Confusão em Dose Tripla escrita por Lelly Everllark


Capítulo 5
Fugas e algumas caixas.


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, Oi!
Não demorei (muito) dessa vez, olha que milagre?
Espero que gostem do capítulo!
BOA LEITURA :3



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— Você não precisava fazer isso – argumentei pelo que me pareceu à milésima vez quando o carro estacionou em frente ao meu ex-prédio. Eu estava sentada no banco do passageiro da minivan, com Ethan atrás do volante e as crianças todas no banco de trás, já eram quase dez da noite e toda essa situação não fazia o mínimo sentido.

  A coisa toda começou depois que Ethan chegou e eu fui recontratada, nós jantamos, uma vez que ele também não tinha comido e a coisa foi um pouco estranha, eu e meu chefe gostosão jantando enquanto seus filhos estavam na mesa conosco. Charlotte comendo bolo, Molly dormindo em sua cadeirinha numa cadeira próxima de nós e Seth, tomando suco e encarando o pai com se ele fosse um ser de outro mundo. Além da fala animada de Lottie, ninguém mais disse nada. Eu, mais e principalmente por que não tinha certeza do que estava acontecendo e por que precisava de toda a minha concentração para não encarar Ethan a cada minuto. Como foi mesmo que chegamos a isso? Eu não sabia.

  Depois disso ele perguntou sobre minhas coisas e minha disponibilidade para ficar, e eu como a sem teto que havia me tornado aceitei na mesma hora ficar, disse que só precisava buscar minhas coisas no apartamento em que morava e Ethan se ofereceu para me levar até lá. Eu o olhei chocada com o convite e ele riu, o que foi uma péssima ideia por que me fez reparar ainda mais em seu rosto anguloso e seus olhos incrivelmente azuis. Alegando que eu precisaria de roupas e outras coisas ele me convenceu a aceitar a ajuda, mas como nós e as crianças éramos a únicas pessoas na casa acabamos os cinco na minivan em direção ao meu ex-prédio, para buscar minhas coisas, em plena quarta-feira à noite como se fosse à coisa mais normal do mundo.

  - E eu já disse que não me importo e sendo bem sincero – Ethan diz depois de parar o carro e dar a volta para abrir a porta para mim, à ação me deixa extremamente surpresa. – Esse é um jeito de eu garantir que você não vai fugir outra vez. Você vem? – ele pergunta depois que não faço nenhuma menção em sair do carro. A camisa social escura dobrada até os cotovelos me faz reparar ainda mais em seus braços. Por que Ethan não continuou de terno? Era o melhor para todos nós.

  - Ah claro – murmuro e finalmente solto o sinto para descer.

  - Você vai embora de novo, Livy? – Charlotte põe a cabeça pra fora da janela e me olha com seus enormes olhos azuis.

  - Não, Lottie, só vou buscar minhas coisas e a gente vai voltar pra sua casa.

  - A Olivia vai morar lá em casa com a gente, o que acha, Chalotte? – Ethan pergunta e a garotinha sorri.

  - Vai ser muito legal, eu gosto da Livy, e ela o Seth são engraçados quando tão conversando.

  - Essa bruxa vai ficar mesmo? Nossa que legal – Seth reclama e acho graça. Não posso ver seu rosto do outro lado do banco de trás, mas posso imaginá-lo revirando os olhos e isso me faz sorrir.

  - Ainda vamos nos divertir muito, Seth, não se preocupe. Vou subir pra buscar minhas coisas, já volto.

  - Precisa de ajuda? – Ethan oferece e arregalo os olhos realmente surpresa agora.

  - Não! – repondo um pouco alto demais e ele me olha curioso. – Quer dizer, obrigada, mas não precisa. Sério. Já venho.

  Vou quase correndo em direção ao prédio e quando entro no elevador solto a respiração que nem sabia estar prendendo. Apoio as costas na parede de metal tento respirar fundo, Ethan dentro do meu apartamento com Christina nos olhando com incredulidade e curiosidade? Vendo agora não é uma ideia tão ruim, mas essa história toda dele me ajudar já está indo longe demais. Eu sou a babá, não posso querer ou sonhar em ser mais que isso, por que não vai fazer bem a ninguém.

  - Achei que tinha ido embora e deixado suas coisas aqui – Christina alfineta quando passo pela porta e reviro os olhos vendo-a abraçada com o namorado no sofá.

  - Eu só me enrolei, Ok? Já vim buscar tudo e estou indo embora – aviso passando direto para o quarto. Quando o alcanço vejo minhas coisas exatamente como tinha deixado. Pego uma caixa e levo até o corredor, repito o processo mais duas vezes e na terceira pego a mala que foi a única coisa que havia sobrado.

