Um Caso de Copa escrita por psc07


Capítulo 6
Capítulo 6




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James ficou ligeiramente surpreso ao perceber que o tal de Fenwick era um cara legal. E que sabia bastante sobre Quadribol. Apesar disso, não tentara conseguir autógrafos ou fotos com os jogadores, ficara apenas sentado na arquibancada com Marlene e Remus, enquanto Sirius e Peter estavam na grade para gritar incentivos.

—Então você gosta de Quadribol, Fenwick? – James perguntou quando se juntou aos outros no final do treino. Fenwick sorriu e acenou com a cabeça.

—É o melhor esporte que existe, não é mesmo? – Benjy respondeu com um sorriso. James sorriu de volta.

—Os aurores que fazem a segurança vão poder assistir aos jogos? – James perguntou.

—Graças a Merlin que sim. Seria um pesadelo estar aqui e não poder acompanhar os jogos.

—Só não entendi para que tantos aurores...

—Bem, na verdade não são tantos. A maior parte do efetivo permaneceu em Londres, mas em qualquer evento dessa magnitude temos que ter algum tipo de segurança, principalmente para manter o segredo.

—Desculpe-me perguntar, mas quantos anos você tem? – James questionou, curioso. Fenwick não podia ser muito mais velho que ele, mas ainda assim passava a impressão de ser muito mais. Fenwick riu.

—Não tem problema. Tenho 25 anos. Por quê? Se perguntando se deixaram um inexperiente com você?

—Nah, só curiosidade. Quando você fala, parece mais velho.

—Suponho que faça parte do nosso treinamento... – Benjy brincou, ganhando um sorriso de James – As situações de estresse e o jeito que Moody nos trata exige isso. Veja Lily, por exemplo. Todos olham pra ela e meio que duvidam que ela seja uma auror de fato, porque bem... – Fenwick não concluiu, mas James entendeu. Aurores não eram garotas tão bonitas – até o momento que ela fala. Aí todo mundo se questiona o que diabos eles estão fazendo com a vida e como uma mulher daquela pode ser tão jovem e ainda assim soar tão...

James soltou um riso.

—Bem, ela sempre foi desse jeito, então vou tirar um pouco da conta do Ministério disso...

Fenwick sorriu e colocou as mãos nos bolsos. Os outros pareciam estar dando um espaço para os dois conversarem.

—Isso é verdade. Eu me lembro claramente do dia em que ela chegou, de todos duvidando dela. Inclusive eu. No final do dia eu pedi para Moody para treiná-la, e hoje... Bem, digamos que ela seja a heroína e eu esteja a tiracolo – Fenwick suspirou e baixou o tom de voz – Eu entendo que você esteja preocupado em Lily estar liderando a investigação, pelo passado todo que Marlene me contou de vocês, mas... Lily não vai... ela é completamente...

—É, eu sei. – James interrompeu e colocou a vassoura nos ombros enquanto se aproximavam do alojamento – É mais um reflexo. Apenas fiquei surpreso de ela ter crescido tão rapidamente, não de quão longe ela foi.

—Você imaginava que ela seria uma das melhores do departamento? – Fenwick perguntou.

—Tá brincando? Eu fui o alvo das maldições dela por quase sete anos! – James exclamou e se virou para os amigos que vinham mais atrás – Um desses palhaços contabilizou a quantidade de vezes que fui humilhado por aquela garota!

Os outros riram e quando James se virou para frente, lá estava Lily, com o cenho franzido e olhando para o que pareciam ser anotações.

—Ei, parceira! – Fenwick chamou. Lily se virou imediatamente, e sorriu ao ver o grupo – Tudo bem?

—Lily! – Marlene exclamou – Está melhor?

Lily esperou os amigos chegarem e os acompanhou.

—Sim, estou. Achei um remédio no fundo da mala e melhorei imediatamente, então resolvi dar uma vistoriada por aí, ajudar Benjy...

—Quando você ia me dizer que praticava suas azarações numa estrela de Quadribol, Lily? – Benjy perguntou. Lily revirou os olhos.

—Não me orgulho de parte do meu passado, Benjy – Lily explicou. Sirius riu.

—Não se orgulha de ter sido descoberta, isso sim.

Lily deu de ombros e sorriu.

