Um Caso de Copa escrita por psc07


Capítulo 7
Capítulo 7




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—Como você se sente tendo marcado 120 pontos logo no primeiro jogo?

James sorriu. A partida correra exatamente como deveria – Inglaterra ganhou de maneira brilhante, não só pelo placar de 340 a 100, mas pela maneira que o time jogara.

—É muito bom poder ajudar a seleção – Ele respondeu simplesmente – Estamos muito focados no Mundial e é muito importante conseguir bons resultados. Agora temos que nos concentrar para o próximo jogo contra o México.

Sirius fora o primeiro de seus amigos a encontrá-lo, mas James conseguiu ver os outros vindo logo em seguida, andando e rindo.

—Você foi brilhante, Pontas! – Sirius exclamou excitadamente – Seu giro da preguiça foi sensacional! Eu juro que essa foi sua melhor partida desde aquele jogo contra os Chudley Cannons!

James gargalhou e trocou a vassoura da mão.

—Tenho que concordar – Ele disse – Mas-

Contudo, James foi interrompido por um ataque surpresa de Marlene, que se jogou em seus braços para um abraço.

—Merlin, James! – Ela exclamou quando se separou – Você deveria ter visto a cara dos alemães perto da gente! Tem uns quatro que juram que vão lhe matar!

—Desde quando você fala alemão? – James perguntou, erguendo uma sobrancelha. Marlene revirou os olhos.

—Irrelevante. Você foi incrível!

Peter começou a comentar lances do jogo, com ajuda de Remus e Sirius, enquanto James rebatia com Marlene. Lily olhou ao redor. Ela realmente não se interessava pela conversa, nem tinha nenhum insight brilhante para contribuir.

—E você, Evans? – Potter perguntou, tirando Lily de seu devaneio. A ruiva olhou ao ouvir seu sobrenome, e ergueu as sobrancelhas ao perceber que Potter havia tirado a camisa.

Bem, ela pensou enquanto corava levemente, pelo menos Quadribol tem um lado positivo...

—O que tem eu? – Ela perguntou, olhou para Potter novamente. Ele tinha um meio sorriso estampado – exatamente o mesmo que ele exibia em Hogwarts.

—O que achou do jogo, mulher! – Potter exclamou, fazendo Lily abrir um pequeno sorriso. Ela deu de ombros.

—Foi ok. Mas, se me permite, acho que sua defesa precisa melhorar um pouco... – Ela disse, e o sorriso de James logo diminuiu. Era tão fácil mexer com ele!

—O que... como melhorar? Robert não falhou sequer uma vez hoje...!

—O problema com vocês jogadores de Quadribol é que vocês se limitam demais às suas posições – Lily disse. Marlene sorriu – Honestamente, só porque você é artilheiro não pode ajudar na defesa?

—Bem, ele não pode pegar o bastão e acertar o balaço no artilheiro adversário, Evans – Sirius explicou, como se estivesse conversando com uma criança. Lily revirou os olhos – E desde quando você gosta de esportes?

—Eu gosto de esportes, eu não gosto de Quadribol— Lily esclareceu – E não gostar não significa que eu não entenda, o que me traz de volta a meu ponto... Para um artilheiro ajudar na defesa, ele não precisa usar o bastão. Digamos que você errou um lançamento, o goleiro adversário defendeu ou algo assim. O que você faz?

—Bem... – James respondeu, franzindo a testa – Provavelmente vou voltar o mais rápido possível para receber a goles de novo quando Skyies defender ou pegar.

—Sabe o que seria ainda mais eficiente? Se você esquecesse um pouco da goles-

—Ela enlouqueceu – Sirius disse, sacudindo a cabeça em negação.

—... e se concentrasse nos jogadores, ainda no seu campo de ataque.

—Não faz sentido – James respondeu erguendo os braços. Lily revirou os olhos novamente.

