Futago escrita por Gabs


Capítulo 10
Fugaku Uchiha


Notas iniciais do capítulo

"Mas, entre nós três... Quando ele está comigo, ele só fala de vocês dois."



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Sentada com os pés na água do lago de sua casa, Emi manteve a cabeça baixa. Ela estava esperando seu pai, porque de acordo com ele, os dois iriam começar a treinar juntos. Tudo isso porque, logo após uma imensa palestra de seu pai, Emi descobrira que ela havia despertado o sharingan. Lhe fora dito que era possível despertá-lo ao sentir um sentimento muito forte, o qual no seu caso, ao descobrir sobre a morte de Shisui, fora a imensa tristeza que sentiu.

E ela ainda sentia.

Fazia semanas.

Mas ela ainda sentia pela perda.

O relacionamento de seu pai com Itachi estava cada vez mais difícil, desde aquele dia. Seu irmão mais velho se trancava em seu quarto sempre que voltava para casa e nem mesmo conversava com ela e com Sasuke.  

— O que tá fazendo aqui sozinha?

A garotinha levantou o olhar para ver Sasuke parado ao seu lado.   

— Pensando. – Ela disse, se levantando de onde estava sentada

O olhar dela se desviou no momento em que ela percebeu que seu irmão mais velho estava se aproximando e, como se não se importasse mais com os dois, ele passou reto, entre eles. Emi acompanhou seu irmão com o olhar e ficou apreensiva quando notou que seu pai estava finalmente vindo, caminhando em sua direção, mas, para chegar até ela, teria que passar ao lado de Itachi, o qual não parou de andar por um segundo sequer.

Eles passaram um do lado do outro e não disseram nenhuma palavra.  

— Bom dia, pai. – Os gêmeos lhe saudaram, juntos, quando o homem parou logo à sua frente

— É... – Fugaku disse – Bom dia. Está pronta, Emi?

— Sim...

— Ótimo. – Ele disse, afirmando com a cabeça, antes de desviar seu olhar para seu outro filho – Sasuke, está gostando da academia?

— As aulas são meio chatas, porque Emi e eu somos sempre os primeiros da classe. – Sasuke lhe respondeu

— Venha treinar conosco hoje.

[...]

Emi encarou o lago a sua frente, sentindo o leve vento bater contra seu rosto. Ao fundo, ela escutou o pedido de seu pai e por isso, caminhou até a beira da passarela. Por alguns momentos, ela se perguntou se olhasse para a água, poderia ver o rosto de Shisui mais uma vez.

Ele com certeza ficaria extremamente feliz com o que ela podia fazer agora.

— Vamos, Emi. – A voz de Fugaku soou novamente – Mostre ao Sasuke o que você fez no seu primeiro dia de treinamento.

A garotinha de olhos ônix respirou fundo e logo em seguida, levou suas mãos em frente ao seu corpo, fazendo os selos que seu pai havia lhe ensinado no começo da semana.

Carneiro, Cão, Coelho, Cobra, Pássaro, Javali, Cavalo e Tigre.

Estilo Fogo: Jutsu Bola de Fogo!

Emi aspirou a maior quantidade de ar que pode e então, soprou. Uma quantidade absurda de fogo saiu pelos seus lábios entreabertos e cobriu toda a sua visão, numa grande e destruidora bola de fogo, a qual durou poucos segundos, pois aquilo era apenas uma demonstração.

— Este é o ninjutsu mais básico dos Uchiha, Sasuke. – Fugaku disse, assim que a bola de fogo se dissipou – Utilize os selos que Emi acabou de mostrar. Você deve concentrar bastante chakra em seu peito. E então, liberar tudo de uma vez só. Vamos, agora tente você.

— Certo!

Emi se virou e caminhou para trás de seu pai, deixando com que Sasuke assumisse seu lugar na beirada. Seu irmão gêmeo parecia extremamente concentrado e fazia os selos com perfeição. Ela acreditava profundamente em sua capacidade, pois sabia que Sasuke era tão bom quanto ela, senão até mesmo melhor. Mas a garotinha quase caiu para trás quando viu a minúscula bola de fogo que seu irmão produziu.

