O Senador Rebelde escrita por André Tornado


Capítulo 31
Correio




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/777500/chapter/31

Recebeu a sua primeira missão.

Enquanto membro da Aliança e nessa qualidade, deveria transportar documentos sensíveis que lhe seriam entregues num entreposto comercial de um planeta da Orla Interior, cujo nome e coordenadas conheceria mais tarde, e que ele, por sua vez, deveria entregar a um outro contacto rebelde, num local também a definir depois, durante a viagem, que os faria chegar ao Alto Comando. Soube dessa incumbência pela voz da própria Mon Mothma que lhe enviou uma comunicação holográfica ultrassecreta.

Heskey aceitou a missão sem hesitar. Precisava de se ocupar para deixar de pensar em Kiiara com tanta frequência. Tinha curado o seu coração partido e via os dias que passara com a mulher com uma certa saudade magoada, mas não lhe doía como antes e já conseguia controlar a sua reação emocional quando se lembrava ou quando falava dela.

Aos poucos foi-se deixando de lembrar ou de falar. Achava que a bem da sua sanidade mental e do seu bem-estar psicológico tinha de esquecê-la completamente. Mas não evitava uma recordação perdida, aqui e ali, pois a presença da mulher parecia ter-se incrustado na sua casa, nos recantos mais insuspeitos.

Um fantasma que habitava a propriedade e que brincava com a sua sanidade.

Havia cheiros, sombras, risos, até suspiros.

Onca preparou-lhe a viagem e voluntariou-se para acompanhá-lo, mas Heskey disse que iria sozinho. A missão fora-lhe confiada e ele iria esforçar-se para desempenhar aquela tarefa o melhor que conseguisse.

— É só fazer de correio – completou, despreocupado. – Transportar documentos de um lado para o outro, num holodisco. Não existe qualquer perigo associado a transportar documentos. E ninguém vai desconfiar de mim, pois estarei no entreposto comercial a título pessoal.

— A história oficial é de que vais comprar especiarias.

— Especiarias… Confio nessa tua história para dispersas suspeitas. Mas… especiarias? Por que não charutos cigarra? Ou whisky corelliano? Ou um encontro com um alfaiate famoso para me desenhar novas capas? Estas que uso estão já fora de moda.

O ithoriano explicou:

— O entreposto comercial situa-se numa rota conhecida de tráfico de especiarias. Não podia dizer que ias comprar mercadoria diferente. Isso sim, levantaria suspeitas.

Apresentou-lhe de seguida um estojo.

— O que é isso? – perguntou Heskey, levantando uma sobrancelha.

— Tu sabes o que é, senhor. Proteção.

— Uma arma.

— Foi também enviada por Mon Mothma. É uma pistola laser DH-17, a arma dos rebeldes.

— Oh! Muito inteligente! Vou realizar uma missão classificada para os rebeldes… com uma arma rebelde.

O ithoriano estremeceu de indignação. A sua teimosia, por vezes, era exagerada e ofensiva, ele tinha plena consciência disso e gostava de ter esse efeito sobre as pessoas. Cruzou os braços, imponente.

— Senhor, a missão é também perigosa. E esta pistola não é usada somente pelos rebeldes.

— Levantarei menos suspeitas se não for armado. Quem é que se arma para ir comprar especiarias? Agradece a Mon Mothma o presente, mas irei decliná-lo. Seguirei as instruções à risca. Sei que posso contar contigo e com Jotassete para me cobrirem a retaguarda e vai correr tudo bem. São só documentos! Documentos encriptados, que vão passar completamente despercebidos se apanhar alguma patrulha imperial pelo caminho… o que duvido. Tenho todas as permissões, cartões de autorização, créditos comprovados e vou mesmo comprar essas malditas especiarias para disfarçar os meus passos. Novo rombo nas minhas finanças, que se dane… Portanto, o que pode correr mal? Nada. É uma missão fácil, daí que seja a minha primeira missão. Sabem que não me posso esforçar.

Onca assentiu. Ele encolheu os ombros, continuando cheio de petulância:

— Na verdade, posso esforçar-me e posso fazer melhor. Mas não quero mostrar todos os meus dotes logo na primeira missão. O caso dos planos dos compressores é um excelente exemplo de como sei me desenvencilhar de situações… complicadas.

— Tiveste ajuda.

— E agora também a terei. Onca… é impressão minha, ou nestes últimos tempos andas mais atrevido?