—Abra a mente, Potter! – Ela exclamou – Pense, se os três artilheiros estiverem marcados, para quem o goleiro vai passar a goles? Vai ficar mais fácil para vocês recuperarem a goles ainda no ataque e fazer o gol! – James ergueu as sobrancelhas – Marcar o ponto, que seja!

—Até que não é uma ideia ruim, Evans... – James respondeu, com um olhar pensativo – E não dá muito trabalho de organizar... claro que preciso treinar, mas... – Ele olhou com certa surpresa para ela – É uma boa ideia. Não sabia que você entendia de Quadribol...

—Bem – Ela respondeu, corando levemente sob o olhar admirado de todos – Na verdade eu entendo mesmo é de futebol, mas alguns conceitos podem ser adaptados.

—E como é esse conceito no futebol? – Potter questionou, abrindo novamente um sorriso conhecido de Lily.

—Marcação alta. Funciona melhor quando se tem 11 jogadores e só duas funções diferentes, ao invés de 7 com 4, mas...

Sirius então puxou James, indicando a conferência que ele também teria de participar. James sorriu mais uma vez para Lily, e vestiu a camisa para seguir o amigo.

—Tenta disfarçar pelo menos, Evans – Marlene disse, se colocando ao lado de Lily enquanto o grupo ia esperar do lado de fora da conferência de imprensa.

—Disfarçar? – Lily perguntou, franzindo a testa.

—Seu olhar foi muito claro quando James tirou a camisa.

—Oh – Lily respondeu, corando imediatamente – Bem, eu...

—Não precisa justificar, Lily. Realmente não precisa.

Quando Potter reapareceu, ele já estava de banho tomado e novamente vestido, discutindo animadamente com Sirius. Peter e Remus estavam comentando sobre a diversidade cultural vista no Mundial, enquanto Marlene listava com Lily as vantagens de se morar na França.

—Ei, parceira!

Lily se virou imediatamente com o chamado e sorriu levemente.

—Benjy! – Ela exclamou – Que bom encontrá-lo aqui!

—Curtindo as férias? – Ele perguntou com uma piscadela, depois se virou para James – Jogo brilhante, capitão.

James sorriu de volta.

—Não é o que sua parceira parece achar... – James disse, apontando para Lily com um polegar. Ela revirou os olhos.

—Honestamente, Potter, uma crítica e parece que eu disse que vocês ganharam na sorte – Ela retrucou, fazendo Benjy rir.

—Ela já tentou convencê-los de que futebol é melhor que Quadribol? – Benjy perguntou.

—Ainda não – Sirius respondeu, mirando Lily com olhos estreitados – E mesmo que tente, jamais vai conseguir.

—Mas ainda assim deu dicas para o meu time! – James exclamou, enquanto Benjy ria.

—Por que não me surpreendo? Eu sei que vocês têm uma festa hoje, mas que tal jantarmos juntos antes, huh? -Benjy convidou.

—Ah, Fenwick, não sei – James falou, coçando a cabeça – Tenho o costume de jantar com meus pais após os jogos...

—Sem problemas. Me diga o nome do restaurante e iremos lá.

—Iremos? – Lily perguntou, arregalando os olhos – Ele não...?

—Ah, sim. Depois da notícia de hoje, sim.

Lily gemeu. Tudo o que ela temia era Moody ter visto a notícia do caso e ir para a França. Não havia dúvida para quem iria sobrar. Benjy sorriu como quem pede desculpas.

—Pelo menos estaremos num restaurante e ele não pode gritar – Ele sussurrou, se inclinando mais para perto.

—Acho que vou chamar Skeeter para obrigá-lo a ficar mais calmo... – Lily respondeu no mesmo tom. Os dois compartilharam um sorriso cúmplice, com Benjy saindo após bagunçar o cabelo dela.

Eles retornaram ao alojamento conversando sobre as próximas partidas, possíveis adversários e as chances da Inglaterra. Lily rapidamente focou em outra coisa – ela realmente não gostava de Quadribol.

Como James já havia tomado banho, eles foram almoçar direto. Quando se aproximaram da entrada do alojamento, onde teriam de mostrar as credenciais, perceberam alguns repórteres se aglomerando. James suspirou.

