Intercepted escrita por Cherry Opal


Capítulo 3
A loja e o livro da seita




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Senti alguém tocar meu ombro e eu virei rápido apontando a faca para quem tinha tocado em mim, as meninas tinham se escondido atrás de mim quase destruindo o pequeno altar atrás de nós, eu respirava rápido e fundo e tinha grande determinação de acabar com qualquer um que fosse uma ameaça para nós.

— Vocês invadem minha loja e eu que sou ameaçada?— Uma voz fina, mas anasalada soou e eu relaxei reparando que uma mulher em seus trintas, de cabelos castanhos escuro como o meu presos em um rabo de cavalo, ela mantinha uma posição autoritária com as duas mãos na cintura.

— Eu…Eu…E…Me desculpe…— Senti meu rosto ficar quente e abaixei minha faca, ela soltou uma gargalhada e ficou menos travada o que deixou o ambiente mais desconfortável.

— Tudo bem querida, eu também não deveria ter aparecido atrás de vocês sem avisar, nós duas estamos erradas. Que tal começarmos de novo?

— Claro… Pode ser…— Eu relaxei um pouco mais e as meninas também que finalmente haviam saído de trás de mim.

— Eu sou Desiree Ward, dona da loja e posto que vocês estão.— Ela apontou para Mary.

— Mary Young.— Depois para Hope.

— Hope Allen.— E por último para mim.

— Eve Moore.

— E o que três garotas como vocês estão fazendo aqui no meio do nada?— Ela questionou calmamente, mas ainda parecendo vagamente assustador.

— Nós estamos fazendo uma viagem, mas ficamos sem gasolina um pouco atrás daqui, e mais um menino que veio com a gente ficou lá com o carro e nós viemos até aqui pra ver se conseguíamos a gasolina e uma ajuda.— Mary respondeu.

— Incrivelmente isso é bem comum por aqui, as cidades são bem longe uma das outras e não param pra pensar em quanta gasolina realmente precisa, eu tenho um caminhão de reboque. Eu posso ir lá pegar o carro de vocês e o seu amigo.

— Muito obrigada mesmo, Hope por que você não vai com ela só pro Peter não estranhar.— Eu disse entregando a faca pelas costas para minha amiga.— Já sabe, se ela vier de graça vá direto no pescoço.— Sussurrei e ela acenou com a cabeça, seguimos a mulher para fora da sala, mas antes de eu realmente sair eu olhei para o altar atrás de nós que agora estava levemente bagunçado devido ao susto.

Nós voltamos para a frente da loja e eu voltei a sentar no balcão, no lugar que tinha a marca já que eu já havia sentado ali, Desiree olhou para mim é parecia que ia falar alguma coisa para mim, mas preferiu ficar quieta e seguir com minha amiga para fora. Mary foi para mais perto da porta de vidro para vê-las saindo com o caminhão, mas de onde eu estava dava para ver perfeitamente e eu senti meu coração apertar eu sei que eu tinha dado a faca para ela e que a mulher não parecia tão assassina ou psicótica, tirando o susto que ela deu mais o altar que ela tinha lá trás, porém não estou aqui para julgar a religião dela e muito menos julgar ela já que ela está nos ajudando de muita boa vontade, coisa que eu definitivamente não faria.

Eu olhei o caminhão sair daqui e ir em direção ao nosso carro e depois que tinha saído do meu campo de visão comecei a observar meus pés enquanto eu os balançava no ar, respirei fundo e olhei para o teto onde haviam algumas manchas talvez poderiam ser mofo, talvez infiltração, mas eu não tinha muita certeza.

— Que religião você acha que é aquela?— A loira olhou para mim de braços cruzados.

— Não sei, por um momento eu achei que o cara da foto era Jesus, mas eu tenho uma leve certeza que Jesus não usa óculos da aviador de lente amarela.— Eu ri olhando para ela e ela também soltou uma risada.

— Aquela cruz.— Ela fez o sinal de aspas com os dedos na hora que havia falado cruz.— Me lembra tanto a daquela religião estranha do Tom Cruise.

— Cientologia?— Perguntei.

— É, essa mesmo, só que essa é menor e meio que parece uma flor.

— Eu pensei q fosse uma flor, não uma cruz.

