Confusão em Dose Tripla escrita por Lelly Everllark


Capítulo 11
Jantar para dois.


Notas iniciais do capítulo

Oiiie!
Não disse que voltava? Pois então, aqui estou!
Espero que gostem do capítulo, BOA LEITURA :D



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Assim que entramos no carro Brianna liga o rádio e uma música animada vai tocando baixinho, enquanto conversamos a caminho da escola onde Seth e Charlotte passam suas tardes três vezes por semana. Quando estaciono eles já estão esperando no portão. Dessa vez me atrasei um pouco. Olho para o celular, 17h10m, dez minutos atrasada, mas eles não ligam, não quando Brianna desce do carro para recebê-los. Os dois falam ao mesmo tempo, Seth suado em seu kimono, e Lottie meio descabelada em seu collant cor de rosa com a saia da mesma cor.

  - Tia Bri! – ouço Charlotte gritar quando me junto a eles na calçada, a pequena me olha com uma expressão animada. – Olha, Livy! É a tia Brianna, ela veio buscar a gente!

  - Ela sabe, Lottie, a tia veio junto com a Olivia – Seth responde.

  - Seth, deixe a sua irmã, sim? E eu vi, Lottie, ela estava com muitas saudades e disse que queria vir também. O que achou da surpresa?

  - Adorei!

  - Por que você está aqui, tia? – Seth pergunta curioso e ela indica a minivan.

  - Lá dentro a gente conversa.

  - Todos pra dentro – peço e eles não hesitam um único instante antes de correr para o carro.

  - Vamos todos para a casa da vovó! O que acham? – Brianna pergunta animada depois que já entramos todos outra vez. Para minha surpresa ambos olham para mim.

  - A gente pode, Livy? – Charlotte pergunta animada e Brianna olha pra mim também. Por que isso agora? Quem sou eu para deixar ou não alguma coisa?

  - Pode ou não? – para minha surpresa é Seth quem quer saber.

  - Você já falou com o Ethan? – olho diretamente e ela faz que sim com um sorriso enorme no rosto. Então olho para as crianças no banco de trás. – Podem sim. Divirtam-se e se comportem.

  - Sim! – dizem os dois ao mesmo tempo.

  - Está indo pra onde? – Brianna pergunta quando faço uma curva e a olho sem entender.

  - Pra casa, vou buscar roupas para as crianças – digo o óbvio e ela sorri.

  - Não precisa, acredite em mim, essas crianças tem mais coisas lá em casa que eu. É só ir direto.

  - Tem certeza?

  - Tenho, Olivia. Só vire na próxima direita.

  Quando estaciono em frente à casa que se parece um pouco com a que cresci, sorrio ao ver Susan na porta a nossa espera. Brianna desce, ajuda Charlotte e Seth sai também. Eles já estão correndo até a avó quando pego Molly com a cadeirinha e tudo e os sigo.

  - Que saudade! – Susan os está esmagando em um abraço. Quem a ouvisse pensaria que eles estavam anos sem se ver, não alguns dias.

  - Vovó a gente vai dormir aqui hoje, a tia Bri que chamou e a Olivia disse que pode – Charlotte anuncia e Susan me olha sorrindo.

  - Aposto que disse. Estão com fome?

  - Sim! – eles anunciam juntos.

  - Já que todos chegaram bem, eu já vou – digo depois olho para Molly que ainda dormia tranquila. – Ela...?

  - Vai com você – Susan responde. – Molly não gosta muito de ninguém e isso inclui passar mais horas que o necessário comigo e Brianna. Já tentamos isso antes. Ethan é o único que consegue acalmá-la.

  - Nem me lembre do episódio da choradeira – Brianna faz careta. Depois se abaixa e beija Molly. – Titia te ama, mas é melhor mesmo você voltar com a Livy.

  - Vocês se comportem, amanhã venho buscá-los – digo aos dois que me olham curiosos.

  - Você vem mesmo, Livy? – Lottie pergunta me olhando séria e sorrio. Seth também me encara a espera de uma resposta e isso é novo pra mim.

  - Claro que venho – digo colocando a cadeirinha de Molly no chão para apertar minha pequena bailarina num abraço. – Até amanhã.

  - Até, Livy, não esquece a gente – ela me aperta de volta e lhe dou um beijo na testa.