—Algum avanço? – Benjy perguntou.

—Não muito. Mas tem uma linha de tempo melhor, mais alguns arquivos para serem investigados e mais pessoas a serem entrevistadas...

James olhou para Lily e percebeu que aquele trabalho era exatamente o que ela queria. Para qualquer um, a quantidade de etapas à frente poderia ser motivo de caretas, mas a ruiva tinha um brilho no olhar, uma vivacidade, que dizia claramente que ela iria conseguir.

—Certo... – Benjy disse, franzindo o cenho. Lily lhe entregou algumas folhas – Cópias da entrevista? Ótimo. Vou ler e tentar adiantar. Nos falamos mais tarde, parceira. Pessoal, nos vemos em breve. Potter, obrigado pelo convite.

James acenou com a cabeça e observou o auror se afastando.

—Pontas, você fará uma coletiva hoje à noite, está bem? – Sirius avisou, enquanto eles se encaminhavam ao quarto.

—Tem que ser hoje? – James perguntou – Estou completamente esgotado.

—Sim. Você é a estrela desse Mundial, James. Todos querem falar com você primeiro. Daqui a dois dias você joga. Amanhã será um dia livre de imprensa. Vamos blindar você de tudo.

James suspirou e se dirigiu para o banheiro, enquanto Marlene ia para o outro, para se arrumar para a coletiva. Lily se jogou no sofá ao lado de Remus e Sirius, e Peter se deitou no tapete próximo a eles.

—Achou provas contra Pontas? – Sirius questionou. Lily estreitou os olhos.

—Não posso dar essa informação, Black, desculpe.

—Imaginei. Vai nos questionar de novo?

—Provável... – Lily disse e hesitou – preciso que distraiam Marlene enquanto eu falo com Potter. Preciso fazer algumas perguntas a ele...

Sirius acenou com a cabeça e Remus parecia que iria falar alguma coisa, mas foi interrompido por um lamento de Peter.

—Para de reclamar, Rabicho – Sirius disse em resposta a Peter – Quando voltarmos você terá a televisão de novo. Curta o Mundial.

Lily ergueu as sobrancelhas em surpresa. Peter sentindo falta de televisão?

—Ele está viciado em um programa – Remus explicou ao notar a expressão de Lily – Alguma coisa sobre médico...?

Peter se sentou de vez, olhando em choque para Remus, que estava sorrindo de canto de boca.

—Você sabe muito bem que é muito mais do que isso! – Peter exclamou e se virou para Lily – Você conhece Quincy ME? É simplesmente o melhor programa que já existiu.

Lily não segurou o riso. Jamais imaginara que Peter Pettigrew gostava de seriados trouxas, ainda mais um que tinha um lado policial.

—Conheço, sim. Assisto de vez em quando, mas não todos os dias.

—Os trouxas são tão interessantes – Peter comentou – O jeito que eles investigam tudo...

—Acho que você ficará animado em saber que trago vários trejeitos trouxas para minhas investigações...

Quando Lily disse isso, Peter quase deu um pulo de animação e empurrou Sirius para a extremidade do sofá, roubando o lugar ao lado de Lily. A garota riu, mas a pergunta que obviamente seria feita por Peter foi interrompida por James entrando na sala.

—Er, aconteceu alguma coisa? – Ele perguntou, secando o cabelo numa toalha.

—Peter finalmente descobriu alguém que goste de Quincy... – Sirius explicou, indicando Lily com a cabeça. Ela deu de ombros.

—Eu assisto com meu pai – Lily explicou, revirando os olhos – ele é um médico legista, e a diversão dele é dizer os erros do programa. Às vezes ele fica tão revoltado que desliga a televisão, e liga de novo só para dizer que acertou no final.

Nesse momento Peter olhava para Lily com um olhar admirador, e começou a fazer inúmeras perguntas sobre o trabalho do pai, como era na vida real, se os bruxos faziam alguma coisa parecida com Quincy.

Lily respondeu pacientemente às perguntas, o que surpreendeu de leve James; nenhum deles tinha paciência para essa discussão com o amigo. Lily, que era uma mera conhecida do garoto, estava explicando com muita serenidade e calma.

—Seu trabalho parece ser tão interessante, Lily – Peter comentou, quando não conseguiu pensar em mais perguntas. Lily sorriu.

