Shadow escrita por Course


Capítulo 17
XVI - Quites


Notas iniciais do capítulo

Hello, it's me.

Sim, meses desaparecida.
Eu sei, eu sei.
Acontece que estava passando por uma fase turbulenta na minha vida e, agora, estou passando por uma fase péssima e usando a escrita para extravasar e me esconder dos problemas (eu sei, muito feio, mas eu não estou com forças para enfrentar os problemas agora).
Resolvi, então, buscar forças na Eve e reerguer a história.
Sei que há MUITOS comentários que deixei de responder e, prometo, que responderei a todos, assim que possível.
Não desistam da história, não desistam de mim.



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Quites

Em Volterra, mais especificamente, o único esporte que gostávamos de praticar era a corrida até o salão do trono quando Heidi chegava com nossa comida. Um pouco macabro, agressivo e totalmente animalesco, mas, ainda assim, preferia pensar que era um esporte.

Só de olhar para o enorme campo esverdeado a minha frente, com a pista de corrida circundando sua margem, sentia minha espinha se arrepiar ao recordar da corrida que tive que praticar no dia anterior. Por sorte, eu tinha um pai médico que, tomado pela ousadia de testar em meu organismo remédios mundanos, recomendou-me um analgésico que surtiu um efeito incrível e relaxante em meu corpo.

Quando nos acomodamos na arquibancada de ferro que nos garantia uma visão perfeita dos jogadores correndo com seus bastões em campo, senti uma sequência admirável de olhos ao nosso redor, como se não fosse certo que estivéssemos lá.

― Fica tranquila. ― Sussurrou Alice ao pé da minha orelha ― Eles estavam acostumados a verem Emmett por aqui e não a gente. Daqui a pouco nos ignoram. É só fazer de conta que não está percebendo nada.

Assenti, esforçando-me mentalmente para seguir suas instruções.

Acontece que, pela distância em que me encontrava, muito mal conseguia ver e entender o jogo. Aparentemente havia dois times diferentes. O da escola, usando o uniforme amarelo e vermelho, e o rival, ostentando as cores verde e preta com um brasão de cobra estampado na frente das camisas.

Precisei de uma explicação rápida de Jasper para entender como funcionava e qual era o objetivo. Aparentemente, o objetivo era capturar a bola pequena com as cestas e marcar um gol nas traves erguidas que sustentavam uma rede na parte traseira. Havia duas traves ao final de cada campo protegidas pelo goleiro, responsável por impedir que o time adversário marcasse o ponto. Tradicionalmente, quem fizesse maior número de pontos, levava o troféu do dia.

― Aquele lá é o Ethan! ― Avisou Alice, apontando discretamente para o jogador com a bola em sua cesta e correndo pelo campo aberto, esforçando-se para fugir dos outros que tentavam derrubá-lo ou intercepta-lo.

Era um jogo de corpo também. Afinal, a cada instante, havia alguém caído, pulando, correndo, se jogando, machucando, ferido ou gritando. Praticamente um bando de gladiadores lutando pela chance de carregar a diminuta bola e marcar um gol. Observando-os daquele modo, quase conseguia captar em seus movimentos heranças de seus ancestrais guerreiros, que provavelmente, séculos atrás, precisavam fazer uso de boa coordenação para garantirem a sua sobrevivência.

― Está conseguindo entender o jogo? ― Alice perguntou, mas não tive tempo de responder, porque Alessa surgiu, pulando de alegria na minha frente com um sorriso enorme enquanto carregava pompons dourados e reluzentes em ambas as mãos. Eu assistia a filmes de adolescentes na Taverna em Volterra vez ou outra e conseguia identificar uma líder de torcida quando via uma.

― Eve!!! Nossa, nossa, nossa! Nem acredito que você está aqui!

Encolhendo-me com o seu abraço invasivo, fiz o maior esforço possível para não me sentir enjoada com o cheiro forte de morango que captei do perfume que ela exagerara ao borrifar em seu corpo.

― Tipo, as meninas meio que apontaram pra você aqui na arquibancada e eu tinha que ter certeza de que era você mesmo. ― Largando-me e permanecendo na minha frente, Alessa sorria animadamente e de forma irritante, enquanto balançava seus pompons ― Eu emagreci o suficiente para Jenny me deixar torcer hoje. Aí ela meio que me ofereceu umas bebidas pra ficar animada, porque estava um pouco nervosa. E adivinha só? Eu consegui! Dei um salto incrível no início do jogo. Pena que você perdeu.

