A Filha escrita por Helaena Targaryen


Capítulo 4
Confiar




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Os ventos frios do inverno batiam com pouca força no rosto da mulher.

Por onde ela passava os nortenhos faziam reverências e a olhavam com fascinação e agradecimento, graças a ela todos eles estavam vivos, se seus dragões não estivessem na guerra, não sobraria ninguém para contar histórias sobre como o gelo e o fogo se juntou para derrotar os Outros, porém a guerra ainda não tinha se encerrado, tinham mais uma para enfrentar e dessa vez Lobo e Dragão estarão lado a lado para derrubar o Leão.

Por mais que no começo o povo do Norte não tivesse aceitado que seu rei tivesse se curvado para uma estrangeira, como todos a chamavam, eles eram honrados e eram gratos por seu esforço em lutar uma guerra que não era sua.

—Eles lhe amam, minha rainha. – Jon comentou se aproximando com um sorriso no rosto.

Como ela temeu perde-lo na guerra, temeu perder outra pessoa que amava para inimigos novamente.

Na véspera da guerra ele lhe confidenciou que seu irmão, agora primo, revelou quem eram seus pais verdadeiros, era verdade que ela tinha escutado que seu irmão tinha sequestrado sua tia Lyanna, e havia até boatos de que eles se amavam e Jon poderia ser o bastardo do seu irmão, porém isso não era verdade e muito pelo contrário, Jon era sim filho de um Stark, porém sua mãe era uma Dayne.

Ele era filho legitimo de Brandon Stark e Ashara Dayne que viveram um romance às escondidas antes do Usurpador iniciar uma guerra para tentar encontrar sua amada, Lyanna, na época que era apenas uma criança e tinha sido sequestrada por Rhaegar.

No fim, Brandon e Ashara estavam mortos e Eddard Stark temia que ao saber que Brandon tinha um filho, Catelyn se sentisse humilhada e tomou-o como um bastardo, pois conhecia os sentimentos da Tully para com Brandon e está desejava mais do que tudo ter casado com o mais velho dos Stark, porém acabou se contentando com o irmão do amado, apenas para cumprir seu dever.

—Como lhe amam, meu rei. – respondeu com um sorriso.

Jon parecia envergonhado, nunca imaginou um dia se tornar um rei, era apenas o bastardo de um lorde, e agora era um Stark de verdade, pois seus pais tinham se casado secretamente, se tornou um lorde e agora um rei.

Seria rei ao lado da rainha mais linda de toda Westeros e a mulher que amava com todas as forças, eles eram como gelo e fogo das canções que se podia escutar em qualquer bar ou estalagem, cantores já tinham criado essa música antes mesmo de seu nascimento e agora cantavam para ele como se a música lhe pertence-se.

—Como sua irmã está?

Daenerys viu a preocupação tomar conta do rosto do Snow.

—Ainda de cama. – confessou, seus olhos transmitindo uma dureza para esconder a aflição que lhe consumia.

—Ela logo irá acordar. – ela sorriu acariciando sua bochecha com carinho. –Ela é uma Stark, vocês sobreviveram a invernos mais rigorosos, não será uma febre que irá leva-la.

—Assim que ela acordar, sei que a primeira coisa que gostaria de fazer é lhe conhecer melhor. – disse Jon. –Desde pequena Arya admirava a história de sua família e imagino que ficará fascinada em conhecer uma guerreira, como ela, de mulheres que montavam em dragões, ela sempre quis ser como elas.

O sorriso foi um tanto automático, saber que alguém, além de Jon, gostava dela naquele lugar lhe deixava feliz, ela jamais quis ser uma pessoa temida e sim amada.

Ela queria conquistar os Seis Reinos por si, sim, ela abriu mão do Norte por Jon, sabia que fazendo isso teria a lealdade de todos os nortenhos, principalmente de Sansa Stark, por mais que sua lealdade poderia ser muito questionada, já que a mesma não confiava totalmente em Daenerys, assim como a Targaryen não confiava completamente na Stark.