  - Não vou esquecer, nunca. Divirtam-se! Tchau, Seth – dou um beijo no rosto do garotinho e ele parece surpreso com meu feito, sorrio me afastando.

  Aceno para Seth que para minha surpresa acena de volta, os quatro ficam na varanda até eu prender Molly no banco de trás outra vez e dar partida no carro. Seguimos as duas num silêncio confortável até em casa. Já são quase 18h00m quando coloco a minivan outra vez na garagem. Passo por Ruth na cozinha fazendo o jantar, subo e decido tomar um banho, coloco Molly em sua cadeirinha em cima da minha cama e com ela dormindo decido que posso passar mais que dez minutos tomando banho dessa vez.

  Estou terminando de pentear os cabelos quando a bebêzinha se remexe e pisca seus olhos azuis pra mim. Faço careta para ouvi-la rir e vou até ela cheirá-la e fingir mordê-la para continuar ouvindo sua risada. Brinco com Molly um pouco, depois só ficamos as duas deitadas na cama, eu relembrando o episódio com meu pai e Molly chupando os dedinhos da mão. E como isso não vai levar nenhuma de nós a lugar nenhum decido descer para dar a mamadeira de Molly e ver a quantas anda o jantar. São pouco mais que 19h00m quando entro na cozinha. Ruth está terminando de desligar o fogo o fogão, ela se vira, me vê e suspira.

  - Ótimo, você está aqui. O jantar está pronto, fiz o bife com purê de batatas que a Srta. Price pediu. A casa já está toda limpa, assim como as roupas. Estou indo embora agora, volto na segunda-feira, já avisei ao Sr. Price – e dito isso ela sumiu para o pequeno quarto que ela ocupava às vezes, voltou minutos depois com uma pequena mala e simplesmente saiu sem me dirigir mais nenhuma palavra.

  - Ok, Molly, parece que somos só nós duas outra vez – digo a bebê em meu colo que me olha curiosa e depois volta a sua missão de babar meu pingente de coração.

  Preparo a mamadeira de Molly cantando, por que o silêncio já está me incomodando, é a música animada que ouvi mais cedo no rádio com Brianna. Termino a mamadeira, coloco-a para esfriar e quando dou por mim já estou rodopiando com Molly pela cozinha, a risada da bebê que está adorando a brincadeira me faz rir também. Quando finalmente paro assusto-me em vê-lo ali.

  - Que me matar do coração? – pergunto com o coração aos saltos, pela dança, pelo susto e simplesmente por ser ele ali. Ethan me sorri divertido do batente da porta, está sem o paletó e a gravata e suas mangas estão dobradas até os cotovelos. Não achei ser possível, mas ele parecia ainda mais bonito que de costume, eu o estava medindo de cima a baixo descaradamente, mas ele estava fazendo o mesmo comigo.

  - Eu não quis te assustar. Vocês estavam tão envolvidas que não quis atrapalhar. Por que soltou os cabelos? – ele pergunta do nada e por reflexo toco meus cabelos ainda meio úmidos e soltos.

  - Estão molhados, eles têm que secar antes que eu possa amarrar outra vez, por quê? – pergunto e ele desvia o olhar.

  - Nada, só curiosidade.

  - E você, por que está sem o paletó e a gravata? – pergunto divertida e ele sorri finalmente entrando na cozinha.

  - Teve uma inundação na cozinha do hotel.

  - Inundação? – pergunto sem acreditar pegando a mamadeira de Molly e me sentando para dar a ela.

  - Foi um cano que estourou, até que terminou tudo bem, mas primeiro molhou tudo e todos, meu paletó e minhas meias não tiveram tanta sorte – ele mostra o pé e seguro o riso. – Tudo bem, é engraçado, vou tomar banho, já volto.

  - Ok.

  Termino com Molly e a faço arrotar. Nino a bebê em meus braços, mas não é preciso de muito para ela dormir. A bebêzinha com a barriga cheia é um amorzinho que passa mais tempo dormindo que qualquer outra coisa. Subo, vou até seu quarto, a ajeito no berço, ligo a babá eletrônica e a levo comigo. Quando saio do quarto de Molly quase dou de cara com Ethan no corredor, ele também parece se assustar e só consigo me lembrar de nosso esbarrão na cozinha, pra ele não deve ter mais importância, mas pra mim é uma lembrança boa, a do seu cheiro, das suas mãos em mim, nego com a cabeça para me livrar desses pensamentos.