Ela estava bêbada.

Olhei para Alice e Jasper que me encaravam de volta com a mesma frase estampada em seus olhos: Alessa estava embriagada.

Por viver passeando pela taverna em Volterra, eu tinha um radar muito bom para identificar jovens quando estavam sob o efeito do álcool e, aquele instante, a ruiva saltitante era uma dessas.

Voltando-me para ela, fui forçada a indagar:

― Alessa, o que tinha na bebida que a Jenny te ofereceu?

― Ah, Eve, desencana! Eu sei o que está pensando agora, mas fica tranquila! Tipo, todas as líderes beberam a mesma coisa que eu e estão agitadas. Só um pouco de energético, garanto! Talvez umas gotinhas de licor do pai da Stacey, mas... nada de mais, eu juro, juradinho!

Encarei de soslaio Jasper que simplesmente deu de ombros, dando a entender que eu é quem deveria lidar com aquilo.

Não queria ser grossa, sinceramente. Naquele instante, estava me esforçando para reunir formas e pensar em como conversar com Ethan explicando que minha recém-relação com minha família ainda era muito sensível e, por fazer parte desta nova rotina e ritual social, estava me adaptando há muitas coisas novas. Obviamente, no fundo, eu sentia ainda que ele havia errado totalmente ao chamar minha família de bizarra, entretanto, cansada de continuar promovendo aquela discussão boba e persistindo na ideia de encerrar essa história, lá estava eu, pronta para colocar uma pedra sob aquele problema.

Alessa não demorou a ser convocada pelas outras líderes e, assim, acompanhando seus movimentos, pude perceber notoriamente, que ela não estava totalmente sob efeitos alcóolicos. Boa parte daquela animação realmente era proveniente do energético que tomou e de toda a agitação que as meninas compartilhavam em prol da torcida pelo time de lacrosse da nossa escola.

O jogo era confuso de se entender, principalmente enquanto eu fazia uso da minha aptidão humana para analisar os passes rápidos com as bolas. De certa forma, eu era grata por não estar na forma vampírica ali, pois perderia o foco do jogo enquanto ansiava pelo sangue que provavelmente pulsava nas veias expostas dos jogadores. Além disso, não demorei muito a me divertir enquanto assistia o jogo e a me envolver com a torcida que clamava arduamente por mais pontos.

No fim, lacrosse não era tão horrível. Meninos correndo com bastões com redes pelo campo, em busca de carregar uma pequena bola branca até o campo adversário e acertar dentro do perímetro marcado por traves de um gol estreito e não tão alto.

Jasper e Alice partilhavam de um momento íntimo de risadas, fazendo comentários baixos e extremamente velozes que minhas aptidões humanas não eram capazes de captar e logo, mais uma vez, vi-me pensando sobre como meu processo de inclusão na família poderia ser difícil.

Primeiro, eu possuía o poder de me esconder entre os humanos e, de certa forma, aquilo fazia-me, fisicamente, parecer totalmente diferente dos outros. Em segundo lugar, antes de eu chegar ali, cada um já possuía sua própria rotina e modo de viver para fugir do tédio da eternidade. Apesar da minha chegada parecer ter provocado um alvoroço na família e lhes proporcionar momentos de entretenimento às minhas custas, ainda sim, havia momentos, como exatamente aquele, em que eu me sentia fora da bolha que havia entorno de cada um deles.

E, por fim, finalmente compreendi o que cada um dos humanos sugerira ao longo das semanas para mim. Era aquilo, não é mesmo? Os Cullens realmente faziam aquilo: enfiavam-se numa bolha exclusiva e, quando sentiam-se a vontade, proporcionavam uns minutos de visão de suas vidas ao mundo externo que, neste caso, eu fazia parte momentaneamente.

Soltei um bufar alto demais que chamou a atenção de meus irmãos para mim instantaneamente.

― Ethan perdeu a chance de fazer um gol. ― Revirei os olhos e apontei para o campo à minha frente, forçando uma careta de desdém para um lance que sequer existira.

Jasper e Alice nem tentaram olhar para o campo, pois, simplesmente, sentiram-se convencidos de minha reclamação e, logo, voltaram para seu mundinho fechado novamente.

Dessa vez, internamente, permiti-me revirar os olhos, só um pouquinho, e cogitei a possibilidade de indagar sobre o que raios eles conversavam. Contudo, tomada por uma resistência súbita a não me entregar à curiosidade e impaciência, voltei-me totalmente para o jogo e busquei focar novamente nos minutos finais da partida.