—É sim. Tem seus pontos negativos...

—Como as horas insanas e o risco de morte? – Remus perguntou, rindo. A garota concordou com a cabeça.

—As horas insanas são facilmente acostumáveis – Ela disse, dando de ombros – Sendo bem honesta, incomodava mais A- quero dizer, as pessoas ao meu redor do que a mim – Lily explicou, um leve rubor em sua face – O risco de morte constante realmente é ruim, mas muitas vezes nem é tão perigoso.

—Como no caso do escritor? – James perguntou. Ele acompanhara, assim como toda a nação, Lily chefiando o caso contra Atticus Clastor, um escritor bruxo que mantinha pessoas sob cativeiro, obrigando-as a escrever para ele, mas recebendo todo o crédito. Remus, já tendo ouvido a história, se adiantou para se arrumar.

—Exato. Não tinha quase nenhum risco para mim ali – Ela concordou – Claro, não significa que não fosse importante pelos prisioneiros, mas francamente, ele duelava pior que Bertha Jorkins. Levei menos de um minuto para contê-lo.

—E você realmente disse “sua vida terá novos capítulos agora, Clastor”? – Sirius perguntou com um meio sorriso. Lily corou completamente.

—Eu odeio Rita Skeeter – Ela resmungou, fazendo os outros rirem – Esse tipo de coisa era pra ser segredo. Eu ainda não entendo como ela conseguiu essa informação.

—Ela deve ser uma fofoqueira igual a Jorkins – Sirius comentou – Lembram que ela chegou a iniciar um “jornal” de “notícias” e colocava todas as fofocas da semana?

—Eu lembro dos rumores que ela criava... – Lily concordou. James gargalhou.

—Teve um mês que segundo ela Sirius saiu com 7 garotas diferentes! – Ele disse.

—Triste. Foram só 3, e porque tivemos Hallowe’en, Quadribol e Hogsmead – Sirius explicou, sacudindo a cabeça – Ela também espalhou que Dumbledore e McGonagall estavam namorando!

Eles continuaram conversando, até que Remus saiu do banheiro e deu a vez a Peter. Era incrível como Lily conseguia se enturmar com os garotos, até mesmo com Potter. Tudo bem que ele estava meio calado, talvez pensando na entrevista de logo mais.

Marlene só terminou de se arrumar quando Peter também saiu.

—Finalmente, Marls! – Lily exclamou, se levantando. Então olhou para a amiga e seu vestido. – Vamos para algum lugar depois da entrevista? – Ela perguntou, se virando para James, que limpou a garganta.

—Bem, tem essa festa, nada muito arrumado... só entre os jogadores da Inglaterra mesmo...

Lily acenou com a cabeça e foi se arrumar. Ela precisaria encontrar outro momento para falar com Benjy. Tentou levar o menor tempo possível, se concentrando em ficar pronta. Para sua surpresa, Sirius ainda não havia surgido.

—Eu pensei que vocês estavam brincando quando falavam que Sirius é pior que uma garota para se arrumar – Ela comentou entrando na sala. James olhou rapidamente para o vestido que ela usava e desviou o olhar, se forçando a não olhar mais uma vez. Era inacreditável o quanto ele ainda achava a ruiva bonita.

—Infelizmente não – Remus respondeu num tom irritado. Levantou-se e esmurrou a porta do banheiro – Vamos logo, Almofadinhas! Só falta você!

Sirius saiu alguns minutos depois, com um sorriso no rosto. Ele tinha que estar impecável, explicou, pois era o representante de James. Se James não se importava em estar arrumado, ora, ele se importava com o trabalho dele! Lily, assim como os outros, não achava que James estivesse vestido de maneira inadequada para uma entrevista – uma camisa social e calça jeans com vestes bruxas parecia perfeitamente normal.

Quando Remus ressaltou isso para Sirius, que estava vestido como se fosse para um evento formal, este se indignou e iniciou um longo discurso sobre a importância de se vestir bem no mundo do Quadribol que durou até chegarem no local para apresentar as credencias – o momento em que James perdeu a paciência.

—Eles não se importam como eu me visto, Almofadinhas! – James exclamou – Contanto que eu marque pontos e coordene o time, eu poderia estar com a roupa de Marlene e eles não se importariam!