Ela saiu da minha frente e de a volta no balcão para entrar na sala atrás de mim,  cruzei minhas pernas, apoiei meus cotovelos nos lados de meus joelhos e uma mão cobriu meu rosto de vergonha, como se nós não tivéssemos invadido a sala antes.

— Eu não acho que nós deveríamos entrar aí de novo.— Comentei soltando um suspiro longo.

—Você não precisa entrar, eu já estou aqui, além disso eu preciso que você fique de olho caso eles cheguem.— Ela respondeu com sua voz meio abafada.— Achei uma bíblia aqui, embaixo do livro estranho.

— Nenhuma novidade…

— Mas é estranho né, ela tá como segunda opção desse livro… Acho que eu vou dar uma lida no livro estranho.

— Só não perde a página dela.— Peguei uma das revistas empoeiradas do cabideiro e fiquei passando pelas páginas, eu não cheguei a ler nada, mas as coisas que eu bati o olho mostraram que a revista era bastante velha.

— Portão do Éden.— Minha amiga se pronunciou e eu só respondi um “que?” virei para trás esperando ela aparecer na porta e apoiei a revista em minhas pernas, logo ela apareceu ainda lendo o livro,se apoiou na moldura da porta e logo parou de ler para olhar para mim.— Portão do Éden.

— Eu entendi o que você disse, eu só não tenho a menor ideia do que isso quer dizer.— Eu ri e voltei a folhear as páginas, ela se apoiou no balcão de um modo onde eu também pudesse ver o que havia lá.

— É um projeto?— Mary disse incerta.

— Que tipo de projeto?

— Eu não entendi muito bem ainda… É meio que um projeto espiritual e religioso.

— É definitivamente uma seita.

— Como é que você sabe?

— “Portão do Éden”… um projeto espiritual e religioso...— Dei ênfase no religioso.— Não preciso de muito mais coisa pra entender que sei lá quem que fundou isso é um líder de uma seita, tipo o Charles Manson, Jim Jones, David Koresh…— Não consegui terminar de falar já que o barulho do caminhão chegando no posto nos assustou, olhei de olhos arregalados para Mary que me olhou assim também.— Tira foto do que você conseguir, deixa do jeito que você achou e volta pra cá correndo.— Sussurrei com um tom de nervosismo.

Só consegui escutar o som da câmera do celular agindo varias vezes enquanto eles estacionavam o carro ao lado da bomba de gasolina, do caminhão reboque primeiro saiu Peter que logo ajudou Hope a descer parecendo que ela não conseguia fazer isso sozinha, o que me fez revirar os olhos enquanto Mary ainda tirava fotos das paginas, Desiree desceu também é já começou a encher o tanque do no carro e fez um sinal mandando o casal ir pra loja.

— Ela tá enchendo o tanque do carro, pode tirar as fotos com calma.— Comentei agora voltando a olhar a revista.

— Alguma novidade?— Peter chegou perguntando.

— Hope não te contou sobre o altar muito estranho pra uma religião que eu e Mary temos certeza que na verdade é uma seita?— O olhei com uma sobrancelha levantada e um sorriso zombeteiro.

— Você não me contou o que?— Ele olhou para Hope nervoso enquanto eu ria.

— Eu não ia ficar julgando a religião dos outros do lado da pessoa né.— Ela olhou para mim como se quisesse me dar uma bronca.— Falando nisso cadê a Mary?

— Lá dentro tirando foto do livro estranho, sério vocês vão adorar isso, principalmente você Peter que adora rir da religião dos outros só porque é ateu.— Eu troquei a revista que lia e ele riu.— Um dia essa falta de educação ainda vai te foder, e depois não adianta questionar.

— Que horror Eve.— Mary comentou saindo da salinha, ficando do meu lado, pegando uma revista e lendo como se nada tivesse acontecido.

— Você deixou tudo certinho lá dentro né?— Sussurrei para a loira.

— Claro né. Você acha que eu sou idiota de deixar pista das coisas que eu faço?

— Não sei né, vai que a mulher é perfeccionista e percebe.

— Relaxa, ela não vai nem perceber.— Ela falou e nós nos encaramos, mas logo voltei a olhar para o garoto que agora estava andando pelos corredores da lojinha.

— Fica de olho na validade, muita coisa aqui esta velho.— Comentei.

— Que buraco que você acharam hein.— Ele riu desdenhosamente e no final de sua fala Desiree entra na loja.


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