Last Chance escrita por Thaís Romes


Capítulo 7
Alguém tem um plano B?


Notas iniciais do capítulo

Ai gente, como estou uma pilha de nervos hoje, resolvi postar um capítulo novo.



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SELINA KYLE

Eles são o casal perfeito, louros, lindos, heroicos e completamente apaixonados pelo outro. Acho que toda essa recuperação me fez começar a enxergar os Queens como meu novo Reality Show preferido. É um prato cheio, eu me sento aqui nesse bunker e os dois chegam, ele não precisa estar aqui, na verdade nem deveria estar. Mesmo sabendo disso, Oliver trás Felicity todas as manhãs agora que o Cabeça Quente está atuando como o Arqueiro Verde e parou de madrugar na casa deles para ter uma de suas lições.

Alguns dias eles chegam aos beijos e ficam super envergonhados quando as portas do elevador se abrem e dão de cara comigo, Jason e Nissa. Minha parte preferida é quando a amiga estranha do Jay os cumprimenta com um “Olá marido e esposa irmã”, com aquele jeito robótico fofo que ela tem, bem depois de os flagrarmos no maior amasso. E sempre pegamos os resquícios de alguma briga particular e totalmente sem conexão com o time. Felicity é tão boa quanto eu para dar apelidos ao seu verdinho nesses momentos.

O cardápio é tão variado que me pego apressando Jason para não perder o espetáculo do dia. E como Bruce e eu não estamos tecnicamente “falando” um com o outro, não devo ser julgada por querer dar no pé antes que ele pare de se importar com meus sentimentos e deixe de fingir que está dormindo quando saio da cama. Mas quando as portas se abriram nessa manhã, toda minha animação se esvaiu. Ela estava acompanhada pela criança deles, o garoto estava trêmulo, os olhos e a ponta do nariz de Felicity estavam vermelhos. Jason e eu nos adiantamos na direção deles por instinto.

—Oliver está preso. - conta Felicity se apoiando em mim.

—O que? – Jay soa completamente incrédulo e com razão.

—A policia invadiu nossa casa essa manhã. -ela funga e tento sorrir de forma tranquilizadora para William que estava sendo levado por Jason em direção a mesa no canto do Bunker, onde colocamos os dois sentados.

—Como isso é possível? -questiono me sentando ao seu lado e pego suas mãos geladas, tentando as aquecer com as minhas. -Jay tem sido perfeito, e eles já foram até mesmo vistos ao mesmo tempo.

—Agora ele está sendo acusado de desviar dinheiro público. – Jason e eu nos encaramos. Ele tem a mesma apreensão que eu nos seus olhos.

—Felicity, vamos resolver isso. -diz ganhando a atenção dela.

—Vou pegar água para vocês. -me levanto e pego o celular em meu bolso, parece que serei eu a quebrar o voto de silêncio no fim das contas.

‘Cat?’ atende no primeiro toque, e tento controlar em vão o formigamento em meu estômago que sua voz grave provoca. ‘O que aconteceu? Não se sente bem? Quer que eu te busque?’ sorrio, ele quem quebrou o voto, não eu.

—Oliver foi preso.

‘Quando?’ Bruce parece soltar o ar, como se esperasse algo pior do que isso.

—Felicity e o garoto acabaram de chegar no Bunker, a policia o levou nessa manhã. -ando em direção a pequena cozinha que eles possuem, prendo o celular entre meu ombro e rosto enquanto procuro nos armários copos e talvez um pouco de açúcar julgando o quanto o menino está tremendo. – O que precisa que eu faça?

‘Quem é o contato deles na polícia?’ questiona. ‘Talvez devam começar por eles, diga a Felicity que estou a caminho e pego John Diggle e Roy.’

—Eles vão precisar de um advogado, morcego. – é o obvio, o que ela vai fazer com outro vigilante, um cara que deveria estar morto e o melhor amigo de seu marido preso?

