Enquanto conversavam aos sussurros em francês sobre os sentimentos de Jude em relação a tudo aquilo, as mulheres guiaram os rapazes pelos longos corredores de metal até a sala de comando. Para elas o caminho não era nenhuma novidade, assim como todas as coisas que haviam dentro da sala de comando. O diretor Nick Fury já os esperava em seu posto de comando, parada em seu lado direito estava Maria Hill com as expressões habituais de poucos amigos. 

― Diretor Fúria da noite! ― Jude chamou a atenção do chefe no instante que ingressaram na sala. Ela sentou à mesa de reunião, colocando ambos os pés sobre a superfície da mesa ― Aposto como sentiu minha falta. 

― Jude! ― Steve chamou pela agente ao passar por ela, parando por alguns segundos ao seu lado. Discretamente ele entregou em suas mãos uma nota de vinte dólares, cumprindo assim a aposta que fizeram na noite anterior. Definitivamente o helicarrier surpreendeu o velho Capitão América. 

― Eu te avisei ― Ela guardou a nota no bolso da calça e abriu um sorriso vitorioso, dentre todas as coisas que adorava, uma delas era saber que estava certa. Ao perceber o que havia acontecido, Natasha olhou desconfiada na direção da melhor amiga ― O que foi? É apenas uma postinha entre amigos. 

― Cavalheiros! ― Cumprimentou o diretor olhando para os novos membros da tribulação com seu único olho bom. Ele dirigiu sua atenção primeiramente ao doutor Bruce Banner, o cumprimentando com um aperto de mão firme ― Doutor, obrigado por ter vindo. 

― Obrigado por ter pedido educadamente ― Agradeceu o doutor Banner sem esconder o sarcasmo em seu tom de voz, fazendo Jude rir nasalado ― Por quanto tempo será minha estadia? 

― Assim que recuperarmos o Tesseract o senhor estará livre ― Respondeu o diretor. Por mais que tivesse tentado ser discreta ao mover as sobrancelhas e curvar os lábios, seu movimento não passou batido por Fury. ― Agente Phoenix, tem algo para acrescentar? 

― Sabe que não. ― Ela moveu os ombros com desdém e tirou os pés de cima da mesa ― Só estou interessada em nossa atual situação. 

― Estamos varrendo toas as câmeras acessíveis com ou sem fio do planeta ― Respondeu o agente Coulson ao captar no tom de voz da amiga com o que ela realmente estava preocupada. Tanto Bruce quanto Steve aproximaram do agente para ouvirem melhor as informações que trazia sobre a missão ― Celulares, Laptops... Tudo o que estiver conectado a um satélite teremos conhecimento. 

― Mesmo assim não vão acha-los a tempo ― Disse Natasha checando a porcentagem da pesquisa de busca relacionada ao agente Barton. Da mesma forma que Jude, ela também estava preocupada com o melhor amigo. 

― É verdade, preciso reduzir o campo. Tem acesso a quantos espectrômetros? ― Perguntou Bruce Banner para o diretor Fury. 

― Quantos há ― Respondeu o diretor Fury provando que para a SHIELD nem o céu é o limite. 

― Ligue para os laboratórios que conhecer, diga para colocarem os espectrômetros no telhado e calibrarem para raios gama. ― Ordenou o doutor Bruce retirando o casaco e se preparando para dar início ao trabalho ― Vou criar um algoritmo de rastreamento e reconhecimento de agrupamento. Assim vamos descartar alguns lugares. Onde posso começar a trabalhar? 

― Eu farei questão de mostrar ― Disse Jude levantando da cadeira e ajeitando as vestes. ― Já arregaçou as mangas, falou difícil, quer começar no exato momento. Esse é dos meus. Doutor Banner, é por isso que escolhi te amar. 

