O namorado da minha melhor amiga. escrita por A garota do livro


Capítulo 14
Felicidade genuína.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/776610/chapter/14

— Bom dia – Felipe abre um largo sorriso para mim. Ele está me esperando em frente ao colégio. Não consigo acreditar no que está acontecendo entre nós, olho em seus olhos castanhos adornados por seus longos cílios.

— Bom dia.

Felipe se aproxima e me da um selinho. Entramos na escola juntos, ele está com o braço sobre meus ombros e todos se viram para nos olhar. Fico constrangida e evito fazer contato visual com qualquer pessoa que nos encara. Olho para ele e tenho a impressão que ele está se divertindo. Parece até que sou a Isabella Swan entrando com Edward Cullen na escola.

— Você está se divertindo com toda essa situação não é.

— E você não?

— Não gosto de holofotes.

Quando entramos na sala a situação piora. As Felicat’s caem na gargalhada. Me sinto tão humilhada. Quando olho para Felipe percebo que ele não está mais achando graça.

— Quero saber qual a piada – Ele fala alto praticamente jogando a mochila em cima da mesa.

— A piada é você – Marcela responde – realmente sucumbiu à pobreza.

Espero que ele fique quieto, bater boca é pior.

— Mano, fica na sua. Ninguém tem o direito de ficar ofendendo os outros.

— Qual é Felipe? Virou defensor dos pobres e oprimidos? Ta fazendo caridade também? – Marcela olha para mim sugestivamente.

— Deixa Ma, daqui a pouco o Felipe cai na real – outra garota se intromete.

Eu abro meu caderno e finjo que não estou escutando.

— Na boa, não sei por que to perdendo meu tempo discutindo com um bando de garotas mimadas.

— Bem que você gostava e se divertia com essas garotas né Felipe?

— E você que gosta de coroa casado – ele responde bem sério para Marcela.

A turma fica em silêncio, faço questão de olhar para a cara dela. Marcela está branca, igual papel, não consegue disfarçar e todo mundo percebe que o que Felipe acabou de falar é a mais pura verdade. Lá no fundo fico com pena dela, mas bem que ela merece.

— Eu sei um monte de podre de vocês. São tudo farinha do mesmo saco e se ficarem tirando uma com a minha cara, vou começar a soltar.

— Na moral Felipe, você está exagerando – Alan se levanta e para na sua frente – tudo isso por causa de uma garota velho? Amanhã você ta com outra, relaxa – Alan coloca a mão no seu ombro.

Marcela que agora está sentada em seu lugar evita olhar para qualquer um.

— Tira a mão de mim – Felipe empurra a mão de Alan.

— Você ta querendo briga né.

— Eu to de saco cheio desses desaforos.

Os dois começam a se peitar. Falta pouco para sair briga, então resolvo entrar no meio. Me levanto, coloco a mão no ombro do Felipe.

— Não vale a pena, vai por mim.

Ele olha para mim e seu rosto se suaviza. Graças a Deus o professor entra na sala acabando com a confusão.

No intervalo Felipe ainda está um pouco zangado, mas divido meu lanche e ele fica um pouquinho melhor.

— Como você consegue lidar com isso? – ele pergunta olhando os amigos que estão juntos, longe de nós dois.

— Depois que fiz amizade com a Bruna tudo ficou um pouco melhor. Claro que eu fico chateada com algumas situações, como hoje, mas eu sei quem eu sou. Não preciso ferir ninguém para me sentir melhor.

— E pensar que todo esse tempo estive do lado de lá e não percebia nada disso.

— Eu nunca vi você ofendendo ninguém.

— Mas também nunca me senti mal por isso. Eu achava normal, entrava na onda e ria dos outros.

— Esse é o último ano, logo estaremos livre de tudo isso.

O intervalo acaba.

Quando voltamos do colégio Felipe vai para sua casa e eu para minha.

A Bruna me liga

— Oi amiga, como você ta? – atendo a ligação.

— Estou muito chateada com você.

— Ué, o que eu fiz?

— Porque você ta me escondendo que está namorando com o Felipe?

Alguém já deve ter contato para ela, tem gente que adora uma fofoca.

— Bru, nós não estamos namorando – pelo menos ainda não.

— Ta vendo! Não sei por que você está me tratando assim, não somos mais amigas?

Jesus, que dramática!

— Nossa Bruna, você está viajando. As coisas aconteceram de repente, e você está com seus problemas. Eu beijei ele e depois ele me beijou, foi isso – explico rapidamente.

— Eu não tenho nenhum problema, está tudo ótimo.

— Sério? Porque você não me contou que o Miguel te empurrou e por isso você caiu da escada?

— Como sabe disso?

— Miguel me contou.

— E quando ia me contar que anda falando com ele pela minhas costas?

— Bruna, eu nunca procurei o Miguel para nada, a iniciativa sempre foi dele. Ele acha que eu te influencio de alguma forma e quer usar isso a seu favor, mas eu não sou burra e já saquei qual é a dele.

— Agora você vai me colocar contra ele.

Como ela consegue fazer isso, distorcer tudo que eu falo?

— Eu nunca falei nada pra você Bruna, mas quer saber a verdade? O seu relacionamento é abusivo! E se você continuar colocando seu relacionamento a frente de tudo e de todos, inclusive de você mesma, só vai sobrar um vazio dentro de você.

