V E N U S - Origin escrita por badgalkel


Capítulo 2
1.1 Exposição Mundial do Amanhã




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1943 Queens, Nova York - EUA.

"Bem-vindos ao pavilhão Maravilhas modernas e ao O Mundo de Amanhã. Um mundo maior. Um mundo melhor." a voz soou dos alto falantes por todo o ambiente, ganhando a atenção das diversas pessoas de diferentes culturas, crenças, cidades e gêneros que ali estavam presentes.

— Credo, o locutor parece você falando - a jovem morena disse em falso tom enojado, enquanto suas mãos ágeis alinhava o nó da gravata borboleta preta do mais velho - Quantos daqui você já enfeitiçou com seus convictos e sutis, porém mortais, argumentos sobre tecnologia moderna?

— Estamos em uma feira do amanhã, Harrie. - riu presunçoso - suponho que já tenha enfeitiçado a todos.

— A modéstia não é uma característica que faça parte do seu dicionário, não é mesmo? - debateu, finalizando o nó.

— Não seria modesto caso não admitisse que este e mais projetos das Indústrias Stark seriam infinitamente mais prósperos caso você estivesse em minha equipe projetista principal. - alfinetou enquanto checava suas vestimentas ao espelho retangular daquele minúsculo camarim escuro.

— Não precisa de mim, Howee. - disse sorrindo bondosa, cruzando os braços sobre os seios - As indústrias têm-se desenvolvido de maneira fascinante e tudo isso graças a você.

— A empresa tem o seu nome também. - disse sério, encarando-a pelo reflexo - Poxa Harrie, você montou o seu primeiro motor de funcionamento a energia solar aos três anos de idade...

— Não durou mais de 12 horas... - ela o interrompeu, desdenhando-se.

— Quando tinha sete, já falava fluentemente sete línguas... - girou nos calcanhares para desafiá-la diretamente nos olhos.

— Não se fala uma língua morta, portanto duas delas não conta... - tornou a interrompê-lo.

— Com 10 anos você se formou no ensino médio, e com 11 foi aprovada em Cambridge. - ele riu estupefato - foi a estudante mais jovem a entrar lá.

Harriet desviou-se do olhar acusatório do irmão, não estava gostando do rumo em que a conversa ia percorrendo.

— Você é uma prodígio, tem conhecimento em diversas áreas, é Ph.D. em física quântica. - o rapaz dizia exasperado.

— Aonde quer chegar com isso, Howard? – Indagou desconfortável.

— Você é tão incrivelmente talentosa, - pronunciou calmo – aparece com ideias fascinantes da noite para o dia. Mas parece tão perdida e... Desorientada.

Harriet engoliu em seco, fitando a ponta de seus sapatos de couro e meio salto.

— Você fez. - Se aproximou da irmã, tentando encontrar seus olhos - Você conseguiu cumprir tudo o que o papai queria e até mais. Mas Harrie... - segurou em seus braços, forçando-a olhá-lo - você acha que ele iria aprovar que depois disso você vivesse de voluntariada, em países pobres, servindo de uma médica completamente comum?

— Howee...

— Não estou dizendo que não é uma atitude nobre, porque é sim, e muito. Tem inovado técnicas de medicina como ninguém. - Respirou fundo - Mas Harrie, você tem o potencial que poucas pessoas têm. Você possui uma das mentes mais brilhantes que eu conheço.

— Você também é uma das mentes mais brilhantes que eu conheço.

— Isso não é uma competição de quem exalta mais o ego do outro, estou falando sério. - Riu nasalado. - Eu tenho investido a minha mente em alguma coisa que irá revolucionar o futuro e, talvez, acabar de vez com essa guerra. E você... Iria deixa-lo completamente arrojado.

— Howard... - ela começou a negar, mas fora interrompida.

— Não! É sério, - ele lambeu os lábios, fazia isso para ganhar tempo e calcular argumentos que o fortalecesse - tenho esse projeto...

— Por céus, Howard, eu já disse. - Ela vociferou se afastando do irmão - Não quero trabalhar em uma empresa que semeia o caos e arrisca vidas... Seu conceito é inovador e revolucionário, admito, porém junto com isso você também produz a violência, irmão. E disso, já temos o suficiente. – Ela sorriu fraco – Eu sou em prol à vida, não à armamentos que a dissemina.

— Tudo bem, - ele respirou fundo - não vou discordar de você desta vez, - ela ergueu as sobrancelhas em surpresa.

Howard nunca hesitou em defender o seu patrimônio, relatando que era fornecida a segurança e não ao contrário.

— Não vou discordar porque eu realmente quero que me escute.

Ela assentiu, portanto o jovem continuou: - Tem esse projeto. Um projeto incrível, Harriet. Ele vai mudar vidas. Não é das Indústrias somente, envolve também...

— Sr. Stark? - uma tímida voz feminina hesitante o interrompeu, junto ao rangido da porta sendo aberta vagarosamente.

— Sim. - respondeu seco depois de respirar fundo.

— A apresentação do senhor começa em 30 minutos... - a moça, jovem, com uma prancheta nas mãos, gaguejou por entre o vão da porta. - A diretoria solicitou um breve resumo antes que suba no palco.

Howard respirou fundo novamente e Harriet riu de seu nervosismo desnecessário.

— Conversamos depois, você tem uma apresentação inovadora a fazer. - ela disse, recolhendo seu blazer e boina da cor caqui, pronta para se retirar dos aposentos.

— Antes, - ele correu até o sofá vermelho sangue, posto ao canto do camarim, onde retirou de sua maleta de couro uma pasta de arquivos repleta de papéis e correu para entregar em suas mãos - leia tudo. E então, conversamos.

