Intercepted escrita por Cherry Opal


Capítulo 2
O começo dos problemas




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— Que beleza, Eve. Sem gasolina no meio de Montana.— Mary reclamou virando de lado para olhar para mim é tirou uma mecha de seu cabelo loiro do rosto e colocou atrás da orelha.

— Eu nem sei por que a gente tá passando por Montana, não tem nada aqui!— Hope bufou e retirou uma mecha de cabelo ruivo do meio da cara com o sopro no banco de trás do carro.

— Porque eu não gosto de repetir estado nas viagens de carro.— Eu respondi olhando para ela pelo retrovisor.

— Então qual o motivo da última parada ser sempre a Califórnia?— Peter questionou de braços cruzados.

— A gente tem que parar em algum lugar né, não da pra dirigir pelo mar.— Disse agora virando para ele dois com uma cara debochada.— Bom, dar até da, mas eu não sei navegar.

— E ela tem que achar um lugar pra morar em Los Angeles.— Mary adicionou virando para eles e eu concordei.

— Já tinha esquecido que você tinha conseguido um trabalho lá.—A ruiva se aproximou de mim que estava no banco de motorista e me deu um meio abraço.— Eu vou sentir muito sua falta.

— Eu também.— Devolvi o meio abraço.— Mas pelo menos você vai poder me visitar lá.— Eu desvencilhei do abraço e sorri para ela.

— O momento emocional ai não acabou ou a gente já pode resolver o problema de estarmos sem gasolina no meio da merda de Montana.—Peter reclamou sarcasticamente e Hope jogou um olhar ameaçador para ele.

— Claro, mesmo que esteja cedo.— Olhei para meu celular que mostrava que ainda eram seis horas da manhã.— É melhor a gente resolver isso logo, ou nós vamos ficar presos aqui.— Eu disse rindo e saí do carro e todos fizeram o mesmo.

Todos fomos para a frente do Subaru Outback que eu aluguei, olhando para os lados só haviam grama, plantas e árvores, para trás na estrada nenhum carro à vista, para  frente talvez parecia ter um posto de gasolina ou uma casa.

— Aquilo é um posto de gasolina?— perguntei tentando olhar melhor, mas estava muito longe.

— Parece.— Mary comentou.

— Tá, e quem vai lá?—Virei para eles de braços cruzados no peito.

— Vai você, a culpa é sua que estamos aqui!— Peter reclamou olhando direto para mim.

— Nem fodendo, eu já filme de terror demais pra saber que isso não vai dar certo.— Rebati.— Você vive pagando de machão por que você que não vai lá, Peter!

— A culpa é sua que estamos aqui, você que tem que ir lá!— Ele gritou.

— A culpa não é minha, foi você que encheu o tanque no último posto que a gente parou, então a porra da culpa é sua!— Gritei de volta.

— Agora você quer jogar a culpa pra mim?— Ele debochou.

— Eu não estou jogando pra ninguém, eu to fazendo ela cair na pessoa certa!

— Só pra avisar, enquanto vocês dois discutiam sobre quem tinha que ir a Mary resolveu o problema de vocês e está indo sozinha pra lá.— Hope separou a briga sendo sarcástica e fazendo nós dois virarmos para Mary que estava andando em direção ao perigo.— E eu vou com ela.— Ela foi indo em direção da outra garota e nos deixou ali sozinhos, o que me fez correr pro banco de trás do carro e procurar pela minha mochila a minha faca de bolso, depois de um tempo a luz da lanterna do meu celular refletiu sua capa iridescente que eu prendi rápido no cós da calça e corri para alcançá-las, quando passei por Peter novamente eu o mandei ficar com o carro caso alguém passasse.

— Você adora uma saída dramática, me impressiona as vezes.— Comentei ficando entre as duas e as acompanhando.

— Vocês iam ficar discutindo o dia inteiro se alguém não fosse fazer alguma coisa.— Mary virou cabeça para mim com as sobrancelhas arqueadas.

— Eu não estava discutindo com ele, alguém tinha que falar a verdade e se ele não aceita não é meu problema.— Disse sorrindo de lado.— E nem adianta falar nada que vocês sabem que realmente ele foi o último a abastecer o carro.

— Chega de falar disso, já resolveu, nós que estamos indo ver, acabou.— Hope repreendeu.

— Falando em nós estarmos indo direto pra morte mais clichê possível, sério que nem por um segundo vocês pensaram em levar uma arma?— Comentei.

— Porque não é necessário.— Mary respondeu.

— É realmente não deve ser necessário uma arma pra defesa pessoal nesse posto de gasolina no meio do nada, e que ainda tem uma loja de conveniência grudada com uma casa.— Eu disse rindo do cenário de filme de terror em que a gente se encontrava.— Eu já comentei que a gente tá no meio do nada.— Meu sorriso só aumentou.

