The adoption escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 7
Capítulo 6: Revelação parte 2


Notas iniciais do capítulo

*Esme e Carlisle continuam contando a verdade para a filha deles.



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 Um silêncio de instala no quarto deixando a atmosfera tensa, mas logo Corine rompe essa bolha começando a perguntar mais sobre os pais:

— Como papai transformou você, mamãe?

— Ele me encontrou em 1921 quase morta depois de ter pulado de um penhasco.

— Por que você fez isso, mãe?

— Eu tentei me suicidar depois que meu primeiro e único bebê morreu pouco tempo depois de nascer, o coitadinho. Isso me destruiu. Eu não conseguia mais ver razão para continuar a viver se aquele para quem eu dedicaria toda a minha vida estava morto, por um motivo que na época eu não sabia. Mas o fato era que ele estava morto e eu queria revê-lo o quanto antes, por isso me joguei do precipício. Meu filho foi arrancado de mim dessa forma tão inesperada, eu não pude suportar...

— Eu reconheci o perfume de sua mãe e a transformei quando percebi que seu coração ainda estava batendo – complementa Carlisle. – Eu deveria ter pedido...

— Não havia tempo, querido. Eu estou feliz em ter reencontrado você. Eu escolhi acabar com minha vida, você me deu uma nova chance de ser feliz dessa vez. Era o que eu queria, mas não sabia que era possível ou como. Você me mostrou quando me salvou. Obrigada. Para sempre.

— Então, vocês se conheceram antes?

— Sim, querida. Quase dez anos antes, em 1911 seu pai cuidou de mim quando eu quebrei a perna por ter caído de uma árvore. Carlisle trabalhava no hospital de Columbus, na época, eu tinha dezesseis anos.

— Você nasceu quando mamãe?

— Eu sou de Columbus, no estado de Ohio, nos EUA. Nasci em 1895.

Corine fica mais admirada do que outra coisa, e localiza no mapa a terra natal de sua mãe.

— Eu morava em uma fazenda com meus pais, não exatamente na cidade. Apesar de ser a capital, Columbus era uma cidade pequena no século XIX. Eu também era uma menina digamos diferente das outras e não me portava tão bem como minha mãe gostaria. Eu era o que hoje diriam moleca.

— Eu também gostava de escalar árvore quando mais nova. Subia até no alto quando podia e era mais leve. Mas sempre tive muito pavor de cair e por isso me segurava firme. Só largava um galho quando tinha outro na mão – Corine faz uma conta rápida de cabeça. É uma operação simples só adição e subtração então ela consegue. - Então você tem mesmo 26 anos mãe?

— Sim sweetie, desde 1921.

— Então você para de envelhecer depois que muda?

— Isso mesmo querida, você é muito esperta! – Esme e Carlisle ficam orgulhosos da filha.

Porém Carlisle lembra que por ser muito inteligente ele acabou encontrando vampiro que o transformou. Mas ele não se arrepende, se tivesse vivido apenas alguns anos não teria encontrado Esme e sua família que eles fizeram juntos.

— Obrigada – Corine enrubesce com o elogio  e abaixa a cabeça. Parece tanto com a mãe quando faz assim! – E você papai?

— Eu nasci em acredito que por volta de 1640 em Londres, na Inglaterra. O tempo não era marcado com precisão naquela época, mas foi pouco antes da Guerra Civil.

— Uau! – Corine fica deslumbrada. – Você tem quase 400 anos papai! E Com quantos anos você se tornou vampiro?

— Sim, eu fui transformado quando tinha 23 anos. No verão de 1663.

— Como foi papai?

— Eu fui atacado por um vampiro que morava nos esgotos e saía a noite para caçar.

— Por que papai?

— Eu admito que foi por imprudência minha, um descuido. Eu fora encarregado por meu pai da caça a seres sobrenaturais. Ele acreditava, como a maioria das pessoas da época, na realidade do mal. Ele queria livrar o mundo do mal e por isso perseguia essas criaturas, mas aqueles que nós conseguíamos capturar, infelizmente para eles, não eram o que as acusávamos. Hoje eu sei que se elas fossem bruxas e outros monstros, jamais as pegaríamos. Eram apenas mulheres doentes ou que procuravam ajudar a população curando através de plantas.

‘Eu era muito inteligente e encontrei um grupo de vampiros de verdade escondidos sob a cidade. Reuni algumas pessoas e fomos até onde eu indiquei ter visto os monstros e esperamos até eles saírem. Não demorou muito e quando apareceu um deles eu parti para cima. Eu era mais rápido que os outros por ser mais jovem e pulei nele. O ‘homem’, para mim parecia uma pessoa do sexo masculino, eu fiquei surpreso não esperava que a criatura fosse tão semelhante a uma pessoa, ficou surpreso com minha ousadia, mas facilmente conseguiu se desvencilhar de meu ataque, a situação se inverteu e eu me tornei sua vítima. Ele arreganhou os dentes para mim, e mesmo estando enfraquecido pela sede a criatura era muitas vezes mais forte do que eu jamais poderia ser e me puxou de suas costas e mordeu meu pescoço, buscando a jugular. Eu me debati, mas não adiantava, só consegui fazer com que o processo inevitável fosse mais lento e doloroso.

