O namorado da minha melhor amiga. escrita por A garota do livro


Capítulo 13
Depois do beijo.




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Depois daquele beijo eu não conseguia pensar em outra coisa que não fosse no Felipe. Tenho que colocar o pé no freio, ele já disse que com ele é momentâneo e sei que se me jogar de cabeça dessa forma vou sofrer. Não queria sentir por ele o que estou sentindo, essa vontade imensa de vê-lo e quando o vejo aquele frio na barriga. Olho a cada segundo para o celular esperando uma mensagem, tento me policiar e me distrair com outras coisas, mas é tão difícil. Será que estou apaixonada por ele? Ordeno a mim mesma que não posso estar apaixonada por ele. Eu sabia que deveria ficar longe dele. Minha mãe fica especulando sobre o nosso tal encontro e eu não entro em detalhes.

 No domingo, ela faz macarrão com queijo e escolhe um filme para assistir, na metade do filme eu já não entendo mais nada da história. De tarde como não está muito frio vou passear com os cachorros dos vizinhos, eles me dão um valor simbólico por isso. Gosto de passear com os cães, sempre acontece alguma coisa engraçada, como me derrubarem ou algum deles escapar da coleira, mas logo hoje que estou precisando distrair a minha mente nada acontece. Felipe manda mensagem, mas não conversa muito e eu também evito ficar no seu pé, não tem coisa mais chata que gente chiclete.

Na segunda feira saio de casa em cima da hora. Meu plano é encontra-lo dentro da sala em seu lugar porque se eu o encontrar no corredor vou ficar sem saber o que fazer. Meu plano da certo, ele já está sentado em seu lugar com os fones de ouvido.

Assim que coloco meus pés dentro da sala ele ergue seu rosto e abre um largo sorriso a me ver. Não consigo evitar sorrir também.

— Bom dia – falo enquanto me sento.

— Bom dia, como passou domingo?

— Bem e você? – estou curiosa para saber o que ele fez.

— Minha mãe inventou de fazer uma feijoada e todo mundo entrou em pânico, mas até que ficou boa. Ela tem melhorado.

— Que ótimo – fico feliz por ter ajudado de alguma forma.

Viro para frente porque a professora acabou de entrar na sala.

Bruna não vai a escola por conta do que aconteceu sábado, então, na hora do intervalo eu me enfio em qualquer buraco com um livro. Felipe fica parado em um lugar onde ele consegue me ver e sempre que olho em sua direção ele está olhando para mim. Percebo que como ele me olha agora é diferente, tem algo a mais em seu olhar. Sinto um frio na barriga e uma sensação boa quando meus olhos encontram com seus.

Depois do intervalo a gente não conversa e quando a ultima aula acaba eu saio da sala direto para o banheiro. Estou um pouco agitada e como sempre voltamos juntos quero parecer calma e tranquila. Se Felipe perceber que estou caidinha por ele eu estou perdida, ele é daqueles garotos que adoram atenção e bajulação.

Sou uma das ultimas a sair do colégio. Vejo Felipe do outro lado da rua conversando com a Milena, eles estão bem próximos um do outro conversando e rindo. Meu coração aperta tanto que minha vontade e sair correndo. Felipe já ficou com a Milena, como eu já disse vária vezes, ele ficou com quase todo colégio, mas com a Milena foi diferente. Todas as garotas falavam mal até da sombra da Milena porque rolou um boato que o Felipe pediu ela em namoro e ela não aceitou. A Milena é a versão feminina do Felipe; bonita, rica, popular e que não se apega a ninguém. Eu deveria saber que estava me metendo em uma furada, principalmente porque eu sou sentimental e idealizo essa coisa de amor verdadeiro, eu sei que é ridículo mas é a mais pura verdade.

— Aline – Alguém que está próximo de mim me chama.

Me viro e vejo Miguel me observando.

— O que foi? – sou um pouco rude.

— Podemos conversar? – ele parece constrangido.

— Agora não é uma boa hora.

—Queria poder explicar o que aconteceu sábado.

— Isso não é da minha conta – coloca a outra alça da mochila me preparando para ir embora.

— Você me conhece melhor que ninguém, eu só quero conversar com você.

Dou um suspiro longo.

— Pode me deixar em casa? Conversamos no caminho.

— Claro – ele diz.

O sigo até seu carro. Não olho para os lados ou para traz, não vejo se Felipe me viu e se me viu qual foi sua reação, eu só presto atenção para não tropeçar e cair no meio da rua.

Miguel abre a porta do carro para mim. Seu carro é muito limpo e tem um cheiro bom. Ele começa a dirigir primeiro e depois fala:

— Eu não fiquei com a Bruna no hospital sábado porque não conseguia me perdoar pelo o que fiz com ela.

— E o que você fez com ela?

— Ela não te contou nada? – Ele parece surpreso.

— Me contou que caiu da escada da sua casa.

Ele passa uma mão no rosto.

— Nós estávamos discutindo e então ela veio para cima de mim e eu a empurrei, por isso ela caiu da escada – Miguel não olha para mim em nenhum momento.

— Espera, ela não tropeçou sozinha?

Eu sabia que ela estava escondendo alguma coisa.

— Não. Minha intenção nunca foi feri-la. Eu juro para você – sua voz beira o desespero – Nós dois passamos dos limites e quando vi o que tinha causado eu me odiei tanto. Eu não consegui ficar com ela no hospital, deveria sair da vida dela – Não sei se acredito no que ele diz. É difícil olhar para ele e pensar no que ele fez com a minha melhor amiga.

— É o que você deveria fazer.

— É, mas eu não consigo. Eu amo a Bruna e não consigo deixa-la.

