Intercepted escrita por Cherry Opal


Capítulo 4
O Pingo de chuva antes do dilúvio




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/777719/chapter/4

— Bom o carro de vocês já está com o tanque cheio, e tudo certinho.— Desiree entrou na loja batendo as mãos em sinal de trabalho feito.

Ela olhou para mim que ainda estava sentada no balcão e Mary que ainda estava atrás dele não precisando falar nada eu fiquei em pé e botei a revista no lugar dela enquanto Mary deu a volta para sair e ainda ficou com a revista na mão, quando ela chegou perto de mim eu dei uma cotovelada de leve no lado de seu corpo e ela percebeu e botou a revista onde ela estava, o silêncio havia se instaurado enquanto ela andava calmamente para trás do balcão de frente para caixa registradora.

—Então crianças, posso saber o que vocês estão fazendo no meio de Montana?— A senhora questionou olhando para todos nós que estávamos perto um dos outros.

— Nós já te falamos que estamos fazendo uma viagem juntos.— Mary respondeu questionando a pergunta.

— Sim eu sei, mas eu quero saber o que vocês pretendem fazer aqui em Montana, não é como se tivesse muita coisa interessante aqui.— Ela riu nervosa.

— Só passando mesmo, talvez dar uma acampada, quem sabe…— Comentei olhando despretensiosamente para algum biscoito qualquer.

— Então… Vocês aceitam uma recomendação?— Ela falou de um jeito extremamente suspeito e todos nós trocamos olhares suspeitos.

— Claro…— Eu respondi e ela correu para a salinha o barulho de algo sendo destrancado me fez lembrar da porta que ligava a loja a casa.

— Você tá maluca? Deixar uma pessoa que a gente nem conhece entrar no nosso itinerário, a gente nem conhece essa senhora.— Peter veio reclamar comigo e eu virei as costas pra ele e ficando de frente para Mary, mas ele me virou com força para olhar para ele.

— Qual é porra do seu problema, Peter? Você tá um saco desde o começo da merda da viagem.— Empurrei a mão dele do meu ombro com força.

— A porra do meu problema é você fazendo merda a viagem inteira!

— Eu fazendo merda a viagem inteira? Você se atrasou no quinto dia e nós quase perdemos a merda do passeio que nós marcamos.— Eu o cutuquei com força no meio do peito o que o levou a ser levemente empurrado.— Você enfiou a porrada em um cara que você acha que olhou torto pra Hope o que nos levou pra merda da delegacia e nós tivemos que mentir pra você não ser preso.— De novo eu o empurro com o dedo.— Você esqueceu de encher a merda do tanque o que nos trouxe aqui.— Dessa vez eu o empurrei com força e com a surpresa de isso ter acontecido ele caiu sentado no chão.— E você, só você vem estragando a porra da viagem com a sua doença, e não é porra do estresse pós-traumático que você teve por causa exército, é essa doença que você tem que você finge que tá tudo bem, que nada aconteceu com você, que você não precisa de tratamento, e que eu sei que mesmo você não querendo.— A minha voz começava a falhar com toda a raiva que eu estava sentindo.— A Hope acaba virando saco de pancada nos piores dias, e não adianta mentir todo mundo já viu os roxos nela.— Eu virei as costas pra ele.— E eu já cansei de sentir pena de você e tentar ajudar, porque você não quer que sintam pena de você e muito menos a ajuda de alguém.— Eu me afastei o máximo possível do grupo e fiquei olhando qualquer coisa que estava dentro daquelas geladeiras de porta de vidro, contando garrafas, contando quanto de cada marca tinha… O barulho do porta da loja batendo com força me fez olha levemente para trás, mas logo voltei a minha atenção para as garrafas de novo, vendo quantas vezes certas cores apareciam no logo, julgando cada bebida e pensando no gosto das que eu nunca tinha bebido…

— Não precisava disso.— Mary apareceu ao meu lado, porém eu não olhei para ela.

— Precisava sim.— Falei sem emoção nenhuma.

— Não! Você sabe muito bem que não precisava.— A loira me segurou pelos ombros e me prensou na porta de uma das geladeiras.— E agora você vai me escutar.— Levantei a sobrancelha e cruzei os braços  esperando ela começar a falar.— Peter é nosso amigo e você não tinha direito nenhum de falar com ele assim, eu sei que está sendo difícil pra todo mundo tendo que aguentar ele assim, e nós temos que ajudar ele, não ficar criticando.

— Ele não quer ajuda, Mary.