‘Depois disso eu não me lembro muito. Sei que os outros estavam chegando e provavelmente o vampiro só me soltou para fugir. Ele poderia facilmente lidar com todos, mas preferiu evitar o conflito direto. Eu fui me arrastando até um galpão de batatas e me enterrei nelas durante a agonia. Pensei que iria morrer, mas eu acabei me tornando um vampiro também. Talvez é por causa de meu criador que também tenho mais facilidade para me controlar. Ele precisava esperar até a noite para sair para caçar. E também preferiu fugir a nos enfrentar. Ele tinha mais consideração por humanos do  que muitos vampiros tem.’

— Demora muito para a mudança acontecer? – Corine imaginava que fosse algo instantâneo e precisava confirmar se estava certa.

— A transformação se completa em dois dias geralmente, eu demorei mais porque não era a intenção do velho vampiro me transformar, foi por acaso.

— Mas que bom, quer dizer, ainda bem que não existe apenas vampiros maus. Sinto muito por você papai.

— Agora está tudo bem, eu já me adaptei e faço o melhor com o que tenho. Não fico pensando como seria ou lamentando. Sei que não adiantaria nada, só me deixaria infeliz e seria perda de tempo. Sou feliz com o que tenho – olha para Esme. – Uma esposa maravilhosa e uma família.

— E depois o que você fez pai?

— Quando eu acordei e percebi o que tinha acontecido comigo, sabia que não poderia voltar para casa. Meu pai já deveria saber o que houve e talvez pensasse que eu estava morto (o que ele gostaria acho, desde que nasci); e, ou eu iria assustá-lo por me ver ou ele me queimaria como fazíamos com tudo que pertencia aos monstros. Dessa vez era verdade, talvez instintivamente eu nunca tentei me queimar pois esta é a única forma de nos matar. Eu descobri da pior forma que nada do que pensamos funciona com essas criaturas sobrenaturais. É tudo em vão, é tudo ilusão. Desde 1660 eu uso esse colar que eu mesmo fiz para me proteger, mas não adiantou.

‘Com receio de atacar alguém fui me afastando cada vez mais de lugares habitados procurando me esconder para proteger as pessoas que nem sabiam do perigo que corriam. Eu não queria existir se para isso teria que matar um ser humano. Eu me odiava, eu queria morrer. De fato, tentei várias vezes me matar, mas não é tão fácil para nós como é para vocês humanos – Esme olha para o marido admirada, ele tentou o mesmo que ela! Mas ele não sabia que não conseguiria e ela queria acabar com a própria vida. Situações diferentes, motivos diferentes, mas semelhantes.

Carlisle continua contando sua aventura:

‘Nadei até a França saindo da Inglaterra...

Corine acompanhava tudo com o mapa diante de si e levanta a cabeça surpresa:

— Como é?!

— Sim filha, eu fiz isso. Mas não é tão espetacular, até os humanos podem atravessar o Canal da Mancha a nado, existe uma competição assim.

— Mas onde você passou, onde é maior ou menor?

— Acho que foi perto de Southampton.

— É muito longe uma margem da outra!

— Nadar é uma segunda natureza para nós...

— Tudo parece tão fácil para vocês.

— Nem tudo é tão simples. Algumas coisas sim podemos fazer melhor do que as pessoas, mas outras é mais complicado.

— Me escondi em uma caverna longe de qualquer povoado, sabendo que minha vontade estava enfraquecendo na proporção contrária a minha sede. Eu não iria desistir, preferia morrer a ter que tirar a vida de alguém. Foi nesse momento que um rebanho de alces passou perto da entrada da gruta em que eu estava escondido e a vontade indomável falou mais alto e eu ataquei todos os animais e me saciei. Assim foi que descobri que não estava condenado a ser o monstro repulsivo que eu pensava ter me tornado. Hoje eu sei que há vampiros desse tipo, mas eu escolhi ser diferente e conviver com os humanos sem fazer mal.

— Mas como você pode ser médico sendo vampiro papai?

— É também graças a dieta vegetariana, como chamamos o fato de só ingerirmos sangue animal, que eu pude superar a tentação provocada pelo cheiro de sangue humano. No começo foi difícil, mas após séculos eu consegui. Jamais colocaria a vida de meus pacientes em risco. Vou caçar mais frequentemente para não dar margem ao perigo. Mais do que ninguém eu sei do que sou capaz e seria desastroso, catastrófico se eu atacasse.

‘Depois de muitos anos, agora eu consigo usar minhas habilidades para fazer diagnósticos mais precisos e salvar vidas que de outra forma seriam perdidas. Eu salvo vidas ao invés de tirá-las, algo que diziam que eu fui criado para fazer e era o ‘certo’, o que eu deveria fazer; É ‘errado’ lutar contra. Mas eu teimo e faço o contrário. Só porque dizem algo, você não precisa se conformar.