— É impressão tua, senhor.

Até ele próprio desconhecia que documentos seriam esses que deveria transportar – ajudava a manter a negação plausível e a sua inocência, em último caso. Por isso se sentia tão confortável a desempenhar aquele papel voluntário de espião acidental.

O transporte que o levaria ao entreposto comercial era um vaivém fretado, com um piloto sullustiano que falava pouco e que fazia aquele tipo de serviço regularmente, pelo que estava habituado a transportar passageiros com discrição. A viagem até ao entreposto correu surpreendentemente bem e Heskey viu-se a chegar a uma pista amovível, situada num anel de um planeta gigante gasoso.

Em casa, com a ajuda de Onca e de Jotassete, decorara os seus passos, o que deveria fazer, com quem contactar, os lugares a visitar, os minutos-padrão que cada etapa deveria demorar. Por isso, estava bastante seguro e muito confortável. Quem o visse, diria que estava ali para gastar alguns créditos com mercadoria sofisticada para as suas festas afamadas em Corulag.

No entreposto fez o negócio das especiarias na loja que lhe fora indicada. Bebeu licor com o dono, teve uma conversa amena e polida com o homem, regateou preços, fez a compra. Depois, disse a senha combinada.

— Hoje em dia, o negócio compensa muito.

O homem fez um sinal discreto com a cabeça. Acabou o seu licor e saiu da saleta onde recebia os clientes. Heskey aguardou apenas alguns instantes. Apareceu um androide que lhe pediu que o seguisse. Ele obedeceu e atravessou a mesma porta usada pelo dono. Foi por um corredor estreito e viu-se num beco. Olhou para todos os lados, cingiu a capa ao pescoço, analisou o silêncio, olhou para o céu escuro salpicado de estrelas.

Uma sombra moveu-se e ele teve de se concentrar para não se mostrar assustado. Fazia tudo parte daquele jogo. E ele teria de continuar a jogar sem mostrar toda a sua inexperiência. Claro que no seu currículo existia o roubo dos planos de compressores, mas ao contrário da prosápia exibida com o seu assistente pessoal, o facto não lhe conferira nenhum atributo especial enquanto espião, rebelde ou qualquer outro desses ofícios que operavam à margem da lei vigente.

A sombra materializou-se numa criatura baixa e peluda, velada por um manto puído. Afastou o capuz e o reconhecimento assaltou-o. Era um bothan!

Recordou-se imediatamente dos clãs e de Glynn-Seti. Disfarçou a emoção, cerrando a boca numa linha dura. Havia algo de Kiiara nesse momento turbulento do seu passado mais recente, pois fora por causa dela que se cruzara com a bothan fêmea, que, eventualmente, fizera Kiiara entrar na sua vida.

Um ligeiro pânico arrefeceu-lhe o sangue, pois podia ser uma armadilha, um teste para avaliarem se ele era incauto ou se conseguiria desenvencilhar-se de uma situação inesperada. O que quer que fosse, não o iria derrubar.

Manteve-se firme. O bothan estendeu-lhe um holodisco, um pouco maior do que aquele que ele guardara e que contivera os planos dos compressores. Recebeu-o com um gesto rígido. Afinal, o contacto era genuíno.

— Aqui está o que vieste buscar, rebelde.

— E o que devo fazer a seguir?

O bothan entregou-lhe um cartão.

— Segue para Balmorra. É um planeta das Colónias situado estrategicamente na fronteira dos mundos do núcleo. Lá, procura pela refinaria e na refinaria entrarás em contacto com o supervisor. Entrega o holodisco ao supervisor e está feito. É tudo o que sei e que é suposto dizer-te.

— Balmorra fica longe daqui. Vou levar horas-padrão para lá chegar!

— Quinze horas, em hipervelocidade. Mas o sacrifício exige-se.

— Oh… perfeitamente… – observou, contrariado.

A viagem seria pavorosa de tão longa. E nem sequer tinha nenhuma distração a bordo. O seu estômago revirou-se a antecipar um tédio que o haveria de consumir paulatinamente, até que lhe chegasse aos ossos.

Sentiu o braço apertado e era o bothan que cometera a ousadia de o tocar. Os seus pequenos olhos brilhavam.

— Muitos bothans morreram para obter essa informação que vais transportar, rebelde.

