Choices escrita por Caqui Cullen


Capítulo 4
Choices - Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Olá, desculpem o atraso para quem anda lendo Choices. Bem, aqui vai um capítulo para vocês amores.
Bju de luz.



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Afonso sentia uma inquietação crescer em seu peito. Não sabia quantos dias haviam se passado desde a visita da princesa de Artena à pedreira, mas poderia deduzir que fazia um pouco mais que um mês.

Algo em seu interior lhe dizia que deveria sair dali o mais rápido possível, não só pela urgência que sentia ao imaginar-se livre daquele inferno, mas também porque esta mesma coisa, que lhe deixava angustiado e agitado, tendo causado até uma certa insônia nas últimas noites, lhe dizia que algo de muito errado estava se passando no castelo e isso possuía relação com Catarina.

O ex-rei não sabia dizer exatamente o que era ou o porquê de estar sentindo-se daquela forma, somente sabia que só sossegaria e aquele sentimento o deixaria quando colocasse seus olhos na princesa, certificando-se de que ela estava segura, viva.

Ele também sabia que o melhor dia para a execução do plano de fuga seria naquela noite, uma vez que era o momento em que ocorreriam as lutas entre os prisioneiros e que alguns dos guardas que o ajudariam facilitariam para que ele saísse, assim como Cássio, Jon, um duque que havia ido para aquele lugar por ofender Rodolfo e ameaça-lo e Tiago, irmão de Amália, que ele descobrira dias depois que estava trancafiado naquele mesmo lugar, por um motivo que ele não quisera revelar.

Lembrar-se do irmão de Amália fazia Afonso lembrar-se dela, no compromisso que ambos haviam firmado, embora ele não soubesse se ainda haveria alguma forma de compromisso, graças as atitudes dela e a falta de notícias da mesma. 

Era como se ela nem se recordasse de sua existência e que o mesmo era seu noivo, em outros tempos, marido.

Sabia que algo estava extremamente errado em relação a ruiva, só não conseguira ainda descobrir a motivação para isso. Mas era um de seus objetivos ao escapar daquele lugar e ter tempo para colocar sua vida de volta aos trilhos de onde não deveria ter saído. 

O fato de Tiago não querer ou não poder revelar o porquê de ter sido enviado para a pedreira também não lhe saía da mente, e o motivo? Uma sensação em seu peito lhe dizia que isso estava, de alguma forma que ele ainda não conseguira enxergar, ligado a irmã.

O moreno possuía consciência de que teria que pôr em pratos limpos seus sentimentos pela ruiva, ainda mais após Catarina ter se entregado a ele, de forma integral, sem reservas. 

Não poderia mentir para si mesmo e nem para nenhuma delas. 

Infelizmente, inevitavelmente uma das duas sairia machucada e magoada desta história, mas era melhor do que as enganar de forma hedionda e sem necessidade. 

Não condizia com o caráter do ex-rei agir de tal forma. Definitivamente, isto estava fora de cogitação.

A única coisa que o fazia sentir-se um pouco culpado era que ele nem mesmo pensara no nome de Amália após a visita da princesa, nem mesmo antes, e sim que houvesse mantido seus momentos com a Catarina vívidos em sua memória. 

Nem mesmo o fato de tê-la feito sua, ainda estando, para todos os efeitos, compromissado com outra o deixava culpado ou sentindo raiva de si mesmo. 

Quando se recordava do que haviam feito, do que haviam compartilhado e do quanto haviam se entregado um ao outro, mesmo que por pouco tempo e não da maneira que ele desejara e que ela merecia, o que lhe invadia era apenas um sentimento de pertencimento, de contentamento, como um sopro de verão no meio do mais rigoroso inverno e de uma nova sensação, que ele ainda não sabia como nomear, mas que era demasiada importante em sua vida e em sua recém acendida chama de esperança.

Somente recordara-se da ruiva quando fora questionado por Tiago se o mesmo havia recebido alguma espécie de notícia ou visita vinda dela. O que acabara lhe intrigando, recordando-se agora, fora que no momento em que negara ter recebido qualquer tipo de contato, Tiago nem mesmo demonstrara se surpreender com o fato. 

Na verdade, parecia até estar esperando a negativa de Afonso, surpreendendo-se sim se ele houvesse dito o contrário. 

Porém, ao questiona-lo sobre isso, alguns dias depois, o irmão da ruiva apenas desconversara e perguntara a quantas andava o plano de fuga de Afonso, e afirmara que o mesmo o ajudaria, tanto a escapar quanto a reivindicar o trono para si e o ex-rei agradeceu-o por isso, sem entrar em muitos detalhes.

Naquele dia, como os prisioneiros seriam uma espécie de atração para os guardas, todos foram liberados de seus serviços um par de hora mais cedo, para "descansarem" e se prepararem para as festividades. 

Enquanto encaminhava-se para sua precária tenda, o moreno repassava mentalmente os passos de seu plano, tentando convencer a si mesmo que tudo daria certo e que eles conseguiriam escapar dali.

Mas, mudou seu caminho inesperadamente, cruzando com um dos guardas, que lhe acenou quase imperceptivelmente, se encaminhando para a tenda de um senhor, de idade já bem avançada, que oferecera ajuda com seus conhecimentos sobre ervas, que poderiam ser muito úteis, para preparar uma mistura que simularia sua morte, já que Afonso era um dos escolhidos para apresentar suas habilidades em combate justamente contra Jon, o lorde que fugiria com ele e os demais.