—O que eu não faria por minha Capa aqui... – Ele retrucou. Sirius sorriu.

—Sorria, diga que foi um prazer jogar e que você precisa ir. Simpático, Pontas. Lembre-se disso – Sirius instruiu. James suspirou e trocou a testa franzida por um sorriso.

As fotos logo começaram e Lily revirou os olhos, estrategicamente se colocando entre Remus e Peter. No entanto, o movimento chamou a atenção de algum repórter, que olhou para a garota por alguns segundos antes de alertar seus companheiros:

—É a Bela Ruiva! A auror!

O queixo de Lily caiu de leve, e a estranheza da situação lhe impediu de reagir mais rapidamente. Quando ela entendeu que alguns flashes estavam voltados para ela, acelerou o passo e entrou rapidamente no alojamento.

—Quem matou o garoto?

—Você está mesmo de férias?

—Esse cabelo é natural?

James e Sirius observaram Lily quase correr para escapar, com Remus, Marlene e Peter logo atrás.

—Evans realmente está de férias? – Um repórter perguntou para James, que abriu um leve sorriso.

—Ela é uma grande amiga de meu amigo, e está aqui a convite nosso – James respondeu.

—Então a Bela Ruiva não está investigando o caso de Jack? – Uma morena questionou logo em seguida.

—Se ela estivesse, vocês realmente acham que ela estaria vindo almoçar com cinco pessoas que nada sabem do caso, depois de ter assistido ao jogo?

—Como você se sente com a morte do menino? – Essa pergunta fez o sorriso desaparecer do rosto de James.

—Eu... eu prefiro não falar a respeito. Jack era um garoto muito querido por todos do time. O que eu posso dizer que vocês já não saibam? Que é uma lástima? Um crime dolorido? – Ele sacudiu a cabeça – Já prestei minhas condolências para quem eu deveria. Sou um profissional, não posso deixar que minha vida pessoal influencie no meu trabalho, então estou tentando ao máximo esquecer isso e focar no campeonato. Não falarei sobre Jack com vocês.

James se virou e foi seguido por Sirius. Os dois foram em silêncio ao restaurante, onde encontraram Lily sentada com o rosto nas mãos enquanto Marlene ria abertamente.

—Tem até apelido na imprensa, Bela Ruiva? – Sirius perguntou ao se sentar. Lily gemeu.

—Vá pro inferno – Ela resmungou, fazendo todos rirem.

O almoço transcorreu sem nenhum outro susto. Eles subiram imediatamente de volta para o quarto. Sirius, Remus, Peter e Marlene foram dormir, pois disseram que precisavam estar descansados para a festa pela noite.

Lily se sentou à mesa com todos os papeis do caso até o momento. Ela ignorou James sentado no sofá, há alguns metros dela, resmungado com o que parecia ser uma prancheta e sua varinha.

O caso estava sem muitos caminhos. A única coisa que colocava alguém na cena do crime era a credencial de Potter, mas ele jurava que estava com os amigos, que também lhe forneceram um álibi. Além disso, todos diziam que Potter era muito ligado a Jack.

Mas eles não tinham nenhum outro suspeito.

Claro, a possível ligação com Voldemort não podia ser esquecida. Contudo Potter sempre mostrara não concordar com as opiniões de Voldemort e seus lacaios. Ele não a defendera tantas vezes na escola? Não entrara em tantas brigas com os Sonserinos por causa disso? Não abrigara Sirius Black, que fugiu de sua família louca?

Ainda assim, eles não tinham nenhum outro suspeito.

Ela ouviu novamente a sua entrevista com Miller, tentando extrair algo que ainda não houvesse saído. Nenhum resultado.

Lily precisava fazer novos interrogatórios. E rápido.