Sirius avaliou rapidamente o vestido da morena.

—Certamente você faria sucesso com outro tipo de público, Pontas – Sirius disse com um sorriso provocador. James revirou os olhos – Mas tudo bem. Vou me conformar com seu traje porque as garotas parecem gostar, e é sempre bom ter muitas fãs... McKinnon, Evans, ele está adequadamente vestido?

As garotas suspiraram e disseram que sim, e que ele deveria calar a boca logo antes que Lily perdesse a paciência e mostrasse exatamente o que fez para prender Atticus. Sirius estreitou os olhos para a ruiva.

—Eu conseguia ganhar de você na escola, Ruiva. Não acho que tenha mudado tanto – Ele comentou. James bufou.

—Sirius, na única vez que você tentou ganhar de Evans em algum duelo em Hogwarts, você parou na Ala Hospitalar por três dias porque não conseguiram descobrir o que tinha de errado e Evans se recusou a ir lhe salvar.

Sirius pareceu pensar e deu de ombros. O assunto, porém, foi deixado de lado quando chegaram no local da coletiva.

—Muito bem, vocês podem entrar, mas pelo amor de Merlin, fiquem quietos— Sirius pediu, falando com Remus, Peter, Marlene e Lily. Eles garantiram que fariam silêncio e se sentaram nas cadeiras indicadas por Sirius, ao lado de vários repórteres.

Poucos minutos depois, James apareceu, para delírio da imprensa e de algumas fãs. Sorriu para todos e acenou, antes de se sentar ao lado de Clearwater.

—Potter vai responder algumas questões, mas não todas – Clearwater explicou – Vou indicar um de vocês e essa pessoa pode perguntar. Sem muita confusão, sim?

Houve um murmúrio de concordância geral, e Clearwater assentiu satisfeito, indicando um homem que aparentava ter cerca de 40 anos.

—Senhor Potter, – o homem perguntou, – o que pode nos dizer sobre o time da Inglaterra até o momento? – James sorriu e deu de ombros.

—Estamos muito focados no nosso objetivo. Voamos bem hoje, estamos entrosados e nossas jogadas estão saindo exatamente como nas eliminatórias.

—Esse objetivo é de ganhar a Copa? – Uma jovem perguntou, com um sotaque que Lily pensou ser russo. O carisma de Potter realmente era algo incrível. Ela nunca conseguiria ser assim com a imprensa.

—Claro. Estamos aqui para levar a Taça para nossa casa, e acredito que esse seja o objetivo de todos os times.

Lily observou enquanto James respondia com maestria as perguntas. Era um dom natural, além de muita paciência. Clearwater interrompia algumas perguntas que ele julgava que não deveriam ser feitas. Lily começou a se distrair, pensando em mais possibilidade para o caso... até que uma voz familiar fez uma pergunta e Lily voltou à realidade.

—Potter – Rita Skeeter perguntou, com sua característica falsa doçura – qual a sua opinião sobre privilégios para capitães?

—Não creio que haja muitos – James respondeu simplesmente, dando de ombros. A pena verde berrante de Skeeter se apressou em anotar a resposta.

—Jura? Então como explica estar num quarto que é o dobro do que os outros jogadores do seu time estão? – Skeeter perguntou por fim.

Lily conhecia o estilo da jornalista, tendo sofrido diversas vezes com ela. Skeeter só acreditava que o trabalho fora bem feito se alguém ficasse envergonhado, constrangido ou sob uma péssima visão perante o público. Lily geralmente ficava irritada.

Potter, no entanto, apenas riu de leve.

—Ora, muito simples. O quarto em que eu originalmente ficaria teve um problema de vazamento que ainda não foram capazes de resolver, e o de meus acompanhantes não foi marcado no local correto. Eles ficariam junto com os búlgaros, e eles realmente não gostam muito de mim. A organização questionou se eu me importava em ficar com eles em um quarto que acomodasse a todos, e não vi problema em ceder isso.

Lily teria ficado impressionada com a habilidade de James de contornar uma situação delicada se quando ele gesticulara para indicar seus acompanhantes o olhar ávido de Skeeter não houvesse encontrado Lily. A loira erguera uma sobrancelha e encarara Lily por alguns segundos de maneira especulativa.

