For Evermore escrita por MelanieStryder


Capítulo 34
Capítulo 34 - Deep in the endeless sea


Notas iniciais do capítulo

É chegada a hora do final...
34 e 35 são os últimos capítulo :(
que triste!!!



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Minhas mãos tremiam enquanto Carlisle observava o monitor do aparelho de ultra-sonografia.

_ Aí está!

_ Onde? _ Apoiei-me sobre os cotovelos na tentativa de ver o bebê, mas tudo o que eu conseguia ver na tela era uma bolinha escura dentro de um círculo não tão escuro.

_ Aqui. _ Ele apontou para a bolinha menor.

_ Tão pequeno...

_ É como eu disse. Você deve estar de seis ou sete semanas.

_ Mas ele é normal?

_ Bem, até agora me parece bem normal. Bem humano, se é isso o que você quer saber.

Jacob sorriu.

Inspirei profundamente e voltei a me deitar na maca. Deixei finalmente um sorriso saltar pelo meu rosto. Fechei os olhos e toquei meu abdômen. Nada. Liso e reto como sempre. Mas se Carlisle dizia que via alguma coisa... Ou melhor, eu mesma tinha visto na tela do monitor.

Melhor deixar rolar... Sorri, admintindo pela primeira vez que eu devia viver aquele momento, não importa o que houvesse no futuro.

E foi assim durante os próximos oito meses. Tanta coisa aconteceu naquele período, mas eu sempre tinha a sensação de que estava passando rápido demais.

Nas semanas seguintes, Jacob e eu nos mudamos para uma casa na cidade. O bom é que ficava perto da loja e os fundos da casa dava para a floresta; mais ou menos como a casa do meu avô Charlie; então podíamos receber visitas de vampiros e lobisomens durante todo o dia, sem problema algum. O pequeno sobrado era simples, mas era nosso lar e isso o tornava muito especial. Decoramos do nosso jeito e agora planejávamos o quarto do bebê. Ângela me ajudou com algumas idéias no início da minha gravidez, mas logo ela e Seth se casaram e foram morar na Califórnia. Ângela até conheciu Yumi e elas tornaram-se boas amigas.

Pouco tempo depois, Charlie se mudou para a reserva, bem perto da casa de Billy Black, que agora vivia sozinho e, dia após dia, ficava cada vez mais marrento e teimoso. Todos sabíamos que Charlie só aceitou se mudar para a reserva para ficar perto de Billy, para ajudá-lo com a cadeira de rodas e as pequenas coisas do dia-a-dia, já que Billy não era mais um garotão. No fim das contas, era bom, pois Jacob ficava menos preocupado.

A relação de Jacob com seu bando continuou a mesma. O que mudou foram os olhares duros que recebíamos do povo Quileute. De certa forma, eles o recriminavam por minha causa; pelo lobisomen ter escolhido a meia-vampira. Sempre a mesma velha história... Acho até que Billy me olhava assim algumas vezes, bem... Eu não sei ao certo, talvez seja só impressão minha ou desconfiança.

Eu nunca mais ouvi falar de Nahuel, e ele também nunca mais deu notícias. As vezes eu só queria que ele soubesse que eu o levava em meu coração, apesar de tudo.

...

A bolsa estourou no meio da madrugada e por incrível que pareça, eu estava mais nervosa do que Jacob. Eu chorava feito uma boba! Iria sentir falta daquela barriga pequena, embora Rosalie dissesse que eu estava prestes a explodir.

Alice... Pobre Alice! Suas visões de lobos-humanos continuaram a atormentá-la por muito tempo. Ela e Jasper acabaram se mudando para a antiga cabana onde meus pais moraram logo depois que eu nasci. Ela lamentou ter que fazer isso, mas seus sentidos estavam agussados demais e ela precisava de um lugar tranqüilo; por incrível que pareça; ainda mais tranqüilo que aquele sobrado branco embrenhado no meio da mata.

...

_ Carlisle, você tem certeza que é seguro aqui no hospital? _ Jacob me carregava nos braços enquanto eu me preparava para mais uma fraca contração.

Eu nunca me senti tão nervosa quanto naquele momento e tudo por uma única razão: medo. Eu havia feito inúmeros exames nos últimos meses e em todos eles, Carlisle constatou que o bebê era normal; humano; mas ainda sim eu tinha uma sensação de que nos final das contas, teríamos uma surpresa nada agradável...