Finalmente, depois de três pontos somados ao placar, o jogo finalmente deu-se por encerrado com o soar do apito do juiz que mediava a partida e eu senti o peso do que estava prestes a fazer cair sob meus ombros.

Era a primeira vez em toda minha vida que estaria ali, em uma posição vulnerável, vivendo no meio de humanos, como uma humana, disposta a dar meu braço a torcer ― exatamente como Jasper falara antes ―, querendo me livrar dos pensamentos sórdidos que sondavam minha mente e me desculpar com Ethan.

Um passo e tanto para alguém que passou toda sua vida achando que os humanos eram apenas a prole, subordinados, refeição.

― Certo. E o que fazemos agora? ― indaguei para meus irmãos, notando que a massa dos estudantes na torcida já estavam se dispersando.

― Ethan vai para o vestiário se trocar para a festa. Daqui há vinte e nove minutos ele passará no estacionamento sozinho, em direção ao carro dele. Você vai ter treze minutos até alguns caras do time aparecerem pedindo carona para a festa pós-jogo.

Assenti, como se calculasse mentalmente quanto tempo efetivamente poderia durar um pedido de desculpas.

Droga, eu não sabia.

― Quer que a gente vá com você até o estacionamento... ou... ― Jasper pareceu protelar em suas palavras, lançando-me, através de seus olhares, pedidos suplicantes para que o deixasse fora do momento constrangedor.

― Consigo achar o estacionamento sozinha. ― Sorri, seca, ciente de que seriam os próximos vinte e nove minutos mais lentos da minha vida.

Foi necessário atravessar duas manadas de adolescentes empolgados com a vitória do nosso time e quase ser atropelada uma vez por um pai muito motivado a chegar em casa, para finalmente conseguir um local seguro no vasto pátio de estacionamento dos fundos da escola. Quando notei o número elevado de veículos, senti-me estúpida por não ter conferido com minha irmã o modelo do carro de Ethan. Então, consciente de que ele poderia dirigir qualquer um dos que ainda estavam estacionados, passei os minutos seguinte rodeando o estacionamento, buscando um local com o melhor ponto de visão possível para encontrar o humano que eu tanto esperava encontrar.

Demorou o que parecia ser uma eternidade para que finalmente eu avistasse o cabelo pontiagudo e louro do garoto que eu buscava. Como minha irmã previra, ele estava sozinho, carregando o que parecia ser uma mochila pesada enquanto atravessava o pátio rumo ao local onde três carros estavam estacionados.

O que eu faria agora? Gritar seu nome? Correr até ele? Pedir desculpas à distância, enquanto acenava com uma das mãos? Merda, como eu era ruim naquilo.

Acontece que não precisei de muitos esforços para chamar sua atenção, já que o peguei me encarando enquanto abria a mala de um sedan prateado e jogava sua quinquilharia lá dentro. Obviamente, sua feição de surpresa revelou que o fato de eu estar ali, sozinha, num pátio quase abandonado, era algo surpreendente em sua visão.

Tá, tudo bem. Eu tinha que improvisar.

Em passos largos, fui me aproximando o mais rápido que conseguia dele e, apesar de sentir um turbilhão de emoções ao mesmo tempo que, com meu cérebro envolto na sombra, não era capaz de controlar, tentei respirar fundo pausadamente enquanto focava nas palavras exatas a serem ditas assim que me aproximasse o suficiente para que seus ouvidos humanos ouvissem minhas palavras sem que elas precisassem ser gritos.

― Oi.

― Oi. ― ele retribuiu enquanto ainda mantinha seus olhos fixos em mim e fechava sua mala.

E agora? O que eu faço?

Respirei fundo e aproximei-me ainda mais, em passos que batiam pesados no concreto do chão.

― Eu vi o jogo. ― Comecei.

― Eu sei que viu.

― Me viu na arquibancada? ― perguntei cética e ergui minha sobrancelha sem acreditar muito na veracidade.

― Difícil não enxergar os irmãos Cullens em destaque e afastados de todos em uma arquibancada. ― Ele soou desdenhoso, mas me esforcei para não levar para o pessoal.

― É, tem razão. ― E tinha mesmo.

― O que você quer, Eve? ― Direto, Ethan não mediu esforços para deixar claro que já estava ciente de que eu queria algo com ele.

― Me desculpar. ― Soltei, como se estivesse segurando o ar por muito tempo.