  - Você vai mesmo não é? – Christina pergunta e dou de ombros parando na porta ao seu lado.

  - Não tenho outra escolha, tenho?

  - Livy... – ela começa e nego com a cabeça a interrompendo.

  - Não precisa dizer nada, Ok? Está tudo bem. Tchau, Chris.

  - Tchau, Livy – ela diz me abraçando e aceito o cumprimento afinal foi muito tempo dividindo o apartamento com ela. – Boa sorte!

  - Obrigada – agradeço e começo a colocar as caixas dentro do elevador, eu as coloquei ao lado da porta então não é muito difícil.

  É só quando chego ao térreo que quase sou esmagada pela porta tentando tirar tudo e não deixar a porta se fechar, felizmente Ethan vem em meu socorro, mesmo que eu não queira, sou obrigada a admitir que precisava de ajuda. Ele pega todas as três caixas e a única coisa que me resta é pegar a mala e segui-lo até o lado de fora do prédio. Meu chefe gostosão coloca minhas coisas no porta-malas enquanto permaneço em silêncio ao seu lado com um olho nas crianças. Molly está dormindo desde a hora em que saímos de casa e não acordou até agora e Charlotte dormiu também encostada no banco, Seth é o único acordado, mas está muito ocupado jogando no videogame em suas mãos para se preocupar comigo ou o pai.

  - Tudo pronto, vamos? – Ethan chama e sorrio.

  - É impressão minha ou você está sempre me chamando pra gente ir? – pergunto divertida e ele sorri também abrindo a porta pra mim antes que eu posso fazer o mesmo.

  - Acho que é por que você sempre parece estar no mundo da lua.

  - Impressão sua e culpa sua – murmuro essa última parte enquanto ele dá a volta no carro para se sentar atrás do volante outra vez.

  Nossa viagem de volta é feita no mais completo silêncio e agradeço por isso, meu dia foi tão louco que é bom poder pensar. Acordei certa de que teria que morar com meu pai, ai depois acabei sendo obrigada a cuidar das crianças outra vez, me meti em umas confusões com eles e no fim acabei sendo recontratada para ser babá e de quebra ganhado um lugar pra morar. E agora meu chefe gostosão tinha me trazido até meu antigo apartamento e me ajudado a pegar minhas coisas, qual parte disso tudo fazia sentido pelo amor de Deus?

  Quando Ethan estacionou em frente à porta de entrada Molly começou a se mexer e resmungar na cadeirinha, Charlotte dormia tão profundamente que só não caiu do banco por que estava presa pelo cinto e Seth só levantou os olhos da telinha em suas mãos quando paramos. Como da outra vez Ethan abriu a porta pra mim e logo depois foi pegar Lottie, a garotinha se aconchegou em seu colo e eu sorri com a cena fofa, mas os resmungos de Molly exigindo atenção me fizeram encará-la, a bebê tinha acordado e parecia prestes a fazer um escândalo. Peguei-a antes disso, Ethan sorriu para mim quando me virei com a bebê no colo.

  - Seth, sai daí e vem pra dentro – Ethan chama o filho que suspira e tira o cinto. – Vou levá-la – ele indica Charlotte em seus ombros – E depois volto para ajudá-la com as caixas, tudo em?

  - Ótimo e eu vou levar Molly para cima também. Vamos, Seth? – o chamo também e ele faz careta antes de nos seguir para dentro. Quando chegamos à sala Seth segue diretamente para o sofá e suspiro. – Você sabe né? Que amanhã você vai par a escola, quer tenha dormido, quer não. Então se eu fosse você, ia pra cama – ele se limita a me encarar e o olho feio. – Agora.

  - Eu te odeio, sua bruxa! – ele está reclamando enquanto se arrasta escada a cima, me limito a sorrir e revirar os olhos. Ethan no topo da escada olha de mim para o filho num misto de surpresa e diversão, dou de ombros e sigo em direção à cozinha com Molly no colo.

  Vou dar mamadeira a bebê antes colocá-la para dormir outra vez. Não é difícil preparar a mamadeira e colocá-la na temperatura ideal antes de dá-la a bebê. Molly ainda está mamando e me encarando com os olhos sonolentos quando subo as escadas. Ethan está saindo do quarto de Charlotte e não me vê no início do corredor, ele encara a porta do quarto de Seth e espero que entre para, no mínimo, cobrir o filho irritante, mas ele para na porta e apenas olha dali, como se o batente tivesse alguma barreira invisível que ele não pudesse ultrapassar, ou talvez não conseguisse a julgar pela sua expressão triste quando ele desliga a luz e sai dali. Quando Ethan vira e me vê ali parada como estátua no início do corredor a situação fica infinitamente mais constrangedora.