Eu entrei no centro cirúrgico as 02:43 da madrugada, acompanhada apenas por uma única enfermeira de confiança de Carlisle, daquelas que não fazem muitas perguntas sobre coisas estranhas. Jacob aguardava na sala de espera, onde toda a minha família, exceto Jasper e Alice, esperava ansiosa por notícias.

Eu não conseguia parar de chorar, não sei porque, e ainda tinha aquela enfermeira me olhando torto, dizendo a todo momento que Carlisle era maluco de não acionar um médico pediatra para o bebê. As vezes eu concordava com ela, mas então logo me lembrava do que eu era e acabava acreditando que Carlisle estava apenas tentando nos proteger, além disso, eu confiava a minha vida à ele.

Depois de colocar uma espécie de vestido verde do hospital, ela me pediu para sentar na maca. Senti quando a agulha espetou na minha veia e o soro começou a correr para dentro de mim.

_ Ora mocinha, não fique assim nervosa. Eu já vou mandar chamar o seu marido.

Não foi preciso que ela o fizesse, pois Jake entrou na sala de cirurgia acompanhado de Carlisle. Os dois estavam paramentados feito verdadeiros cirurgiões: avental, touca, luva, máscara, enfim, tudo o que se podia esperar para uma operação.

_ Pronto, pronto. Agora vamos para a anestesia. _ Ela avisou. _ Hey papai, porque não toma o meu lugar? Eu vou lá para trás aplicá-la.

Jacob se aproximou de mim e me abraçou. Eu chorei ainda mais.

_ Carlisle, vai doer essa anestesia?

_ Não, é perfeitamente suportável, fique tranqüila.

Eu não fiquei tranqüila. A medida que sentia minha lombar sendo preparada para o procedimento, eu ficava imaginando o calibre da agulha. A dor que ele provocaria assim que fosse inserido em minha espinha...

_ Prontinho! Agora deite-se! _ Carlisle apareceu na minha frente. Ele sorria e parecia estar muito tranqüilo, embora eu o conhecesse o suficiente para ler o que estava por trás daquele sorriso.

_ Já acabou? Mas eu não senti nada!

_ Relaxa Renesmee, tudo vai dar certo.

Eu me deitei e um lençol igualmente verde foi estendido na minha frente. Carlisle segurou uma de minhas mãos e avisou:

_ Daqui a pouco você vai sentir tremores, mas não se preocupe, eles vão passar.

Bastou que Carlisle me avisasse e eles vieram. Brutais. Jacob tentava me segurar sobre a maca, mas era tudo muito forte e eu fiquei um pouco tonta. Eu não tenho noção do quanto durou aquilo, mas logo meu corpo relaxou.

_ Tudo bem aí, Ness?

Eu apenas ouvi a voz de Carlisle, embora não fosse possível vê-lo.

_ Tudo... _ Eu quase não tinha forças para falar. Acho que se forçasse um pouco mais, começaria a chorar novamente.

_ E então? Vocês tem algum palpite sobre o sexo? Sejam rápidos que eu já estou chegando lá! _ Carlisle novamente.

_ Menino! _ Falamos os dois juntos. Jacob se abaixou e me beijou, enquanto acariciava meu cabelo.

_ Eu estou com medo, Jake... _ Murmurei, já sentindo as lágrimas escorrerem dos meus olhos.

_ Está tudo bem, tudo bem.

De repente, um choro alto e agudo tomou conta do ambiente.

Meu coração acelerou. Era meu bebê. Naquele momento eu descobri que tinha sido tão estúpida durante os últimos nove meses, porque eu o amaria nem que ele fosse um monstrinho, como Jacob me chamava logo quando eu nasci. Era meu filho, meu bebê! Meu! Meu!

_ Vai, vai! _ Eu soluçava de felicidade e empurrei Jacob pra onde a enfermeira tinha levado o bebê.

...

Senti minhas forças se esvaírem do meu corpo enquanto eu andava em direção ao choro do meu bebê. O mesmo oceano de dor que um dia eu tinha sentido foi tomado por um oceano de prazer e contentamento. Eu nunca quis desmonstrar para não assustá-la, mas tinha tanto medo quanto Renesmee e escutar seu choro, era um alívio tremendo.

