Futago escrita por Gabs


Capítulo 11
O Incidente Uchiha


Notas iniciais do capítulo

"Só por isso? Só por isso, você matou todo mundo...?"



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A garotinha de olhos ônix inspirou o ar fresco da floresta, enquanto mantinha os olhos fechados, escutando os pássaros cantarem. Ela abriu seus olhos no momento em que ouviu seu irmão gêmeo dizer que era a sua vez e então, preparou suas shurikens em suas mãos, antes de pular o mais alto que conseguia em meio a clareira e atirá-las em direção aos diversos alvos espalhados pelas árvores. Ao sentir que já estava caindo, ela se preparou para o impacto e como das ultimas vezes que treinara aquilo com seu pai, conseguiu cair de pé, sem se machucar.

— Como eu fui? – Ela perguntou para o irmão

— Só errou um. – Sasuke lhe respondeu, ao olhar ao redor em direção aos alvos – Até parece que fez de propósito.

— É melhor irmos embora. – Emi disse, mudando de assunto, enquanto olhava para o céu, o qual estava escurecendo – Mamãe ficará furiosa se nos atrasarmos para o jantar.   

— Sim...

[...]

Conforme corria, a garotinha segurava sua bolsa em seus ombros. Já havia anoitecido e era certeza que quando chegassem em casa, sua mãe lhes daria uma bronca, pois ela havia avisado que estaria lhes esperando.

O Distrito Uchiha estava um tanto quanto silencioso e por algum motivo, todas as luzes estavam apagadas. Estariam todos em uma reunião ou algo assim? Agora que Emi já era considerada uma adulta pelo seu clã, ela supostamente deveria estar presente em pelo menos algumas reuniões.

Pelo menos fora o que seu pai havia lhe dito.

— Estamos atrasados! – Sasuke disse, enquanto corria ao seu lado

Emi sentiu os pelos de sua nuca se eriçarem, como se tivesse alguém olhando para eles e por isso, parou de correr subitamente, sentindo seu peito subir e descer por conta da sua respiração rápida. Dois passos à frente, Sasuke também parou de correr e olhou diretamente para um poste de luz. A garotinha levantou seu olhar para onde ele estava olhando, mas apenas viu a lua cheia lhe cumprimentar de volta.

— O que foi? – Ela perguntou, caminhando para o lado de seu irmão

— Senti como se alguém estivesse ali... – Sasuke lhe respondeu, baixo

— Antes, eu senti que alguém estava nos olhando... – Emi comentou, receosa, se aproximando ainda mais de seu irmão gêmeo

— As luzes estão apagadas. – Sasuke disse, lentamente – Mas ainda é cedo para dormir.

— Eles devem estar em alguma reunião.... – Emi murmurou, logo em seguida – Vamos pra casa. Mamãe está nos esperando.

E então, ela correu novamente, seguindo de perto seu irmão gêmeo e quando viraram a esquina que os levaria ao Uchiha Senbei, a garotinha parou, sentindo seu coração bater cada vez mais rápido. Mais a frente, haviam kunais jogadas em todo o canto, luzes quebradas e sangue, muito sangue espalhado pelas ruas.

— Isto é...? – Sasuke murmurou, num fiapo de voz – O que é isso?

Emi voltou a correr, desta vez na frente de seu irmão. Ela não sabia o que estava acontecendo, mas não gostava nem um pouco das possibilidades.

Mas ela parou de correr no momento em que viu, em frente ao Uchiha Senbei, os corpos dos donos caídos em meio a rua. Eles não se mexiam.  

— Tio? – Ela o chamou, com a voz fraca – Tia?

— Emi, vamos! – Sasuke disse, rápido, voltando a correr na frente – Temos que achar o papai e a mamãe...

A garotinha voltou a correr, segurando o choro. Logo que avistou sua casa, ela percebeu que assim como as outras, as luzes estavam desligadas. Ela esperou Sasuke abrir a porta da frente e então, entrou, receosa.

Emi nunca havia visto sua casa aparentar estar tão vazia como agora.

— Papai? – Ela o chamou, alto – Mamãe?