Mas com Skeeter e alguns da imprensa reconhecendo-a, ficava mais difícil. A investigação toda ficava mais difícil. Lily suspirou. Era exatamente por isso que ela odiava trabalhar com casos famosos. Imagina se soubessem quem era o principal suspeito? Ela seria seguida para todos os cantos! Ela-

—Se eu falar para Brenda e Matthew irem marcar os artilheiros deles assim que o goleiro pegar a goles, não significa que eles vão conseguir – Potter se jogara na cadeira ao seu lado, trazendo a prancheta consigo e apoiando-a em cima dos papeis do caso, bloqueando a visão de Lily para obter sua atenção total.

—Não entendi – Lily respondeu, se segurando para não se irritar com o garoto. James apontou para a prancheta com a varinha, onde estavam desenhados dois times de Quadribol.

—Digamos que nós três estejamos no ataque, certo: eu, Brenda e Matthew. Nós geralmente voamos numa formação de V desigual, com alguém do meio mais atrás para receber a goles e conseguir marcar o ponto – Potter continuou, fazendo as figuras de vermelho se movimentarem – Então estamos em distâncias diferentes dos outros artilheiros, e como você percebeu, não nos esforçamos tanto na parte defensiva dos artilheiros, então eles ficam longe de nós. Se o goleiro pegar a goles, estaremos longe. Como fazer com que nós estejamos perto o suficiente para interromper o lançamento?

Lily abriu a boca em surpresa e piscou duas vezes. Potter, James Potter, o capitão da Inglaterra, estava realmente pedindo ajuda dela? Sobre Quadribol?

—Eu... o quê? – Ela balbuciou. Potter revirou os olhos.

—Vamos, Evans! Você não pode simplesmente me dizer uma jogada e não esperar que eu não vá pensar nisso. Preciso de sua ajuda. Preciso colocar em prática no treino de amanhã.

Lily suspirou.

—Se você retirar sua prancheta de cima dos arquivos do Ministério da Magia – Lily solicitou, encarando James – Eu posso pensar em lhe ajudar.

James abriu seu sorriso característico e elevou a prancheta. Com um aceno da varinha, Lily guardou todos os materiais novamente na pasta e se virou para o garoto.

—Vamos colocar essa sua cabeça imensa para pensar, sim? – Ela disse. James estreitou os olhos, o que Lily ignorou e começou a explicar a tática.

O grande problema era que James não tinha o mesmo olhar que Lily tinha – ela baseava seus argumentos em jogadas que via no futebol e que poderiam ser adaptadas. James achava um absurdo, reclamava, retrucava, mas acabava ouvindo a ruiva.

Acostumados a discutirem, eles não perceberam que suas vozes tinham se elevado até Remus aparecer com uma expressão apreensiva.

—Tudo bem por aqui? – Ele questionou, erguendo uma sobrancelha. Lily e James estavam encurvados na prancheta, cada um com sua varinha e expressões de exasperação. Quando Remus falou, os dois olharam para o amigo rapidamente.

—Sim, apenas uma amigável discussão entre uma pessoa que sabe de Quadribol e outra que acha que sabe – James respondeu, com um sorriso provocador. Lily bufou e revirou os olhos.

—Sabe tanto que veio pedir a minha ajuda para definir jogadas – Ela respondeu, cruzando os braços. Remus ergueu as sobrancelhas. – Está tudo sob controle, Remy. Seu amigo só é cabeçudo demais para entender a lógica.

—Lógica! – James retrucou com certa indignação na voz, se virando para Lily – Qual a lógica de usar seus jogadores de ataque para defender?!

—É uma defesa ofensiva, Potter! A lógica é não deixar o adversário chegar perto do seu goleiro!

Remus sacudiu a cabeça, um leve sorriso em seu rosto. Ele sentia que tinha voltado cerca de quatro anos no tempo e estava presenciando uma discussão entre os monitores-chefes. E, da mesma maneira que fizera há cerca de quatro anos, achou melhor deixar os dois se resolverem sozinhos.

 

***

—Marlene, pela calça de Merlin, nós vamos voltar antes de irmos para a festa! – Lily chamou a amiga – Os pais de Potter estão nos esperando!