_ Ora, chegue mais perto! É seu filho! Um menino!

Gertie, a enfermeira, limpava o pequeno menino enquanto fazia os primeiros testes com ele. Eu me lembrei imediatamente do filho que Leah estava esperando e agora ali, olhando para o meu filho vivo, eu senti finalmente a dor daquela perda; pelo meu outro filho morto. Eu não queria que nada de mal acontecesse para ele, eu queria segurá-lo, queria protegê-lo de tudo e de todos.

O garotinho era pequeno e eu podia jurar que não pesava mais que dois quilos, mas Carlisle me garantiu o contrário, que o bebê era grande. Ora, eu não sabia nada sobre bebês! Este, o meu era branquinho feito a mãe dele e cheio de cabelo castanho escuro. Ele ainda não abria os olhos; estava inchado; assim Gertie tinha dito. Ele me lembrava Renesmee de todas as formas.

_ Toma, pode levá-lo para a mamãe conhecer.

Ela me entregou o pequeno enrolado em um lençol azul. Eu mal sabia como segurar um bebezinho, mas o engraçado é que ele coube certinho no ninho formado pelos meus braços.

Coloquei-o deitado sobre o corpo de Renesmee e ele ficou quietinho.

_ Ele é perfeitinho? Não tem nada de errado com o meu bebê? _ Ela perguntou, chorando, mas eu podia ver claramente que era de alegria.

_ Nada, amor. Nosso filho é como deveria ser. _ Eu soprei no ouvido dela. _ Humano.

Renesmee sorriu, mas logo os tremores voltaram.

Eu segurei o bebê novamente enquanto Carlisle nos acalmou, dizendo que era uma reação normal à anestesia.

Naquele dia, Nessie e nosso bebê dormiram até as primeiras horas da manhã . Foi um sono de paz, tranqüilo, que ansiávamos há muito tempo.

...

Ephram. Eu soube seu nome quando eu acordei da anestesia e segurei-o em meus braços, agora completamente consciente de que eu era mãe.

Era quase como Ephraim, o bisavô de Jake. Eu sabia que ele queria um nome que também o remetesse à sua origem, então, concordamos com este, que também seguia a excêntrica tradição de nomes estranhos de minha família vampira.

...

Os meses seguintes correram rapidamente na linha do tempo, enquanto Ephram crescia dia após dia.

Ao invés de papai ou mamãe, a primeira coisa que ele disse foi “Jake”. Foi engraçado e ele percebeu que nós ríamos, então tudo pra ele era “Jake”, desde um simples sim ao não. Com nove meses, Ephram começou a engatinhar. Realmente não dava para descuidar dele, pois o danadinho era esperto feito o pai! Um dia, eu me distraí vendo TV e quando dei por mim, ele estava rastejando escada acima. Um dia depois de completar 1 ano de idade, Ephram deu seus primeiros passos, sem a ajuda de tantos braços que tinham para ampará-lo.

Meu filho era o nosso orgulho, mimado por nossas duas família e o verdadeiro milagre do nosso amor.

Minha felicidade era tanta, que aqueles pensamentos sombrios nunca mais rondaram minha mente. Hoje eu me arrependo, eu devia ter sido mais cuidadosa, eu devia saber que eu jamais, jamais, devia ter tentado desafiar o meu destino já determinado, desde antes da minha concepção.

Foi então que numa fria e chuvosa manhã de Forks, meu coração; fadado a ser vampiro; bateu da forma humana pela última vez. Sem dor, sem choro, sem desespero.

...

_ Ness? Cadê você? _ Tirei o casaco e joguei-o no chão. Fui acudir Ephram, que chorava, desconsolado ao pé da escada.

O estranho é que Renesmee nunca o deixava sozinho, já que ele ainda era bem pequeno e gostava de mexer um tudo, apertar todos os botões e até tentar comer os móveis se deixássemos.

_ Ness? Ness? _ Não houve resposta.

Então Ephram apontou escada acima, me olhou e disse “mamãe”. Ele não sabia falar muita coisa, então “mamãe” podia significar qualquer coisa.

Eu subi as escadas com ele e o coloquei no chão assim que avistei Renesmee caída, ao lado da cama. Tantas lembranças ruins aquilo me trazia...