O doutor sorriu timidamente, sentindo as bochechas esquentarem enquanto enrubesciam. Não estava acostumado a receber aquele tipo de elogio. A agente aproximou dele e segurou seu braço com ternura, apenas para mostrar o caminho que deveria seguir. 

― Não ligue para ela, a agente Phoenix tem uma língua bem afiada na maior parte do tempo ― Disse o diretor Fury para Bruce, porém olhando direto para Jude, a qual apenas moveu os ombros com desdém. 

― Ignora ― Sussurrou Jude para que apenas Banner escutasse e gesticulou para que ele o seguisse ― Por aqui, você vai adorar a sala. É cheia de brinquedos científicos. ― Já fora da sala de comando, ela gritou para os agentes que permaneciam no local ― Tragam um lanche para nós dois! Não tomei café da manhã e acho que o meu amigo aqui também não. Aposto como não querem duas criaturas descontroladas famintas no mesmo ambiente! 

― Você sempre faz esse tipo de comentário? ― Perguntou Bruce levemente incomodado com o comentário. 

― Sempre que uma oportunidade surge ― Ela olhou em sua direção e sorriu divertida. 

✱✱✱ 

O laboratório havia sido preparado especialmente para o Dr. Banner trabalhar, ele ficava distante da cabine de controle e próximo ao estacionamento interno dos aviões. Como uma boa guia, Jude Phoenix explicava qual seria os locais onde cada porta, corredor e passagem dariam, para caso o Dr. Banner resolvesse passear sozinho pelo Helicarrier. Vez ou outra ela cumprimentava os agentes e outros funcionários que cruzavam o caminho. 

― Você é bem popular por aqui ― Disse o Dr. Banner quando um pequeno grupo de agentes a cumprimentou sorrindo. 

― Anos de serviço! Mas é tudo falsidade, a maioria morre de medo de mim. ― Ela moveu os ombros com desdém, já estava acostumada com aquela realidade ― Eles acham que se um dia eu sair do controle não vou mata-los por terem me cumprimentado. Iludidos. Hey, chegamos! ― Sorrindo, ela apontou para a porta do laboratório. O doutor Banner estava prestes a abrir, mas ela tomou a dianteira ― Deixa que eu abro! ― Com uma força desnecessária, a agente chutou a porta do laboratório, fazendo com que escancarasse enquanto cantarolava ― Somebody once told me the world is gonna roll me I ain't the sharpest tool in the shed she was looking kind of dumb with her finger and her thumb in the shape of an L on her forehead. 

Ela ingressou no laboratório cantarolando a primeira estrofe de All Star do Smash Mouth, fazendo uma breve referência ao filme Shrek. Teria continuado cantando se não tivesse sido tomada por uma vontade incontrolável de rir, fazendo com que levasse a mão até a barriga enquanto enxugava as lágrimas. Nas expressões do Bruce Banner o desgosto estava presente, sendo óbvio que não havia gostado da brincadeira. 

― Shrek?! ― Perguntou retórico entortando o lábio. 

― Desculpa ― Pediu Jude sem parecer sincera enquanto enxugava as lágrimas dos olhos ― Eu precisava fazer isso. 

― Você é sempre assim? ― Perguntou Bruce vestindo o jaleco branco por cima da roupa cotidiana. 

― Essa é a segunda vez que me fazem essa pergunta ― Disse Jude sentando em uma das cadeiras de metal da bancada ― O Capitão confessou que me acha linda, vai fazer o mesmo? 

― Não ― Banner riu fraco e balançou a cabeça em negação. 

― Está dizendo que sou feia? ― Perguntou Jude fingindo estar ofendida enquanto abria boca em indignação. 

― Não foi isso que eu quis dizer ― O doutor passava os olhos por cada aparelho do laboratório, estando encantado com a tecnologia que tinha em suas mãos. ― Você é engraçada, agente Phoenix. 