— Não interessa se ele não quer ajuda nós temos que ajudar, eu entendo que você e a Hope se conhecem a mais tempo e você se sente mais responsável e protetora com ela, mas nós não podemos deixar ele na mão.

— Você tá entendendo que ele bate nela, eu sei que ele não quer que isso aconteça porque eu consigo ver como ele fica sobre o assunto, mas em vez dele resolver ir pra um psicólogo ou qualquer coisa ele prefere se afundar na bebida e depois fingir que nada aconteceu.— Eu ajeitei meu cabelo e fui escorregando até sentar no chão e logo a loira sentou na minha frente.— Eu to cansada de ver isso acontecer com ela, eu to cansada de tentar ajudar ele é ser tratada com hostilidade por ele, e eu to cansada de ver ele se destruindo e destruindo a Hope por proximidade.

— Nós temos que ajudá-lo e nosso trabalho como amigas.

— Não, não é, Mary.— Eu segurei o rosto dela com as duas mãos.— E você sabe que não é, nosso trabalho como amigas e tentar ajudar alguém que quer ajuda, nós não podemos força-lo a melhorar ele tem que decidir se quer isso pra ele ou não. Pensando bem eu entendo que eu não deveria ter estourado com ele e que a cena foi completamente desnecessário e é por isso que eu vou me desculpar com ele, mas não pelo o que eu falei, se não ia ser da Hope ou de você ia ser de mim, e já estava na hora.— Eu soltei seu rosto e levantei já que tinha escutado uma porta batendo de novo.

— Crianças?— A voz de Desiree finalmente havia voltado.

— Oi. Estamos aqui.— Saí de onde eu e minha amiga estávamos e ela me seguiu.

Desiree olhou com uma expressão de confusão para nós.

— Eu tenho certeza que da última vez que eu vi vocês tinha mais duas pessoas no grupinho…

— Viagens, sabe como é né sempre trazem o pior da pessoa.— Cortei o assunto rapidamente, e cruzei meus braços.— Então conseguiu achar o que você procurava?

— Sim sim.— Ela fez um gesto para nós nos aproximarmos e o fizemos. Então ela abriu um grande mapa de um condado que eu nunca havia ouvido falar, mas não é como se coisas do meio de Montana fossem parar em Miami.— Esse é o condado de Hope, lugar lindo e muito interessante, tem varias coisas pra vocês fazerem lá. Seguindo por essa estrada que te trouxeram até aqui vocês iram entrar por Holland Valley, que é a parte das fazendas e casas do condado, lá também tem a cidade de Fall’s End que é bem pequena e infelizmente não tem nenhum motel para se hospedarem, mas depois eu volto a essa parte. Se seguirem essas estradas que podem ser meio obscuras chegaram a segunda parte do condado.— Ela botou o dedo no mapa e foi seguindo até chegar um pouco mais em cima de Holland Valley.—Aqui em cima são as montanhas de Whitetail, como vocês imaginam não tem muita coisa pra fazerem, mas é um lugar extremamente bonito para se acampar só precisam ter cuidado que muitas pessoas vão lá para caçar, e sabe como são esses caçadores qualquer um pode virar uma presa até vocês.— Ela olhou direto para mim e senti como se algo sinistro esperasse por mim nas montanhas de Whitetails. Logo a mulher começou a seguir outro caminho levando a mais abaixo e ao lado direito do mapa.— E aqui é a área do Rio de Henbane que é nomeado da flor Henbane, têm campos e campos de dessa flor e definitivamente é algo que vocês não vão querer perder. Lá também tem uma prisão desativada que dizem ser assombrada e tem alguns passeios nela caso se interessem por esse tipo coisa.

— Parece bem interessante lá.— Mary comentou ainda olhando para o mapa.— Um lugar quase perfeito, pena não tem hospedagem lá e a nossa última experiência nessa viagem com acampar não foi muito boa, então talvez não vamos parar lá.— Desiree parecia nervosa com o que minha amiga havia dito.

— Então querida, já estava quase esquecendo isso.— A velha apontou para o uma parte do mapa.— Essa ilhazinha aqui que tem ponte para entrar obviamente é o grande chalé da família Seed, lá é como um hotel que vocês vão poder se hospedar, pode falar que eu mandei vocês já que eles me conhecem.

— Que conveniente não?— Questionei com um tom claramente sarcástico e a mulher riu nervosa.

— Eu só vou tirar uma foto desse mapa e nós pagamos pelo serviço e seguimos caminho para lá.— Minha amiga tentou levantar o celular para tirar foto do mapa inteiro, mas a velha segurou a mão dela rapidamente e parecia que havia mais força que deveria ter.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Intercepted" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.