.

Ele não conteve um riso surpreso.

— Isso te afetou de algum modo, por acaso? – Ele parecia uma criança que havia ganhado o que mais queria de Natal. – Se abanando assim...

— Você se surpreenderia se soubesse o quanto me afeta, na verdade. – As palavras sairam baixas, porém audíveis e irrefreáveis como uma incoveniente correnteza de pensamentos.

 Tapou a boca com uma mão em desespero óbvio, com direito a olhos arregalados. Como ousava dizer exatamente o que estava pensando bem na frente dele???

Ela queria enterrar a cabeça no chão. Com força. Virou ligeiramente suas costas para ele.

Ele não conteve um sonoro e grave riso.

— Sakura, espera. – Ele a puxou devagar uma das mãos dela para  si, ela se voltou para ele novamente. – Você me afeta o tempo todo. – Eles se encaravam, sem piscar. Ela ligeiramente trêmula. – Acho que estou cada vez mais...

CABRUM                    

Uma chuva pesada começou a cair impiedosamente, pegando ambos de surpresa.

Se levantaram rapidamente.

Ela tentou começar a correr em seu vestido longo , tentou levantar a barra e já começava a se exasperar.

Syaoran viu os apuros da moça, chegou perto e colocou os braços dela em volta do pescoço dele, encarando-a brevemente como se pedisse permissão; ela fez que sim rapidamente com a cabeça e ele a levantou sem esforço algum.

Chegaram numa área coberta em poucos segundos. Já estavam quase encharcados.

— Obrigada Syaoran. – Ela tentava retirar a água de onde conseguia, dando o melhor de si para fazer algo decente com seu cabelo. – Essa chuva veio pra ficar, pelo jeito.

— Esta época as monções podem atacar, mesmo. – Ele tentava se arrumar, batendo na calça, alisando os cabelos para trás.

De repente, em meio ao suave som da chuva, ambos se encararam.

— Sakura...- Ele arrumou uma mecha do cabelo dela, acariciando de leve sua face. Já estavam muito próximos. – Eu não acho que você tenha consumido mais álcool do que o normal para uma organizadora de eventos, certo? – Ele encarava os lábios avermelhados dela e voltava para as duas piscinas esmeraldinas de seus olhos.

— Na verdade não passei de uma taça, é o que eu costumo beber. – Ela parecia hipnotizada, aproveitando para ver de perto cada detalhe das íris avelã dele. – Estou quase perfeitamente sóbria. – Já não conseguia ver mmais nada além dos olhos e dos lábios dela.

Já estavam tocando seus narizes, os pescoços se torcendo e os lábios entreabertos.

Deram vazão aos sentimentos intensos que nutriam um pelo outro com um beijo que se desenrolou até que precisassem parar.

Ainda com as testas apoiadas , seguraram suas mãos e se olharam.

— Não poderia ser menos doce, minha cereja nipônica. – E voltou a beijar o canto da boca dela. – Acho que vou acabar ficando viciado. – E foi para o outro lado, fazendo-a rir.

Segundos após ouviram passos, e permaneceram lado a lado, bem encostados um no outro.

— Olá, casal. – Eriol, chacoalhava seus óculos enquanto se aproximava de ambos. – E o que fazem no escurinho e molhados ?- Ele sorriu ao olhar os dois grudados um ao lado do outro, sorrindo.

Tomoyo ladeou o namorado. Deu um significativo olhar par a prima.

— Fugindo da chuva, como vocês dois. – Sakura foi convincente ao tentar secar os braços molhados. Ainda estava recuperando sua calma. – E vocês, onde estavam? – Ela encarou mais vorazmente sua sócia e prima, passando para o inglês de sorriso bonachão e despreocupado.

O outro casal se olhou, sorridente.

— Caminhamos bastante e tivemos uma adorável digestão, até que o céu decidiu cair em nossas cabeças. – Tomoyo tentava deixar seu cabelo menos molhado.

— Bem, eu acho que devíamos tomar um banho antes de ficarmos doentes. – Syaoran pousou a mão no meio das costas de Sakura, a encaminhando casa adentro. – E vocês dois, pombinhos desajuizados, façam o mesmo. – Syaoran os olhou num misto de severidade e comicidade; Sakura se virou e os olhou ao mesmo tempo, dando exatamente o mesmo olhar.

O segundo par permaneceu espantado com a química de ambos.

Sakura e Syaoran se flagraram mutuamente; congelaram suas expressões e não evitaram os risos ao subir pelas escadas.


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