― Primeiro o capitão diz que sou linda, agora você diz que sou engraçada. Que dia, meus amigos! Que dia... ― Ela colocou ambas as pernas sobre a bancada e retirou do bolso os fones de ouvido. Ela soltou um riso fraco quando notou as expressões animadas do Dr. Banner com os aparelhos ― Parece que alguém acabou de entrar na fantástica fábrica de chocolates. Mas a clássica, não o remake. 

― Eu gostei do remake ― Comentou Bruce sorrindo gentil para Jude. 

― Mas a clássica, bem, é um clássico ― Ela gesticulou, parando de buscar por uma música nos seus fones de ouvido ― Ela tem as melhores músicas, mesmo eu gostando bastante de Veruca Salt e Wonka’s Welcome Song do ramake, me acabo de rir quando os bonequinhos pegam fogo e a menina mimada é jogada no lixo. Porém nenhuma ganha de Pure Imagination e [I've Got A] Golden Ticket. ―  Ela parou de falar por alguns segundos ao ver Bruce rir ― O que foi? 

― Sua paixão por trilhas sonoras é impressionante ― Ele falou sorrindo divertido enquanto ligava os computadores para começar a trabalhar ― De todas as coisas que pensei que pudesse gostar, trilhas sonoras não estava na lista. 

― E o que você pensou? ― Jude perguntou curiosa. 

― Armas? Humoristas? Comida? ― Ele moveu os ombros com desdém, fazendo Jude rir. 

― Não sou fã de armas, gosto de alguns humoristas, AMO comida. Mas o que adoro de verdade é a música, não sou uma boa cantora, mas aprecio. Música e musicais. Trilhas sonoras são a minha paixão, desde séries a desenhos infantil. O cinema também é a minha paixão, mas não ganha das trilhas sonoras e dos musicais. Uma boa trilha sonora é capaz de salvar um filme ― Disse Jude com paixão e os olhos brilhando, sempre ficava entusiasmada quando entrava um assunto que gostava. ― Um dos prazeres de ser imortal é ver o crescimento do cinema e da indústria musical. Acompanhei desde os filmes em preto e branco até a tecnologia 3D. Assim como a mudança nas letras e canções. Eu acompanhei, de certo modo, o crescimento da Broadway. Vi ritmos surgirem e outros morrerem. Filmes, música e livros são a minha paixão. Minha verdadeira paixão. 

― A ciência é a minha verdadeira paixão ― Disse Banner sem tirar os olhos do computador. 

― Você é realista, Dr. Banner ― Jude repreendeu um bocejo enquanto espreguiçava ― Assim como a Nat. É aquele tipo de pessoa que vê o copo com metade do conteúdo, nem vazio e nem cheio, apenas com o conteúdo correto. Eu já faço parte dos sonhadores, como o agente Barton. Não que eu não veja a realidade, mas gosto de ter esperança de que as coisas possam melhorar. Odeio ser pessimista, para mim o copo está sempre cheio... Sempre. 

― Agente Phoenix... ― Bruce retirou os óculos de grau por breves segundos e olhou na direção da colega de serviço ― Está falando isso por causa do seu namorado? 

― O agente Barton não é o meu namorado, já foi a alguns anos. Mas não é mais. ― Ela suspirou e sentou na cadeira com a coluna ereta ― Ele é meu melhor amigo, meu companheiro. Sabe aquelas pessoas com quem cruzamos no caminho? Elas pensam que ele já era, sei disso pois entrei na mente de cada uma que me olhava com pesar. Eles pensam que ele já era, são pessimistas. Principalmente depois dele ter atirado na minha cabeça com a flecha. 

― Nós vamos achar o Tesseract e vamos salvar o agente Barton ― Afirmou o Dr. Banner tentando mostrar segurança para a colega. Mesmo que pensasse o contrário e tivesse poucas esperanças. Afinal, Clint Barton havia se metido com um deus nórdico. 

― É isso que desejo. Por isso o deixarei trabalhar. ― Jude sorriu e colocou os fones de ouvido. 

