Through Her Eyes escrita por CrisSouza


Capítulo 3
Novo Ano, Nada Novo?


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores, turubem?
Ai está mais um capítulo fresquinho pra vocês, espero que gostem.
Nesse capítulo introduziremos bastante personagens.



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Árvores, é o que mais vejo de dentro do carro, as vezes algumas casas, algumas pessoas e, raríssimas vezes, outros carros; eu realmente estou indo para o fim do mundo viver o meu pesadelo. Meu pai está dirigindo, é ele quem sempre me leva para a escola no primeiro dia de aula, a verdade é que eu não entendo bem o porquê.

A maior parte de mim sente que o motivo é ele querer garantir que chegarei e ficarei lá por muito tempo, e que nesse tempo ele não vai ter que se encontrar comigo, contudo, a outra parte, aquela que fica escondida bem no fundo do meu coração, quer acreditar que ele faz isso porque vai sentir minha falta, que faz isso porque quer sempre ser a pessoa que me dá força, que no final ele vai dizer que tudo vai dar certo. Mas esse não é o meu pai, estamos nesse carro a pelo menos uma hora e as únicas frases que ele me disse foram “você está com fome?” ou “quer ir ao banheiro?”, eu não o respondi com palavras e sim com um aceno de cabeça para os lados. Não consigo me sentir a vontade com ele, por mais que eu queira me aproximar do meu pai eu não consigo, não que eu o odeie ou algo do tipo, como eu já disse, faz muito tempo que não o tenho por perto e sinto que se dissesse tudo o que ele não sabe sobre mim, esse abismo entre nós aumentaria dez vezes mais. Dessa forma, acho que o melhor é que as coisas continuem como estão, nenhum de nós sairá machucado, não mais do que já está.

Mais algum tempo de viagem e chegamos ao meu destino, New Age School and Instership, ou como os alunos falam NASI, é, eu sei que lembra NAZI e que tudo o que eu disse anteriormente os faz pensar que esse lugar é extremamente parecido com o ideal de Hitler, bom, na verdade é, mas de acordo com nossa “querida” Diretora Hartley esse lugar “só quer preparar melhor os jovens para o seu futuro”.

Hartley faz de tudo por essa escola, para muitos ela é a senhora boazinha, justa, que vai defender todos os seus alunos de modo igual, mas, se lembra do que eu falei sobre a pirâmide? Susan Hartley foi uma das grandes colaboradoras para que ela fosse criada, se você não está nos 5 primeiros degraus desse esquema pode se considerar sozinho e sem proteção nesse lugar, ela nunca vai te dar atenção, sempre apoiará aqueles que podem gerar benefícios a ela.

Meu pai me ajuda com a minha mala e me leva até a porta da escola para poder fazer o check-in e logo depois disso se despede com um pequeno e quase inaudível tchau, desaparecendo pela multidão de adolescentes ali presentes.

Pego a chave do meu dormitório e subo as escadas que levam até ele, os alunos do último ano ficam no último andar do prédio de dormitórios, creio que isso é só uma forma de mostrar que conseguimos chegar ao final do nosso período escolar. Ao entrar no quarto me deparo com Maddie desfazendo suas malas, quando me vê ela vem correndo até mim e me abraça, quase nos fazendo cair no chão.

— Amiga, até que enfim você chegou. - fala, toda animada. - Estava morrendo de saudades, não via a hora de te encontrar para que pudéssemos conversar cara a cara!

— Também estava com saudades Maddie, queria poder ter ido te visitar, mas você sabe que não poderia fazer isso sem a autorização do meu pai. - respondo, ainda a abraçando.

— Não tem problema, sei disso. Mas então, animada para o último ano do início de nossas carreiras? - Pergunta dando um sorriso desanimado.

— Quer a verdade ou a mentira que terei que inventar todos os dias daqui pra frente?

— A mentira, quero ver quão bem se sai. - Me responde com um sorriso divertido no rosto.

— Estou felicíssima, já que ano que vem começarei os meus estudos de moda. - falei, sorrindo falsamente. - Não é o máximo? Poderei desenhar vários modelos de um mesmo estilo de roupa!

—Não está bom, treine mais um pouco e ficará perfeito! - Disse ela, logo depois rindo junto a mim.

Continuamos conversando enquanto desfazíamos as malas, eu sempre me sinto muito bem quando converso com a Maddie, sei que sem ela aqui eu não teria aguentado tanto tempo, eu com toda certeza teria fugido como tantos já fizeram, como a garota do cabelo rosa e seu irmão fizeram.