‘Sei disso, Gata.’ Não parece estar nada preocupado, o que não faz nenhum sentido em minha cabeça, mas prefiro não discutir. Encho os copos com água e acrescento uma colher de açúcar no do William. ‘Vai ficar bem?’ agora a confiança tremula e Bruce soa como um cara normal, com emoções e problemas normais.

—Estou bem, já pensava em voltar a treinar quando sai essa manhã. – conto ajeitando os copos sobre uma bandeja.

‘Isso é bom.’ Respira fundo, por que não desligou ainda?

—Preciso ir, vou ficar com Felicity. – falo para colocar fim na ligação.

‘Claro, se cuida.’ Meu coração chega a se apertar, é ridículo. Desligo sem dizer mais nada, guardo o telefone no bolso e volto para os outros.

—Aqui. – dou a William primeiro a água com açúcar em seguida me viro para Felicity, deixo o copo em sua frente e volto a me sentar. – Pode beber, vai se sentir melhor. – incentivo vendo seu rosto cheio de preocupação. – Bruce está a caminho, ele me disse para te manter calma.

—Esses caras sempre pensam que devem nos manter dentro da cartilha de esposas indefesas. – pragueja se levantando e vai direto para seus computadores, Jason me olha esperando que eu diga algo que reforce o ponto de Bruce, mas dou de ombros, Felicity está completamente certa.

—Sabe o que uma ladra diria de uma situação como essa? – me viro para a mulher loura que parecia estar fazendo vários cálculos em sua mente, mas seus olhos se iluminam com expectativa ao me olhar de volta. -Dias tem alguém dentro ou...

—Ou mais do que uma pessoa. – Jay se levanta olhando em volta, estávamos alinhados pensando da mesma forma. Começamos a verificar o Bunker indo em direções opostas. -Teve aquele incidente com os ex membros do time, o cara que traiu vocês e está no hospital... Cachorro irritado, cão com problemas temperamentais?

—Cão Bravo. -William o corrige indo se sentar ao lado de Felicity.

—René estava sendo ameaçado, ele não faria isso se não fosse dessa forma – ela o defende com lealdade. Não preciso olhar para Jason para saber que nós não acreditamos que o cara não vai ceder outra vez. No nosso ramo, o primeiro requisito é descrição.

—Claro, e depois disso ele já visitou sua casa ou coisa do tipo? – Jason se lança na escalada de salmão e Felicity perde a fala quando ele subia até o último suporte, depois solta uma das mãos e impulsiona o corpo se erguendo para verificar a parte superior do equipamento.

—Ele está? – questiona confusa, mas eu mesma não consigo tirar os olhos de seus movimentos precisos e cheios de força.

—Não vamos responder nada com você nisso aí, Todd. – reclamo e gesticulo para ele descer logo daquele treco.

Jason usa seu braço livre e em uma exibição digna do Dick Grayson, ele se lança para a lateral oposta e parece soltar algo que estava preso ao equipamento. Salta para o chão com um mortal, que apesar de parecer exagero foi necessário para evitar o impacto, ainda assim o queixo de Felicity estava caído e William parecia ter sido congelado pelo Freeze. Todd deixa dois dispositivos de áudio sobre a mesa. Puxo Felicity e William para a porta ao lado do vestiário, onde seria um ponto cego na maioria dos lugares e coloco um dedo sobre os lábios.

—Podem existir mais. – sussurro e Felicity faz menção de olhar entre os computadores. – Ninguém os colocaria assim tão perto.

—Você captaria as frequências, estão como essas bem escondidas. – abre a mão e mostra mais três dispositivos de áudio.

—Isso não é uma escuta, esse tipo de aparelho armazena sons como um gravador. -a apreensão em sua face logo é disfarçada. -Nenhum sinal passa pelo bunker a não ser que eu o monitore, então faz sentido armazenar e recolher... -estava claro que ela se sentia culpada, o garoto vai para o lado da madrasta e posso ver que queria consola-la, mas não sabia como fazer.

