Uncover escrita por nywphadora, nywphadora


Capítulo 2
Capítulo 1




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Todo aquele dia estava estranho.

Não havia nada marcado na agenda de Liam Evans pela semana inteira, mas mesmo assim, naquela quarta-feira, o seu pai lhe encarregou de um chamado urgente na base militar de Illéa, onde ele teve todo o seu dia ocupado por questões burocráticas muitas vezes ridículas.

Quando retornou para o palácio, teve tempo apenas de tomar um banho e trocar de roupa para ir jantar, já que sua mãe insistiu muito que tinha um assunto para tratar.

Provavelmente outro incêndio que teriam que apagar causado por Petuel, seu irmão mais velho, e Veta, a sua noiva inconsequente.

Inclusive, os dois não estavam presentes no jantar, como sempre.

Liam preferia não pensar em como eles ocupavam o seu tempo livre.

Já estava na hora da sobremesa quando sua mãe, Doralice, falou.

— Eu tive uma ideia para consertar o que Petuel causou na Seleção.

Sabia.

Era óbvio que o seu irmão seria, mais uma vez, assunto deles.

— Que ideia? — Liam perguntou, pondo uma colherada de pudim na boca.

— Outra Seleção — Doralice respondeu.

O seu tom de voz estava tenso, apesar de seu rosto aparentar estar calmo. Naquele momento, Liam devia ter percebido onde aquela conversa daria, mas ele não percebeu.

— Eu não tenho certeza se isso vai acalmar a população. Além do mais, é passar por cima da democracia que a Seleção representa — ele respondeu, apesar de odiar Veta como a escolhida.

— Petuel não foi muito democrático — Charles lembrou-o — Ele passou por cima de muitas regras para fazer essa escolha.

— Ele não concordará com essa ideia — Liam disse.

— Ele não precisa concordar com nada, você precisa — Doralice afastou o copo d'água da sua boca.

— E o que eu tenho a ver com a Seleção de Petuel? — ele perguntou, sem entender.

— Eu nunca disse que a Seleção era dele.

Por alguns segundos, apenas o leve som dos talheres batendo nos pratos e dos copos pousando sobre a mesa foi escutado.

Só podia ter entendido errado.

Ele limpou a boca com o guardanapo de pano e levantou-se, indo em direção ao escritório. Seus pais entenderam o recado, terminando rapidamente as suas sobremesas e indo atrás dele, deixando os criados ocupados em arrumar a mesa. Apesar da sala não ser à prova de som, eles fecharam a porta e prepararam-se para a discussão, já conheciam bem o suficiente o temperamento do filho mais novo.

— Outra Seleção? — Liam aumentou o tom de voz, sem gritar — Só podem estar de brincadeira.

— É a melhor maneira de compensar os erros de Petuel — Doralice tentou argumentar, enquanto Charles sentava-se em uma cadeira, observando silencioso.

As discussões acaloradas não eram o seu forte.

— Fazendo-me escolher quem quer que o povo decida que é a melhor opção? E para quê? As possibilidades de Petuel e Veta sofrerem um atentado sem um herdeiro são mínimas! — Liam exclamou.

Então ele notou a expressão no rosto dos pais.

— O quê? — ele perguntou.

— O rei Fleamont foi morto — Charles respondeu pelos dois.

Ele não poderia dizer que tinha um relacionamento muito próximo com monarcas de outros países, mas sabia que a esposa do rei Fleamont, a rainha Euphemia, era grande amiga de sua mãe. Fazia muito tempo que não os via, então sequer se recordava de como os seus rostos soavam, mas o assassinato de um rei era algo para se preocupar.

— Quem foi? — Liam perguntou, abaixando o tom de voz.

— Não sabemos — respondeu Doralice — Na verdade, acho que ninguém sabe. Sem testemunhas.

Teria de ser alguém de dentro do castelo para poder passar pela segurança despercebido, ou talvez fosse alguém muito bem preparado, um assassino profissional. Sabia que a segurança do palácio de Dortmund não era tanta quanto a do palácio de Angeles por causa da localização, mas mesmo assim duvidava que eles se descuidariam tanto quanto se tratava da própria segurança.

— É por isso? — ele perguntou, tentando voltar ao foco da discussão — Mas o que mudaria a minha esposa ser ou não princesa?

