Uncover escrita por nywphadora, nywphadora


Capítulo 3
Capítulo 2




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As fichas estavam ordenadas por ordem alfabética de província e não por ordem alfabética de nome.

Liam não conseguia decorar os nomes das garotas, por mais que tentasse, eram muitas. Ele provavelmente precisaria de uma cola até que decorasse seus rostos.

Tinham quatro garotas de 16 anos e três de 17. Tudo bem que ele tinha 18 e não era uma diferença tão grande de idade, mas ele não podia evitar sentir que aquilo era extremamente errado. 16 anos era praticamente a idade de uma criança! E ele tinha quatro "crianças" ali!

Quando ele disse isso em voz alta, Marlin gargalhou tanto que ele temeu que estivesse passando mal.

— Nenhuma garota ali é uma criança, isso eu posso te garantir — ele disse, quando conseguiu se recuperar da risada.

É claro que ele jogaria na sua cara que seus pais tinham o deixado preso em seu quarto enquanto as garotas circulavam com McGonagall pelo castelo, enquanto que o guarda podia caminhar livremente. Era parte das regras da Seleção, as garotas só podiam ver o príncipe no dia seguinte.

— Eu só vou poder vê-las amanhã, conversar por alguns minutos e já terei que eliminar alguém! — Liam resmungou — Isso não é justo! Como eles esperam que eu saiba eliminar a pessoa certa? E se eu eliminar a pessoa errada?

— Siga o seu coração, Evans.

Vindo de Marlin, era um deboche escarrado.

— Vai se danar.

Ele voltou a gargalhar, não tão forte dessa vez.

— "Vai se danar" — McKinnon imitou-o — Nossa, agora eu estou realmente ofendido.

Ele não desistia de zoar a sua incapacidade de falar palavrão, sempre tentando fazê-lo perder a paciência a esse ponto.

— Por que eu não te demiti ainda mesmo? — Liam se perguntou.

— Porque você é incapaz de viver sem mim.

Nem um pouco convencido.

— Eu posso não te demitir, mas seu superior ainda pode — ele ameaçou-o — Vai logo para a ronda, ou seja lá o que vocês guardas fazem.

Marlin obedeceu, levantando-se da cadeira, mas virando-se para ele antes de sair do quarto:

— Depois não reclame de tédio.

Voltou a se focar nos relatórios assim que a porta fechou.

Dezesseis garotas eram de castas maiores que a 4, a qual ele não considerava tão alta assim, apesar de ser quando se considerava a linha de pobreza. Na sua lógica, tendo oito castas, a quatro e a cinco eram a média.

Se dependesse dele, e da personalidade dessas dezesseis, ele eliminaria seis logo no dia seguinte.

Enquanto Petuel prestigiava demais as castas mais altas e quatro era o máximo que aceitou nas semanas seguintes, Liam era o contrário. Era um pouco preconceituoso de sua parte, mas não conseguia enxergar como garotas acima da 4 poderiam ter um senso crítico.

Talvez aquela Seleção o provasse o contrário.

Reconheceu 15 sobrenomes, alguns sendo da casta 4. Um deles ele só reconhecia porque era parente de Demetria Wilkes. Que maravilha! Tudo o que precisava era a irmã, ou prima, da garota que deu em cima dele na Seleção do seu irmão mais velho.

Tinha como piorar?

♔♔♔

Geralmente a realeza ia tomar café da manhã logo que acordava, mas durante o primeiro dia da Seleção, eles precisavam esperar pelas selecionadas. A longa mesa estava de volta à Sala de Jantar, e Liam começava a considerar que talvez fosse uma boa ideia deixá-la ali permanentemente. Nunca se sabia quando seus pais decidiram realizar uma terceira Seleção.

Esse pensamento soou debochado demais até para si mesmo. No geral ele não agia como uma criança mimada, então preferia não externar esses pensamentos.

Estava sentado na mesa circular que eles usavam para as refeições mais íntimas. Os lugares de Petuel e Veta estavam vazios, o que não era surpreendente, e Liam até preferia dessa forma, ou poderiam assustar as garotas. Seus pais estavam junto com ele, seu pai lendo um jornal impresso em outro idioma e sua mãe lendo uma revista.

— Você deveria ir ver as garotas — Doralice aconselhou-o.