A morena saiu do quarto com uma expressão de leve irritação no rosto.

—Beleza leva tempo, querida – Marlene disse – Você nunca sabe quem vai encontrar nesses restaurantes.

Lily resmungou que ela sabia exatamente quem ela iria encontrar, e não estava nada animada com isso. Tentou se distrair pensando em qualquer coisa que não fosse seu chefe lhe esperando no maldito restaurante.

Quando finalmente chegaram, Euphemia e Fleamont já estavam sentados aguardando por eles. Não havia nenhum sinal de Benjy ou Moody, mas isso não relaxou Lily. Ela sabia que eles viriam.

—James, querido, seu jogo foi sensacional! – Euphemia disse – Mas você se livrou daquele balaço muito devagar, filho, tome mais cuidado, sim?

—Mãe, é Quadribol. Se eu consegui me livrar, está ótimo. Conseguindo ganhar, melhor ainda!

—Que bom que conseguiu fazer os dois, Potter.

Lily suspirou ao reconhecer o grunhido sem nem olhar. O rosto de Fleamont se iluminou, e ele tentou se levantar o mais rápido o possível para cumprimentar o velho conhecido.

—Não se incomode, Fleamont – Moody disse – Vim me encontrar com Fenwick – Ele disse, indicando uma mesa mais reclusa de onde Benjy acenou – e quero conversar um pouco com Evans, se não se incomodam...

—De jeito nenhum, Alastor – Fleamont respondeu – Estive conversando com essa encantadora jovem, e ela me disse coisas maravilhosas sobre o departamento.

—Hum. Não devem ter conversado por muito tempo então... – Moody resmungou. Lily revirou os olhos.

—Sempre o otimista, não é, Sr. Moody? – Ela disse sarcasticamente e se levantou – Volto em um instante, pessoal.

Ela seguiu com o chefe, sentando-se ao lado de Benjy.

—Não me importa muito como Skeeter ficou sabendo de tudo – Moody disse assim que o garçom se afastou – O que importa é que todos sabem, e seu nome foi mencionado, Evans.

—Sim, sim, eu lembro – Lily disse com certa irritação – A víbora me viu numa coletiva de imprensa e começou a fuçar. Eu disse que eu estava de férias, mas mesmo assim ela não aceitou.

—Coletiva de imprensa? – Moody questionou.

—Eu tenho que seguir Potter 24 horas por dia, não é isso? Ou eu ou Benjy?

Moody resmungou e deu um gole de sua bebida.

—Avanços?

Lily explicou tudo que tinha do caso até agora, o que não era muito.

—Preciso achar outro suspeito, algum motivo. Quero eliminar Potter também – Moody comentou.

—Eu concordo, senhor. Já tenho em mente meus próximos interrogados. E... – Lily hesitou – eu realmente não acho que Potter seja o culpado. – Ela concluiu. Moody fixou ambos os olhos nela.

—Continue.

—A única coisa que coloca Potter lá é a credencial.

—Isso é bastante.

—Bem, talvez. Mas uma coisa me intriga. Não é só para entrar que se precisa de uma credencial. Para sair também... – Lily disse.

—Então como ele conseguiu sair deixando a credencial para trás? – Moody completou – Mais uma pista para seu quebra-cabeça, Evans.

Ele virou o copo e entregou uma pasta a Benjy.

—O resultado da perícia da credencial de Potter – Moody explicou – Fenwick lhe passará depois. Não quero chamar a atenção para você andando com uma pasta, Evans. Ainda é minha arma secreta.

—Como resistir quando o senhor fala assim comigo? – Ela comentou, piscando para Benjy. Ele teve de segurar o riso, enquanto Moody apenas a olhou.

—Não deixe vazar mais nada sobre o caso. Agora vocês dois riam para fingir que foi apenas um encontro amigável sobre uma pasta de um caso antigo que desapareceu e Evans sabia onde estava.