Durante longos segundos o laboratório ficou em silêncio, tendo como ruídos apenas o som da caneta da agente Phoenix sobre o papel das palavras cruzadas e os tec tec’s das teclas do teclado do computador que o doutor Bruce Banner utilizava para trabalhar na criação do algoritmo.  

O cientista parou o que fazia quando a música “Everybody Wants To Rule The World” do Tears for Fears invadiu seu cérebro, tornando quase impossível manter a concentração no trabalho que exercia com o equipamento da SHIELD. Ele olhou em todos os lugares em busca do que estava fazendo a música ressoar, mas a única explicação plausível era Jude. A agente parecia distante enquanto rabiscava fortemente a caneta num canto do papel, distante de qualquer outra coisa que pudesse estar acontecendo ao seu redor. 

― Agente Phoenix! Agente Phoenix! ― O doutor Banner a chamou, mas não ouve resposta. Sorrateiramente ele aproximou da colega e a tocou sutilmente nos ombros. Fazendo com que a música desaparece no momento que ela o encarou ― A senhorita poderia não entrar na minha mente, por favor! 

― Desculpa ― Ela pediu sem jeito desligando a música e guardando os fones de ouvido ― Não foi proposital. 

― Oh! Tudo bem ― Ele sorriu sem mostrar os dentes ― É que fica meio difícil trabalhar assim. 

― Tentarei não fazer de novo, mas não prometo ― Jude suspirou e sorriu sem humor ― Se eu fosse fazer uma música ressoar no seu cérebro, com certeza seria You’re A Mean One, Mr. Grinch. 

― Não acredito que entrar na mente do Dr. Banner seja uma boa ideia ― Disse Natasha Romanoff entrando no laboratório, ela estava com os braços cruzados sobre o peito e caminhou em direção a melhor amiga. 

― Eu não fiz de propósito ― Falou Jude erguendo as mãos em rendição. 

― Sei disso, dava para ouvir sua péssima playlist num raio de 500 metros daqui ― Natasha puxou uma cadeira, sentando na frente da melhor amiga ― A Adele ligou, chegou no ouvido dela o que aconteceu, ela está preocupada. 

― Não quero falar com ela ― Murmurou Jude deitando a cabeça sobre os braços na mesa para abafar um grito ― Teria que falar sobre o que houve com o Clint e as crianças ficariam sabendo. Viraria uma bola de neve. 

― Entendo. Mas uma hora ou outra terá de falar com ela ― Natasha apoiou a mão sobre o ombro da melhor amiga ― É o direito dela saber, Jude. 

― E é o meu direito não passar a informação ― Jude forçou um sorriso sem mostrar os dentes. ― Quando a poeira abaixar nós conversamos, até lá não quero ninguém fora da SHIELD envolvido nisso, principalmente Adele. Sempre passei as informações negativas para ela quando já não são mais uma ameaça, vou fazer o mesmo. Enquanto não estiver com o Clint em minhas mãos, ninguém vai ficar sabendo com detalhes o que aconteceu, porque vamos rir da situação, depois de eu dar um tiro no cú do Loki. 

― Estou muito preocupada com você ― Natasha suspirou, sabia que não adiantaria insistir no assunto, principalmente quando Jude já estava determinada a seguir o plano. ― Todos estamos. Seus poderes estão saindo do controle, Jude. 

― Eu não vou voltar a ser a velha Jude, se é isso que pensa ― Resmungou a morena revirando os olhos. 

― Sabe que não é isso que penso, pode entrar na minha mente para ter certeza ― Rebateu Natasha fechando a cara com a desconfiança da outra. 

― Eu estou bem, Romanoff ― Jude deu com os ombros e levantou da cadeira. Não estava disposta a discutir com a melhor amiga, principalmente na frente do doutor Banner, o qual jugava a discussão entre elas mentalmente. ― Mas então, o Coulson pediu para o Capicolé autografar as figurinhas dele? 