Ano passado presenciei uma fuga da escola, não presencie de estar lá, mas vi duas pessoas fingindo, um menino e uma menina, e o que mais me chamou a atenção foi a cor do cabelo dela. Um tom de rosa tão vívido que é muito difícil de tirar da memória.

Algum tempo depois descobri que os fugitivos eram Nara e Yudi Ohno, ela no seu primeiro ano no colégio e ele no penúltimo, ambos eram do clube de informática, afinal, as máquinas decidiram que só pelo simples fato de eles serem asiáticos eles se encaixariam bem nessa área. A grande verdade, pelo que fiquei sabendo, é que Yudi nunca terminou um programa, nunca conseguiu desenvolver nada naquele lugar e isso agregado ao fato de ele estar num dos degraus abaixo do topo o fez ser motivo de chacota na escola. Porque é isso que fazem com você aqui se não consegue cumprir as expectativas.

Antes que terminássemos de nos instalar a voz da diretora soou pelos alto-falantes nos comunicando que haveria uma reunião marcada para comemorar o início do ano escola, reunião significa que ela vai ficar em cima de um palco falando sobre a maravilha de escola que é a NASI e de como somos sortudos por estudar aqui, no final eles nos entregariam um tablet com o horário de todas as nossas aulas e atividades durante o ano.

Fomos até o salão de apresentações e nos sentamos, conversamos um pouco antes que a diretora começasse seu discurso.

— Bem-vindos a mais um ano letivo na New Age School and Instership, espero que este ano que está começando seja maravilhosos para todos vocês, para os alunos que estão começando este ano, faremos com vocês uma visita pelo campus desde nossa grandiosa biblioteca até os clubes onde cada um já foi inscrito. Para os alunos veteranos teremos algumas comidas para que possam comemorar a volta às aulas. Mas antes disso vou dizer aqui algumas regras que vocês devem seguir a risca. A primeira delas é que o uniforme é indispensável em todas as aulas, inclusive durante os encontros com os clubes; a segunda é que temos horários bem definidos, vocês devem estar de pé cedo, o café da manhã começa a ser servido às sete da manhã e só dura 45 minutos; o almoço é servido ao meio-dia e dura 1 hora; o jantar é servido às oito da noite e dura 1 hora; as aulas começam às oito e vão até as três da tarde; vocês tem das três da tarde até as dez da noite para desfrutarem tudo o que o nosso campus oferece; quem for pego fora da cama depois do sinal terá de ficar na detenção, por tempo indeterminado; beijos pelos corredores no horário de aula são proibidos; casais só poderão ficar juntos caso haja algum inspetor por perto, se essa regra for quebrada o casal ficará na detenção por tempo indeterminado; não são toleradas brigas e brincadeiras de mal gosto nessa escola, o aluno que for pego brigando corre o risco de ser suspenso ou, dependendo da seriedade da briga, expulso; por fim, mas não menos importante é estritamente proibido que um garoto visite o dormitório ou as instalações que são exclusivamente das garotas e vice-versa. O resto das regras estarão instaladas no tablet que receberão ao saírem dessa sala, quero finalizar, desejando, novamente, um ano letivo maravilhoso a todos vocês. - A única coisa que consigo pensar é que esse discurso foi feito simplesmente para mostrar o quanto esse lugar é parecido com uma prisão, mas todos os alunos, inclusive eu, bateram palmas para a diretora.

A sala foi esvaziando aos poucos, a maioria dos alunos que sobraram foram os que estão no topo da pirâmide, para poderem conversar sobre suas férias incríveis e o quão felizes eles estavam por herdarem o emprego de seus pais. Maddie e eu ficamos mais ao fundo da sala, para comermos é claro, a comida aqui é incrível, disso também não posso me queixar. Algumas garotas estavam se aproximaram de nós, conversando sobre algo que realmente não nos interessava, quando estavam perto o bastante nos cumprimentaram.

— Madelaine, Layla, como estão queridas? Como foram suas férias? - Perguntou Alexa, uma das garotas do grupo. - Espero que tenham sido maravilhosas, afinal, estas foram as últimas em que realmente pudemos curtir a nossa juventude. - É realmente estranho ver alguém da minha idade falando como uma senhora de 70 anos.