— Você é tão admirável papai! Mas como será que meus irmãos vão reagir ao me conhecer? Eu sou uma simples humana...

— Podemos dizer que alguns vampiros tem habilidades extras – diz Esme.

— O que isso significa mãe?

— É melhor dizer do que tentar explicar. Sua irmã Alice pode ver o futuro; seu irmão Jasper influencia as emoções das pessoas em torno; e, seu irmão Edward pode ‘ler’ a mente daqueles que estão ao redor.

— Você e papai também podem fazer algo assim?

— Não exatamente. Temos apenas as habilidades ‘básicas’ de todos os vampiros, digamos, ‘normais’. Somos fortes e velozes, podemos ver, ouvir, sentir o cheiro e a temperatura muito melhor do que vocês humanos são capazes.

— Eu quero ser uma vampira!

— Querida, não é tão simples como você pensa. É muito difícil para os dois, para a pessoa e para o vampiro. Principalmente para nós, pois o sangue humano é muito tentador. Os vampiros nômades não vêem as pessoas além de fonte de alimentação, não querem transformar ninguém. Para nós é mais complicado voltar a dieta vegetariana depois e para a pessoa e muito doloroso, você deseja morrer a cada segundo durante o processo. O fogo arde tanto de um jeito impensável, inacreditável.

Corine pensa por alguns instantes e considera adequado chamarem a dieta deles (que será em breve a sua também) de vegetariana, por que eles não comem as plantas e não são tão estritos como os veganos e ainda ingerem um tipo de sangue. Sem contar que os humanos de certa forma são animais (então as pessoas que comem carne são canibais?! Quase.)  Melhor do que isso só se houvesse alguma planta ou fruta de sangue – existe planta carnívora porque não planta sanguínea? Poderia ter.

— Quer dizer então que eu poderia ter algum poder se vocês me transformassem? Isso seria legal!

— Talvez sim, nem todos os vampiros tem algum dom. E para nós não é necessário que você tenha algo especial, você já é especial para nós do jeito que é.

— Ah mamãe! – Corine abaixa a cabeça tímida. - Para mim está ótimo só ser imortal. Vocês dois são imortais não são?

— Do ponto de vista humano, pode se dizer que sim – diz Carlisle. – Mas podemos ser mortos por outros vampiros e outras criaturas sobrenaturais como lobisomens.

— Lobisomens existem?

— Sim, mas não aqueles das lendas e filmes. Balas de prata não funcionam como dizem. Na verdade existe um outro tipo de lobisomens que não infectam outros através de uma mordida, mas por meio de genes transmitem sua capacidade de se metamorfosear e essa desperta durante a adolescência. Nem dependem apenas da lua cheia como os primeiros. São conhecidos como transfiguradores, poderia ser qualquer criatura, a escolha por lobos foi por acaso. Sua mutação é genética.

— Hã?

— Eles tem 24 pares de genes, nós vampiros temos 25 e você humanos tem 23 pares, ou 46 cromossomos.

— Então fadas, bruxas, sereias, duendes todas as criaturas mágicas existem?

— Nunca vi alguma dessas criaturas da fantasia que vocês humanos criaram com sua imaginação, talvez seja possível que existam como nós. Eu não ficaria surpreso se conhecesse um mago.

O estômago da menina ronca e ela fica encabulada.

— Hora do jantar, querida – diz Esme.

— O tempo passou tão depressa que nem vi...

Diz ao ver Esme levantar para descer as escadas – se ela quisesse poderia ter ido rápido tão depressa que Corine nem perceberia. Agora eles não precisam mais fingir ser humanos ao menos em casa:

— Vocês não comem, não precisa fazer isso mãe. Eu me viro, eu sei cozinhar.

— Você sabe filha?

— Sim, mesmo tão nova meu pai já me obrigou a aprender com minha mãe.

— Aqui você não precisa fazer isso sweetie.

— Eu quero ajudar. Não quero deixar tudo para você.

— Você já é muito comportada filha, sempre arruma seu quarto sem que eu peça.

Corine gosta de fazer isso. organizar seu quarto pelo menos. É o minimo que sente que deve fazer.

— Mas deixa eu cozinhar só hoje mãe, não quero dar trabalho para você, pode ir caçar com papai.

Depois que disse ela viu os olhos dourados dos pais.

— Já fomos hoje à tarde querida, antes de buscar você. Posso te ajudar então?

— Claro mãe!

— Eu tenho que ir trabalhar – diz Carlisle olhando seu relógio de pulso.

— Ah! Até amanhã papai! Tenha uma boa noite!

— Obrigado criança, até amanhã. Tenha uma ótima noite – beija a testa da filha.

— Até amanhã, meu amor – beija Esme.  

— Boa noite, querido.

...XXX...


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