― Com certeza ― Mesmo que não fosse sua intenção, Natasha resolveu mudar de assunto. Conversar com Jude naquele estado não faria bem para a amizade das meninas, teria de esperar a morena esfriar a cabeça para que uma grande discussão não acontecesse entre elas e acabassem ficando sem se falar por uns dias ― Quando deixei a cabine de comando eles estavam conversando. 

― O Capicolé me adora, sabia? Otário ― Reclamou Jude voltando com as expressões irritadiças na face.  

― Tenho a impressão que vocês serão grandes amigos ― Disse Natasha cruzando os braços sobre o peito. Jude fez careta com o comentário e olhou enojada para a amiga ― Sabe que nossa amizade começou assim e hoje você não vive sem mim. 

― Na minha vida só tem espaço para uma soulmate e você já ocupa esse cargo ― Falou Jude apontando para a ruiva ― Além de que nossa amizade é diferente, temos coisas em comum. 

― Desculpe me intrometer, mas você e o Steve também possuem muito em comum ― Disse o doutor Banner se metendo no assunto pela primeira vez desde a chegada da Natasha na sala. 

― Como o que? ― Perguntou Jude arqueando uma das sobrancelhas. 

― Vocês dois nasceram na década de cinquenta, os dois tiveram o soro do Dr. Erskine inserido no DNA. No seu caso em pouca quantidade, já que até onde li na sua ficha, a senhorita nasceu com parte dos seus poderes. ― Disse Banner tirando os olhos da tela do computador por alguns segundos ― Vocês dois também são orgulhosos e determinados, possuem senso de liderança, só precisam deixar as desavenças de lado. 

― Impressionante ― Jude sorriu para o cientista após uma troca breve de olhares com Natasha. Estava realmente impressionada em saber que ele conhecia da sua história e não focava na antiga versão da Jude, estando disposto a conhecer quem ela realmente era ― Mas você não tem um algoritmo para criar? Até onde sei, meu amigo não vai ser encontrado sozinho. 

― Na verdade, o Algoritmo é para encontrar o Tesseract ― Corrigiu Bruce voltando a encarar a tela do computador e digitar com seus dedos ágeis. 

― Esse aí pode descartar, jogamos no mar outra vez com o Capicolé. Deixa-o lá, dessa vez para sempre ― Jude sorriu empolgada com a ideia, fazendo com que Natasha revirasse os olhos e soltasse um riso fraco. ― Aquele cara me irrita, ele faz com que eu queira explodir a qualquer momento e soltar o meu Hulk interior. ― A morena virou apressada na direção do cientista, por uma fração de segundos esqueceu da presença do mesmo na sala ― Desculpa, Dr. Banner. Não falei por maldade. 

― Tudo bem! ― Assentiu o moreno mesmo a contragosto ― Fui alertado sobre seus comentários sarcástico e por não ter um filtro entre a boca e o cérebro. 

― Aposto como foi a Natasha que te disse isso ― Jude virou para a amiga, semicerrando os olhos como se estivesse ofendida. 

― Tinha de avisa-lo sobre quem ele teria de aguentar ― Natasha moveu os ombros com desdém ― Também disse que é a fã número um dele. 

― Você o que? ― Perguntou Jude piscando os olhos levemente confusa. Aquilo não era mentira, mesmo que não entendesse nada sobre os assuntos científicos, ela era realmente uma fã do Dr. Banner, principalmente quando perdia o controle, era como se houvesse outra pessoa na Terra que a compreendesse. 

― Me sinto honrado ― Disse o Bruce sorrindo divertido para Jude, a qual ficou com as bochechas rubras quase que no mesmo instante. 

― Eu vou matar você, Natasha ― Jude colocou as mãos na cintura e sorriu sem humor para a outra, tentava disfarçar a vergonha, mas aquilo só fazia com que Natasha desse mais risadas. 