—É oficial, vocês têm mesmo um espião. -Jason diz antes de voltar a procurar mais aparelhos.

—Que inferno! – pragueja Felicity, depois faz cara de culpa ao se lembrar do garoto ao seu lado. – Eles já podem saber quem você é, ou o que estamos fazendo aqui. – olha para Jason. – Sabem de todo o plano!

—Mas quem são eles? – Jason pondera. – Isso pode ser do Dias, ou pode ter sido colocado pelo tal de Prometheus, só um recruta infiltrado colocaria algo onde as encontrei e como disse, não são transmissores então deveriam tentar pegá-los de volta. O cachorro com raiva faria algo tão grande para os expor?

—Cão raivoso. -ela o corrige, mas parece estar pensando o mesmo. -Acho que não, mas sinceramente eu não tenho mais ideia de até onde ele poderia ter ido para proteger a filha. – seu olhar passa involuntariamente para William. -Esperem. – corre até sua mesa e volta com o tablet em mãos, digita algumas coisas e tudo desliga que é eletrônico desliga a nossa volta, o que não esperávamos é que ela também desligasse. William traz uma cadeira de rodas e Jason coloca Felicity nela.

—Uso um nano chip na coluna. -explica sem dar importância ao fato. -Não posso andar sem ele, mas meu cérebro continua afiado.

—Bruce disse para procurar o contato na policia de vocês. – começo a pensar em solucionar o mais urgente primeiro. – Vamos precisar do suporte deles no caso do Oliver.

—Bom, acho que a Dinah foi demitida. -morde os lábios como se estivesse contendo mais palavrões de saírem. – E mesmo se estivesse lá dentro, não estamos com o melhor relacionamento. Com sorte posso ter um contato na promotoria, mas não é a mesma coisa.

—Posso ter um contato. – Jay fala e nós três o encaramos. – Por que toda essa incredulidade? Eu sou um cara muito carismático. – nenhum de nós consegue argumentar devido o choque.

JASON

—Vai mesmo atrapalhar a primeira semana da Boby? – Roy tagarelava enquanto eu colocava meu uniforme, bom, o uniforme do Arqueiro Verde.

—Quer seu mentor dormindo na cadeia? – retruco e vejo Bruce entrar no vestiário com John Diggle o seguindo.

—Consegui uma ordem de soltura. – ele afrouxa a gravata e se joga no banco, John o encarava meio incrédulo.

—Você é advogado? – murmura no que deveria ser uma pergunta.

—Precisava de um diploma, John. E direito pode vir a calhar as vezes. – responde abrindo alguns botões de sua camisa social, é como se aquelas roupas o sufocassem. – Oliver perdeu todo o dinheiro que possuía por negligenciar essa parte do trabalho.

—Acho que na época que Oliver estava em uma das faculdades que abandonou, não pensava em ser um vigilante. – Diggle pondera.

—É um bom argumento.

—Onde está o Oliver agora? – Roy os faz lembrar de nossa presença.

—A caminho de casa, com a família dele. – Dig o responde, depois deixa o corpo cair no banco ao lado de Bruce. – Isso das escutas, sabe se Felicity rastreou o sinal?

—Sim, mas eu fui checar o lugar mais cedo. – prendo alguns dardos no suporte do meu braço. – Era um armazém vazio, o bunker está limpo agora.

—Quem colocou as escutas não precisava ver nenhum de vocês. – Bruce acrescenta. -O que significa que não queriam suas identidades, só monitorar seus movimentos.

—Isso cheira a Liga dos Assassinos. – falo e começo a caminhar em direção a saída, mas sinto passos leves quase imperceptíveis me seguindo. – Não quer que eu vá ver a garota também? – pergunto quando saio do vestiário, Bruce escora na parede e retira algo do bolso. -Ou acha burrice que não acredite no Cachorro Zangado?