Ela deve ter dado um toque no marido, pois Charles logo em seguida completou:

— Ah sim — concordou e então olhou para o relógio — Aproveite que a aula está quase para acabar e vá conversar com elas.

Liam sabia como que funcionava a conversa.

Ele respirou fundo, antes de levantar-se. Sabia que não era uma simples sugestão, era um dever que devia fazer. Os dois guardas, que estavam nas portas da Sala de Jantar, abriram-nas antes que ele pudesse se aproximar o suficiente.

Sabia que elas estavam no Grande Salão tendo a sua primeira aula. Ele respirou fundo, perguntando-se se deveria bater, mas decidiu que a melhor forma de tentar mostrar confiança era simplesmente abrindo as portas. Assim que fez isso, percebeu que todas as selecionadas estavam levantadas, provavelmente preparadas para ir ao café da manhã. Sentiu-se levemente culpado por atrasá-las.

— Alteza — McGonagall fez uma breve reverência a ele, afinal eles não estavam sozinhos.

Sentiu o seu olhar tranquilizador tentando acalmá-lo e respirou fundo outra vez, tentando não deixar tão evidente o seu nervosismo. Eram muitas garotas por metro quadrado.

As selecionadas seguiram rapidamente o exemplo de McGonagall, uma ou duas delas exagerando na curvatura, mas uma delas não o cumprimentou. Ficou parada de pé, olhando-o, parecia surpresa, os lábios levemente afastados e os olhos ligeiramente arregalados. Algo que só alguém bem observador poderia notar.

Minerva percebeu a situação e lançou um olhar repreensor para a selecionada, assim como uma garota ao lado dela bateu o braço no dela. Ela piscou, rapidamente percebendo a sua gafe, e fez uma reverência rápida.

— Espero não ter atrapalhado a sua aula — Liam dirigiu-se a McGonagall, tentando evitar deixar os cantos de sua boca erguerem-se.

— De modo algum, já estávamos nos dirigindo para a Sala de Jantar — ela respondeu, cortês.

— Eu espero que não se incomodem se eu tomar mais alguns minutinhos de vocês — ele dirigiu-se às meninas, sorrindo — Vou chamá-las individualmente para que possamos nos conhecer melhor.

Deu uma rápida olhada nas garotas, antes de decidir seguir um padrão. Iria da direita à esquerda a partir da primeira fileira, seria mais fácil assim. Sorriu para a garota loira sentada na ponta direita e estendeu a mão, que ela prontamente pegou, guiando-a para um dos sofás mais afastados, longe dos ouvidos curiosos.

— Então, senhorita Cara — ele leu em seu broche.

— Então, senhor Liam — ela imitou-o, levantando uma de suas sobrancelhas.

Liam permaneceu em silêncio, observando-a em silêncio. Percebeu que ela aliviava o nervosismo com piadas, então resolveu seguir o mesmo caminho.

— Deixe-me adivinhar — ele disse — Casta três?

— Errou — Cara respondeu, parecendo achar graça na brincadeira de adivinhação — Quatro.

— Droga — fingiu estar frustrado por seu erro — Geralmente sou muito bom em ler as pessoas.

— Pessoas que trabalham para o senhor? — ela perguntou e então riu, quando ele não respondeu — Foi o que eu pensei.

— E você trabalha com o quê? — aproveitou o gancho que ela lhe deu.

— Meus pais são donos de um hotel em St. George. Eu os ajudo, gosto muito de lá.

E mesmo gostando, ela tinha decidido se inscrever na Seleção.

Ele considerava uma pergunta muito íntima as motivações que as levaram a se inscrever, por esse motivo não estendeu o assunto por mais tempo.

— Bom, aqui em casa é como se fosse um hotel também — Liam brincou e ela levantou uma sobrancelha, sorrindo — Oh! Vamos! Observe as semelhanças! A diferença é que é um espaço maior e com mais empregados e segurança.

— Agora sim estou me sentindo em casa — Cara usou um pouco de ironia, mas de certa forma ela parecia agradecida.

Pelo quê, Liam não tinha muita certeza.

— Eu adoraria ficar conversando com mais tempo, mas temo que aquela senhorita desmaiará de fome se eu me demorar muito com vocês — ele indicou com a cabeça uma selecionada baixinha e acima do peso.

— Então nos falamos em outra oportunidade — Cara riu, levantando-se do sofá.