Disposto a fazer uma linha dura, ele ergueu os braços até cruzá-los na frente de seu peito, deixando exposto os músculos que tencionavam a mostra com o fim das mangas curtas de sua camisa.

― Por ter achado que eu estava dando em cima de você? ―  Ele indagou ― Tipo... essa é uma daquelas coisas que algumas pessoas homofóbicas fazem para provar que não são homofóbicas?

― Eu não sou homofóbica! ― resmunguei, defendendo-me.

Por favor, como aquilo era difícil!

― E eu não tenho nada a ver com o fato de você preferir homens. Na verdade... o meu motivo de desculpas não tem nada a ver com o fato das suas preferências serem iguais as minhas.

― Então, tá. Pelo que está se desculpando?

Boa pergunta. Quais eram meus motivos, mesmo?

Ah, certo.

― Hm... eu fui grossa com você. E, apesar de potencialmente eu ter achado durante muito tempo que tinha razão em detestar você, porque, como você bem sabe, chamou minha família de bizarra. Mas... não justifica minhas grosserias.

― Não mesmo. ― concordou ― Mas, tudo bem, Eve. Eu entendo.

― Entende? ― Indaguei, surpresa ― Entende mesmo?

― Claro. ― Dando de ombros, ele deu alguns passos até estar a poucos centímetros de distância de mim ― Sabe, ontem eu fui no hospital visitar minha avó que está internada e... meio que ouvi seu pai e sua mãe terem uma conversa no telefone e-

― O que?! ― guinchei. Além de abusado, ele era fuxiqueiro! ― E o que você ouviu? ― grunhi, perdendo totalmente meu senso de calma naquele instante e apontando o dedo em sua cara que estava bons centímetros acima da minha.

― Olha, calma. ― ele deu um passo para trás e ergueu ambas as mãos ― Eu ouvi só sobre como está sendo difícil pra você essa adaptação. Caramba, eu é quem deveria me desculpar, Cullen. Tipo... você veio de outro lugar, do outro lado do mundo, lá da Itália. Foi adotada a pouco tempo e está se adaptando a novas experiências. E eu fui meio escroto mesmo em chamar sua família que te acolheu de bizarra. Então... eu é quem peço desculpas. Apesar de realmente ter tentado ser seu amigo e tudo mais... sei que usei argumentos meio que... errados com você.

― Oh... ― Por essa, eu não esperava.

Humanos são tão esquisitos.

― Tá, hm... é, claro. Sim. Eu realmente estou passando por... umas coisas novas. ― concordei, piscando algumas vezes e encarando meu entorno enquanto percebia que com o escurecer do dia, minha visão não se adaptava muito bem àquela falta súbita de luz, como normalmente, enquanto vampira, eu me adaptaria. Não era uma grande surpresa, afinal, passara por aquela sensação diversas vezes, sempre que fugia da fortaleza em Volterra, contudo, nunca era uma experiência agradável.

― Então... estamos quites? ― Ethan sugeriu, enquanto esticava uma das mãos em minha direção, aguardando meu aperto de sinal de paz.

― E o que vai significar... esse estar quites? ― Resolvi perguntar totalmente alheia às suas intenções e ainda lidando com a surpresa da ação de boa-fé do garoto.

― Olha... Aos poucos você vai me conhecer e perceber que, normalmente, eu não tenho problemas com ninguém da cidade. Então, vai descobrir que, no futuro, podemos ser melhores amigos. Claro, quando você realmente me desculpar por ter chamado sua família de bizarra e tudo mais.

Duas palavras em seu discurso me fizeram ficar em alerta. Melhores amigos. Tecnicamente, me conhecendo tão bem, eu seria incapaz de considerar um mero mortal um amigo valioso, contudo, estava ciente de todo o trabalho que eu tivera até chegar ali, então, estava de acordo com o fato de uma trégua de ódios gratuitos, se é que ele realmente oferecia aquilo.

Apertei sua mão, sem hesitar mais e assenti rapidamente.

― Tudo bem, Ethan. Estamos quites.

O som de alguns passos vindo em nossa direção me colocou em alerta. Não demorei a enxergar os meninos que Alice me alertara e entendi que meu tempo ali havia acabado.

― Então, Cullen. Topa ir numa festa comigo? Pra que eu tenha a chance de provar que poderemos ser amigos e que eu me desculpe realmente pelas palavras ofensivas pra sua família?

Lá estava novamente a hesitação constrangedora. De certa forma, a curiosidade por conhecer mais do ambiente que tanto os adolescentes almejavam neste século me era profundo, contudo... não parecia ser uma boa ideia.