Enquanto o senhor fazia o preparo das ervas, Afonso pegara-se pensando nas últimas ações da, até então, noiva. Havia tempos que o relacionamento havia entrado em uma crise que, ao seu ver, não parecia que teria um fim. 

Encontrava-se demasiado cansado devido a tantas brigas e discussões sem sentido, sempre desencadeadas pelo mesmo motivo: Rodolfo e o reino. Pondo-se a analisar agora, começara a notar que sempre que o mais velho dos Monferrato citava os desmandos do mais novo ou apenas seu nome, observava que a noiva assumia uma postura tensa, defensiva.

Ligado a isto, sempre que ele criticava uma nova ordem infundada de seu irmão, ela o defendia ou nem mesmo se pronunciava, apenas dava de ombros como quem não se importasse com isso e seguia com seus afazeres, tornando-se irada quando Afonso revoltava-se com as atitudes, ou falta delas, do então rei. 

Era como se ela aprovasse a forma que ele regia Montemor, cobrando impostos abusivos, para poder bancar seus luxos, até sobre a água que, em sua opinião, deveria estar sendo distribuída de graça e livremente para o povo, visto que agora dominavam Artena, e não racionada, como seguia até então.

Fora uma das piores brigas. 

Ela o acusara de tentar boicotar a regência do irmão, apontando-lhe fervorosamente que Afonso é que havia escolhido viver daquela forma, que fora ele e somente ele que escolhera abdicar do trono, que era seu por direito, para viver de forma simples, como um plebeu, como ela, jogando toda a responsabilidade de governar uma nação e cima de Rodolfo, sem nem mesmo que ele estivesse preparado para isso. 

No auge da raiva, ela jogara em sua cara que ele se arrependia de ter tomado aquela decisão no calor do momento, no auge do que ele achara ser amor, mas que na realidade era apenas uma paixão. 

Que ele nem mesmo tentara disfarçar que ainda se sentia ligado ao povo e aos assuntos do reino, que ele nem mesmo tentava verdadeiramente deixar sua antiga vida para traz.

Neste dia, enquanto ele se encaminhava para a saída da singela casa em que viviam, Afonso lembrara de que interrompera os movimentos bruscamente ao ouvi-la dizer que o irmão mais novo era mais homem do que ele.

Permaneceu parado enquanto a ouvia dizer o quanto Rodolfo havia sido corajoso e maduro o suficiente para assumir uma responsabilidade que nem mesmo era sua e que não havia fugido, como o príncipe mimado que era, graças a um rompante de liberdade do irmão mais velho, que nem mesmo fora capaz de desligar-se de sua antiga vida ao escolher abandonar o trono e seus súditos. 

Ele nem mesmo virou-se para olha-la quando fez o caminho para longe daquela casa, afim de colocar os pensamentos de volta no lugar.

Interrompeu sua reflexão ao perceber o toque o velho senhor em seu ombro, mostrando-lhe que já havia terminado seu trabalho. Antes de refazer seu caminho para a tenda, o idoso lhe dera as instruções de como tomar o preparo, para que pudesse fazer efeito no momento certo. 

Agradecendo-o, Afonso se pusera a caminhar, seus pensamentos o levando de volta a situações protagonizadas por Amália, uma forma de seu íntimo o dizer que algo não estava certo em relação a ruiva e a Rodolfo.

Afonso sabia que ambos não se conheciam antes do baile de coroação de Rodolfo, uma vez que o ex-rei e a plebeia haviam se casado ainda em Artena, com a presença dos familiares da ruiva e alguns amigos da mesma, sem a presença de ninguém ao lado do moreno. 

Algum tempo depois, ocorrera o baile, onde pôde enfim apresentar a esposa ao irmão, que o encarava sem expressão, mas ao migrar o olhar para a ruiva, o olhar do mais novo assumira um brilho que a muitos anos não via lá. 

O de desafio. 

No outro dia, a esposa quisera retornar imediatamente para Artena, com a desculpa de que não se sentia à vontade rodeada de tantos monarcas, incluindo Catarina, que os observava de forma intensa e curiosa.

Mal sabia o ex-rei que ali começaria seus dias de provação, quando a ruiva perdera a memória e pedira a anulação do casamento, por ainda achar que estava compromissada com Virgílio, bem como perdera o bebê que ela esperava. 

Dois dias após isso, enquanto estava no castelo em uma audiência com a princesa, ele não soubera que um mensageiro de Montemor havia ido até a casa da plebeia e lhe entregado um bilhete de seu irmão mais novo, convocando-lhe em segredo até as terras montemoriana. 

Ocupado com seu novo cargo oferecido pela princesa de chefe da guarda real, ele nem mesmo soubera que ela havia se ausentado por quase uma semana, retornando com um brilho diferente nos olhos, com uma atitude diferente do habitual.

Não teve tempo de continuar analisando situações do passado graças a uma trombeta que soara ao longe, atraindo sua atenção de volta para aquele momento, onde pudera perceber que já começava a escurecer completamente. 

Virou o preparo de uma só vez, sentindo o gosto amargo das ervas escorrer forçadamente por sua garganta. 

Era hora de se preparar. 

Era hora de focar a mente naquele momento, sem distrações. 

Era hora de colocar seu plano de fuga em prática. 


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Notas finais do capítulo

Boa leitura, mores.



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