Chequei o pulso, a temperatura e não tinha nada além do que já era de se esperar: pulso fraco, fria e rígida feito um cadáver.

Liguei para Carlisle e todos vieram, mesmo embaixo de uma chuva torrencial que caía em Forks já a dois dias.

Aí, eu recebi o veredito: Renesmee estava no caminho para se tornar uma vampira e dessa vez, não havia nada que pudesse ser feito. Ahh! O oceano de dor me levando para as profundezas sem fim de suas águas calmas e escuras... Meu corpo sendo rasgado pela força das águas, até que uma luz azul brilhou acima da minha cabeça, feito um túnel de esperança que eu devesse seguir. Talvez fosse só o efeito da descepção, talvez fosse meu inconsciente me lembrando que eu ainda tinha Ephram...

Eu me abracei ao meu filho, tentando raciocinar sobre o que eu deveria fazer naquele momento, enquanto Bella fazia as malas de Renesmee e Edward falava raivosamente com alguém pelo telefone.

_ Jacob, me dê Ephram por um instante? _ Rosalie apareceu ao meu lado.

Eu não conseguia balbuciar uma palavra sequer. Eu só apertei Ephram contra meu corpo e permaneci observando Renesmee quase morta sobre nossa cama.

Depois de algum tempo, Carlisle e Esme voltaram para minha casa e eu cedi, entregando Ephram para Rosalie, já que ela insistia que ele precisava ser alimentado. A vampira loira tinha razão, embora eu desejasse que muito em breve fosse a quase-vampira ruiva estendida sobre nossa cama a segurar e proteger meu pequeno. Eu gostava daquela ilusão, daquela visão impossível e cada vez que eu tentava racionar, eu voltava a ser lubridiado por mim mesmo, para que não doesse tanto.

_ Já está tudo arranjado no hospital. Podemos partir assim que todos decidirem o que fazer.

_ Nós também vamos. _ Emmett e Rosalie sussurraram.

Bella e Edward não se pronunciaram, mas é claro que eles iriam para qualquer lugar que Renesmee fosse.

Eu vi Carlisle andando em minha direção, esperando que ele me dissesse algo, embora eu já soubesse o que era. Ele colocou suas mãos em meus ombros.

_ Oh Jacob, eu sinto muito, mas creio que é mais prudente mantê-la longe de humanos por algum tempo. Eu não posso prever como Renesmee será, mas você sempre soube que eu não tenho bons palpites sobre isso.

Eu consenti, sem olhá-lo nos olhos.

_ E onde você pretende levá-la? _ Minhas primeiras palavras surgiram.

_ Alasca.

Eu podia sentir o frio daquelas terras dentro dos meus ossos, ao mesmo tempo em que um calor súbito irradiou dos meus olhos e molhou meu rosto. Quando dei por mim, Bella já estava nos meus braços.

...

Ao fim daquele dia, corri para a aldeia e deixei meu pequeno Ephram aos cuidados de Charlie, Sue e meu pai. Eu disse que seria por pouco tempo, mas na realidade, eu não sabia ao certo quanto ficaria fora. Eu só tinha certeza de uma coisa: um dia voltaria para buscá-lo ou então para ficar aqui com ele.

Sem raciocionar direito, corri de volta para casa e segurei firme as mãos geladas da minha Renesmee. Eu ía ficar com ela durante os últimos minutos de sua vida humana e se fosse possível; sim, eu havia decidido; eu ía ficar com ela durante todo esse processo, o quanto fosse necessário, embora meu coração já doesse pela falta que Ephram me fazia.

Não conseguimos partir naquela noite pois o aeroporto de Port Angeles estava interditado, devido ao intenso mal tempo.

Eu também não pude dormir, mas deitei-me ao lado de seu corpo frio, abraçando-a durante toda a madrugada. Eu estava me despedindo aos poucos do grande amor da minha vida; eu estava tentando aprender a como arrancar Renesmee do meu coração.

Partimos nas primeiras horas da manhã, pouco depois de Alice e Jasper terem igualmente partido, mas correndo pelo continemente. Carlisle acreditou que iria fazer bem à Alice. Pobre Alice... Não era necessário lágrimas em seu rosto para saber o quão grande era seu sofrimento. Ela me abraçou rapidamente e em seguida, os dois desapareceram de Forks.