A garotinha deixou sua mochila ao lado da do seu irmão gêmeo e ao seu lado, os dois caminharam pela casa, no escuro. Primeiro, foram diretamente ao quarto dos seus pais e ao verem que estava vazio, Emi deu a ideia de irem até a cozinha ver se estariam lá. Mas também não estavam. E, ao escutarem o som de uma porta se fechando, os dois correram o mais rápido possível em direção ao som, o qual era o escritório de seu pai.

Ela moveu sua mão em direção a maçaneta, mas não se moveu e muito menos a abriu. Definitivamente tinha alguém ali e ela não sabia quem era. Poderia ser as pessoas que machucaram seu tio e sua tia... As pessoas que atacaram o seu clã.  

Emi olhou para seu irmão gêmeo e afirmou com a cabeça, no momento em que ele moveu sua mão para a outra maçaneta e juntos, eles abriram a porta do escritório do seu pai.

O lugar estava escuro, mas, mesmo assim, ela os viu.

— PAI!

— MÃE!

A garotinha correu para dentro do escritório, com seu irmão ao seu lado, com a ideia de socorrer seus pais, os quais estavam caídos no chão, mas ao ouvir o som da madeira ranger, ela parou no mesmo instante, a alguns metros dos seus pais, enquanto segurava o braço de Sasuke para ele não se aproximar deles. O coração de Emi começou a bater cada vez mais forte no momento em que viu os pés de um homem saírem das sombras, e a cada passo que ele dava se aproximando, ela sentia sua garganta secar.

Mas, mesmo em meio a escuridão, reconheceu o rosto do seu irmão mais velho se aproximando cada vez mais, parando bem em frente aos corpos de seus pais, caídos no meio da sala.

— Irmão! – As vozes dos gêmeos se mesclaram, elas estavam altas e os dois começaram a falar, de uma forma não tão sincronizada, o que provavelmente dificultaria o entendimento do seu irmão mais velho – Papai e Mamãe estão... Por que? Como? Quem fez isso?

Emi prendeu a respiração e engoliu o choro quando sentiu o vento passar próximo a sua bochecha. Ela arregalou os olhos quando se deu conta que aquilo era uma kunai e que seu irmão mais velho a havia atacado. Ao seu lado, Sasuke levou a mão em direção ao ombro e grunhiu. De canto de olho, ela pode ver o sangue escorrer do ombro de seu irmão gêmeo e mais uma kunai se prender a porta atrás deles.

— Irmão... – A garotinha murmurou, mais assustada ainda – O que está...?

— O que está fazendo, irmão? – Sasuke perguntou, alto, enquanto tampava o machucado de seu ombro com sua mão

— Irmãozinhos tolos. – Itachi disse, normalmente e então, fechou seus olhos por poucos momentos, antes de os abrir novamente – Mangekyō Sharingan!

Ela percebera agora, que antes, seu irmão mais velho estava com o seu Sharingan ativado e agora, havia ativado a forma lendária da qual seu pai havia lhe falado mais cedo, o Mangekyō Sharingan.  

No momento seguinte, ela se viu sem Sasuke no escritório de seu pai, tudo ao seu redor ficou avermelhado e lá na frente da sala, se encontrava seus pais ajoelhados, em tons de cinza claro e escuro, vivos por pouco tempo até que Itachi os matasse com sua espada. A garotinha berrou e ao ver a cena se repetir, ela caiu de joelhos no chão, colocando suas mãos na cabeça e fechando seus olhos, enquanto escutava o barulho da espada perfurando os corpos de seus pais continuamente.

Como tudo começou, terminou.  

Ao abrir seus olhos mais uma vez, ela estava de volta no escritório do seu pai, caída de joelhos no chão e ao seu lado, se encontrava seu irmão gêmeo, caído no chão, vivo, mas mesmo assim não parecia estar em si. Emi não conseguia controlar suas pernas no momento, elas pareciam pesar centenas de quilos e ao levantar sua cabeça e encarar seu irmão mais velho, sentiu com que seu mundo estivesse acabando. De alguma forma, ele havia lhe mostrado que além de matar seus pais, ele havia matado todo o seu clã.