—Merda – Lily gemeu baixinho.

Quando a entrevista terminou, ela tentou se esconder entre Peter e Remus. Remus sabia do ódio de Lily por Skeeter (a principal responsável por publicar seus casos), e ajudou da melhor maneira possível.

—Temos que sair o mais rápido possível daqui – Ela pediu. Remus concordou e acenou para Sirius, que indicou que entendia e que encontraria com eles do lado de fora.

Lily suspirou aliviada ao encontrar a brisa externa. Antes que pudesse explicar a pressa para Peter, o motivo se apresentou.

—Auror Evans, não esperava encontrá-la aqui! – Skeeter exclamou em surpresa.

Lily se virou e fingiu um sorriso.

—Também não esperava lhe ver, Skeeter – Lily respondeu com o máximo de polidez que conseguiu reunir.

—O que está fazendo aqui? O Ministério resolveu finalmente investigar como esses jogadores levam uma vida exorbitante? Ou talvez esteja fazendo a proteção de alguém? Ohh, um caso, talvez? – Skeeter sugeriu. Lily cerrou os dentes, mas sua resposta foi interrompida.

—Tudo bem por aí, Evans? – James perguntou, se aproximando com Sirius e uma clara desconfiança no rosto. Lily sorriu e indicou o jogador.

—Estou aqui com Potter, de férias.

—Está acompanhando Potter, no mesmo quarto que ele, e ainda se refere a ele pelo sobrenome? Interessante – Ela disse, acenando para sua pena, que anotava furiosamente – Poderia comentar algo sobre o caso Atticus?

—Acho que você já tem informação o suficiente, Skeeter. Estou de férias e gostaria muito de não ser importunada com perguntas relacionadas ao trabalho – Lily respondeu secamente – Se nos dá licença, temos uma festa para ir.

Então Lily agarrou o braço de James e Sirius, fazendo os outros os seguirem.

—Pelo amor de Deus, não me importo onde seja essa maldita festa, só me tirem de longe dela antes que eu pule no pescoço daquela víbora.

Sirius riu, mas não diminuiu o passo. Lily olhou para trás uma vez, e Skeeter ainda estava lá, olhando para ela enquanto murmurava alguma coisa para a odiosa pena de repetição-rápida.

James indicou o caminho para a festa, no que parecia ser uma casa comum. Ele deu seu nome, apresentou a credencial e todos entraram depois dele. Dentro, Lily acho que aquilo tudo parecia ser uma festa comum. Tinha mais gente do que apenas o time, mas ela supôs que eram convidados dos jogadores – assim como ela própria.

—Ok, depois dessa saída nada discreta, qual o problema com aquela repórter? – James questionou. Lily suspirou enquanto Marlene e Remus riam.

—Ela é a repórter que coloca todos os meus casos com celebridades no Profeta. Sempre que tem alguma coisa levemente interessante, ela aparece, tenta invadir a cena, atrapalha a investigação...

—E o pior de tudo! – Marlene completou com um tom de falsa indignação, fazendo os outros rirem – Ela sempre pede uma entrevista a Lily!

Sirius gargalhou juntamente com Peter, enquanto Remus segurava o riso e James apenas olhou intrigado para a ruiva.

—Não gosta de dar entrevistas, Evans? – Ele perguntou, passando uma mão para bagunçar o cabelo.

—Não. Mas não é só isso – Ela tentou explicar – Eu sou apenas uma auror fazendo meu trabalho. Moody já me enche demais. Não quero mais ninguém perguntando detalhes do meu modo de agir.

—Em outras palavras, ela não gosta de ser o foco da atenção – Remus concluiu.

—E como você fará quando for chefe do departamento? – James perguntou. Todos ergueram as sobrancelhas, enquanto Lily sentiu o queixo cair levemente – Ora, é óbvio que você quer ocupar o lugar de Moody quando ele se aposentar. Você sempre chamou a responsabilidade para si – Ele terminou, dando de ombros.

—Um problema de cada vez, Potter. O de agora é que eu preciso mandar um Patrono para Benjy. Tem algum lugar mais... escondido por aqui? – Ela perguntou.