Ela desliga o telefone na minha cara.

As vezes não estamos preparados para ouvir a verdade e também não queremos. A verdade em alguns casos machuca, mas também liberta.

Depois de um tempo penso em ligar para Bruna, estou angustiada porque não quero que ela fique chateada ou com raiva de mim. Acho melhor esperar um tempo, deixar a poeira abaixar. Felipe me chama para dar uma volta no parque e é a oportunidade que tenho para distrair a cabeça.

Encontro com ele em frente ao condomínio, quando o vejo me sinto melhor. Felipe está em cima de uma bicicleta.

— Sobre ai – ele diz pra mim.

— Nem a pau. Vou pegar minha Bike.

— Ta bom – ele faz uma cara triste.

A bicicleta é mais da minha mãe do que minha, faz muito tempo que não ando de bicicleta.

Volto com a bicicleta e vamos pedalando até o parque. Felipe fica fazendo gracinhas, empinando a bicicleta ou pedalando sem as mãos. Nas subidas ele é muito mais rápido do que eu, estou precisando entrar em forma.

Tem bastante gente no parque para um dia de semana. O dia está ensolarado e mais quente, mas como odeio sentir frio eu não dispenso a minha blusa. Felipe está de camiseta, bermuda e boné.

Paramos no parquinho. Ele tira a sua câmera que estava na sua bolsa. Deixamos as bicicletas encostadas em um árvore. Me sento em um banco de pedra observando Felipe ajustar a lente, ele vira e tira uma foto minha.

— Assim não vale – eu digo – tenho que arrumar o cabelo, fazer uma pose.

— As melhores fotos são espontâneas.

Ele continua mexendo na câmera e depois se afasta tirando fotos. Parece até que ele se transporta para outro mundo, fica tão concentrado no que está fazendo. Felipe sorri enquanto vê as fotos que ele tirou, acabo de perceber que amo seu sorriso. Algumas pessoas parecem nem notar a sua presença ali, já outras fecham a cara quando vêem que ele está fotografando então ele se afasta. Depois de um tempo ele vem até mim.

— Da uma olhada – ele me entrega a câmera.

Vou apertando o botão para ver a próxima foto. As fotos são muito boas, ele consegue capturar a alegria das crianças brincando no parquinho, os sorrisos inocentes. Paro na foto de uma menininha descendo o escorrega com um sorriso enorme no rosto.

— Que foto mais linda.

Termino de ver as fotos e entrego a câmera para ele.

— Nunca sai para fotografar com ninguém – ele confessa.

Isso torna o que temos especial. Pegamos as bicicletas e nos afastamos do parquinho. Felipe para no meio do caminho, arranca uma flor e coloca no meu cabelo. Encontramos um sorveteiro, ele compra sorvete para nós dois e depois nos sentamos a beira do lago para tomar o sorvete. Eu sinto uma paz tão grande ali, com ele, perto da natureza, sentindo o calor do sol. Estou feliz, uma felicidade que não sentia há muito tempo. Não é que sou infeliz, mas esse é um daqueles momentos que nos proporcionam uma felicidade genuína, da até vontade de guardar esse sentimento em um potinho.

Depois que eu termino o sorvete eu deito sobre a grama, olho para o céu agradecendo a Deus por esse momento maravilhoso.

— Fecha os olhos – Felipe pede. Faço o que ele diz, eu fecho meus olhos – não abra.

Fico esperando ele fazer alguma coisa, mas nada acontece. Abro meus olhos e vejo ele com em pé com a câmera apontada para mim, ele está tirando fotos.

— Eu disse para não abrir os olhos – ele reclama.

— Pode parar – eu coloco a mão em frente ao rosto rindo.

— Como você é linda – ele senta ao meu lado me mostrando as fotos.

Ficaram lindas mesmo, estou com um semblante suave e a flor no meu cabelo enfeitando ficou perfeito.

— Obrigada – Agradeço o elogio. Me aproximo dele e o beijo.

Felipe guarda a câmera e deita do meu lado na grama.

— Se você pudesse ser um animal, qual você seria? – ele pergunta.

Penso antes de responder.

— Pode ser um inseto?

— Um inseto?

— É. Eu seria uma borboleta – digo – ou talvez a Margareth, ela só come e dorme.

Ele ri.

— Se você fosse a Margareth eu teria alergia de você e não poderia fazer isso – ele se vira e me beija.

— Tem razão – eu sorrio.

— Eu seria um pássaro. Imagina poder voar para qualquer lugar? Deve ser incrível.

— A borboleta também voa, e ainda por cima é colorida e linda.

— Não se esqueça que antes de tudo a borboleta é lagarta – ele faz uma cara de nojo.

— Você era uma lagarta.

— Eu? – Felipe olha para mim assustado.

— Sim, e está virando uma linda borboleta.

— Isso é gay.

Caio na gargalhada.

— Você está se tornando uma pessoa diferente agora – explico.

— Por você eu viro dos avessos.

— Meu Deus! – coloco a mão no peito – como você é romântico.

Ficamos rindo de coisas bobas como essa e jogando conversa fora.

Quando chego em casa conto para minha mãe tudo que aconteceu nos últimos dias. Ela quase surta, fica tão empolgada e eu acho muito engraçado esse jeito dela. Nunca vi alguém desejar a felicidade de outra pessoa como ela deseja a minha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O namorado da minha melhor amiga." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.