Porém conseguiu o juramento dos nortenhos para lutar ao seu lado por livre e espontânea vontade, eles eram um povo desconfiado e frio, porém aos poucos ela estava conquistando uma confiança solida deles.

—Pois saiba que é reciproco a admiração. – confessou a Jon.

Ela como todos, escutou histórias relacionadas à garota Stark que se parecia bastante com sua tia Lyanna, fugiu de King’s Landing no dia em que seu pai foi morto, foi parar nas mãos de Sandor Clegane, depois disso foi para Braavos, não se sabe o que ela fez por lá por todo aquele tempo, até voltar para casa pra encontrar a única família que lhe restará.

Todos que a viram lutando na guerra contra os Outros elogiaram seu modo de luta, ela era forte, rápida e poderia até se dizer que era uma das melhores guerreiras que esteve naquela noite lutando para salvar sua vida.

—Majestades. – Verme Cinzento fez uma reverência para Daenerys e Jon que apenas assentiram. –Os soldados estão quase prontos para partirem amanhã, os dothrakis já partiram na frente como a senhora ordenará minha rainha junto com 1/3 dos imaculados.

—Obrigada pela informação, e, por favor, avise a Missandei que preciso que ela me encontre em meus aposentos o quanto antes. – ela sorriu assentindo e o imaculado apenas se afastou.

—Algum problema?

Jon lhe encarou com preocupação e acariciou suas maçãs.

—Nada que precise se preocupar, meu rei. – ela sorriu tocando levemente a mão do Snow. –A guerra me deixou um pouco estressada, porém logo estarei melhor.

Ele beijou sua testa e se afastou.

Se ela estivesse certa, pelos Deuses.

 

۞

 

Jon tinha lembranças vagas das criptas, elas estavam mais em seus sonhos em que o castelo estava sempre vazio, os corvos desapareciam da colônia, e as cavalariças estavam cheias de ossos. Isso lhe assustava, então ele começava a correr, abria as portas com violência, subia os degraus da torre três de cada vez. Gritando sempre por alguém, por quem quer que seja, então quando dava por si estava em frente às criptas.

La dentro era tudo negro, via os degraus em espiral, sem saber como, só que tinha que descer, mas não queria fazê-lo. Sempre tinha medo do que podia haver lá a sua espera. Os velhos Reis do Inverno estavam sempre lá, sentados em seus tronos com lobos de pedra a seus pés e espadas de ferro sobre seus joelhos, mas não lhe serviam de nada. Ele gritava que não era um Stark, e que aquele não era seu lugar, mas não lhe adiantava nada, ele começava a descer tateando as paredes enquanto avançava, sem tocha alguma para iluminar seu caminho, ia ficando cada vez mais escuro, e então acordava.

Agora estava ali, com uma tocha em mãos parado em frente à tumba de seu tio- seu pai, corrigiu-se mentalmente.

Brandon Stark parecia firme e sério, porém não menos bonito. O escultor conseguiu detalhar cada parte do antigo Herdeiro de Winterfell.

Os Deuses pareciam rir de Jon jogando em sua cara que ele nunca foi um bastardo e que sempre foi o verdadeiro herdeiro de Winterfell, ele quem deveria ser o próximo senhor da Casa Stark, ele quem deveria viver sem os olhares de nojo e superioridade de todos para cima de si.

O sobrenome Snow nunca deveria ter feito parte de si, porém agora fazia e impregnará nele como um cheiro ruim que é difícil de tirar.

—Queria tê-lo conhecido. – sussurrou baixo.

Queria culpar alguém, quando estamos com raiva e algo acontece, sempre procuramos um culpado e mais do que nunca ele culpará Robert I Baratheon por iniciar uma guerra, culpará Rhaegar Targaryen por sequestrar sua tia que não passava de uma criança na época, culpava seu avô por ter forçado seu pai a noivar com quem não desejava.