― Depois você me mata ― Natasha levou da cadeira e deu atenção para o ponto em seu ouvido ― Okay, estou indo ― Falou para a voz de comando do outro lado da linha, que provavelmente deveria ser do Nick Fury ― Preciso voltar para a cabine de comando. Não pense que escapou da nossa conversa. 

― Teremos todo o tempo do mundo depois que essa confusão acabar ― Jude sorriu e gesticulou para que a amiga deixasse o laboratório ― Agora vá e, por favor, me deixe por dentro de tudo. 

Natasha assentiu positivamente com a cabeça e deu as costas, deixando o recinto enquanto sussurrava com os superiores através do ponto de ouvido. A morena voltou a sentar na cadeira, inclinando o corpo para trás enquanto equilibrava sobre as pernas traseiras da mesma, balançando o corpo para frente e para trás. 

― Odeio não poder fazer nada enquanto um monstro controla o cérebro do meu melhor amigo ―Resmungou Jude mais para si do que para o doutor Banner. 

― Agente Phoenix... 

― Jude ― Ela o interrompeu, estando cansada de ser chamada pelo seu sobrenome. ― Já zombei muito da sua cara, pode me chamar apenas por Jude. 

― Jude ― Repetiu o cientista dando um breve sorriso ― Estou trabalhando com o algoritmo o mais rápido que posso. Por enquanto, peço que tenha paciência. 

― É quase como pedir um milagre a estrela azul ― Ela riu sem humor ― A dream is a wish your heart makes... 

― Você tem uma música para cada ocasião? ― Perguntou Bruce curioso. 

― Assim como comentários sarcásticos ― Jude piscou com apenas um dos olhos e fez sinal de positivo com a mão. ― Depois que você gerar esse algoritmo, vai demorar muito para encontrar o Clint? 

― Você quer dizer o Tesseract? ―Perguntou Bruce a corrigindo sutilmente. 

― Não, quero dizer o agente Barton mesmo ― Disse Jude movendo os ombros com desdém ― Achando o Tesseract achamos o agente Barton, que é com quem me preocupo. Não quero ser portadora de péssimas notícias para a família dele. 

― A ficha dele não menciona família ― Falou o cientista quase que em um sussurro. 

― Todo mundo tem família ― Jude revirou os olhos, doutor Banner olhou curioso para ela ― Quatro filhos, seis netos e um afilhado. Mas não deixe essa informação sair daqui. 

― Será nosso segredo ― Bruce assentiu para o pedido ― Netos? 

― Qualquer dia te apresento, quando toda essa bagunça passar e virar de uma piada ― Jude bufou ― Mas não respondeu a minha pergunta inicial. 

― Isso vai depender de como os espectômetros estarão alinhados e... 

― Blá, blá, blá... Chato! ― Jude fez careta ao interromper a explicação do Dr. Banner. Ele franziu o cenho surpreso com a interrupção ― Sou velha, conheço sua história e tenho um relógio legal, mas não entendo nada sobre ciência. Pode só responder com algo direto como sim ou não? 

― Conhecimento nunca é demais, Jude ― Bruce voltou a digitar no computador. 

― Corrigindo, conhecimento que me interessa nunca é demais. ― Ela abriu um sorriso sarcástico e piscou para o cientista. 

O silêncio voltou a reinar dentro do laboratório pelos minutos seguintes. Temendo atrapalhar o cientista e invadir seus pensamentos de modo inconsciente, Jude não ligou suas músicas, ficando mais interessada em joga tetris no holograma do seu smartwatch. Quanto mais rápido a pesquisa ficasse pronta, mais rápido eles conseguiriam recuperar o agente Barton das garras do Loki. 

