Through Her Eyes escrita por CrisSouza


Capítulo 7
Um dia bem cheio


Notas iniciais do capítulo

Voltei, demorei mas voltei!
Então, bloqueio criativo é uma bosta, mas em 1 dia eu consegui colocar todas minhas ideias pro capítulo aqui.
Espero que gostem, nossa Layla começa a descobrir algumas coisas novas nesse capítulo.



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Acordo mais cedo que o necessário no dia seguinte, faço minhas higienes matinais e tento esperar que Maddie acorde para me despedir antes de ir ao refeitório, contudo não consigo, às seis e meia me dirijo ao refeitório. Chegando lá, não há mais do que 10 pessoas no lugar, me sento numa mesa ao canto e espero o horário do café da manhã.

Aos poucos o lugar vai se enchendo de gente e me levanto para poder pegar a minha bandeja. Enquanto espero a minha vez na fila, que está bem curta devido ao horário, vejo Maddie chegar apressada e me procurar com os olhos, assim que me encontra vem em minha direção.

— Sabe o susto que tomei ao não te encontrar no quarto hoje quando acordei? - Diz indignada. - Pensei que tinha fugido e me largado nesse lugar sua louca! - Fala, agora mais baixo que antes.

— Até parece que se eu fugisse te deixaria nesse lugar. - Digo rindo. - Acordei cedo demais, ia esperar que acordasse, mas sabe como sou, não conseguiria te esperar para vir comermos.

— Não adiantou muita coisa não é? Vai ter que me esperar do mesmo jeito.

— Desde que eu não tenha que ver Caterina ou Alexa já agradeço. - Não posso esperar muito em relação a isso, tenho aula com Alexa hoje.

— Tudo bem. Mas voltemos ao assunto Nate…

— Ah não, Maddie! - Exclamo.

— Anão é um homem pequeno Layla. - E marginalizado, porque é diferente. - Me disse que conseguiria falar com ele hoje, quero respostas, e tenho certeza que você também.

— Maddie, só terei aula com ele após o almoço, então sua curiosidade terá de esperar. Me encontre no portal após as aulas.

— Pode apostar que sim. Agora vamos comer antes que aquelas senhoras de 17 anos nos encontrem. - Disse, enquanto eu ria de sua descrição. Terminamos de comer e cada uma dirigiu-se a sua sala.

Minha primeira aula hoje é de química, uma matéria que, mesmo que eu tente, não entra na minha cabeça de jeito nenhum. Entro na sala, cumprimento a professora e me sento numa das primeiras no canto da sala, o que só ocorre porque já têm pessoas no meu lugar de costume.

O sinal toca e a aula finalmente começa.

…….*…….

Após a aula de química saio da sala e vou ao meu armário pegar meus livros de italiano e de espanhol, essas foram minhas escolhas, no momento da matrícula, para “língua estrangeira”. Meu pai não cansa de dizer que eu deveria ter escolhido latim ou grego e também que não deveria fazer duas línguas e sim uma aula a mais de artes para melhorar minhas habilidades para conseguir ir bem na faculdade.

Foi uma das poucas vezes na vida que desobedeci a ele, após chegarmos em casa me lembro que ele começou a gritar comigo, disse coisas para mim que eu nunca imaginei que escutaria. Me tranquei no meu quarto, mas, mesmo assim, consegui escutar meu avô conversar com ele e o convencer de que eu tinha feito uma boa escolha. Claro, um homem sempre terá razão, principalmente os mais velhos. Nossa relação, que já não era boa antes, passou a ser baseada basicamente em cumprimentar sem falar.

Chego a sala e vejo que um dos poucos lugares vagos é ao lado de Francesco Benedetti e ele logo acena para mim.

Francesco é amigo de Nate, nasceu nos EUA, contudo, seus pais são imigrantes italianos e ele é bolsista na NASI, isso faz com que ele seja bastante mal falado por aqui. Acho bem interessante que Nate não ligue para isso, os dois sempre andam juntos e não se importam com o cochicho, além disso ele fez de Francesco o halfback do time de futebol americano da escola.

Ciao Layla! Como vai?

Ciao Francesco! Estou bem e você? - respondo, já me sentando na mesa.

— Muito bem, muito bem. Animada para nossas aulas de italiano?

Certo, signor Benedetti! — Digo animada e rimos juntos. Chamo Francesco pelo nome desde que começamos a estudar juntos, sempre nos demos bem. Creio que é porque somos descendentes de etnias consideradas menores que os “americanos típicos”.

O professor chega a sala e cumprimenta a todos, então, nos voltamos a ele para começar a prestar atenção. Realmente gosto das aulas de italiano, é uma cultura que, de acordo com o meu avó, era riquíssima, mas, que logo após a chegada das doenças, foi se perdendo.