—Rastreadores, só lembre de colocar um nele. – me estende um objeto do tamanho de um grão de arroz, dentro de um pequeno pote transparente. -Eles estão muito ligados para ver o perigo, mas Selina está o seguindo e quer ver quem está cercando a filha dele.

—Sozinha? – guardo o objeto, minha voz em seguida tem a acusação obvia por ele não proteger Selina direito. -Acha que ela deve ficar saltando telhados depois de quase morrer a pouco mais de um mês?

—Se quiser ir falar com Cat o que ela não deve fazer. – dá de ombros. – Não serei eu a ficar no seu caminho. – involuntariamente a imagem de Selina me acertando uma voadora no meio da cara preenche minha mente, me fazendo estremecer. – Foi o que pensei. – um sorriso de lado aparece no rosto pretencioso dele, que se vira voltando para junto dos outros em seguida.

—Babaca. – murmuro quando estou longe o suficiente.

Roy mandou uma mensagem para a prima a informando que o “Reforço” precisava atualizá-la. Não é nunca uma decisão prudente ir ao encontro de alguém que pode te enjaular, mas a alguns anos nós desenvolvemos técnicas para lidar com um departamento de policia corrupto, o que pode vir a calhar em Star City. Todo o quadrante estava sendo verificado por Bruce e Roy, Espartano estava a poucos passos atrás de mim e Felicity controlava todas as câmeras de segurança desde nossa saída do bunker até o telhado em frente ao departamento de polícia. Muito trabalho, eu sei, mas parece que é melhor dar voltas do que ir direto ao ponto quando o FBI pode estar envolvido.

A garota de pele morena passa pela porta que a deixaria na sacada, com os cabelos cacheados se movendo rebeldes a ponto de cobrir seu rosto. O uniforme da policia era um contraste interessante com a sua habitual aparência de garota travessa. Ela para a uma distância segura quando nos focaliza nas sombras, esperando que falasse o que precisava, deixando claro que não tem intensão de socializar com o Arqueiro. Isso quase me faz querer sorrir, quase.

 -O prefeito pode estar em perigo. -começo a dizer com minha voz alterada pelo modulador.

—Dizem que você é o prefeito. -ela olha em minha direção com ar desafiador, depois solta um suspiro e retira algo de seu bolso. -Na verdade não estou interessada em sua identidade, espero nunca saber quem você realmente é, da mesma forma que espero que a cidade também não descubra -lança o objeto em minha direção e o pego no ar. -Não seria capaz de esperar que salve pessoas colocando sua própria vida, família e interesses em segundo plano se associá-lo a alguém real. Odeio admitir, mas no momento essa máscara é necessária. Isso foi tudo o que consegui copiar da queixa que abriram contra o prefeito.

—Sinto muito por pedir que me ajude. -por algum distúrbio momentâneo essas palavras me escapam. A expressão dura no rosto da garota de dissipa e ela dá um passo hesitante em minha direção, com seus olhos no chão, evitando meu rosto.

—Acho que devo isso, não pensei que a coisa dentro do departamento de policia estivesse tão feia, mas é pior do que consiga imaginar. -ela afasta um pouco dos cabelos que cobriam sua face devido o vento forte. -Você, seja o verdadeiro Arqueiro Verde ou não, está se sacrificando para ajudar o herói que salvou a única família que me resta. Então obrigada.

“Cara, eu tenho que tirar ela dessa cidade.” A voz de Roy surge em meu comunicador. “Boby vai acabar sendo morta.”

—Pode colocar isso no seu rádio? -estendo um dispositivo de acesso pequeno, que ficaria imperceptível em seu ponto de comunicação. -Meu parceiro quer garantir que não vai acabar perdendo a única família que o restou também. -Boby ergue a cabeça por reflexo, mas desvia o rosto de imediato ao perceber que estava perto o bastante para ter um vislumbre de partes da minha fisionomia.