—Você provavelmente terá que espantar algum casal para conseguir algo assim, mas creio que lá fora deve ter algo assim – Sirius respondeu – Pontas pode lhe levar, já que você precisa vigiá-lo e etc. Eu vou oferecer uma bebida para alguma garota bonita. Vamos ver se meu charme ainda funciona – Ele disse, mostrando seu sorriso mais característico e se afastando do grupo.

Marlene disse que iria com Remus e Peter pegar alguma coisa para beber e que esperaria Lily próximo à cozinha. James colocou a mão nos bolsos e apontou para um dos lados da casa. Lily o seguiu, até estarem na parte de trás, onde algumas pessoas estavam distribuídas em pares.

—Ainda está muito visível... – Lily comentou, franzindo a testa. James abriu um sorriso maroto e retirou do bolso fogos Dr. Filibuster. Lily revirou os olhos e tentou não sorrir.

—Uma vez Maroto, sempre Maroto, srta. Evans.

Enquanto James providenciava o espetáculo pirotécnico, Lily pensava no que exatamente falar para Benjy de maneira que não ficasse claro sobre o que precisavam discutir, nem onde.

—Quando estiver pronta me avise para eu iniciar o show – James avisou. Lily acenou com a cabeça – Vai durar uns cinco minutos, então espere um pouco.

—Pode começar então – Lily disse. James piscou para Lily e acendeu o primeiro explosivo, que formou a bandeira da Inglaterra no céu. Quando ela percebeu as pessoas entretidas, fez o Patrono – Benjy, hoje não. Amanhã, mesmo ponto de troca de papeis.

James observou com olhos arregalados o Patrono de Lily se afastar. Ele não podia acreditar. Será que era...? Não podia ser. Ele estava enganado.

Mas não havia como se enganar. Era uma corça.

Se isso fosse há 4, 5 anos atrás, James estaria estático. Ora, o Patrono de Lily Evans era o par de seu próprio Patrono, de sua forma animaga, ainda por cima!

Hoje, James apenas ficara estupefato. Ele realmente não esperava isso.

Lily se virou para ele e James limpou a garganta, se recuperando.

—Ah! Temático! – Lily exclamou ao ver os fogos formando a bandeira da Inglaterra.

—A festa é temática – James respondeu simplesmente – Podemos entrar? – Ele perguntou. Lily assentiu com a cabeça e eles voltaram para a casa.

Várias pessoas cumprimentavam James animadamente, comentando sobre a queima de fogos. Ele respondia com seu sorriso característico, com a mesma felicidade. Ela também percebeu algumas pessoas olhando para ela de maneira especulativa, como se quisessem saber o que James fazia com ela.

—Hm, Potter, vou me encontrar com Lene – Ela disse, quando uma loira bonita a olhou com certo desprezo.

—Ah, certo.

—Acho que estou atrapalhando um pouco a sua diversão – Lily disse, com um meio-sorriso e indicando a loira com a cabeça. James sorriu em resposta.

—Ela ficou intimidada. É sua aura de durona – James comentou com uma piscadela. Lily revirou os olhos.

—Tenho certeza que sim. Esse vestido realmente grita “auror à vista” – Ela comentou ironicamente. James sorriu ainda mais, mas guardou para si o que aquele vestido realmente gritava para ele.

—Alguma ordem, Auror Evans? – James perguntou com um meio-sorriso provocador. Lily revirou os olhos novamente.

—Se divirta, Potter. Estarei lhe observando – Ela alertou, se encaminhando para a cozinha.

Marlene e Remus ainda estavam lá. Lily pegou uma Cerveja Amanteigada, tentando não perder Potter de vista.

—Quer saber algo interessante? – Marlene perguntou a Lily com um sorriso divertido.

—Não acho que eu queira – Lily respondeu distraidamente.

—Vieram me perguntar quem era a ruiva “estonteante” com James.

Lily bufou e revirou os olhos. Confie em Marlene para inventar besteiras.

—Foi verdade, Lily – Remus confirmou.

—Não importa. Não há nada impedindo Potter de ficar com quem quiser agora que estou longe.

—E você? – Marlene perguntou, erguendo as sobrancelhas.

—Lene... – Lily disse, pressionando os lábios.

—Não precisa ser nada sério, mas olha aquele cara com cabelo castanho e olhos azuis – Marlene indicou.