Howard piscou para a irmã antes de seguir a jovem que o atormentara pela porta secundária. Logo que Harriet desceu os olhos para a pasta reconheceu o símbolo do governo Americano.

— Jesus Cristo...

—x-

"Senhoras e Senhores, o Sr. Howard Stark!" anunciou Beth, assistente de palco e secreto caso amoroso do homem anunciado.

Aplausos saldaram a entrada de Howard no palco, e este, ousado como só ele, acaba por roubar um beijo da senhorita antes de se apossar de seu microfone. Uma estratégia atrativa ao público, claro.

— Senhoras e senhores, e se eu disser que em poucos anos, seus carros nem precisarão tocar o solo? - incitou o público, sorrindo charmoso.

A sua plateia era numerosa, mal se via um espaço desocupado e os urros de espanto apenas o motivavam, ele adorava a face de todos quando viam do que ele era capaz.

— Com a Tecnologia de Reversão Gravitacional Stark vocês poderão fazer... Isto. - e acionou o controle de comando principal depois de suas assistentes retirarem as rodas do carro posicionado no centro do palco.

As luzes se voltaram ao carro de cor sangue, que antes era suportado pelo chão, e em poucos segundos levitava como mágica, subindo consigo os chios de surpresa.

Howard sorriu orgulhoso.

Porém, por pouco tempo.

Assim que o carro atingiu o seu máximo de altura, o motor movido à gravidade começou a superaquecer e automaticamente se desligou, soltando o carro do ar e fazendo-o cair brutalmente ao chão.

Howard riu levemente envergonhado, antes de relatar: - Eu falei "eu poucos anos", não foi?

A salva de palmas cobriu as risadinhas baixas e Howard olhou fixamente para um ponto especifico da plateia. Harriet sorria para o irmão com olhos piedosos, porém, não fora sua expressão que chamara a atenção do engenhoso cientista e sim a pasta guardada debaixo de seu braço.

— Um alternador teria resolvido - a morena comentou consigo mesma, vendo seu irmão se retirar do palco de cabeça e ego erguidos ao modo que o público se esvaía.

— Imagino que entenda disso mais que um dos maiores e mais brilhantes engenheiros deste país. - abordou de forma rude uma voz masculina que, ao Harriet checar, vinha de um homem com vestes uniformizadas do exército americano.

Os olhos azuis mais impressionantes, quais se destacavam do verde musgo de suas vestimentas.

— Ah sim, do que eu poderia compreender sendo uma mulher de pouca idade que provavelmente cuida do lar enquanto homens como você e ele lutam por um futuro melhor ao nosso país? - debateu risonha, trazendo um sorriso satisfeito ao soldado arrogante e suas duas acompanhantes. - A não ser, é claro, que eu entenda de engenharia mecânica e tenha noção de que um alternador resolveria o problema do motor gravitacional do Sr. Stark.

O soldado tirou o sorriso presunçoso do rosto imediatamente, arqueando a sobrancelha direita, em forma de desafio.

— Não que eu tenha que explicar a extensão do problema mecânico que assola o motor do Sr. Stark para você, soldado, que por ter uma mente tão reduzida seria incapaz de entender que os alternadores são movidos pelo próprio motor e suprem a corrente elétrica para o sistema elétrico.

"Eles também mantêm a bateria carregada e assim não sobrecarregariam o próprio motor. Desta forma o automóvel não precisaria de combustível como a gasolina para se movimentar, a força gravitacional se tornaria suficiente."

A jovem continuou sua explicação ignorando as faces das moças, que riam da expressão constrangida de seu companheiro.

— Mas claro que o Sr. Stark, no comando de uma organização de porte multinacional, poderia se esquecer de uma pequena solução para um problema considerado tão agravante no seu projeto.

"Uma vez que o mesmo tem de cuidar de milhares de outros detalhes de projetos que o senhor ou as senhoras sequer imaginam existir. Ele é um homem brilhante, por isso está em uma posição tão importante ao invés de... - ela mirou o soldado de cima à baixo de forma ríspida antes de dizer: - um simples sargento."

A boca do sargento abriu e se fechou algumas vezes, porém, antes que pudesse pronunciar uma palavra sequer, outra voz chamou a atenção dos ali presentes.

— Srta. Stark?

Harriet se virou e reconheceu o assistente pessoal do irmão, que sempre apresentava um sorriso convidativo no rosto.

— Sim, Sr. Jarvis?

— O Sr. Stark a aguarda no saguão superior. - informou formalmente.

— Diga-o que já o encontro. - dito isso a jovem se virou aos estranhos, agora pasmos, e sorrindo educadamente, disse antes de se retirar - Sargento. Senhoritas. Até uma próxima ocasião.

Assim que se juntou à Jarvis, os dois riram juntos.

— Envenenando os telespectadores do seu irmão? – indagou a loira.

— Não, - ela riu - apenas enaltecendo os conhecimentos de uma jovem mulher aos de um machista.

O sargento James Buchanan Barnes assistiu àquela mulher se afastar até a mesma sumir de suas vistas, e um pouco após isso. As moças, quais os nomes não mais importavam, chamavam por seu nome e o notificaram que seu amigo havia desaparecido.

Apenas desta forma ele pôde se desconectar daquele momento único ao qual sabia que havia conhecido a mulher mais impressionante de todas, para ir atrás dele.

Já no saguão superior, Harriet surpreendia o irmão e seus colaboradores ao pronunciar:

—  Eu aceito.


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Notas finais do capítulo

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