Ele recordou-se outra vez de Glynn-Seti, de como se entregara ao destino inevitável sem hesitar, com uma coragem que ele nunca vira em mais nenhuma criatura ou espécie naquela galáxia destroçada por mais de vinte anos de opressivo governo imperial. Recordou-se também de o que ela lhe tinha dito, que estavam a contribuir, todos, para uma causa maior, que eram apenas uma pequena peça da engrenagem. Olhou para o holodisco.

— O que é isto? O que é que contém?

— A última hipótese de terminar com a guerra. O golpe final. A ruína do Império Galáctico.

— Um tudo ou nada.

— Se o Império conseguir recuperar a vantagem, a Aliança não vai poder se reerguer. O golpe da batalha de Hoth foi muito profundo. O assalto final dependerá da estratégia dos generais, mas também de um golpe de sorte. Tu transportas esse golpe de sorte, rebelde. Não deites tudo a perder.

O seu orgulho acendeu-se e sentiu o sangue aquecer.

— Estou aqui para cumprir a minha missão… sem falhas.

— Não te esqueças do preço que se pagou.

— Não esquecerei.

Quando o vaivém levantou voo do entreposto comercial, Heskey não sabia se sentia alívio ou apreensão. Estava mais ou menos com metade da missão cumprida e tudo ainda podia correr incrivelmente mal. Aquele ponto era o mais sensível, já que ele tinha consigo a informação sensível que era suposto traficar de um lado para o outro, sendo que no fim estaria a Aliança. Ou seja, o caminho do meio, onde ele desempenharia a personagem principal, era o que representava o maior perigo para a sua pessoa.

Convenceu-se de que se conseguira obter o holodisco, agora restava passar à fase seguinte, que era entregar a informação. Ele era um correio, os correios funcionavam dessa forma – transportavam coisas. E ele iria fazer tudo com toda a eficiência, desprendimento e acerto. Não cogitava falhar no seu primeiro desempenho enquanto rebelde. Estava até a ser fácil e continuaria a ser fácil.

A viagem de quinze horas-padrão até Balmorra foi, de facto, entediante ao ponto de ele considerar enlouquecer. Tentou distrair-se, tentou dormir, tentou fazer conversa com o piloto, tentou inventar um jogo mental, tentou cantar, tentou encerrar o cérebro. Nada funcionou para abreviar o tempo insanamente longo que passou. Nenhuma sessão no Senado o tinha preparado para aquela provação. Sentiu todos os minutos-padrão, um por um, que tornaram a cabina do vaivém ainda mais exígua e aborrecida. Outro contratempo foi que não tinha provisões consigo, pelo que ficou cheio de fome e de sede.  Portanto, mais irascível. Nada, porém, o tinha avisado daquela volta maior e ele não podia realmente culpar ninguém, o que aumentou a sua frustração.

Quando estava a pensar ceder ao desespero, chegaram.

Balmorra era um planeta fortemente industrializado. A sua parte urbana era um bairro constante de fábricas, de usinas e de variados complexos transformadores de matéria-prima que laboravam sem parar. O ar estava poluído e o aspeto geral do território era de desmazelo. Ao lado dos bairros produtivos havia extensos depósitos de lixo e de sucata que o deixaram agoniado.

A primeira coisa que fez, assim que deixou a pista onde o vaivém aterrou, foi procurar por um lugar para comer. Encontrou um restaurante que servia refeições volantes. Entrou, serviu-se de uma porção dupla, apesar de achar a oferta de papas e comida liofilizada repugnante, serviu-se de uma garrafa de chá, a única bebida disponível e ocupou uma mesa, onde comeu com toda a sua educação, já que estava esfomeado.

Após estar saciado, deixou-se ficar a bebericar o resto do chá, nesse lugar de onde conseguia ver a totalidade do interior do restaurante – escolhera uma mesa nos fundos precisamente com esse fim e para não ficar com as costas expostas. Pôs-se a pensar. Segundo o bothan, deveria descobrir uma refinaria e nessa refinaria encontrar um supervisor. Noções incrivelmente vagas. Num planeta como Balmorra, quantas refinarias existiriam? E quantos supervisores trabalhariam numa única refinaria?

Confiou, contudo, no bothan. Se o que lhe fora dado era só aquilo, então bastaria.

Chamou por uma criatura achatada e molenga que passava entre as mesas, recolhendo os tabuleiros sujos e que era empregada no restaurante.

— Preciso de encontrar a refinaria.