— Tira esse sorriso idiota da cara e vamos logo ver se tem alguém aí e se a bomba de gasolina tá funcionando.— Mary reclamou e nós começamos a andar até a loja de conveniência.— Tá, quem vai entrar primeiro aí.

Apenas abri a porta em um gesto do falso cavalheirismo enquanto ria e olhava para ela, eu ia até abrir a boca para falar alguma coisa, mas nem precisou ela já tinha entendido que era para ela ir primeiro, logo depois eu a segui para dentro e Hope foi a última a entrar já que ela segurava em meu casaco. Por dentro parecia uma lojinha de segunda mão, bastantes prateleiras e estantes enferrujadas com comidas que eu nunca tinha visto e algumas já conhecidas, as geladeiras da loja velhas e com alguns buracos de ferrugem na pintura cheias de refrigerantes, energéticos e água, mas alguns deles estavam for a da validade o que me fez imaginar que algumas das comidas também estariam assim, o balcão onde estava a caixa registradora e um cabideiro para revistas tinha uma fina camada de poeira fazendo parecer que ninguém usava essa loja a um tempo.

— Parece que ninguém vem aqui a um tempo.— Hope comentou.

—Tá e o que a gente faz agora?— A loira questionou.

— Pegamos a gasolina e vamos continuar a viagem.— Respondi.

— Nós não vamos roubar gasolina de ninguém!— A loira gritou comigo.

— Não tem ninguém aqui… A gasolina tá logo ali fora… Os nossos problemas podem se resolver muito mais rápido…— Eu respondi indo para trás dela e segurando seus ombros como aqueles demônios de desenho que ficam no ombro falando para o personagem fazer coisas erradas.

— Não! Nós não vamos roubar nada, Eve! Para de gracinha!— Ela reclamou se desvencilhando das minhas mãos.

— Ok, ok.— Levantei meus braços me rendendo e afastando.— Já que você não quer seguir minha ideia, qual é a sua?— Sentei no balcão e cruzei as pernas olhando para ela e esperando a ideia genial que resolveria nossos problemas.

— Vamos pra salinha que fica atrás da loja ver se tem alguém lá, se não tiver, provavelmente vai ter uma porta ligando a casa batemos nela e falamos com os donos.— Ela terminou e a única coisa que saiu de mim foi uma gargalhada alta enquanto ela ficou com uma cara feia.

— Você não pode tá falando sério.

— Eu estou!

— Impossível!

— Por que?

— Porque essa é a pior ideia que eu já escutei na minha vida inteira, e vindo de você, não de mim, não da Hope, de você.— Eu apontei.

— E seria a pior ideia por que?

— Porque você literalmente esta mandando a gente pra uma armadilha! Se você quer nos matar, fala logo que eu resolvo isso rapidinho.

— Ela tá certa, Mary, você tá querendo entrar em um lugar estranho, que pessoas de moral desconhecida são donas.— Hope finalmente entrou na conversa e veio para o meu lado.— E olha pra essa loja tudo é velho e empoeirado você acha mesmo que essa porta tá aberta?

— Se tiver, nós vamos entrar?

— Acho que sim…— Hope prendeu seu cabelo ruivo em um coque frouxo e eu a olhei questionando sua resposta e perguntei sem som se ela estava maluca.

Elas duas vieram para trás do balcão e eu só virei para a porta já que eu ainda tava sentada nele, o momento de tensão era grande só para abrir a porta e infelizmente eu gostaria que ela não estivesse destrancada, o girar da maçaneta foi rápido e mostrou o escuro da sala e eu logo puxei a lâmina da faca para fora a segurei com força. Elas entraram primeiro e acenderam a luz mostrando uma sala comum com mais prateleiras com caixas fechadas de comida, uma mesa redonda e cinza com três cadeiras acolchoadas e mais no fundo um altar para alguém.

— Gente olha isso.— Eu falei ficando na frente do altar que tinha umas cinco velas de tamanhos e grossuras diferentes, um livro aberto que parecia a Bíblia, mas olhando direito para a capa havia um símbolo que lembrava uma cruz e uma flor e tinha o título de “O livro de Joseph”, e uma foto de um homem que até lembrava um pouco Jesus, mas ao mesmo tempo parecia um líder de uma seita. Ele tinha uma aparência velha, talvez uns quarenta, uma barba castanha como seu cabelo que estava em um coque masculino, roupas formais e um óculos aviador de lentes amarelas.

— Isso é de alguma religião?— A ruiva perguntou.

— Parece que sim…— Tentei responder.

— Mas que religião é essa? Eu nunca vi esse livro, ou esse cara.— Ela ainda perguntava.

— Muito menos eu…— Eu pude sentir um dos piores calafrios da minha vida, todos os pelos do meu corpo ficando em pé, uma sensação que eu nunca tinha sentido, um medo extremamente grande e ao mesmo tempo senti alguém tocar meu ombro.


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