A agente estava prestes a bater o seu próprio recorde quando escutou passos apressados ressoarem pelo extenso corredor de metal da aeronave, ela ergueu os olhos para entender o motivo da baderna, dando tempo de vislumbrar o Capitão América correndo em direção ao estacionamento dos aviões de guerra enquanto utilizava o uniforme medonho com listras e estrelas. 

Era certo que algo grande e relacionado a missão estava acontecendo e, como vem acontecendo nos últimos meses, ela foi deixada de fora. Desesperada para pegar Steve e ficar atualizada com a missão, ela levantou de mal jeito da cadeira, fazendo com que os pés traseiros do objeto de metal escorregassem e a derrubasse de costas no chão. O barulho do móvel ecoou por todo o laboratório e corredor, atraindo atenção de quem estava passando por ali e assustando o Doutor Banner por alguns segundos. 

― Puta que pariu! ― Urrou Jude fazendo uma careta de dor enquanto levantava apressada. Ela correu pelo corredor, conseguindo pegar Steve parado no meio do caminho, ele olhava confuso para os lados, tentando entender de onde o estrondo veio ― Aonde você pensa que vai? 

― Que barulho foi aquele? ― Perguntou Steve ao mesmo tempo que a agente o confrontou. 

― Eu cai da cadeira ― Respondeu rápido e sem separar as palavras, para que o soldado não compreendesse o que havia dito e continuasse com a postura autoritária ao confronta-lo ― Agora, responda o que perguntei, aonde pensa que vai? 

― Stuttgart, Alemanha ― Respondeu Steve avaliando a morena dos pés à cabeça, querendo certificar de que não havia machucado nenhuma parte do corpo ― Loki foi localizado, não temos muito tempo, precisamos captura-lo. 

― Vou com vocês ― Disse Jude o acompanhando quando começou a correr. 

― Não, você não vai ― Natasha apareceu atrás deles, assim como o capitão, também estava vestida para a batalha. 

― É óbvio que vou ― Retrucou Jude revirando os olhos e determinada a prosseguir ― Vocês precisam de mim. 

― Por isso deve permanecer aqui ― Natasha puxou Jude pelo antebraço, impedindo que ela continuasse correndo ao lado deles e tomando a dianteira ― Você não virá conosco nessa missão. 

― EU. VOU. COM. VOCÊS ― Insistiu Jude pausadamente e com fúria no olhar ― Vou acabar com aquele desgraçado. 

― Precisamos do Loki vivo ― Disse Steve apressado ― E precisamos ir agora, Natasha. Antes que ele escape. 

― Já estão íntimos para serem tratados pelo primeiro nome? ― Perguntou Jude cruzando os braços sobre o peito. 

― Agora não, Jude ― Resmungou Natasha entre os dentes. 

― Vou com vocês e ponto final ― Falou Jude insistindo como uma garotinha mimada. 

― Capitão, vá na frente, já encontramos com você ― Natasha olhou de canto para Steve por alguns segundos e voltou a encarar Jude. ― Vem aqui... 

Com ternura a ruiva abraçou a melhor amiga, Jude olhava confusa para o gesto, tentando compreender o motivo daquele abraço repentino, principalmente depois de terem combinado que encontrariam com Steve no avião. 

― O que está fazendo? ― Perguntou Jude franzindo o cenho enquanto Natasha continuava abraçada. 

― Me desculpa. ― Sem que Jude percebesse e usando de suas mãos leves, Natasha roubou a arma de choque que a morena prendia no cós da calça e utilizou contra ela quando desfez do abraço. O choque foi suficiente para derrubar Jude desmaiada do chão após tremer ― Isso doeu mais em mim do que em você. 

― Natasha? ― Steve assistiu à cena de dentro do pequeno avião de batalha, ele olhou horrorizado da morena no chão para a ruiva. 

― Ela vai ficar bem, mas é melhor corrermos ― Sorrindo com o canto dos lábios, Natasha ingressou no avião de batalha ― Agora entendi o motivo dela gostar tanto dessa arma.