A criatura não falava a língua comum. Agitou os seus apêndices, afastou-se e pouco depois regressou com um homem que limpava as mãos nervosamente a um pano. Usava o mesmo fardamento que a criatura, pelo que seria outro empregado. Dobrou-se até se debruçar sobre a mesa, chegou-se ao seu ouvido e perguntou-lhe:

— Procuras a refinaria, senhor?

Heskey não quis dar a entender que não fazia ideia de que refinaria se tratava. Era agir como se sempre tivesse feito aquilo e que dominava aquela arte de correio de documentos sensíveis. A proximidade do homem deixou-o inquieto e enojado.

— Sim, procuro a refinaria – respondeu.

O homem endireitou-se, deu meia volta e sumiu-se por uma porta basculante.

Passado pouco tempo, surgiu acompanhado por uma outra figura, um segundo homem de rosto coberto por um capacete ornamentado com dentes curvos e outros enfeites arrancados a diversos animais que lhe pediu que o acompanhasse. Heskey fez um esforço enorme para confiar em tudo aquilo. Fez o que lhe pediam sem contestar.

Nas traseiras do restaurante, esse homem disse-lhe que iria levá-lo à refinaria. O passeio não foi demorado, apesar dos seus receios iniciais. Heskey viu-se defronte de um portão ferrugento, no fim de uma rua sem saída. Olhou para todos os lados. Estava tudo quieto e abandonado.

— É aqui a refinaria?

O homem do capacete decorado moveu a cabeça num sim mudo e foi-se embora. Heskey revirou os olhos. Se ele não soubesse que aquilo era a sério, parecia-lhe tudo uma rebuscada e ridícula brincadeira. Bem, era a primeira vez que atuava como um agente rebelde, pelo que não podia comparar com experiências anteriores e descobrir que o estavam a enganar.

Bateu no portão com um punho, fazendo um eco metálico. Não aconteceu nada. Descobriu um painel lateral. Abriu-o. Carregou no botão maior. Abriu-se uma portinhola e surgiu um androide porteiro que lhe perguntou pelo código. Ele não tinha qualquer código consigo, apenas sabia quem tinha de chamar e foi isso que disse.

— Preciso de ver o supervisor.

A portinhola fechou-se. Ao lado abriu-se uma outra porta, maior, que ele atravessou agachado. Viu-se num corredor estreito e mal iluminado, de frente para o androide porteiro.

— Preciso de ver o supervisor – repetiu.

Manteve a sua postura. Demonstrar segurança naquelas circunstâncias era fundamental. Até ali parecia que estava a correr bem e que ele estava no sítio certo.

O androide porteiro levou-o pelo corredor e deixou-o num átrio, onde ele podia ver a entrada para dois turboelevadores e três portas fechadas. Havia um zumbido persistente e continuava a ser um lugar com pouca luz. Cruzou os braços e dividiu a sua atenção entre as cinco portas. Qual delas se abriria?

Quando deu por si tinha alguém nas suas costas. Nenhuma das portas se abrira e ele nem o ouvira aproximar-se, de certeza que o homem tinha vindo pelo mesmo corredor que ele.

— Eu sou o supervisor. Tens a encomenda?

Heskey engoliu em seco. Recuperou o sangue-frio e disse, sem descruzar os braços.

— Sim. Tenho a encomenda.

— Está contigo?

— Claro que está comigo! – exclamou indignado. Achava o outro que ele teria vindo até ali se não tivesse o holodisco consigo?

O supervisor ficou à espera. Heskey resolveu ser ousado.

— E como é que sei que és tu quem eu procuro?

— Estou aqui contigo, não estou?

— Como é que sei? – insistiu.

O homem colocou as mãos atrás das costas. Deu alguns passos para a direita, outros para a esquerda, repetiu-os, sempre a fitá-lo. Talvez estivesse a ser demasiado zeloso, mas naquela reta final Heskey estava disposto a demonstrar que seria um bom ativo para a Aliança, que não fazia simplesmente o que lhe mandavam fazer, que sabia pensar, improvisar, eliminar ameaças. Resolveu que queria mostrar os seus atributos, resumindo.

— Chegaste até aqui com indicações mínimas. Não existem razões para duvidares. Entregas a encomenda e podes regressar à tua vida, até ao próximo contacto. Para quê estares a criar problemas?

— Não estou a criar problemas. Estou apenas a assegurar-me de que faço um trabalho… adequado.