Não sei o que dizer para ele, estou chocada com a informação que acabei de receber e preocupada principalmente com a Bruna, mas também com Miguel. Desse jeito os dois vão acabar se destruindo, vão destruir tudo de bom que sentem um pelo o outro.

Felipe me manda uma mensagem.

“ Pensei que voltaria comigo”

Leio a mensagem assim que chega pois estou com o celular na mão, acho que esperando uma mensagem dele mesmo.

— Você não acha melhor dar um tempo? Talvez vocês dois precisam pensar um pouco.

— Ela vai me esquecer – ele diz.

— Se ela realmente te ama, ela não vai esquecer tão fácil.

Eu sei bem como é não esquece-lo.

— Quero que me perdoe.

Miguel para o carro quando chega em frente ao prédio e olha para mim.

— Não sou eu que tenho que perdoa-lo. Só quero o melhor para os dois – abro a porta para sair.

— Ela leva muito em conta o que você pensa, com certeza vai ouvir o que você tem a dizer.

— Eu não tenho nada a dizer Miguel, vocês tem que resolver essa questão sozinhos. Obrigada pela carona.

— Obrigado por me ouvir.

— Espero que não faça uma coisa dessas de novo.

Saio do carro e fecho a porta. Se ele acha que vou induzir minha amiga a ficar com ele está muito enganado, quem tem que decidir isso é ela. É horrível pensar assim, ainda mais porque não desejo nada de ruim para a Bruna, mas parece que eu me livrei de um grande problema.

Falando em problema recebo outra mensagem do Felipe:

“ Topa tomar um sorvete?”

“ Está frio” Repondo.

Não quero papo com ele. Estou com a cabeça cheia.

Em casa, almoço o resto do macarrão de queijo. Não tem muita coisa para fazer, então termino meus afazeres rápido e coloco um conjunto de moletom confortável e quentinho. Me jogo no sofá com um bom livro e pretendo passar o resto da tarde encolhida em baixo do cobertor, lendo, mas o interfone toca e interrompe meus planos. O porteiro avisa que Felipe está lá em baixo pedindo para subir, eu libero a sua entrada.

Pelo jeito ele é insistente. Quando abro a porta para ele, Felipe está com um sorriso de canto que me faz odiá-lo e querer agarra-lo ao mesmo tempo.

— Se você não vai até o Felipe, o Felipe vai até você.

Ele belisca minha bochecha e passa por mim entrando no apartamento.

— É muito bom descobrir esse seu lado indígena – Fecho a porta.

Ele ri da minha piadinha.

— Que tal um chocolate quente? – ele estende para mim um copo de isopor.

— Você trouxe chocolate quente? – pergunto um pouco surpresa demais.

— E biscoitos – ele chacoalha o pacote.

Felipe coloca as coisas no balcão da cozinha, está tão a vontade que parece estar na sua casa.

Tomamos o chocolate quente e comemos os biscoitos. Em nenhum momento ele me questiona porque não fui embora com ele. Se ele me viu indo embora com o Miguel ele não diz nada sobre isso. Felipe não parece zangado, eu esqueço que ele não se apega a ninguém e que aquele beijo não deve ter representado nada para ele. Sou só mais uma garota que ele beijou, pelo menos nós podemos continuar amigos, por ele nada vai mudar porque ele continua conversando comigo com o mesmo entusiasmo. Sinto um vazio por dentro, uma vontade de mandar ele embora da minha casa para chorar escondida no meu quarto.

— Você está bem? – ele para de falar de repente.

— Estou – dou um meio sorriso.

— Algum momento você se desligou totalmente da conversa, dá para ver na sua cara que você está viajando.

— Desculpa. O que você estava falando?

Ele fica um tempo em silencio me olhando.

— Quer conversar sobre o que aconteceu sábado?

— Como assim? – faço que não entendo.

— Porque você me beijou?

Que merda! Com certeza ele não queria que eu o beijasse, eu entendi tudo errado e acabei avançando o sinal.

— Desculpa – Acho que não deveria ter dito isso, mas não sei o que dizer.

— Você está me pedindo desculpas por ter me beijado? – olho para ele e não entendo se ele está achando graça ou se está irritado.

— Estou. Olha – começo a explicar da melhor forma possível - não sei muito bem o que dizer, mas se eu passei dos limites pode ficar tranquilo que não vou mais fazer isso.

Ele balança a cabeça e se levanta, por um minuto acho que vai embora, mas então ele se aproxima e diz com o rosto bem perto do meu:

— Se você não vai então eu vou – Felipe me beija. Fico confusa no começo, achei que ele não queria que eu o beijasse e agora quem está me beijando é ele. O beijo consegue ser melhor que o primeiro, eu até perco o ar e tenho que me afastar para respirar.

Ele olha para meu rosto e ri.

— Eu não disse que não queria que você me beijasse, só queria saber por que me beijou.

— Porque eu quis.

— Então, espero continue querendo.

— Acho que isso não vai dar muito certo – quero ser o mais sincera possível com ele.

— O que não daria certo?

— Nós dois. Além de tudo somos amigos, não somos?

— Não quero ser seu amigo Aline – ele não poderia ser mais claro – você é importante para mim, eu não vou magoá-la.

Felipe parece perceber o medo em meus olhos. Fico um pouco mais tranquila e feliz por saber que sou importante para ele. Ele me abraça e cheira meu cabelo.

— O cheiro é ainda melhor assim de perto – ele diz com o nariz nos meus cabelos.

Não me contenho e caio na gargalhada. É um pouco estranho ele gostar tanto do cheiro do meu shampoo, mas quem é que não tem um lado estranho?

Depois que ele vai embora eu fico um tempão sorrindo como uma boba e pensando nele.


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