Fugaku respirou fundo.

— Como eu pensei, você não é como o Itachi e a Emi. – Seu pai disse, antes de se virar e começar a caminhar indo embora – Talvez, ainda seja muito cedo para você. O Clã Uchiha reconhece alguém como adulto, quando essa pessoa pode usar a técnica Estilo Fogo. O símbolo dos Uchiha é a lâmina que controla o fogo. Vamos Emi, seu treinamento ainda não acabou.

A garotinha ficou ali parada, encarando seu irmão, mas, ao ouvir seu pai lhe chamar novamente, ela teve que o seguir, pois ainda treinariam kenjutsu e ela precisava melhorar seu manejo com o tantō.      

[...]

Mais uma vez naquela semana, Emi estava no lago. Sasuke havia pedido mais uma chance para seu pai, e ela, como estava junto, fora convidada a participar da demonstração que seu gêmeo faria, pois de acordo com ele, já havia dominado a técnica que lhe fora mostrada no começo da semana.

Sasuke estava de costas para ela e seu pai, e agora, estava fazendo os selos necessários para a técnica. E, ao contrário da ultima vez, ele havia feito o jutsu com maestria. Quando ele virou para encarar o seu pai, Emi percebeu que Sasuke estava surpreso com ele mesmo.

No mesmo instante que a garotinha deu um pulo, indo abraça-lo, Fugaku virou-se de costas e começou a caminhar em direção a Vila novamente.

Mas parou a alguns metros a frente.

— Assim que espero de um filho meu. – A voz de Fugaku soou, fazendo com que Sasuke sorrisse, alegre – Você se saiu bem. Você agora, assim como Emi, tem o direito de usar o símbolo do clã em suas costas. Você deve continuar se aprimorando, para que chegue ao limite.

— Sim!

— E também direi a mesma coisa que disse para Emi – Fugaku continuou, logo após Sasuke concordar – Não siga o mesmo caminho que seu irmão.

[...]

Emi se levantou, com seus pratos em suas mãos e com cuidado, caminhou em direção a pia, onde sua mãe lavava a louça do almoço. Ela estava tão cheia que agradecia mentalmente o fato de hoje, seu pai ter lhe dado um dia de folga dos treinamentos, para ela descansar.

— Mãe... – A voz de seu irmão gêmeo soou, meio baixa

Ele ainda estava comendo, sentado à mesa.

— Hm? – Mikoto perguntou, enquanto recebia os pratos que a garotinha lhe estendia – Sim, querido?

— O que o papai realmente pensa sobre nós? – Sasuke lhe perguntou

Ele parecia triste.  

— Por que isso, assim, de repente? – Sua mãe lhe perguntou, surpresa

— Algum tempo atrás, ele me disse “Assim eu espero de um filho meu”. – Ele lhe respondeu – E ele só dizia isso para o meu irmão. Eu fiquei muito feliz por isso.

— Oh... – Mikoto sorriu, enquanto enxugava as mãos em seu avental amarelo-claro – E isso não é bom?

— Mas ultimamente o pai e o irmão não têm se dado bem. – Sasuke comentou, baixo – Então, eu penso que... Emi e eu somos apenas substitutos para o nosso irmão.  

Emi ficou quieta, observando os dois.

Sasuke estava falando coisas que passavam em sua mente também.

— Seu irmão é seu irmão, a Emi é a Emi, e você é você. – Sua mãe lhe disse, após suspirar – Seu pai esteve preocupado com vocês três.

— Mas ele só se importa com meu irmão! – Sasuke disse alto, bravo

— Não, isso não é verdade. – Mikoto negou – O papai, como representante do clã Uchiha, precisa proteger o clã inteiro.