O homem riu-se com gosto.

— O terror dos principiantes.

— Não sou um principiante!

O homem parou de caminhar. Manteve as mãos atrás das costas. Escrutinou-lhe o rosto, cavando pacientemente, à procura do detalhe que o denunciaria. Ah, mas Heskey sabia colocar uma máscara impassível e ocultar a sua alma tão bem que até enganava Palpatine. O homem percebeu o seu esforço e o seu dom. Mostrou-lhe um sorriso cansado.

— Tens medo de fazer o trabalho mal feito, porque existe demasiado em jogo. É isso? Queres honrar o sacrifício dos bothans! Eu sei o que trazes aí, meu amigo. São planos para outra formidável estação espacial e preciso que me entregues o holodisco para que o possa transmitir à Aliança. Sim, antes que me perguntes, podias levar tu mesmo o holodisco e entregá-lo diretamente nas mãos de Mon Mothma, pois é ela que vai precisar dessa informação para melhor coordenar as ações da Aliança contra o Império e alcançar a tão ambicionada vitória final que vai terminar com a guerra. Mas não é assim que as coisas se fazem. Tu és apenas um correio e devemos continuar a iludir os militares imperiais se queremos, efetivamente, que esta guerra termine. Estás contente? A tua curiosidade foi satisfeita? Como vês, sei mais desta missão do que tu próprio, o que me confere o benefício da dúvida. Podes confiar. Estás com um amigo.

Heskey contraiu ligeiramente os olhos.

— Estás muito bem informado.

— Seguramente mais do que tu. – De seguida, mudou a voz para um tom mais amigável: – Estás a fazer um excelente trabalho. Farei uma recomendação a Mon Mothma. Dir-lhe-ei que foste diligente, que te preocupaste com o sucesso da transmissão da encomenda.

— Agradeço-te, mas dispenso essa recomendação. Estou apenas a fazer de tudo para que a missão seja um sucesso.

O homem estendeu a mão.

— A tua missão foi cumprida. Podes regressar a casa.

Heskey retirou o holodisco das dobras da sua capa e depositou-o nas mãos do homem. Estiveram sozinhos o tempo todo, naquele átrio, acompanhados apenas pelo zumbido constante, na penumbra, numa conversa que fora tanto tensa, como amena.

— Os bothans.

— O sacrifício dos bothans vai ser lembrado.

— Estarei atento.

O homem apertou-lhe a mão, num gesto cordial.

Um dos turboelevadores chiou e acendeu-se uma luz na lateral, indicando que chegava àquele piso.

— Esperas alguém? – perguntou Heskey.

De repente, o homem desatou a fugir pelo corredor afora, levando o holodisco consigo. Deixou de se preocupar com a discrição e foi numa corrida desenfreada até que se fundiu com as sombras e ele deixou de o ver. Mas ainda chamou:

— Ei, espera! O que é que se passa?

O turboelevador abriu-se e Heskey voltou-se. Viu o cano de uma arma laser apontado à sua pessoa. A pistola negra e ameaçadora era empunhada por uma criatura de baixa estatura, que usava uma espécie de chapéu que se prolongava com um lenço e que lhe cobria a cabeça totalmente, ocultando tudo, desde o queixo aos cabelos, deixando de fora apenas os olhos espertos. Usava um modificador de voz, pelo que a ordem veio distorcida e metálica:

— Parado, escumalha rebelde!

Heskey levantou os braços, em sinal de rendição.

— Deve haver algum engano…

— Calado!

A pistola agitou-se e ele temeu, por uma pequena nesga de tempo, temeu seriamente que fosse levar um tiro e que as perguntas surgissem depois que estivesse ferido, para perder a sua superioridade e ficar à mercê daquele… o que era? Um mercenário? Um espião?

Ficou estático, à espera. No seu interior estava feliz que tivesse entregado o holodisco. Se fosse revistado, nada teria em sua posse que o pudesse incriminar. Teria de arranjar uma desculpa qualquer para estar em Balmorra, mas a sua inteligência encarregar-se-ia de descortinar a história certa que seria infalível. Podia alegar que fora raptado – acontecia-lhe bastante, ultimamente.

Num gesto inesperado, a criatura arrancou o lenço que lhe tapava o rosto.

Heskey reconheceu a mulher e julgou que iria perder os sentidos, com o choque.

— Kiiara!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
As perdas e os ganhos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Senador Rebelde" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.