— Apenas queremos que Illéa dê a segurança de uma segunda opção, caso o pior aconteça — Charles disse.

— Isso resolve todos os nossos problemas. As consequências que a morte de um rei pode trazer e as decisões que Petuel tomou — Doralice completou.

Ele duvidava que deixar a população de Illéa decidir quem seria sua futura esposa mudaria a opinião que tinham do seu irmão mais velho que, no final das contas, seria o rei da nação quando seus pais decidissem se aposentar. No entanto, não podia discordar que isso ajudaria a dissipar as tensões, e ele claramente não teria a opinião considerada nesse assunto.

— É claro, mamãe — se viu respondendo.

♔♔♔

— Eles finalmente te contaram que Petuel é adotado, que a Seleção dele foi um delírio coletivo e você será o futuro rei de Illéa?

Liam soltou uma risada, virando-se na cadeira para olhar o dono da voz. Marlin McKinnon frequentava o castelo desde muito novo, quando o seu pai ainda era guarda. Depois de alguns anos, ele pegou o posto do pai, mas o cargo de melhor amigo ele já tinha conquistado antes disso.

— Não foi dessa vez — ele respondeu simplesmente.

— Oh! Droga! — McKinnon comentou, bem humorado.

Ele pegou uma cadeira sem se importar com formalidades, eram apenas eles dois. Marlin só fingia ser um soldado obediente na frente dos pais e do resto do país, mas não tentava nem enganá-lo.

— Você sabe que eu nunca quis ser rei — Liam disse.

— O que é muito irônico e injusto — Marlin retrucou — Você é o mais competente dos dois e não quer nem pode ser, enquanto o seu irmão que é um imbecil...

Ele lançou um olhar repreensivo para o amigo.

Sim, Petuel era um imbecil, mas ele não precisava realmente que, de alguma forma, ele escutasse a conversa deles e passasse a odiá-lo mais. Já tinham um relacionamento péssimo desde a Seleção... Bem, desde a primeira Seleção.

— Eu só estou dizendo a verdade — o guarda defendeu-se.

— A diferença era que, apesar de ter que me casar, eu ainda tinha uma escolha — Liam explicou e completou, antes que o amigo respondesse — Agora eu não vou ter escolha, por mais que finjam que sim. Eu terei que escolher as melhores relacionadas e de castas mais altas, ou seja lá quem o povo gostar mais.

— Não deixa de ser o mesmo impasse. Ou você já tinha alguém em mente?

— É claro que não.

Ele esperava poder enrolar até atingir os 20 anos, no mínimo. Não é como se Illéa estivesse necessitada de reforçar alianças, apesar da guerra entre a Irlanda Oriental e Irlanda Ocidental. Ele não sabia se podia considerar guerra quando não havia tido um confronto direto até então.

— Eu daria de tudo para ser um mero guarda do castelo — disse Liam.

— Não espere que eu diga que daria de tudo para ser príncipe e ter a minha própria Seleção — McKinnon rapidamente retrucou — Se bem que... haverá muitas garotas interessantes, não?

— E eu terei que lidar com todas elas ao mesmo tempo — ele lembrou-o — Isso, meu amigo, é uma habilidade que nem você consegue.

Marlin riu debochado.

Assim que a brincadeira acabou, Liam voltou a ficar sério.

— Tem algo mais te incomodando, não é? — o amigo notou a sua expressão.

— A explicação dos meus pais não me convenceu — ele disse — Resolver os problemas do Petuel? Trazer estabilidade a Illéa por causa do assassinato de um rei?

— Que rei foi assassinado? — Marlin perguntou, parecendo assustado.

— Da Nova Germânia — Liam tentou passar uma sensação de segurança ao amigo, fingindo que não se importava com essa informação — Meus pais não me contaram muita coisa.

— Vocês não deveriam fazer alguma coisa para ajudá-los?

Era uma boa pergunta que ele não tinha nem pensado, tão atordoado que estava com a história da Seleção.

— Eu preciso saber o que está acontecendo — ele pensou em voz alta — Tem alguma coisa estranha acontecendo, eu posso sentir isso.

Marlin não fez nenhum comentário debochado, percebendo a seriedade da situação.

— Eu posso fazer algo para te ajudar? — ele perguntou.

Nunca poderia duvidar da lealdade de seu amigo.