—Vai fundo, Lene. Remus me fará companhia, não é, Remy?

Marlene deu de ombros e foi em direção ao rapaz. Lily sorriu ao ver a amiga se divertindo. Remus suspirou e olhou para Lily.

—Eu realmente sinto muito por você não poder aproveitar a festa como Marlene – Remus disse – Não era o que eu tinha em mente quando lhe convidei.

—Não se preocupe, Remus, de verdade – Lily disse dando de ombros – É meu trabalho. Se quiser culpar alguém, culpe seu amigo que está sendo investigado. Até porque eu provavelmente não estaria aqui se não fosse por ele. Moody nunca me daria férias.

***

Lily não ficou surpresa quando James não quis ir para festas ou beber na véspera do jogo. Ela acompanha futebol o suficiente para entender a necessidade da concentração.

E as vésperas de jogos da Grifinória em Hogwarts eram os poucos dias que havia paz no castelo.

O grupo como um todo tomou café da manhã no hotel e ficaram no quarto descansando. Lily relia todos os dados do caso em questão, sentada numa poltrona, enquanto Marlene, Peter e Remus jogavam Snap Explosivo. James e Sirius discutiam táticas na mesa da sala.

Eles foram almoçar num restaurante ainda dentro do alojamento, mas não demoraram tanto. Lily não ficou tão surpresa ao ver Benjy ter escolhido o mesmo lugar para comer no mesmo horário que eles. Com um leve sorriso, pediu licença e foi conversar com o colega. Marlene suspirou.

—Eu acho que terei que bater em Benjy – Ela comentou. Remus riu.

—Não culpe Benjy. Você sabe como Lily fica – Ele disse num tom conciliador.

—Eu sei. Ele também. A garota está de férias, por Merlin! Ficou na cozinha ontem a festa toda, indo discutir caso com Benjy todo dia... Não duvido nada que Moody tenha mandado Lily ajudar.

Remus e Sirius tentaram desconversar, enquanto James se concentrava na sua comida. Peter não parecia muito interessado em nenhuma conversa, mas ficou observando Lily e Benjy.

Lily também não se surpreendeu quando eles foram jantar com os pais de James naquele dia. Ela achou a relação de Euphemia e Fleamont com os Marotos de tamanha familiaridade que considerou que alguém de fora poderia pensar que todos fossem realmente parentes.

Fleamont também deu atenção a Lily e a Marlene, fazendo perguntas sobre os garotos e da vida no Ministério até que Euphemia insistiu em nenhuma conversa sobre trabalho. Sirius disse que James precisaria sair então, já que era seu trabalho, o que levou a um tapa na cabeça de Sirius.

O jantar não pode se estender muito, já que o jogo da Inglaterra seria pela manhã e eles precisariam acordar cedo, James principalmente.

Havia uma grande expectativa com o jogo, pois seria contra a Alemanha, que além de ser uma antiga rival dos ingleses no Quadribol, estava com um time muito forte. Se esperava muitas notícias cobrindo a partida, então não foi surpresa para ninguém Sirius ter ido comprar O Profeta Diário enquanto eles tomavam café da manhã.

Foi surpresa a irritação que ele voltou.

—Merda, merda, merda – Ele repetia, com o jornal dobrado – Droga de repórter...

—O que houve, Sirius? – Remus perguntou com a testa franzida. Sirius ignorou o amigo e jogou o jornal para Lily, que conseguiu pegar e gemeu com a manchete.

—Mulher desprezível! – A ruiva exclamou. Os outros se aglomeram ao redor de Lily para ver a matéria sobre o jogo.

Contudo, o que estampava a primeira página do Profeta Diário não se relacionava em nada com Quadribol:

ESCÂNDALO NO MUNDIAL: NEM MESMO O FILHO DA MINISTRA ESTÁ SEGURO

Por Rita Skeeter

 

Marlene arfou ao ler a matéria e tentou tomar o jornal da mão de Lily, sem sucesso. Merlin, Moody ia matar Lily.

Enquanto o mundo bruxo se prepara para a primeira partida do Mundial de Quadribol, nosso Ministério está preocupado em encobrir um caso de assassinato dentro do alojamento das equipes. Jack Allyson, 17 anos, trabalhava como voluntário para a seleção da Inglaterra até a madrugada do sábado que antecedeu o Mundial, quando foi misteriosamente assassinado em seu local de trabalho.