Carlisle aplicou uma alta dose de morfima nas veias semi-mortas de Renesmee antes de sairmos de casa, por precaução, já que passaríamos horas e horas dentro de um jato particular. Bella parecia sofrer tanto quanto Renesmee deveria estar sofrendo dentro de seu corpo paralisado pela queimação infernal, presa pela morfina, só sentindo, sentindo aquela dor indescritível sem parar. Me enojava saber que ela sofria e eu me sentia cada vez mais fraco diante da impotência e insignificância dos meus atos.

_ Fique com ela Jake, talvez ela possa te ouvir, eu podia em certos momentos. _ Bella tocou meu rosto com suas mãos de gelo e eu imaginei se Renesmee também seria assim, se eu sentiria a brutal diferença de seu toque. Se ela um dia poderia me tocar novamente, sem fazer de mim um cadáver em questão de segundos.

...

Renesmee estava deitada sobre uma maca dentro do jato e para todos os efeitos, ela era uma paciente.

Já voávamos a mais de quatro horas, quando o comandante avisou que pousaria no pequeno e improvisado aeroporto de Grande Prairie, bem no meio do Canadá. Para ajudar, o efeito da morfina de repente deu seus primeiro sinais de que estava passando, e da pior forma, tamanho foi o grito agudo e de dor de Renesmee. Edward avisou o piloto e o co-piloto que a paciente estava bem, embora ambos olhassem assustados para a moça pálida se contorcendo e gritando sobre a maca.

_ Faça-a parar! _ Eu implorava, mesmo sabendo que Carlisle já estava aplicando mais uma dose da morfina, que demoraria alguns segundos para fazer efeito.

_ O que está acontecendo aqui? _ O co-piloto me olhou desconfiado.

_ Nada, ela já foi medicada.

_ Precisamos descer agora. Há muita turbulência.

_ Não, temos que continuar. _ Edward tentou persuadí-lo, mas ambos já estavam por demais aterrorizados.

_ Aqui, um cheque, um para cada um de vocês. _ Emmett sorriu, na tentativa de aliviar a tensão, mas não era como se Jasper estivesse por perto.

Ele entregou dois pedaços de papel para cada um deles, que apesar do medo estampado em seus rostos, aceitaram e continuaram viagem.

Foi um longo, longo vôo até Barrow, onde após quase 17 horas de viagem, aterrisamos no pequeno aeroporto. Carmen estava lá a nossa espera e nos recebeu com seu amor maternal.

_ Oh, mi querida! _ Ela lamentou ao ver Renesmee em meus braços.

Três grandes caminhonetes nos aguardavam não muito longe dali. Eu cumprimentei Eleazar e Tanya assim que nos aproximamos. Não havia muito a dizer.

_ Obrigado Eleazar. _ Carlisle o cumprimentou.

_ Ora! Não há de que! Tem certeza que vocês não preferem vir conosco para Denali?

_ Hum... _ Ele ponderou. _ Creio que não seja prudente, não neste momento. Infelizmente eu não tenho grandes expectativas sobre Renesmee.

_ Tudo bem então. Se precisarem de algo, basta nos ligar.

_ Vocês já fizeram demais por nós, mais uma vez obrigado. _ Edward enfatizou.

Então eu me senti na obrigação de também agradecer. Eles eram leais, eram a família de Nessie.

_ Obrigado.

_ Estaremos por perto Jacob, se precisar nos ligue. _ Carmen, mais uma vez, sempre tão generosa.

Eu assenti.

Pegamos a Cakeatter Road e rodamos por cerca de três horas, até encontrar uma estrada de chão que dava para o East e West Twin Lakes. Tanya já havia nos avissado que ela e suas irmãs providenciaram a abertura da estrada. Rodamos por aproximadamente mais duas horas pelo terremo acidentado até que finalmente avistei uma grande casa de três andares, construída de pedras e no meio do nada.

Finalmente me dei conta de que meu corpo inteiro doía e de que eu estava um tanto quanto desorientado. Olhei no relógio, mas não acreditei nas horas. Eu não fazia idéia em qual fuso horário estávamos, eu apenas supunha que era dia, já que o sol brilhava no horizonte.

Jasper saiu da casa e veio nos ajudar com a bagagem.