Ela fez uma reverência à sua frente e disse "Alteza".

Ele ia pedi-la para que chamasse a garota que estava sentada ao seu lado antes, mas isso não foi necessário. Outra loira aproximou-se, sem ser chamada, do sofá onde ele permanecia sentado.

— Alteza — ela reverenciou-o, antes de sentar-se ao seu lado.

Direta.

— Senhorita Lucy — ele leu o seu broche, evitando que uma careta escapasse.

Ela era uma das selecionadas de famílias de nomes conhecidos por ele.

— Não tem necessidade de me chamar de senhorita, Alteza — ela deu uma piscadela para ele.

Céus. Ele odiava as famílias de elite. Se pudesse eliminar a todas elas sem causar um escândalo, aquilo certamente seria um milagre. Eles não se importavam em não ter a coroa em sua família, mas eles certamente iriam querer que suas filhas fossem pelo menos até a elite, e de todas as famílias a Malfoy era a mais próxima do conselho.

Ele realmente não sabia como iniciar um assunto quando a sua maior vontade era mandá-la para casa imediatamente. A política podia ser um saco às vezes, e mesmo sendo um mero príncipe e segundo na linha de sucessão de trono, ainda precisava jogar aquele jogo.

Talvez tivesse sido ideia do conselho a segunda Seleção.

— Trabalha com o quê, senhorita Lucy? — ele não deixou de chamá-la de senhorita.

— Oh! Eu não trabalho — ela não pareceu nem um pouco envergonhada com isso — Fiz 18 anos faz pouco tempo, então ainda não tive muito tempo para pensar no que quero fazer, embora eu tenha pousado para algumas fotos antes. Certamente conhece o meu pai...

— Conheço — cortou a sua fala ao meio — Abraxas é um excelente conselheiro. Tenho certeza de que ele gostaria que escolhesse bem a sua profissão. Isso pode levar tempo, mas a Seleção pode demorar, então creio que terá esse tempo.

O sorriso dela vacilou ligeiramente.

Ele não tinha mentido. Apesar de Lucy ser uma mulher, Abraxas valorizava em sua família o trabalho, passar adiante os negócios. Talvez por isso a relação entre eles não fosse muito boa, o sobrenome da mulher não passava adiante em Illéa. Mesmo assim, duvidava que só por ela ser mulher ele a trataria como as outras famílias de elite costumavam fazer: querendo que ela se casasse com um ótimo partido.

O que só o deixava a hipótese de que a ideia de se inscrever para a Seleção foi de Lucy, no máximo de sua mãe, a esposa de Abraxas.

— Está certo, Alteza — ela respondeu, sem saber o que dizer.

Ele não gostava de usar seus conhecimentos para desestabilizar as pessoas, ainda mais mulheres, mas ele deixaria claro desde sempre a sua posição em relação a sua permanência na Seleção.

— Estarei aqui se precisar de algum conselho em relação a isso — ele disse.

— Eu aprecio isso.

Ela estava tão desconfortável que ele ficou esperando pelo momento em que ela se levantaria sem permissão e iria embora dali, assim como fez quando entrou, mas ela não o fez. Tinha conseguido abalar a sua autoconfiança, mas tinha certeza de que da próxima vez que conversasse ela voltaria a ser o que tinha sido antes.

— Pode ir, senhorita Lucy — Liam dispensou-a, aquela situação estava desconfortável para ambos.

Ela reverenciou-o e, assim que virou as costas, voltou a pôr um sorriso falso em seu rosto, indo até uma das selecionadas. Chavelle Wilkes. Essa ele sabia o nome de cor.

A mesma selecionada que esqueceu de reverenciá-lo mais cedo era a próxima da fila, ela foi até onde ele estava. Perguntou-se se ela esqueceria outra vez, mas dessa vez ela lembrou-se, o que foi um pouco decepcionante. Tinha sido uma situação engraçada.

— Alteza — ela disse.

Ao contrário de Lucy, ela não sentou-se até que ele a dissesse para fazê-lo.

Ele leu o seu broche. Seu nome era Janeth Mirren, ele gostava de como soava quando dizia em voz alta, mas ela ajeitou-se desconfortavelmente no sofá quando ele o fez.

— Janeth não — foi simplesmente o que disse.