O país foi sendo devastado e as pessoas começaram a deixar o lugar, ou melhor, aqueles que tinham condições, como os pais de Francesco, saíram de lá e vieram tentar a vida aqui, os que não conseguiram sair acabaram encontrando uma maneira medieval de vida. Aquele que adoecia era mandado embora das vilas para locais isolados, não importando se eram idosos, crianças, grávidas ou deficientes.

Era interessante perceber que, tirando Francesco e eu, ninguém naquela sala prestava atenção no professor. A sala era pequena, e os que estavam ali, só estavam porque não haviam vagas em outras matérias, apenas nas aulas de línguas estrangeiras.

Toda a aula correu de maneira tranquila e logo o sinal tocou, me levantei e me despedi de Francesco. Enquanto me dirigia a sala de espanhol pude ver de longe Alexa conversando com Oliver, e me pareceu que a conversa estava animada, já que Oliver sorria a cada cinco segundos. Passei por ali rapidamente e logo cheguei a sala de espanhol.

O professor já se encontrava na sala, e no momento em que o sinal tocou ele fechou a porta e começou sua aula. Aqui, como na aula de italiano, não há muito interesse sobre a língua de meus antepassados, mas para mim, é com toda certeza, uma das melhores aulas da semana.

Señorita Martinez? - Escuto o professor me chamar. - Vejo que seus pensamentos hoje a levaram muy lejos, cierto?

Lo siento profesor. Esto no va a pasar de nuevo. — Digo e recebo um singelo sorriso em troca. Diego, o professor de espanhol, é neto de um dos colegas de meu avó, o conheço desde nova e o considerava como um irmão mais velho. Mas depois que se formou nos distanciamos, e nossa única interação agora são nas aulas.

Após essa pequena a aula prossegue, enquanto eu presto atenção na mesma.

…….*…….

No fim da aula me dirijo a sala de álgebra e ao entrar vejo que Oliver já está sentado na mesa que antes eu costumava usar sozinha, pelo visto parece que ele realmente será meu par nas aulas nesse ano. Sento-me e ponho o tablet em cima da mesa começando a desenhar nele. Sei que o certo seria cumprimentá-lo como manda o figurino, contudo não consigo, ainda sinto a raiva pulsar dentro de mim.

— Pensei que o correto seria você se anunciar? - Escutei Oliver dizer bem baixinho.

— Sim, é o correto senhor Malloy. Mas porque faria isso se você mesmo não o fez ontem? - Respondi, e o vi levantar o olhar. Certo, preciso me retratar. - Perdão, estou com dor de cabeça, levantei-me muito cedo, mas, vamos começar de novo. - Digo e coloco um sorriso no meu rosto, me esforçando ao máximo para que ele não pareça muito falso. - Bom dia senhor Malloy, como vai?

— Muito bem senhorita Martínez, obrigada, mas preciso te dizer duas coisas. A primeira delas, me chame de Oliver. A segunda, não precisa mentir para mim, pude ver sua indignação transparecer ontem mesmo. Precisa melhorar suas falsas expressões Layla. - Me viro para Oliver surpresa, ninguém nunca percebeu a mentira por trás da minha expressão de felicidade, ou melhor, se percebeu nunca disse nada.

— Quê?

— Vai perceber com o tempo Layla, que não ligo muito para a felicidade exagerada dessas pessoas. - Diz, agora olhando para mim. - Mas vamos prestar atenção na aula certo? A professora está falando a uns 5 minutos.

A surpresa ainda não havia passado, contudo tive que deixá-la guardada dentro de mim, já que, como Oliver disse, a professora estava falando a alguns minutos. Durante toda a aula me peguei olhando para ele pelo canto do olhos e tenho certeza que ele também percebeu, já que em muitas vezes o vi sorrindo em quanto escrevia em seu caderno.

No momento em que o sinal tocou saí o mais rápido possível da sala, precisava falar com Maddie urgentemente, mas quando cheguei ao refeitório vi que ela já estava sentada com as meninas. Infelizmente nossa conversa realmente terá que esperar até o fim do dia; peguei meu almoço e me juntei a elas.

— Layla que bom que chegou, não vai acreditar! Alexa e o senhor Malloy agora são tão “amigos” quanto você e o senhor Lawford. - Disse Anne, animada.

— Anne querida, acalme-se. Oliver e eu realmente somos amigos, quem sabe algum dia não nos tornemos algo mais tal como Layla e o senhor Lawford. Mas no momento é só amizade mesmo. - Diz Alexa, se virando para me olhar.

— Nate e eu realmente somos só amigos Alexa. - disse de forma indiferente e comecei a almoçar, quanto mais rápido acabar mais rápido poderei me livrar das insinuações feitas por essas meninas. É horrível saber que as pessoas não acreditam que possa haver uma amizade entre pessoas de sexos diferentes sem que haja um interesse amoroso comum a ambos, um pensamento que vem sendo passado a mais de um século e que nunca mudou na cabeça das pessoas.