― Hm... eu estou com meus irmãos. ― Apontei para um local vazio, como se fosse fazê-los se materializarem bem ali e me ajudarem com a indecisão.

― Ah, eles podem ir também. Vai ser engraçado a reação do pessoal com a aparição dos Cullens em uma festa da escola, pela primeira vez. ― Ethan argumentou e acenou para os colegas que se aproximaram.

― Cullens nas festas da escola? ― Um garoto moreno e alto proferiu as palavras com sarcasmo ― Essa eu pago pra ver. ― E seu sorriso branco e animado logo estava estampado na face.

― O que me diz, Eve? ― Ethan indagou, como se estivesse animado e confiante.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Alessa surgiu ao lado de duas líderes de torcida, agora portando roupas normais e sorrindo animadas.

― Eve!!! Você também vai à festa da Jenny?

― Nossa... Essa festa parece algo realmente importante pra vocês. ― Forcei um sorriso enquanto a via se aproximar.

― As festas na Jenny sempre são tranquilas, juro. Nada de bebidas alcóolicas. ― Com uma careta e um revirar de olhos, percebi que ela levemente zombava das minhas palavras mais cedo.

― Nem pensar em bebidas na casa do reverendo. ― Um dos jogadores que também estava ali na nova rodinha formada entorno do carro de Ethan comentou e gargalhou, como se aquilo fosse uma piada tremenda.

― Hm... É, eu acho que posso conferir o que acontece de tão bom nessas festas. ― Aquela era mesmo eu concordando com a participação em uma festa de humanos?

― Eve! ― Antes que eu pudesse absorver os assovios e gritos de empolgação com as minhas palavras, ouvi o som suave da voz de minha irmã bem atrás de mim.

Assim que virei-me, a peguei me encarando de forma alarmante enquanto se aproximava, acompanhada de Jazz.

― Precisamos voltar pra casa. ― Jasper anunciou ― Já está tarde e amanhã vamos fazer aquela caminhada, lembra?

Era mentira. Não havia caminhadas programadas para amanhã. Na verdade, seria dia de caçada com Emmett e Jasper.

― Eu estava pensando em ir à festa com o pessoal da escola, se não houver problemas. ― De certa forma, era um risco que eu estivesse tão próxima do meu prazo de caçada com humanos a minha volta, mas a curiosidade mórbida, de repente, pareceu tomar controle das minhas ideias.

― Ah... ― Alice suspirou e, por fim, sorriu. ― Bom... você pode nos dar o endereço para pegá-la depois?

Encarei Jenny e Ethan, e aguardei por uma espécie de guia.

― Ela mora na rua Albamort, na divisa da reserva La Push. ― Ethan informou ― Mas, se preferirem, eu a levo para casa à noite, depois da festa.

― Na verdade, há problemas sim, Eve. ― Jasper contestou e deu um passo a frente ― Nosso pai não vai gostar de saber que você saiu para festas tão tarde da noite e tão próximo da sua caminhada. Seria melhor que você não fosse para essa festa.

― Ah, é. Bem... Eu achei que não haveria perigo. ― O modo como eu deixei escapar a última palavra foi errado, mas não imaginei que os humanos ali compreenderiam o tamanho do problema que estariam metidos ― Alice, será mesmo que eu terei problemas? ― Indaguei, ciente de que minha irmã buscaria ver no meu futuro qualquer deslize.

― Hm... Sinto muito, Eve. É melhor que você vá pra casa. ― Encolhendo os ombros, ela apenas desviou os olhos para evitar minhas inúmeras indagações.

Olhei a minha volta e percebi que nenhum humano ali iria contestar os argumentos fracos de meus irmãos. E totalmente eu compreendia que a fama de... bizarros estava envolvida com suas atitudes.

― Nos vemos na escola, Eve. ― Ethan acenou, enquanto me via partir, acompanhada de meus irmãos e, por uma fração de segundo, senti em meu peito arder a vontade de acompanhar aqueles adolescentes à casa de Jenny que eu nem gostava muito ao invés de voltar para a mansão Cullen e ficar, mais um dia, confinada e sendo, a cada segundo, analisada para que eu não exploda em um monstro sanguessuga, sedento por morte e comida.

 


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Notas finais do capítulo

Eu sei que ainda há muita gente detestando o Ethan aí. Prometo que não os forçarei a engolirem o menino, tão rápido. Mas quero que compreendam que ele terá um papel fundamental na vida da Eve para que ela interaja melhor com as novas questões humanas.