Ela era intrigante. Talvez Cara estava certa e ele só era bom lendo os conselheiros por estarem no castelo diariamente, ou eles se deixavam "ser lidos" pelo príncipe para passar confiança. Conversaria sobre isso depois com a selecionada para tirar uma conclusão.

— Então como devo chamá-la? — Liam perguntou.

Janeth era a única das selecionadas que tinha os cabelos acima dos ombros, impedindo as suas criadas de fazerem um penteado apropriado para eventos. Não lembrava-se de uma selecionada de cabelos curtos quando olhou para as fichas, teria notado rapidamente, então ela deveria tê-lo cortado no dia anterior, na preparação. Era uma escolha interessante, ela ficava muito bem assim.

— Jane, talvez — ela sugeriu — É como todos me chamam.

Ela tinha uma postura perfeita, talvez fosse uma das selecionadas de castas mais altas que ele não pôde reconhecer o sobrenome. As suas costas eretas, mesmo sem aproximar-se do encosto do sofá, enquanto a maioria das garotas ali teria dificuldades para se habituar a essa postura durante as aulas com McGonagall.

— Tudo bem, Jane — ele repetiu o apelido que ela lhe forneceu, também gostava de como soava — Qual é a sua profissão?

Estava particularmente curioso. Não conseguia montar um perfil sobre ela, ao contrário do que acontecia com outras garotas, as quais ele conseguia entender como eram apenas com alguns minutos de conversa.

— Eu sou fotógrafa — Jane respondeu.

— Casta cinco? — não pôde deixar de demonstrar a sua surpresa — Você não parece uma Cinco.

Tinha dito sem pensar. Podia parecer pretensioso e até mesmo preconceituoso aos ouvidos de algumas pessoas, mas ele tinha visto diversas pessoas de diversas castas com o passar da vida — durante algumas escapadas do castelo, confessava — para que tivesse uma pequena noção de como eles se comportavam e como eram. Era como se a partir da Cinco para baixo, as costas ficassem menos eretas, como se houvesse um peso extra a ser carregado sobre os ombros. Jane não passava essa sensação.

— Isso era para ser um elogio? — ela perguntou, desviando o olhar para as outras selecionadas.

"Bola fora" conseguia imaginar McKinnon debochando de si.

— Perdão. Não quis soar ofensivo — ele tentou corrigir a sua primeira impressão.

— Não tem problema. Suponho que seja a reação da maioria das pessoas — Jane deu de ombros quase que imperceptivelmente, como se não estivesse acostumada a erguê-los daquela forma com aquele propósito.

Até mesmo a sua maneira de falar era polida.

Teria a sua mãe sido da Dois e casou-se com um Cinco, e dessa forma a ensinou todos os costumes da casta?

— Surpreender-se com você? — ele perguntou.

Sentiu-se vitorioso quando um leve rubor coloriu as suas bochechas pálidas e um leve sorriso surgiu. Ela parecia incapaz de corar sem sorrir. Finalmente tinha conseguido causar uma reação nela e descobrir algo.

— Eu não quis dizer isso — apesar disso, ela ainda tentou se defender, um pouco na defensiva.

— Eu sei, queria ver se conseguia te fazer sorrir um pouco — confessou, não podendo evitar sorrir também — Você é um pouco séria, Jane.

— Eu não sou! — ela protestou.

Pessoas sérias geralmente não admitiam ser, ou talvez ele não tivesse conhecido esse lado mais descontraído dela. Fazia sentido, tinham acabado de se conhecer.

— Bem, então eu espero poder ver esse seu lado mais vezes — ele disse, sinceramente.

Liam levantou-se do sofá antes que ela e ergueu uma mão para que ela se levantasse. Não sabia o porquê de ter feito isso, já que não tinha tido essa reação com Lucy ou Cara. Se Jane surpreendeu-se, ela não demonstrou, não hesitando nem um segundo antes de segurar a sua mão para levantar-se. Ela voltou a fazer a reverência para despedir-se dele e ele fez uma reverência também.

A próxima garota que aproximou-se tinha cabelos castanhos e parecia bem deslocada, mas se sua observação não estivesse errada, ela tinha um rosto amável. Parecia ser o tipo de garota gentil e que ajudava a todos quando pudesse. Sim, ele tinha interpretado tudo isso antes que ela abrisse a boca.

— Alteza — reverenciou-o.