Lily revirou os olhos, mas o pequeno sorriso que ela demonstrou fora sincero. Ela se levantou e deu um beijo na bochecha de Benjy, fazendo uma leve saudação a Moody e voltou para a mesa onde os outros estavam.

Ela só não percebera que James estava observando toda a conversa – inclusive a despedida dela de Benjy. Ele ignorou a leve fisgada de desconforto que sentiu ao ver aquele inocente beijo, mas não conseguiu não franzir o cenho ao se perguntar o que exatamente ocorria entre Evans e Fenwick.

—Você conhece os Fenwick? – Fleamont perguntou.

—Ah, sim – Lily respondeu com um sorriso, observando o chefe e o colega (apenas isso mesmo?) saírem – Benjy foi muito importante para mim logo que entrei na Academia. Os outros não me respeitaram muito. Ele me salvou, nesse aspecto. E os pais dele são adoráveis.

James ignorou sua mãe falando sobre a última vez que vira a Sra. Fenwick. Então Evans conhecia até mesmo os pais de Fenwick?

James sacudiu a cabeça. Uma tarde com Lily Evans e ele já estava com esses pensamentos antigos de volta. Uma tarde discutindo do jeito que eles costumavam. Ele tinha que se concentrar no Mundial. Tinha que se concentrar em outras coisas. Lily Evans tinha que ficar no passado.

Ele conseguiu voltar à conversa, engajando seu pai numa conversa extensa sobre outros times do Mundial. Sirius e Peter também se interessara no assunto, enquanto Euphemia entretinha Lily, Marlene e Remus com algumas histórias sobre algumas famílias bruxas e seus podres.

Lily começou a se sentir cansada quando faziam o caminho de volta para o alojamento. Ela não tinha dormido tanto pensando no caso, e ainda acordara cedo para ir ao jogo. Tudo o que ela queria era sua cama, mas isso não era possível.

—Se anima, Lily – Marlene exclamou enquanto as duas se trocavam para ir à festa – Juro que vou ficar com você dessa vez.

—Você sempre diz isso, Lene, e quase sempre acha um acompanhante – Lily resmungou. Marlene sorriu e deu de ombros.

—Hoje não. Hoje ficarei com você. Quem sabe você não arranja um acompanhante?

Lily revirou os olhos e puxou Marlene do banheiro. Apenas Sirius ainda não estava pronto, então James foi chamá-lo. As festas de comemoração depois de ganhar jogos eram as favoritas de James.

Quando ele voltou do quarto (onde Sirius ainda ficaria por pelo menos mais dez minutos), não esperava encontrar Marlene e Lily já arrumadas. E ele teve que forçar seu olhar para outro lado.

O que diabos estava acontecendo com ele naquele dia? Ele passara tanto tempo sem Lily, e muito bem, obrigado! Sem quase nem pensar na ruiva, que tanto lhe encantara na escola. E agora lá estava ele, tendo que disfarçar o olhar para não ficar na cara o quanto estava encarando a garota.

Não que ele não já a vira mais bonita antes – mas naquele momento, alguma coisa lhe pegou. Talvez a saia simples com o cabelo semipreso, de um jeito inédito para ele. Talvez só o fato de ela estar usando uma camisa da Inglaterra, seu time.

James suspirou.

Lily Evans é passado, ele repetiu em sua mente, ela é uma auror que está me investigando. Ela é uma auror, e ela é passado.

Apesar disso, não conseguiu resistir olhar mais uma vez para a garota.

A festa seria pequena, apenas para os jogadores e seus convidados. Lily bocejou três vezes no caminho de dez minutos até o local, enquanto Remus caminhava silenciosamente a seu lado. Peter e Sirius estavam falando de alguma jogadora, enquanto Marlene e James discutiam quais os melhores jogos da Grifinória vistos por eles.

Como prometido, Marlene se plantou ao lado de Lily e fez companhia à ruiva. Eles estavam cumprimentando todos os jogadores, até que Potter começou a se afastar. Lily puxou-o pelo ombro.