É tudo tão mais fácil em Gotham. Batsinal, um comissário de policia bigodudo que não nos faz dizer nada que não esteja no script e nenhum apego a familiares de parceiros que acabamos de conhecer. Merda de Star City. Vou virar um maricas nessa porra de cidade.

Espero que ela instale o aparelho e quando escuto Felicity me dar um okay, salto do prédio no mesmo instante. Os segundos de queda me ajudam a voltar minha cabeça para o lugar certo, atiro uma flecha e sou erguido para o prédio da frente, onde Bruce e Roy nos observavam. Entrego a meu mentor o cartão de memória que recebi da garota, e ele o escaneia enviando diretamente para Felicity, agora nós teríamos que fazer a parte ainda pior desse plano de merda. Mexer em coisas que não são da nossa conta.

Roy não é nada apegado ao Cão Problemático, então estava 100% dentro, já Diggle era outra história. Apesar de não se opor, a desaprovação em seu rosto era do nível Alfred Pennyworth. Tudo aquilo era tão obvio para meu habitual time que Bruce e eu estávamos no mínimo indiferentes, mas quando paramos o carro no local que combinamos encontrar com a Cat, seu rosto era um misto de fúria, revolta e irritação. Antes que qualquer um de nós pudesse prever, ela se lançava contra John Diggle como se fosse um trator em velocidade máxima.  

SELINA KYLE

Estava feliz no começo desse dia, sentia falta da máscara de gata e a liberdade de correr sobre os telhados de uma cidade poluída e decadente. Mas como dizem que alegria demais não passa de preludio de desgraça, bem, a merda começou a desandar mais cedo do que o esperado. Comecei tentando não julgar que esse René fosse um covarde, mas acabou sendo uma tarefa impossível depois de segui-lo em seu horário de almoço na prefeitura.

Não era para o FBI que estava entregando os amigos dessa vez, a verdade não poderia ser mais distante disso. O segui em direção a um antigo galpão abandonado na pior parte dos Glades, o homem olhou para os lados antes de encostar a mão na maçaneta de uma porta enferrujada, mas antes que pudesse abrir um barulho ensurdecedor começou o deixando desacordado.

Fui amparada por um par de mãos pequenas e me surpreendi com Nissa ao meu lado, seus olhos estavam na cena a nossa frente. Uma mulher loura em roupas de couro erguia René como se ele fosse lixo toxico. Nissa faz sinal para que eu espere e me puxa para trás de uma viga.

—O que pretende fazer seu imbecil? -a mulher grita furiosa para o homem que se contorcia tentando se recuperar da dor.  -O que é agora, ameaçaram sua filha e por isso quer entregar o filho deles?

—Ela vai mata-lo. -sussurro para Nissa que encarava o que acontecia com seus olhos em chamas.

—Pois que mate, não existe honra em uma vida de traição. -sussurra de volta sem desviar o olhar.

—Você não entende... -ele diz em meio a um choro entrecortado, sendo acertado em cheio por um soco pela outra.

—Eu deveria ser a vilã -diz o arrastando sem nenhum cuidado na direção oposta. -Mas você é tão covarde e nojento que me faz ficar bancando a heroína.

—Onde está o filho do meu marido? -Nissa pergunta se esgueirando em silencio para seguir os dois.

—Oliver? -olho em volta em busca de uma rota melhor, Nissa assente. -O garoto está com Felicity, devem estar em casa esperando soltarem seu... Marido. -minha voz soa confusa, mas não tinha tempo para me importar com a nomenclatura que se davam nesse time estranho. -Espera! -seguro seu braço e Nissa para a contra gosto. -Vai atrás dos dois, nós precisamos descobrir quem está nesse galpão.

—Não é correto deixa-la...

—Jason pediu que fizesse minha segurança? -ergo uma sobrancelha, encarando o rosto envergonhado da garota a minha frente.

—Vou segui-los. -solta depois de um longo suspiro. -Não seja pega. -sorrio ao perceber sua preocupação genuína. Não sei como duas irmãs podem ser tão diferentes, Nissa não é nada como a vaca da Thália.