— Pode sentar-se, senhorita... — ele não se sentia muito confortável de ter que ficar olhando para os broches a todo o instante, principalmente pelo lugar em que estavam localizados.

Francamente, quem foi o imbecil que teve aquela ideia?

— Reyna — respondeu-o, dando um pequeno sorriso, antes de sentar-se ao seu lado.

Ela fazia parte do estereótipo de castas baixas: as costas curvadas como se carregassem o peso do mundo. No entanto, não tinha mãos calejadas, então não era uma Sete, já que era uma casta somente de trabalhos manuais.

— Pode me perguntar, Alteza — Reyna flagrou-o após alguns segundos de silêncio — Não precisa me analisar.

— Gosto de fazer isso — Liam sorriu, levemente.

— Então me conte o que deduz.

Ela parecia observadora, assim como ele. Talvez pudessem analisar outras pessoas, seria um passatempo divertido.

— Você é da casta seis. Não tem as mãos calejadas, então não trabalha manualmente, como os da Sete. No entanto, tem as costas curvadas demais para ser da Cinco — ele resolveu responder, esperando que ela não se sentisse ofendida.

— Você é bom — ela sorriu, não parecendo incomodada, tinha olheiras permanentes debaixo dos olhos — Isso se não leu as nossas fichas antes dessa conversa.

— Oh! Eu li, mas não me lembro de nada. Tentei decorar a noite inteira alguma coisa que pudesse me ajudar, mas não consegui. Vocês são muitas — Liam respondeu, sincero.

Ela assentiu, acreditando nele.

— Há alguns trabalhos manuais na Seis, mas de fato eu não precisei passar por isso. Eu sou... era governanta — Reyna esclareceu — Tive sorte. Não tem muitas casas que precisem de governantas em Panama.

Agora que mencionava a sua província, ele conseguia identificar uma certa rouquidão na sua voz, causada pela emissão de gases. Não se preocupou muito, sabia que a Seleção tinha um acompanhamento da saúde das selecionadas desde o momento em que são escolhidas.

— Sua vez — Liam brincou.

Ela fez uma careta, fingindo estar concentrada, enquanto o observava.

— Eu diria que você é um príncipe — fingiu estar séria.

— Estou impressionado! — Liam exclamou.

Eles acabaram rindo da brincadeira.

— Seria uma excelente hora para eu ir, antes que você se canse de conversar comigo — Reyna brincou.

— Acho difícil, mas vou poupá-la de minha entediante companhia.

Ele levantou-se ao mesmo tempo que ela.

— Sua companhia não tem nada de entediante — ela respondeu.

— Só está sendo gentil — Liam disse, fingindo descrença.

— Bom, isso você terá que descobrir sozinho.

Reyna fez uma reverência e seguiu em direção a uma morena, trocou poucas palavras com ela, antes que ela se levantasse do lado de Jane e fosse até o sofá.

— Sirena Black à sua disposição, Alteza — ela fez uma reverência atrapalhada propositalmente.

Era um dos sobrenomes que ele reconheceu da lista de selecionadas, mas Sirena não parecia em nada com as outras selecionadas de castas elevadas.

— Posso? — ela apontou para o sofá, quando ele ficou alguns segundos em silêncio.

Ele precisava parar de se perder em pensamentos.

— É claro, senhorita Sirena — respondeu, rapidamente.

Sirena jogou-se ao seu lado, as costas tortas no encosto. Liam quase podia sentir os olhares repreensivos de McGonagall na direção deles, conteve um calafrio.

— Meus pêsames — ela comentou.

— Perdão? — Liam perguntou, sem entender.

— Você vai compartilhar o teto com 35 garotas. Já pensou? 35 TPMs? Eu já ouvi falar que quando as mulheres passam muito tempo juntas, elas sincronizam a menstruação.

Se ele não fosse amigo de McKinnon, com certeza teria se incomodado com a conversa, mas tinha a sensação de que já tinha escutado a conversa da menstruação sincronizada vindo do guarda.

— Isso é impossível, não tem ciência que explique como que a convivência pode interferir no ciclo biológico — Liam respondeu, parecendo surpreender a selecionada.

— A convivência pode influenciar em muitas coisas. Comportamento, por exemplo — Sirena retrucou.

— Eu duvido muito. Você é uma Dois, viveu a vida inteira com pessoas das castas mais elevadas e você não age como se fosse uma.