— Foram incríveis Alexa, pode ter certeza. - Maddie respondeu rapidamente, ainda bem, creio que não responderia a coisa certa dessa vez. - Mas conte-nos, o que fez de tão incrível em suas férias, querida? - Tudo bem, esse “querida” no final soou um pouco sarcástico, mas Alexa não reparou, ou então fingiu que não, porque logo em seguida começou a contar como suas férias nas Bahamas foram encantadoras. Duvido muito, qual a graça de passar as férias na praia e não poder ir à praia em momento algum? Na verdade, podemos, mas nossas roupas de banho nos impedem de desfrutarmos dela totalmente. Não podemos usar roupas de banho normais, na verdade as nossas parecem com aquelas roupas de banho dos anos 20. Antes de ela terminar dei uma desculpa de que estava cansada e me retirei do local deixando a pobre Madelaine sozinha, mas eu tinha que sair dali.

Sai do salão de apresentações e fui andando pelos corredores em direção aos dormitórios, em todos os cantos daquele lugar haviam pessoas completamente felizes por estarem de volta à escola e por estarem reencontrando os amigos, não consigo me sentir assim, a verdade é que em quatro anos aqui nunca me relacionei com outra pessoa senão a Maddie, mas como faria isso? Eu não posso conversar com pessoas de outro sexo, não posso contar como me sinto sem que me olhassem como se fosse uma aberração e sem que me entregassem para as autoridades. Pensando nisso, acabei não prestando muita atenção em meu caminho e esbarrei em alguém.

— Perdão, eu estava um pouco distraída. - Me desculpei, e quando olhei para frente reparei em quem estava ali. Nataniel “Nate” Lawford, quaterback do time de futebol da NASI e meu colega de classe nas aulas de literatura.

— Está tudo bem senhorita Martínez. Mas, como está? Animada para as aulas de literatura esse ano? - Não tenho certeza, mas penso que Nate já descobriu que literatura e inglês são minhas matérias favoritas, e não artes como deveria ser.

— Estou ansiosa para poder aprender mais sobre os escritores e obras de nosso país, senhor Lawford. - Respondi, prestando bastante atenção em minhas palavras. Não posso mais dar nenhum furo em minha maneira de falar, não enquanto estiver aqui. - Espero que nesse ano tenhamos autores tão bons quanto no ano passado.

— Eu também senhorita Martínez. - Ele me respondeu, eu já estava saindo quando ele me chamou. - Layla, pode me chamar de Nate, se quiser.

Dito isso Nate se retirou e eu fiquei parada no meio do corredor por alguns segundos, ele e eu estudamos juntos desde o primeiro ano e hoje foi a primeira vez que ele me chamou de Layla, foi, na verdade, a primeira vez que ele falou comigo. Voltei a mim e continuei andando pelos corredores até chegar ao meu dormitório, não demorou muito e Maddie chegou também. Contei a ela o que aconteceu no meio do meu percurso e ela surtou um pouco.

— VOCÊ ESTÁ ME DIZENDO QUE NATANIEL LAWFORD FALOU COM VOCÊ NO MEIO DO CORREDOR E TE DEIXOU CHAMÁ-LO DE “NATE”? - Tudo bem, eu admito um pouco não é a palavra certa para descrever a situação.

— Isso Maddie, grita mais pra que todo mundo da escola fique sabendo. - Disse para ela em um tom um pouco rude. - Não precisa enlouquecer, nós estudamos juntos desde o primeiro ano é mais do que normal ele pedir para que eu o chame pelo apelido.

— Não é não minha cara Layla, afinal como você mesma disse ele nunca falou com você antes, e agora, na primeira oportunidade que tem te pede para chamá-lo de “Nate”?, é óbvio que ele está querendo alguma coisa com você!

— E o que seria, minha ajuda nas aulas de literatura? Não viaja Maddie. - Falei, logo depois me levante e fui em direção ao banheiro para que pudesse tomar meu banho, contudo, antes que eu fechasse a porta Maddie me chamou.

— Amiga, posso ainda não saber o motivo pelo qual ele te pediu para chamá-lo pelo apelido, mas pode ter certeza de uma coisa, não foi para, no futuro, te pedir ajuda com literatura.

No final de tudo, sei que Maddie está certa, existe um motivo pleo qual, após 4 anos, Nate tenha finalmente falado comigo. Mas qual será?


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram da Maddie e do Nate?
E sobre a Alexa e seu grupinho?
Comentem muito, beijos e até o próximo!



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