— Por quê? – A voz dela saiu baixa e fraca, ela nem ao menos conseguia se mexer – Por quê, irmão?

— Para medir a minha capacidade. – Itachi respondeu, normalmente

— Medir... sua capacidade? – A voz de Sasuke soou fraca ao seu lado – Só por isso? Só por isso, você matou todo mundo...?

— Era necessário. – Itachi comentou, logo em seguida

— O que? – Emi perguntou, um pouco mais alto, enquanto apoiava suas mãos no chão para poder se levantar – Como é que é?

— NÃO DIGA BESTEIRAS!

Antes que ela se levantasse, Sasuke se levantou e saiu correndo em direção a Itachi, mas, fora parado por um soco e com isso, caiu no chão. Emi se levantou depressa e correu em direção ao seu irmão gêmeo, ela ativou seu Sharingan e ficou frente a frente com seu irmão mais velho, um passo a frente do seu irmão gêmeo, o qual ainda estava caído de cara no chão.

Ela estava com medo.

Mas estava com mais medo de perder seu irmão gêmeo também.

Emi sentira a mão de Sasuke em seu tornozelo, e então, em seu joelho. Ele estava usando-a como apoio para se levantar e uma vez de pé, agarrou-a pela mão e a puxou para correrem. Ela deixou ser levada por seu irmão gêmeo e com isso, desativou seu sharingan, enquanto se ocupava em somente correr ao seu lado. Sasuke gritava pedindo para que Itachi não os matasse e chorava. Ela nem ao menos conseguia pensar em outra maneira de sair viva do seu Distrito, levando consigo seu irmão gêmeo.

Por enquanto, apenas se concentrava em correr o mais rápido que conseguia pelas ruas do Distrito Uchiha, seguindo em direção ao portão de saída.

Emi e Sasuke pararam de correr, assim que viram Itachi os esperando poucos metros a frente, parado, com o olhar frio fixo neles.

— É mentira! – A garotinha disse alto, juntando a pouca coragem que tinha naquele momento – Esse não pode ser o nosso irmão. Porque...

— Eu agi como o irmão que vocês desejavam para testar as suas capacidades. – Itachi lhes disse, usando o mesmo tom de voz que usava dentro de casa, poucos minutos antes – Vocês dois irão se tornar rivais dignos de serem comparados comigo... Vocês têm esse potencial escondido. Vocês sempre tiveram inveja e ressentimento para comigo. Vocês sempre quiseram me superar. É por isso que eu estou permitindo que vivam. Pelo meu bem. Como eu, vocês iram despertar os poderes do Mangekyō Sharingan. Porém, com uma condição... O seu amigo mais próximo, vocês devem matá-lo.              

— De jeito nenhum! – Sasuke murmurou

— Como eu fiz. – Itachi continuou

— Você matou o Shisui? – Emi perguntou, mal conseguindo respirar

— Isso mesmo. – Itachi respondeu, no mesmo instante – E graças a isso, eu fui capaz de adquirir estes olhos. No salão principal do Santuário Naka, embaixo do sétimo tatame do lado interior direito, fica o local das reuniões decretas do clã. Naquele lugar, vocês irão encontrar a história do Doujutsu do Clã Uchiha e seus verdadeiros propósitos. – Ele sorriu minimamente, de um jeito assustador – Caso vocês consigam despertar o Mangekyō Sharingan, haverão quatro, incluindo eu, possuidores desse poder. – Ele riu – E então, haverá um sentido para deixá-los viver. – Itachi deu um passo para o lado, o qual foi suficiente para fazer com que os gêmeos pulassem de medo – Agora, não existem motivos para matá-los. Meus irmãozinhos tolos. Se quiserem me matar, vocês precisam guardar rancor, me odiar e sobreviver na escuridão. Corram, continuem correndo e continuem vivos. E então, um dia, quando vocês tiverem os mesmos olhos que eu, venham até mim.

No momento em que Itachi a olhou nos olhos, ela sentiu seu corpo despencar em direção ao chão. Mas sem antes sentir seus olhos se arregalarem inconscientemente, deixando sua visão avermelhada.

A visão avermelhada durou menos de um segundo.

Assim como a sua consciência.  


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