—Quais as ordens de hoje, Auror Evans? – Ele perguntou, um sorriso maroto nos lábios. Lily revirou os olhos.

—Nenhuma ordem, Potter. Só para dizer que amanhã de manhã preciso conversar com você de novo, então...

—Então não devo beber para não ficar de ressaca, é isso?

—É uma recomendação – Lily disse, dando de ombros – Agora vai se divertir. Deus sabe o quanto você gosta dessas festas de comemoração. Estarei aqui de olho.

James gargalhou e bateu uma continência, fazendo Lily revirar os olhos novamente, um pequeno sorriso brincando em seu rosto.

—Você não sente um pouco de nostalgia? – Marlene comentou, olhando para James se afastando em direção ao time.

—Só um pouco – Lily concordou em partes – eu nunca fui fã dessas festas que eles faziam. Ou de Potter.

—Mas não se importou quando Robins lhe chamou para, erm, dançar?

Lily corou levemente e riu de leve, enquanto Marlene ria dela.

—Não, realmente não me incomodei...

Elas continuaram a conversar como se estivessem de volta à Hogwarts, com Cerveja Amanteigada e sem grandes preocupações – a única diferença era que Lily estava seguindo Potter ao invés de tentar ignorá-lo.

Não que fosse difícil achá-lo; ele estava sempre no meio de todos, conversando e rindo. Era perceptível a atenção que as convidadas dos demais jogadores dispensavam a Potter, do mesmo jeito que as alunas faziam em Hogwarts.

Lily revirou os olhos. Até aqui esse comportamento se mostrava. Potter ria, bagunçava os cabelos, e as garotas olhavam para ele encantadas.

Até que uma delas mostrou mais coragem e chamou Potter para dançar na improvisada pista de dança. Sempre tinha uma que conseguia. Lily suspirou e voltou sua atenção para Marlene, olhando de relance para Potter apenas para se certificar que ele não iria embora.

Numa dessas vezes Potter e a garota loira estavam se beijando. Na próxima vez que ela olhou, o casal estava encostado em uma parede num beijo acalorado demais para ser compartilhado em público.

Não que fosse proibido, ou que Lily tivesse algo contra Potter com a loira. Nada disso. Se ele queria forçar todos a ver aquela cena, não tinha nada que ela pudesse fazer.

O problema é que Lily se virou para dar atenção a uma piada de Marlene que resultou num acesso de riso da ruiva de cinco minutos. E esses cinco minutos foram o suficiente para Potter sumir.

O sorriso desapareceu do rosto de Lily imediatamente.

—Merda, onde esse imbecil foi? – Ela resmungou. Marlene se virou para onde Potter estava antes e sacudiu a cabeça em negação.

—Então, querida amiga, geralmente os jogadores levam suas pretendentes para seus quartos em festas como essa – Marlene explicou.

—Não quando eles são suspeitos de assassinato – Lily retrucou para si, baixo demais para Marlene ouvir sobre a música.

Ela perguntou para Remus e Peter, mas eles também não sabiam onde o amigo tinha ido. Sirius não estava por perto, forçando Lily a revirar o local acima e abaixo à procura do diabo do capitão.

—Eu não acredito que aquele imbecil saiu daqui – Lily falou para Marlene.

—Que imbecil? – Sirius perguntou. Lily rapidamente se virou para ele.

—O seu imbecil. Potter. Ele estava com uma garota. Onde está ele?

—Ah, Evans, não estraga a alegria do garoto – Sirius pediu. Lily trincou os dentes.

—Sirius, ele não pode ficar sem supervisão! – Lily sibilou entre os dentes de um modo que Marlene, com uma expressão de confusão no rosto, não ouviu. Sirius suspirou.

—Acho que ele voltou para o nosso quarto. Você realmente vai lá?

Lily encarou Sirius e se virou para Marlene.

—Se por algum acaso ele aparecer por aqui, manda um patrono. Caso eu não me comunique, o idiota está lá e eu vou me certificar que fique.