A segurança do evento foi algo que chamou atenção, por todo o esforço empregado para aumentá-la. Todos que podem entrar nos alojamentos oficiais foram cadastrados previamente para evitar a entrada de terceiros, e ainda assim Jack foi morto.

O que talvez seja mais impressionante no caso seja o fato de que Jack Allyson é, na verdade, filho da ministra Millicent Bagnold! A Ministra manteve seu nome político ao se casar, mas batizou o filho com o sobrenome do pai. O garoto foi agraciado, dentre tantos concorrentes, a participar da equipe de voluntários do país de sua mãe.

Quando questionada sobre o caso, a Ministra apenas respondeu: “não sabemos muito do que ocorreu. Não há palavras suficientes para a dor que eu sinto, e tenho certeza que o Departamento de Aurores está cuidando do caso com o mesmo empenho que emprega em todos os outros. Pedimos que respeitem nosso luto”.

Outra medida de segurança usada foi justamente a colocação de aurores durante toda a competição, cedidos por todos os países participantes. O Ministério da Magia da Inglaterra forneceu 5 aurores. Contudo, foi averiguada a presença de mais uma auror na competição: Lily Evans, a Bela Ruiva, porém mal-humorada, auror que foi responsável pelo caso de Atticus Clastor, sobre o qual ela ainda se recusa a falar.

Quando perguntada, Evans afirmou estar de férias com um grupo de amigos convidados pela estrela e capitão da Inglaterra, James Potter; no entanto, não quis falar mais sobre o assunto.

Ao ser procurado pela equipe do Profeta Diário, Alastor “Olho-Tonto” Moody, chefe do Departamento de Aurores, tampouco quis se pronunciar, dizendo apenas que “o nosso Departamento está ciente e investigando o caso, que está sob sigilo completo”. Perguntado sobre o motivo de encobrir o caso, Moody afirmou que “não tentamos encobrir nenhum caso, estamos apenas investigando da melhor maneira possível, que nesse caso é sob sigilo”. Ao ser questionado sobre a presença de Evans no evento, Moody rudemente disse não se importar sobre o local que seus aurores passavam as férias.

Será que Evans realmente está apenas de férias na competição ou faz parte da investigação? Se não está envolvida, como os cinco aurores, que estão focados na segurança do evento, podem dar conta de cuidar desse caso de tamanha importância? Como foi possível cometerem um assassinato dentro dos alojamentos da competição? E o pior, como não há nenhum suspeito ainda, e por que tentaram encobrir o caso?

 

Lily suspirou pesadamente. Moody com certeza iria ter muito o que falar a respeito da matéria. Ela tinha que se encontrar com Benjy em breve, e em um local em que não pudessem ser vistos juntos para não aumentar a suspeita de seu envolvimento no caso. Pelo menos ela não descobrira que o principal suspeito era James Potter.

—Então é isso que você tem falado com Benjy! – Marlene exclamou – Lily, você está aqui a trabalho! E como todos sabiam disso?

—Jack era um grande fã de James – Sirius falou. O próprio James não parecia ter se recuperado ainda da notícia.

—Eu não podia falar com ninguém sobre o caso, Lene – Lily se justificou, coçando os olhos em claro sinal de estresse – Estou a trabalho, sim. E nesse momento juro que sou capaz de estrangular Skeeter com minhas próprias mãos.

Marlene sorriu de leve e foi se arrumar para a partida. Lily aproveitou o tempo sem a amiga para conversar com os Marotos.

—Escute, Potter, seu nome não foi mencionado na matéria – Lily falou – Não há motivo para suspeitarem de você. Trate de não fazer a finta errada ou perder o pênalti ou sei lá o quê, ou então a víbora pode realmente desconfiar de você.

James não esperava isso vindo de Lily, mas concordou com a cabeça e foi para a varanda. Lily suspirou e foi se arrumar junto com Marlene, vestindo uma camisa da Inglaterra para entrar no clima do jogo.

—Você algum dia para de trabalhar, Lil? – Marlene perguntou. Lily apenas sorriu e deu de ombros.

Não enquanto precisassem dela.


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