Já entrei em lugares muito mais guardados, e esse estava sendo tão fácil que só poderia ser armadilha. Quem estava dentro desse galpão não tinha a menor vontade de se esconder, ou talvez pensasse que ninguém seria insano o bastante para xeretar onde não deve. Uma mulher de cabelos curtos estava monitorando meia dúzia de agentes, com um uniforme azul escuro que me faz levar a mão ao ventre automaticamente.

—Pensei que estivesse fora. -a voz masculina me faz saltar para a parede contrária a que estava me escondendo, um homem louro com olhos verdes quase gentis e uma expressão dura que destoava de seu rosto convidativo me encarava nada surpreso com minha presença. -Seja bem-vinda, Cat.

—Trevor. -murmuro recuperando minha compostura. -O que infernos a ARGUS está tramando dessa vez?

—Não somos os vilões, pensei que já soubesse disso. -diz caminhando na direção da equipe. -Lyla, temos visita.

A mulher no centro do vortex instalado no galpão me encara, por um instante vejo algo como medo passar por sua face, mas logo qualquer expressão é contida. Ela anda em nossa direção, me estudando como se eu fosse um novo projeto pronto para entrar em uso, mas encaro de volta deixando claro que era mais fácil o Batman distribuir abraços carinhosos por Gotham do que eu me aliar mais uma vez a sua organização.

—Mulher Gato, não tive o prazer de trabalhar ao seu lado ainda. -estende a mão em cumprimento, o que ignoro. -Soube que teve sucesso em sua última operação. -isso quase me fez sorrir.

—Claro, onde vocês me deixaram para morrer.

—Não seriamos necessários, você tem seus próprios recursos. -Steve Trevor pela primeira vez consegue me despertar nojo, o que aconteceu com o cara que só queria fazer o melhor para o mundo?

—Querem sequestrar criancinhas agora? -me viro para ele que não parece conseguir formular um argumento convincente. -E você, não é amiga da família? -me viro para Lyla que desvia o olhar, claramente culpada.

Mas apesar de desejar todas as respostas de imediato, sei que seria o ovo que quebrariam para fazer a omelete que desejavam. Se não fosse esperta, não sairia com vida.

—Sabia que estava gravida quando me mandou para Arkham. -afirmo, encarando Steve que não consegue me olhar nos olhos.

—Nós seguimos ordens...

—Você segue. -corrijo antes de acertá-lo com um chute e aproveitar o impulso para nocautear Lyla e lançar uma bomba de fumaça no chão.

Todos os agentes tentavam me acertar agora, e por um segundo cogitei permitir. É cansativo lutar sempre e quase nunca vencer, é irritante não poder confiar em ninguém, não estar imune a corrupção e por vezes se ver tão atraída a ela que chega a ser fácil se deixar levar. Esse pensamento me faz hesitar um instante, mas antes que possam me atingir sou ladeada por duas figuras femininas. Nissa agora estava ao lado da mulher que seguia mais cedo, e coloca algo em meu ouvido antes da outra gritar como uma cantora ruim de opera, deixando todos no galpão menos nós três desacordadas.

—Por que ela está com você? -murmuro sendo ajudada a me levantar.

—Felicity Smoak me pediu um favor. -a mulher dá de ombros, mas aquilo parecia irritá-la de alguma forma. Algo em sua expressão me lembra de como eu costumava ser, antes de Bruce e os outros. -Por algum motivo não consigo dizer não a lourinha.

—Vamos sair logo daqui. -Nissa decreta atirando uma flecha no centro dos computadores e saímos do local em seguida.

John Diggle, é o primeiro nome que me vem a mente. Mas se for esse o caso o desgraçado é o melhor ator que já viveu até o momento presente, pois o cara é o retrato de tudo o que desperta respeito em qualquer pessoa. Mas quem além dele entraria no bunker para monitorar o time do Arqueiro Verde? Depois tem isso de entregar o William, que espécie de pai pode colocar o filho de outra pessoa em risco?