— Se puder, eu te aviso — Liam finalizou a conversa, levantando-se da cadeira em que estava sentado — Eu realmente preciso ver como será tudo isso da Seleção de perto, se eu quiser descobrir o que tem de errado.

— Eu também preciso voltar ao trabalho. Acho que as coisas vão ficar bem mais empolgantes agora com 35 garotas.

Ele evitou soltar um resmungo.

35 garotas.

Que maravilha!

♔♔♔

Talvez soasse muito egoísta, mas a ideia de casar-se com uma monarca de outro país e sair de Illéa, sem precisar nunca mais carregar os fardos que seu irmão mais velho deixava para ele, era realmente libertadora.

Cresceu a sua infância inteira sabendo que nunca seria rei, já que era o segundo na linha de sucessão, tendo uma educação de certa forma diferente, embora não muito. Se não fosse por Minerva e por sua própria sede de conhecimento, ele teria apenas o básico do básico para lidar com os problemas de Illéa.

Se Petuel não fosse tão orgulhoso, tinha certeza de que ele gostaria de trocar de lugar com ele, tão preguiçoso quanto era, sempre deixando que os outros lidassem com tudo. O seu problema seria que ele não estava disposto, mas ali estava ele: tendo a sua própria Seleção.

Com certeza seus pais estavam escondendo algo dele.

Aquele não era o protocolo padrão para resolução de crises.

— Eu acho que deveríamos fazer algo em relação a Nova Germânia.

Nunca foi fácil arrumar tempo para conversar com seus pais, apesar de não poder considerá-los ausentes em sua criação, mas estava bem difícil de encontrar a sua mãe desacompanhada naquelas circunstâncias. Naquele momento, ela estava acompanhada de McGonagall, a instrutora responsável por ensinar a sua mãe, ele e seu irmão, assim como as 35 selecionadas de Petuel (ou o que sobrou delas depois do primeiro dia).

— O que você sugere? — Doralice não parecia estar realmente prestando atenção no que ele dizia, comparando dois papéis que Liam não podia enxergar o conteúdo.

— Bom, eles são nossos aliados, precisam ter certeza de que estamos do lado deles, caso precisem de algo — Liam disse.

— Eles sabem — ela escolheu um dos papéis e entregou os dois para McGonagall, que anotou a sua decisão — Não precisa se preocupar com isso.

Ele só esperava que seus pais não passassem a afastá-lo das questões burocráticas por causa da Seleção, ou ele teria a confirmação de que havia de algo de errado, embora já não tivesse mais dúvidas desse fato.

— Já que está aqui — Doralice disse, antes que ele pudesse sair —, poderia ajudar Minerva a escolher quem devem ser as criadas.

— As anteriores não estão boas o suficiente? — Liam perguntou.

— Nem todas.

Ele seguiu o conselho da mãe, pensando se aquela sensação aliviaria se ele estivesse por perto das decisões, por mais bestas que fossem. Ele sabia que, pelo menos naquele assunto, apenas concordaria com as opiniões de Minerva, já que confiava no seu discernimento e competência.

Era bom já conhecer o rosto das criadas que cuidariam das selecionadas. Apesar de tudo, elas seriam sua responsabilidade e ele não queria que mais alguém se sentisse desconfortável, como ele estava.

— Minerva, por favor, poderia depois me passar o nome das criadas e de quem elas cuidarão? Quando os nomes já forem selecionados, é claro — Liam pediu a mulher, assim que eles já tinham tirado essa pendência do caminho.

— É claro, Liam. Não se preocupe — McGonagall deu um sorriso a ele, um dos poucos que apreciava a companhia — Cuidarei disso.

— Obrigado.

Seria inútil retornar para falar com seus pais, ainda mais depois da dispensa que levou de sua mãe. Talvez ela pusesse mais coisas com as quais ele deveria lidar e não estava com vontade disso naquele momento. Gostaria de poder fazer algo pela rainha Euphemia e sua família.

Ela tinha uma filha, pelo que se lembrava. Eles eram próximos quando crianças, eram os únicos mais novos nas confraternizações entre os países. E então quando cresceram, pararam de se ver, nem conseguia se lembrar da última vez. Era comum quando se tratava das famílias reais.