Enquanto como, consigo perceber Alexa acenando para alguém atrás de mim, não me viro, penso que seja uma das colegas de alta classe dela, contudo, me assusto ao escutar a voz da pessoa perto demais de mim.

— Olá senhoritas, com licença. Layla, deixou cair esta caneta ao sair da sala. Creio que precisará dela para a próxima aula não? - Diz Oliver atrás de mim e no momento que me viro para encará-lo percebo que Nate e Francesco estavam ali com ele também.

— Obrigada Oliver. - Digo quase num sussuro, mas percebo que além de Maddie, Nate parece escutar também. Ao escutar meu agradecimento ele acena com a cabeça e vai embora.

— Te vejo na aula de literatura Layla. - Despede-se Nate, enquanto Francesco me dá um leve tchau, com as mãos. Me viro e, droga! Caterina me olha com uma cara que não escondia sua curiosidade.

— Então quer dizer que você não é só “amiga” do senhor Lawford, como também do senhor Benedetti e do senhor Malloy? - Questiona, fazendo com que Alexa e Anne se virassem para mim.

— Eles são meus colegas de classe Caterina. Chamo Francesco pelo nome desde o primeiro ano, Nate e Oliver só cortaram as informalidades por ser mais simples de se tratar assim.- Respondo e termino o meu almoço.- Agora, se me dão licença, ainda tenho que pegar meus materiais no armário.

Ponho a bandeja, onde estava meu prato, no compartimento da lava-louças automática e saio. Escuto passos atrás de mim, quando me viro percebo que a pessoa que estava me seguindo era Maddie, com tudo o que aconteceu mal tive tempo de falar com ela. Que grande amiga eu sou. Espero que me alcance para poder continuar o meu caminho até o meu armário.

— Sei que não deve estar querendo falar sobre isso agora, mas eu tenho que perguntar. Como assim o “senhor” Malloy vem falar com você hoje, sendo simpático, se ontem você queria matar o coitado? - Pergunta, assim que me alcança.

— Maddie, eu realmente vou te responder, mas não agora. Vamos deixar pra conversar sobre tudo isso mais tarde, não quero me atrasar e creio que você também não.

— Ok, mas só pra sua informação. Alexa está a ponto de arrancar os cabelos por causa disso. Não sei se ficou visível, mas ela tem uma pequena queda por ele. - Tudo bem, para a Alexa perder a postura de anciã dos 17 o que ela tem não é uma pequena queda, seria mais como se ela estivesse na beira da fossa das marianas e pulasse. - Ela não falou mais nenhuma palavra desde que ele saiu da mesa após falar com você. - Não consigo segurar a risada. Irritar Alexa, mesmo que indiretamente, é um dos meus esportes favoritos nesse lugar!

Continuamos a conversar sobre outras banalidades até que chegamos, por fim ao meu armário. Maddie se despede de mim, e, enquanto pegava meus materiais, vejo Nate vindo em minha direção. Pego o último livro que preciso e fecho meu armário no mesmo instante em que ele para a minha frente.

— Pronta para uma maravilhosa aula de literatura Layla? - Pergunta enquanto começamos a andar em direção à sala. Apenas aceno com a cabeça, e espero que prossiga. - Então, sei que não é da minha parte, mas, desde quando você e Oliver se tratam por nome? Ele me contou que teve aula com você, contudo, me disse que não dirigiu uma só palavra a ele.

— Começamos a nos tratar assim hoje, seremos dupla nas aulas pelo resto do ano. Sobre ontem, acho que a vergonha foi maior do que a curiosidade dessa vez. - Digo e sorrio para ele no final. Ele me devolve o sorriso, e no momento em que entramos na sala de aula posso ver várias pessoas levantando a cabeça e olhando em nossa direção, logo após cochichando algo para a pessoa ao lado ou apenas balançando a cabeça em sinal de negação. Esse pessoal realmente não tem mais nada pra fazer a não ser ficar cuidando da vida dos outros.

O professor chega e começa a dar sua aula, e só então me lembro de perguntá-lo o motivo de ter ido me procurar ontem na mesa das meninas.

— Nate, posso te fazer uma pergunta. - Questiono, sussurrando, e no momento em que ele acena com a cabeça eu prossigo. - Qual a razão de ter ido me procurar ontem na mesa das meninas?

— Ah, sobre isso…- Ele parecia estar decepcionado com a pergunta. - Queria apenas saber se você possuí alguns dos livros que serão trabalhados esse ano para me emprestar. Mas porque a curiosidade?

Me viro para respondê-lo e com isso nossos rostos acabam ficando próximos demais. E a única coisa que consigo pensar no momento é que os olhos dele são de um azul tão forte que me lembra o céu nos verões de Buenos Aires.

 


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Notas finais do capítulo

Gente, esse capítulo estava ficando grande demais, ou seja, tive que dividir ele em dois. O quê será que vai acontecer no próximo capítulo hein?
Beijos e até o próximo.



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