—É melhor eu ir. -a mulher loura diz a Nissa quando paramos no ponto de encontro para esperar pelos outros. -Não quero aturar o julgamento do seu time.

—Não tenho um time. -responde mecanicamente, antes de assentir e entregar um dispositivo de comunicação a outra. -Chame se precisar de ajuda.

—Não sou a sua Laurel, não tente...

—Você também teve uma Sarah, não teve? -interrompe a loura que assente com tristeza. -Chame se precisar. -mesmo contrariada a mulher aceita e nos dá as costas sem dizer mais nada.

Minhas mãos estavam tremulas, não de medo ou adrenalina, eu estava furiosa. Amigos deveriam ser fieis, deveriam proteger uns aos outros, amigos não deveriam trair quem os acolheu como família. Até mesmo eu que sou uma ladra sei muito bem disso.

—Você é uma guerreira admirável. -escuto a voz de Nissa, mas estava encarando minhas próprias mãos. -Então não acredito que meia dúzia de agentes seriam o bastante para captura-las.

—Não estavam tentando. -dou de ombros.

—Foi o que pensei. -o som de um suspiro faz com que olhe em sua direção. Seu rosto bonito parecia genuinamente triste. -Você desistiu. Conheço a expressão, todos chegavam à Liga dos Assassinos com essa mesma expressão.

—Não sei do que está falando. -desvio meu rosto para não dar a ela a confirmação que faltava, mas algo consegue acabar com nosso papo furado. O carro em que o time estava aponta na esquina e agora sei em quem despejar todo o meu ódio.

Bruce é o primeiro a descer, com as roupas pretas e a máscara de esquie, seguido por Roy e Jason. Então finalmente o bilhete premiado aparece, no instante em quem John Diggle deixa o carro eu me lanço contra ele o prensando no veículo. Seu rosto só continha surpresa, mas no instante em que deslizo uma garra em sua orelha, descendo lentamente para o pescoço e deixando um rastro vermelho pelo local, todos ficam paralisados sem saber como reagir. Até mesmo o meu alvo.

—De tudo o que odeio nas pessoas, traição é o que me deixa mais puta. -as palavras soam como um grunhido repleto de fúria. -A vida de uma criança está em risco, seu desgraçado!

—Cat! -escuto Bruce chamar, mas ignoro. Meu foco era todo do Espartano.

—Não tenho ideia do que está acontecendo. -o filho da puta soa sincero, parece sincero. Como alguém poderia mentir tão bem assim? -Eu juro, nunca trairia eles. Jamais.

—Talvez seja verdade. -Nissa coloca a mão em meu ombro e pressiona de leve. -Esse homem já esteve disposto a se entregar ao meu pai junto ao amigo.

E Holly parecia estar disposta a dar a vida por mim... No fim me usou como um maldito peão. Seu jogo custou um futuro onde meu bebê estaria vivo, onde eu estaria ao lado... Olho para Bruce e seus olhos azuis estavam tranquilos por baixo da máscara, ele não me pararia, começaria a lutar se preciso no instante que eu desse o sinal. Jay a seu lado não estava tranquilo como o mentor, mas pararia qualquer um que avançasse em minha direção, por essa razão Roy mesmo claramente alarmado, não cogitou me deter.

—Os gravadores eram de sua esposa. Quem mais os coletaria frequentemente para deixa-la a par de tudo o que estamos fazendo? -cuspo as palavras como se fossem ofensas, mas o rosto de Diggle muda completamente de confusão para algo bem próximo de raiva, da mesma forma que uma pessoa traída aparentaria naquela ocasião. Então ou ele realmente é inocente ou esse filho da puta merece um Oscar.


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Notas finais do capítulo

Visualizem uma cena comigo, Jay pendurado na escalada de Salmão e eu aqui babando hehehe.
Me digam o que acharam!
Bjnhos!



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