Não conseguia pensar em como eram as famílias mais humildes de Illéa, em que a unidade familiar era importante e as amizades eram para sempre.

♔♔♔

Petuel estava furioso.

Apesar disso, a sua expressão durante o anúncio de Rita Skeeter no Jornal Oficial de Illéa, naquela sexta-feira, foi hilária. A dele e de Veta. Ele parou de fingir e saiu rapidamente da sala onde o jornal era gravado, indo até a sala de reuniões.

Doralice soltou um suspiro cansado, tomando um pouco de seu tempo para ajeitar a pulseira em seu pulso. Charles tinha tanta paciência para lidar com o filho mais velho quanto Liam, mas nenhum deles podia escapar, então os três se dirigiram calmamente até onde ele estava.

Veta, ao contrário, após trocar algumas palavras com o noivo, saiu da sala e foi até seu quarto. Ela ainda não era da família real, então não tinha direito de participar de conversas tão particulares, a menos que os reis insistissem por sua presença, o que certamente não era o caso.

Não precisavam dos gritos agudos e insuportáveis da mulher, já estavam lidando com os chiliques de Petuel.

— É essa a sua tática para adiar o meu casamento? — ele gritou para a mãe, assim que eles fecharam a porta da sala de reuniões.

— Abaixe o tom de voz para falar com sua mãe — Charles aumentou o tom de voz.

Ele não era adepto a discussões, mas se tinha algo que não tolerava era faltarem respeito a sua esposa, fosse quem fosse.

— Não, é a minha tática para corrigir os seus erros, como sempre — Doralice retrucou, ríspida.

Não era fácil ver a sua mãe tão irritada.

— E é claro que você adorou, não é, Liam? — Petuel dirigiu-se a ele.

A culpa sempre recaía sobre ele.

— Se você parasse de cometer erros, nós não teríamos que corrigi-los — respondeu.

— Pobre Liam! Não pode evitar ser o preferido sempre, não é mesmo?

A esperança de não haver uma discussão tinha ido pro ralo.

Lançou um olhar de desculpas para a mãe, mas se ela mesma já estava cansada daquele teatro, ele estava furioso.

— Vê se cresce, Petuel — Liam retrucou, tentando ignorar a presença dos pais — Você não cansa de fazer papel de coitado não? Você quer receber mais atenção do que a que recebe?

— E você? Quer o quê? Tirar tudo de mim? — Petuel perguntou.

Olhando de soslaio, percebeu que Charles estava se preparando para se intrometer na briga, mas Doralice o impediu. Sabia que eles precisavam colocar para fora, e talvez assim pudesse finalmente se resolver e parar com aquela birra infantil um com o outro.

— Ah, com certeza, sempre foi meu sonho me tornar rei e ter a minha vida inteira decidida por conselheiros — Liam debochou — Pra quê ter liberdade de escolher com quem vou me casar, não é mesmo?

— Eu escolhi — Petuel tentou interrompê-lo.

— E olhe só no que a sua escolha acarretou!

— E quem eu deveria escolher? Demetria Wilkes, que me trairia na primeira oportunidade com você?

Não pôde evitar revirar os olhos.

A selecionada tinha dado em cima dele no meio da Seleção e Petuel não tinha esquecido daquilo, apesar de não ligar para a garota, era puro ego ferido.

— Que eu saiba, o propósito da Seleção é que o príncipe escolha quem será a sua futura esposa — Petuel se dirigiu aos pais, sem esperar por uma resposta do irmão — Foi o que eu fiz! Foi a minha escolha! E eu estou cansado das pessoas me dizendo o que fazer.

— É mesmo? Está cansado? Tem uma solução bem fácil para isso — Liam voltou a se dirigir a ele.

— Liam — Doralice o alertou.

— Não nascesse rei! — completou, gritando.

— Se você pensa que eu vou ceder a minha coroa a você, está enganado! — Petuel gritou.

— Eu quero que você e a sua coroa se explodam! Pare de jogar os problemas para a sua família resolver! Arque com as consequências de suas decisões uma vez na sua vida, Majestade!

Então ele foi até a porta e saiu da sala.

♔♔♔

A semana seguinte foi a mais estressante desde que Liam conseguia se lembrar. Ele cumpriu a promessa que fez a si mesmo e acompanhou de perto todos os preparativos para a Seleção, inclusive quando as caixas com as fichas das selecionadas chegaram. Eram muitas caixas.