— Como assim? – Desta vez, fora Emi que lhe perguntou

— Acontece que Itachi é mais velho que vocês. – Mikoto disse, sorrindo – O que significa que a responsabilidade cai toda sobre ele. Papai deve supervisionar esta tarefa, por isso ele está sempre atento ao Itachi. – A mulher riu – Mas, entre nós três... Quando ele está comigo, ele só fala de vocês dois. Não pensem que ele tem raiva de vocês, é só o jeito dele.   

[...]

— Irmão...

— Hoje despois da escola, tem como você nos ensinar umas técnicas com shurikens?

Ansiosa, Emi observou atentamente seu irmão mais velho virar a cabeça em direção a ela e seu irmão gêmeo. Fazia um bom tempo desde que os três não saiam juntos, ela estava com saudade daquilo e por isso, propôs a Sasuke para irem os dois chamar seu irmão mais velho para treinar.  

— Estou ocupado. – Itachi respondeu, como de costume – Vocês deveriam pedir ao papai para ele lhes ensinar.

— Mas você é melhor do que o papai quando se trata de shurikens. – Emi murmurou, pendendo levemente seu corpo para frente e para trás, enquanto juntava suas mãos nas costas

— Sim. – Sasuke concordou – Mesmo crianças como nós podemos ver isso.

Itachi os chamou com a mão.

Mesmo sabendo o que aconteceria, a garotinha de olhos ônix caminhou junto com seu irmão gêmeo em direção ao seu irmão mais velho, apenas para ter a testa cutucada.

— Desculpem, gêmeos. – Seu irmão mais velho pediu, após cutucar suas testas – Talvez mais tarde. – E então, ele se levantou – Não tenho tempo para brincar com vocês.

— Você sempre pede desculpa e bate nas nossas testas. – Emi resmungou, massageando a testa com a mão – E então diz “Uma outra hora”, mas isso nunca acontece.   

Mas no fundo, estava feliz por seu irmão continuar o mesmo.

[...]

A garotinha bebericou o chá quente e então, o colocou de volta à mesa. Ao seu lado, seu irmão gêmeo estava quieto, olhando para o nada e no canto da mesa, estava seu pai, sentado com um copo de chá quente a sua frente. Sua mãe estava lavando mais uma vez a louça do almoço daquele dia. Emi era muito agradecida a sua mãe por trabalhar tão duro para o bem deles.

— Papai... tem algo que eu estive pensando recentemente... – A voz da garotinha soou, enquanto ela desviava o olhar ao seu pai – Existe algum tipo diferente de sharingan?

— Que? – Fugaku perguntou, no mesmo instante – Por que? O seu sharingan mudou?

— Não... Bem... Ele já tem três tomoe...

— Ah. – Ele murmurou – Bom, realmente, existe um nível superior do sharingan, um tipo de dōjutsu... O Mangekyō Sharingan. Na história dos Uchiha, poucas pessoas foram capazes de dominar esse dōjutsu lendário. Mas para adquiri-lo, é preciso que se cumpram algumas condições especiais.

Emi ficou calada, pensando em quais condições eram precisas para dominar o Mangekyō Sharingan.

— Pai... – Desta vez, fora Sasuke que o chamou

— Hm?

— Por que o irmão não se importa com a Emi e eu? – Ele lhe perguntou

— Ele é um pouco diferente. – Fugaku lhe respondeu, após beber um pouco do seu chá – Ele é o tipo de pessoa que não gosta de interagir com as outras.

— Por que? – Emi perguntou, confusa

— Não sei. – Fugaku respondeu, sério – Mesmo eu, seu pai, não consigo entende-lo. Ele é...

— Aqui está, gêmeos, seus almoços. – Mikoto disse, segurando dois saquinhos de comida em suas mãos, com um sorriso nos lábios – Divirtam-se com suas shurikens. Estarei esperando vocês dois em casa!

A garotinha se levantou e pegou seu saquinho de comida.

— Não é diversão, mamãe, é treinamento.


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