  - Olivia... – Ethan parece meio perdido também, mas quando ele chama meu nome assim é difícil me concentrar em outra coisa que não sejam seus lábios.

  - Sim?

  - Nossos... Meus! Onde estão meus outros filhos? – ele pergunta e o olho sem entender. A magia se foi, dando lugar à confusão.

  - Como assim “Onde”?

  - Onde de onde, cadê eles?

  - Com a sua mãe. Brianna não te disse nada? Ela veio buscá-los, disse que você sabia e tudo.

  - E você acredita na minha irmã? – ele pergunta divertido e sorrio também.

  - Bem, ela é sua irmã, não é? Mas a julgar pela sua reação, ela não disse nada, disse?

  - O que você acha? – seu sorriso é divertido, fico aliviada. Por um instante achei que talvez ele fosse me culpar por deixá-los ir sem confirmar com ele. – Minha irmã sequestrou meus filhos, não é a primeira vez, não vai ser a última.

  - Desculpa, mas ela disse que tinha falado com você, eu devia ter te ligado, desculpa, eu...

  - Hei! Tudo bem – ele me interrompe. – É a minha mãe e a minha irmã, elas sempre fazem isso. Está realmente tudo bem. Então isso quer dizer que eu me apressei para o jantar à toa então? – ele parece realmente desapontado e isso me faz sorrir.

  - Amanhã vocês colocam o papo em dia, aposto que Seth e Lottie vão ter muito o que te contar. Mas eu estava bem, eu estava te esperando pra jantar, se você quiser claro – meu rosto está vermelho quando termino de falar e vejo Ethan sorrir.

  - Eu vou adorar, vamos?

  Faço que sim e nós seguimos pelo corredor lado a lado. É difícil ignorar a presença de Ethan, principalmente quando ele está tão perto de mim, todo perfumado. Reparar nessas coisas é algo que eu não devia estar fazendo, quase posso ouvir a voz de Brianna rindo de mim, dizendo que somos um casal. Droga! Não posso pensar nisso, não posso penar em nada disso!

  É estranho estarmos só os dois na cozinha, sirvo meu prato e Ethan está ao meu lado esperando para servir o seu. Geralmente estamos cercados pelas crianças, tem conversa pra todo lado e riso, implicâncias de Seth, estarmos apenas os dois em silêncio é algo que achei que nunca aconteceria. Sento-me à mesa para esperá-lo e Ethan logo se junta a mim. Ele sorri ao ver o bife com purê.

  - Por que essa escolha para o jantar? – ele pergunta depois de uma garfada e dou de ombros.

  - Não foi eu. Foi a Brianna.

  - Essa minha irmã está mesmo demais.

  - Por quê? Não gosta? – pergunto curiosa e ele nega.

  - Depois de lasanha, bife e purê de batatas é minha combinação preferida – ele comenta e quase posso ver Brianna rindo em casa com as crianças. Ela que espere por mim, isso é coisa que se faça? Quase parece que estamos em um jantar romântico e não quero pensar nisso por que não quero criar expectativas. – Mas e você, Olivia o que gosta de comer?

   - Meu favorito? – pergunto e ele faz que sim. – Pizza.

   - Sério? – ele quer saber divertido e confirmo. – Mas você cozinha tão bem e seu favorito é justo algo que não faz?

  - Acho que é justamente por isso, por que posso pedir uma pizza e comer tranquila sem ter que cozinhar. Acho que é por que me lembra um tempo bom que vivi. Uma pizza com muito queijo e é isso.

  - Mesmo quem sabe, em um jantar romântico? – Ethan pergunta erguendo uma sobrancelha e rio.

  - Por que, não? Eu iria adorar. Seria bem diferente – comento como se tivesse muitos com o que comprar.