—Lily, qual o problema de James estar sem supervisão? Tá louca?

Ela ignorou os chamados de Sirius e Marlene e marchou para o quarto. Sempre Potter fazendo a sua vida mais difícil. Ele tinha que desaparecer! Se ele não quebrasse as regras não seria James Potter, capitão de Quadribol. Blá! Superestimado.

Quando ela chegou na porta, teve de respirar fundo para se acalmar. Ao entrar, cambaleou e tateou um pouco até achar a luz. Os sons de outras pessoas no quarto pararam. Ela soltou uma risadinha para dar mais credibilidade à cena. Foi adentrando com o passo incerto, tropeçando e rindo.

Até que se deparou com Potter tentando vestir sua camisa o mais rápido possível no sofá, e a loira ao seu lado consertando o vestido. Lily arfou em surpresa e cambaleou mais uma vez.

—Oh, Merlin, eu não- hic- sabia que vocês estavam aqui! – Lily exclamou, lentificando a fala. Potter franziu o cenho.

—Evans, você está bêbada? – Potter perguntou em tom incrédulo, parando de abotoar a camisa social.

—Ops...? – Lily respondeu com uma risadinha – Marlene me trouxe para cá e voltou para a festa... ela disse algo sobre dormir antes que eu fizesse besteira.

A loira ergueu as sobrancelhas e disse a Potter, com um sotaque francês, que era melhor ela ir, que depois eles se viam. Potter acenou com a cabeça e pediu desculpas, levando a garota até a porta. Quando ele fechou, se virou para Lily e ergueu uma sobrancelha.

—Pensei que não bebesse quando estivesse trabalhando – Ele disse. Então Lily se virou para ele com olhos de raiva e os lábios numa linha fina.

—E eu pensei que você tivesse entendido quando eu falei que você não podia ir para qualquer lugar sem que eu ou Benjy estivéssemos.

—Ah. Você não está bêbada – Ele observou, levando a mão aos cabelos e fazendo uma careta.

—Óbvio que não. Potter, por Merlin, você não pode fazer isso! Sair da festa sem avisar e trazer a garota para cá!

—Ciúmes, Evans? – Potter perguntou, abrindo um meio-sorriso. Lily jogou uma almofada nele.

—Larga de ser idiota, Potter! Por mim você fica com 20 garotas nesse torneio, contanto que não quebre as regras impostas por Moody! – Lily quase gritou, se aproximando dele para dar mais efeito.

—Mas fica meio difícil com uma babá me perseguindo 24 horas por dia! – Ele exclamou exasperado.

—Essa é a condição de você estar aqui! Você sabia antes de chegar que eu ficaria lhe vigiando!

—Eu não imaginava que você iria impedir minha diversão! – Ele retrucou. Lily cruzou os braços.

—Não tenha dúvidas que o que eu mais quero é acabar logo com isso para me ver livre de você e voltar para a minha paz, só que não está dando, ok? – Ela exclamou – Você realmente acha que eu queria estar aqui, brigando com você? Por Merlin, eu preferia estar numa missão de verdade, no meio do mato. Mas não posso. Então trate de estar acordado às 7h amanhã para que eu posso interrogá-lo de novo. E sem mais gracinhas de fugir, por favor.

—Onde você está indo? – Potter perguntou quando Lily se virou e se afastou dele.

—Dormir. Hoje foi um dia mais longo do que eu esperava. Amanhã não será diferente. Por favor, não fuja agora. Tive de lançar um feitiço de alerta e realmente gostaria de dormir a noite toda.

James observou a ruiva se encaminhar para o quarto que dividia com Marlene. Sacudiu a cabeça e foi para o próprio quarto. Ele tinha esquecido que Evans poderia pensar em procurá-lo ali. Não que ele quisesse quebrar as regras. Nada disso.

Ele só queria retornar ao processo de deixar Lily Evans no passado, que tinha começado assim que o sétimo ano se findara.

Ele não iria jogar 4 anos no lixo por causa de um mês.


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