Ele sonhou muitas vezes que Ashara Dayne era sua mãe, com olhos bondosos e de bom nascimento, ela era tudo isso, porém ela também se foi ao se ver perdendo o amor de sua vida e seu irmão mais velho.

De qualquer forma ainda era órfão, não tinha tanto o pai quanto a mãe, porém seu coração se enchia de carinho ao saber que eles se amaram verdadeiramente e que não passava do resultado de um caso de apenas uma noite.

Amava mais do que nunca Eddard Stark, o amou desde que entendia a arte de lembrar, o amou com todas suas forças, e esse amor não diminuiu ao saber que ele não era seu pai, continuará o mesmo. E nessa mesma intensidade se via amando seus pais verdadeiros.

Em seus sonhos ele se via crescendo com os pais verdadeiros, Brandon lhe treinando desde criança ao lado de seus irmãos, que chegariam um dia a nascer, o jovem Anquises que se pareceria bastante com sua mãe, e a pequena Lyarra que seria idêntica a Arya e a amaria na mesma intensidade que amava a prima.

Em seus sonhos eles viveriam em Tombastela, seu pai abriria mão de Winterfell para viver com a mulher que amava e constituiria uma família com a mesma, seriam felizes.

—Você sempre se pareceu bastante com eles.

Sansa comentou se aproximando, cautelosa e com o olhar menos duro.

—Sempre me falavam que eu parecia um verdadeiro Stark. – confessou a prima. –Nunca imaginei que estivessem tão certos.

—Sabe que apesar de tudo, nosso pai sempre lhe amou. – a voz dela era dura.

Sabia que ela não aceitou bem a novidade, a mesma desejava que Jon não esquecesse que Ned cuidou dele e o assumiu como filho mesmo contra a vontade da esposa.

—Jamais me esqueceria disso. – confessou. –O amei na mesma intensidade e jamais deixaria de amá-lo.

Jon ficou de frente para Sansa e acariciou seus cabelos.

—Apesar de todas as revelações, ainda somos irmãos, o sangue Stark ainda corre nas nossas veias. – beijou-lhe a testa. –Sei que será uma ótima rainha.

Concluiu com orgulho e para sua surpresa, ela o abraçou.

—Eu pediria que não fosse para a guerra, mas só os Deuses sabem o quanto você é um cabeça dura e não me escutaria. – Sansa brincou ainda abraçada em Jon, que retribuía com todo carinho.

—Estarei lá fazendo de tudo para que fiquemos em paz por completo. – respondeu sentindo a prima se afastando.

—Sei disso. – sorriu, depois de muito tempo Sansa voltou a sorrir.

Fazia tempos que Jon não via um sorriso verdadeiro no rosto da garota, e sentia uma alegria lhe preencher por tal ato acontecer.

De imediato correspondeu o sorriso.

—Arya?

A ruiva apenas suspirou desfazendo seu sorriso.

—Acordou. – comentou baixinho e Jon se viu planejando como lhe contaria tudo, o medo tomou conta de si. –Jon... Ela já sabe.

O Snow arfou já imaginando a reação de Arya.

—Vou falar com ela. – falou já se afastando.

Sansa apenas assentiu e assim que Jon sumiu de sua vista, ela aproximou-se da tumba em que o corpo de seu pai repousava a tempos.

—Entendo o que fez, e não sinto raiva de suas atitudes. – disse imaginando que Ned poderia escutá-la em algum lugar. –Eu honrarei o senhor meu pai, honrarei a senhora minha mãe, honrarei Robb e Rickon.

Por alguns momentos ela imaginou como seria se tudo fosse diferente, se seus pais ainda estivessem vivos, se Robb e Rickon ainda estivessem com vida andando pelos pátios do castelo.

Balançou a cabeça, não era mais uma criança para viver sonhando com o que poderia ter acontecido.

Sansa se afastou indo na direção da saída daquele lugar, deixando os fantasmas para trás.


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