  Nós terminamos de comer em silencio, não um constrangedor, mas um cheio de olhares tanto dele para mim quanto de mim para ele. O jantar é divertido e fico quase triste quando termina, eu poderia ficar mais algumas horas comendo e conversando com Ethan sem nem mesmo ver as horas passarem. Como sei que Ruth não vai mais voltar, resolvo lavar as louças, simplesmente para ficar mais alguns minutos na cozinha, Ethan bebe sua água tão vagarosamente que quase posso acreditar que ele está enrolando tanto quanto eu.

  - Aconteceu alguma coisa? – ele pergunta as minhas costas. Fico sem entender.

  - Não, por quê?

  - Por que hoje você parecia mais quieta que o normal, você é sempre animada e hoje parecia quase triste. Tudo bem mesmo? – Ethan diz para minha surpresa e paro com um prato a meio caminho da torneira. Eu era assim tão transparente? Não, não é nem isso que me incomoda, é pensar que ele reparou em mim o suficiente para notar algo como isso.

  - Eu só recebi um telefone do qual não gostei, só isso. Mas obrigada por perguntar – digo e estou sorrindo quando continuo a lavar as louças. Isso não é grande coisa, mas aquece meu coração de um jeito que talvez nem devesse aquecer.

  Eu já terminei os pratos e estou limpando a pia apenas por que não quero virar-me para encara Ethan e depois ir embora. Mas também não resolve nada ficar aqui pelo resto da noite, me viro e lá está ele a centímetros de mim, meu coração bate tão forte que mau registro que Ethan apenas veio colocar seu copo na pia e eu me virei na mesma hora, ele deixa o copo sobre a bancada, mas não se fasta, não move um músculo, eu também não o faço, não que quisesse, mas também não posso, não estando presa entre a pia e Ethan, não tenho para onde escapar.

  Encaro seus lábios como ele faz com os meus, eu poderia beijá-lo, me esquecer de tudo e simplesmente descobrir como é, mas preciso do emprego, não quero ter que ir, por que se esse beijo que tanto quero estragar tudo não é só de Ethan que vou me afastar, será das crianças também e o pensamento me mata um pouquinho por dentro, não ver qualquer um deles outra vez é doloroso só de pensar e não quero nem entender o que isso significa, sobre Ethan principalmente.

  Mas quando ele ergue o braço e toca meus cabelos soltos, prendo a respiração, ouço as batidas do meu coração assustadoramente altas e foda-se! Se ele me beijar não vou recuar, não vou me esconder, eu quero isso, meu Deus eu quero isso desesperadamente e vejo o desejo refletido em seus olhos, Ethan quer isso tanto quanto eu. Ele sorri, toca meu rosto, se inclina em minha direção e posso sentir seu cheiro, quando nossos lábios estão quase se tocando e sinto sua respiração em minha pele o choro agudo de Molly transmitido pela babá eletrônica nos faz dar um pulo de susto, meu coração ainda descompassado pelo que quase aconteceu.

  Nós estamos nos encarando como se tivéssemos visto assombração, olhos arregalados, coração acelerado, respiração ofegante. São tantas emoções misturadas que não sei o que fazer, sinto as bochechas corarem, mas não consigo desviar o olhar, ainda sinto seu toque, o calar, isso não se apaga assim, mesmo que não tenhamos nos beijado, mas íamos, disso tenho certeza, se Molly não atrapalha, isso teria realmente acontecido. A bebê exige atenção pelo pequeno aparelho encima da mesa e o choro dela me tira da pequena bolha de desejo onde nos encontramos desde que me virei para sair.

  - Eu vou... Preciso... Preciso ir até ela – consigo dizer finalmente apontando para a babá eletrônica. – Boa noite, Ethan.

  Despeço-me e finalmente quebro o contato visual passando por ele quase correndo, sigo para as escadas com o coração ainda a mil e não sei mais o que está acontecendo aqui. Onde está a garota que disse que não se deixaria envolver?

  Parabéns mesmo, Olivia! Você está indo muito bem.


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Notas finais do capítulo

Gostaram do capítulo? E esse quase beijo? Devia ter saído ou não?
Me desculpe a quem gostaria que muita coisa acontecesse de uma vez, mas esses meus bebês vão ser mais tranquilos kkkk (ou não!).
E a Brianna, melhor pessoa sim, ou com certeza? Kkkk não sei vocês, mas eu já estou apaixonada por ela!
E foi isso, espero que tenham gostado!
Beijocas e até, Lelly ♥