O que fariam com todos aqueles papéis que não fossem selecionados? Queimariam? Manteriam nos arquivos?

As criadas escolhidas para recepcionar as selecionadas começavam a retirar os plásticos que cobriam os móveis dos quartos sempre trancados, embora não fizesse muito tempo desde que estiveram ocupados, e a fazer uma faxina para que eles estivessem prontos para recebê-las.

Liam não entendia muito o conceito de encher os armários com vestidos se as próprias selecionadas levavam as suas roupas de casa, mas resolvia não perguntar ou opinar sobre o assunto. Imaginava que não eram todas que tinham vestidos no guarda roupas, ainda mais daquela estirpe.

Queria poder ver os rostos nas fichas, mas McGonagall tinha o proibido, o que não era justo considerando que muitos criados demoravam mais tempo do que necessário na hora de transferir as fichas para as caixas correspondentes a cada província. Apostava que eles anotavam para depois fofocar e tentar adivinhar quais seriam escolhidas. Era impossível, era um sorteio. Ele odiava depender de sorte, por isso sempre considerou a Seleção uma péssima opção, apesar de democrática.

Eles não estavam no século XI, deveriam ter o direito de, apesar de serem monarcas, não precisar sacrificar toda a sua vida em prol da população. Os governantes democráticos não precisavam disso, então por que isso mudava na monarquia? Por que toda a sua vida virava um circo para os jornalistas?

E então chegou o fim do prazo de inscrições. Petuel passou a última semana sem abrir a boca a menos que fosse estritamente necessário, Veta seguiu pelo mesmo caminho, o que era mais um presente do que um castigo. Após o jantar, os dois se trancaram em seus quartos, como faziam a maior parte do tempo, deixando o claro recado de que eles não participariam daquela edição do Jornal Oficial. Seria um prato cheio aos jornalistas mais atenciosos.

Tinha sido realmente uma excelente escolha de seus pais trazer Rita Skeeter para ser repórter, pois como jornalista independente ela tinha causado muitos prejuízos ao governo anterior. Desde então nenhuma outra jornalista, nem mesmo Bertha Jorkins, chegou aos seus pés, e eles esperavam que continuasse assim.

Tentou mudar a sua expressão a cada nome que era sorteado, mas era difícil de se concentrar. Deina, Barbara, Thalia, Valerie, Imogen... Cada nome era rapidamente esquecido a cada novo lido.

Gostaria de contar a McKinnon mais tarde que tinha achado uma garota bonita aqui outra ali, mas não conseguia lembrar-se de seus rostos. Felizmente a tortura acabou rápido e ele não precisou compartilhar aquele momento com o péssimo humor de Petuel.

— Querido, está tudo bem? — Doralice pôs a mão em seu ombro, assim que as câmeras pararam de gravar.

— Está — respondeu, procurando McGonagall com o olhar.

— Não ligue para o seu irmão, está bem? Ele vai voltar a si.

Ele nunca tinha estado "em si".

Deu o que preferia pensar se um sorriso consolador a sua mãe e levantou-se, indo na direção da instrutora, assim que a localizou a um canto do estúdio.

— Leve o que eu pedi para o meu quarto, por favor — ele se referia às fichas e informações sobre as selecionadas.

— Imediatamente, Alteza — ela curvou ligeiramente o tronco, as mãos envolta de uma prancheta.

Então ele saiu do estúdio e foi até o seu quarto.

— Nem me pergunte — interrompeu McKinnon antes que ele pudesse dizer algo — Eu não consegui prestar atenção em nada.

— Culpa do Petuel ou você está nervoso com a ideia da Seleção? — o guarda perguntou.

— Os dois, provavelmente. Eu vou compensar isso, só... hoje não.

Marlin não insistiu.

Liam girou a maçaneta, piscando os olhos, ainda um pouco atordoado pelos acontecimentos das últimas semanas, e entrando no seu quarto. Não demorou para que um criado levasse um arquivo com as fichas, como ele tinha pedido para Minerva antes.

Segurou-a um pouco, pesando com as mãos, antes de decidir deixar em cima da mesa. Ainda tinha tempo antes que as selecionadas chegassem ao castelo.

Um dia.

E aí tudo viraria de cabeça para baixo de novo.


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