Ela não mudou a sua expressão com a resposta, apenas disse:

— Touché.

Depois de Sirena, veio Artemisa Weasley, uma secretária de Sota, Edelweiss Tonks, uma fazendeira de Labrador — ele sempre achou curioso como uma província tinha o nome de uma raça de cachorro —, Gretel Goyle, uma motorista de Bonita — McKinnon comentaria que ela não tinha nada de "bonita" —, Valerie Yaxley, uma política de Paloma — ele não conseguia se lembrar se "paloma" em espanhol significava "pipoca" ou "pomba", precisava praticar o idioma — e Stelle Podmore, uma artista de teatro de Sumner — ninguém avisou pro cara que deu nome à província que ele tinha escrito "verão" errado?

Eram tantos nomes e rostos, mas depois de alguns minutos de conversa, ele sentia-se menos desconfortável.

Sentiu-se surpreso consigo mesmo quando calculou mentalmente que, se eliminasse todas as garotas de sobrenomes conhecidos, com exceção de Sirena, ultrapassaria as 13 eliminações do primeiro dia de Petuel. Ele certamente tinha mudado de opinião em relação a algumas das garotas depois de conversar com elas, mas mesmo assim ele precisava tomar uma decisão.

— Quando as outras garotas forem para o café da manhã, eu preciso que você permaneça aqui, tudo bem? — ele sussurrou para cinco garotas, antes que elas pudessem se afastar para chamar a próxima da fila.

Considerando que eram 35 garotas, se ele conversou por 1 minuto com cada uma delas, o que não aconteceu, ele ultrapassou 35 minutos do horário. Pelo menos seria apenas daquela vez, um primeiro contato.

A última garota com quem ele conversou tinha os cabelos compridos escorridos e pretos, o nariz curvado e era uma das únicas duas Sete — a outra ele não pôde olhar fixamente por muito tempo porque usava tantas coisas brilhantes que refletiam e lhe davam dor de cabeça. Ele esperava que ela pedisse para sair, mas não foi o que ela fez, talvez as castas mais baixas fossem as mais resistentes.

McGonagall guiou as 30 selecionadas para fora do Salão, lançando um último olhar a Liam e as 5 garotas que permaneceram. Assim que elas perceberam que eram as únicas 5 no Salão, perceberam o que estava para acontecer.

Viola, Imogen e Aura tinham subido uma casta, Gretel subiu três e Igone tinha ficado na mesma. Uma filha de mestre de obras, uma corretora de imóveis, uma corretora de seguros — corretora de seguros? Era mesmo necessário isso? —, uma motorista e uma professora.

Apesar de ser uma professora, o que seria tecnicamente uma profissão de alguém que se importava pelos outros e tinha o amor pelo ensino, Igone tinha um sobrenome que deixava Liam com o pé atrás. E, de qualquer forma, ele não tinha tido bons sentimentos sobre a sua conversa com as cinco garotas, no geral. Teve a mesma sensação com outras cinco ou seis garotas, mas tinha decidido ir com calma.

Era muito complicado tomar decisões sem ajuda, mesmo que ele fosse mais racional do que sentimental na maioria das vezes. Ele não deveria estar passando por tudo aquilo, era o tipo de coisa que Petuel tratava.

— Eu agradeço pela inscrição de vocês, mas infelizmente vocês irão embora hoje — ele disse, sem saber muito bem o que dizer.

Esperava que isso melhorasse com o passar das eliminações.

Gretel não pareceu se importar, ela tinha subido três castas. Igone ficou com o rosto inexpressivo, o queixo erguido, orgulhosa. Se tinha ficado afetada, nunca demonstraria. Imogen e Aura pareceram ficar ofendidas, mas não disseram nada. Viola se retirou antes que ele pudesse ver a sua expressão.

Respirou aliviado quando elas foram embora.

Era patético ficar tão apreensivo, mas ela já tinha visto como uma garota podia reagir a uma eliminação. Dois guardas tiveram que retirar uma selecionada de cima do seu irmão, o seu rosto tinha ficado arranhado e ele só não mandou a garota para a prisão porque seus pais não permitiram.

— Sobreviveu ao primeiro dia? — McKinnon brincou com ele, quando ele fechou as portas do Grande Salão.

— O dia ainda não acabou — Liam respondeu-o — Ele acabou de começar.


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