  - Vou colocá-la para dormir – anuncio sem olhá-lo e indico Molly antes de correr para o quarto da bebê. Eu sinto quase como se tivesse presenciado uma cena que eu não deveria ter visto.

  Quando Molly termina a mamadeira já está dormindo em meus braços outra vez, troco-a dormindo e a bebê nem se quer abre os olhos, ela é tão fofa que realmente preciso de um esforço tremendo para não amassá-la num abraço. Coloco Molly no berço, cubro-a e cerco-a com os travesseiros, lhe dou um beijo no topo da cabeça e sinto seu cheirinho de bebê que me faz sorrir. Quando saio do quarto vejo duas das minhas três caixas empilhadas no corredor, em frente à porta ao lado do quarto de Molly. Ethan surge da escada com a terceira caixa nos braços e fico sem entender quando ele a coloca na pilha com a outras.

  - Por que minhas coisas estão aqui? – pergunto realmente confusa e ele me olha curioso como se eu tivesse dito alguma coisa engraçada.

  - E onde mais estariam?

  - Sei lá, eu não trabalho pra você? Não é pra ter sei lá, um quarto para funcionários ou coisa assim?

  - Até tem um quarto perto da cozinha, mas Ruth fica lá às vezes quando ela dorme aqui e eu achei que como você vai morar aqui, ficaria mais confortável num quarto maior e melhor, fora que assim você está mais perto das crianças e isso é bom pra todos, não acha?

  - Sim... Quer dizer, não sei, mas se você está dizendo... Tem mesmo certeza disso? – pergunto depois de me embaralhar toda com as palavras encarando o sorriso de Ethan. Estamos a poucos passos um do outro e estou começando a achar essa coisa toda de dormirmos no mesmo corredor uma péssima ideia.

  - Tenho, Olivia, tenho certeza. Você precisa de ajuda com a mala ou eu posso ir dormir? Tenho que acordar cedo amanhã.

  - Está tudo ótimo, não preciso de ajuda não, obrigada por tudo. Tipo, tudo mesmo – tagarelo e ele sorri seguindo para a porta no fim do corredor. Eu respiro fundo e tento fazer a pernas seguirem até o andar debaixo.

  Lavo e guardo a mamadeira de Molly que trouxe comigo antes de ir pegar a mala que está na sala. Viro-me com tudo em direção a porta e dou de cara com uma parede, ou pelo menos é o que parece dado o impacto, Ethan me segura pela cintura para que eu não caia e estamos colados um ao outro, exatamente como no dia da minha entrevista, mas agora ele não está com uma gravata nem eu de batom para manchá-la.

  Sinto seus braços fortes e o peito largo e me arrependo disso no instante seguinte, por que sei que vou lembrar dessa sensação por semanas.

  - Você está bem? – ele pergunta me soltando e faço que sim com o coração a mil, só não tenho certeza do por quê.

  - Eu... Sim... Você só me assustou – murmuro perdida quando me dou conta de que ele se livrou da camisa social e agora está só com uma regata branca.

  - Desculpe, eu só vim buscar minha pasta que deixei aqui – ele indica a mesa atrás de mim e respiro fundo concordando.

  - Eu vou buscar minha mala – aviso saindo dali o mais rápido que posso.

  É impressão minha ou eu só tenho fugido de Ethan a noite toda e mesmo assim acabo nesse tipo de situação com ele? Isso é o universo, ou quem sabe Deus me testando, pra ver o quanto eu quero esse emprego, por que se eu estragar tudo por causa da minha aspiração de romântica sonhadora vou morar debaixo da ponte, ou pior, com o meu pai. Então nada disso, está ouvindo Olivia? Nada de estragar tudo por causa de pernas bambas ou invenções românticas!

  Finjo mexer no celular até Ethan subir as escadas outra vez e só então pego minha mala e começo a arrastá-la escada acima, desejando fervorosamente que esse meu novo emprego não seja o início de uma grande confusão.


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Notas finais do capítulo

E então o que acharam?
Pessoal, é o seguinte, esse nem era pra ser o capítulo de hoje, quer dizer, esse capítulo era pra ter sido um completamente diferente, mas eu achei que tinha faltado uma interação mais direta do nosso casal antes de fechar esse "primeiro momento" deles, então deu nisso, ficou ao menos bom?
Digam o que acharam, por favor!
Beijocas e até, Lelly ♥



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