_ Venha, você precisa dormir um pouco. Deixe Renesmee com meu irmão.

_ Ainda é dia Jasper, eu tenho certeza que posso agüentar até a noite.

Jasper sorriu amigavelmente.

_ Estamos no fim do verão. _ Senti o vento frio cortar meu rosto. Parecia impossível que aquilo fosse verão. _  E esse é o sol da meia-noite. É sempre assim, dia e noite, noite e dia.

O sol da meia-noite... O nome sempre me pareceu algo que remetesse ao romantismo, algo que se devesse vislumbrar a dois, e não para me lembrar de seus últimos dias.

_ Venha. _ Jasper me empurrou para dentro da casa e eu fui deixando me levar pelo cansaço. Ele me empurrou escada acima, para um quarto no último andar e eu já estava atordoado demais para continuar acordado, pensando em qualquer coisa, mesmo que fosse em Renesmee, pior ainda se fosse nela! Aquilo me matava, acabava comigo e eu sentia-me cada vez mais destruído por dentro, como se fosse possível eu me sentir pior a cada segundo. Chegava a ser irônico.

Eu senti o forte e macio impacto com o colchão, na medida em que meu corpo se contorcia em torno da colçha e eu deixava finalmente as lágrimas escaparem.

_ Eu sinto muito, Jacob. _ Eu escutei o sussuro de Jasper no meio da minha dor. _ Eu vou fazer algo por você, não se preocupe.

Então uma onda gigantesca de paz envolveu todo o meu corpo e de repente, era como se eu estivesse suspenso sobre a cama; como se a gradivade não mais existisse. Novamente aquela mesma sensação de estar desconectado de tudo... A mesma sensação que eu tive quando eu a vi pela primeira vez, ainda um bebê, nos braços de Rosalie.

_ Renesmee...

Eu ouvi minha própria voz ecoar no quarto escuro e ela voltou para dentro da minha cabeça, trazendo consigo a imagem perfeita do rosto infantil de Renesmee, seguido de um retrato de minha Ness já adulta, no dia em que eu a vi pela primeira vez, numa clareira, em Forks.

_ Te amo...

O talento de Jasper venceu minha vontade de permanecer entorpecido por aquela fantástica alucianação e eu adormeci, pela primeira vez no dia, feliz.

...

Eu podia sentir a adrenalina se espalhando pelo meu sistema, o pânico, o êxtase daquele momento, a total inexistência de ruído naquele cômodo, embora eu sentisse uma suave e rápida batida não muito longe dali, bem como um leve odor que eu não conseguia destinguir se eu amava ou odiava. Eu podia sentir e ouvir tudo, menos o pulsar de meu próprio coração, que já estava morto.

A sensação de derrota era arrebetadora e embora eu quisesse chorar por conta disso, só conseguia sentir raiva e ódio pelo que eu estava vivendo.

Eu abri os olhos e observei que o teto era de uma cor extremamente peculiar para ser considerado um teto de uma casa. Ele era cinza prateado, feito um metal. Estranho...

Girei o rosto para o lado, a medida que ouvi alguns passos próximos a uma estranha e grosseira porta que me parecia ser de metal. Eu podia ver por baixo dela a sombra de dois pés. Humanos. Imaediatamente, aquele cheiro delicioso invadiu o ambiente, embora eu não gostasse de algo no fim do paladar daquele odor. Era como algo repulsivo, mas que mesmo assim me atraía, tanto quanto o primeiro odor.

_ Bella? _ Uma fraca batida e um sussurro desencadearam meus próximos atos. Minha garganta queimou dolorosamente, tanto que me fez saltar da cama e me agarrar à porta. Meu desejo de abrí-la, de tomar o sangue daquele humano era mais forte do que tudo e eu faria qualquer coisa para tê-lo, a começar por destruir a porta, a parede, o que fosse necessário para sentí-lo escorrendo para dentro de mim. Eu gritei alto. Minto, eu rosnei selvagemente, a medida que o som do grosso metal sendo arranhado pelas minhas unhas unia-se ao meu desejo.

_ Renesmee.

Virei imediatamente para a fonte daquele som. Quem sabe outro humano insignificante para que eu pudesse finalmente aplacar minha sede. Ao invés disso, a imagem da minha jovem mãe foi lançada em minha mente e eu me assutei.

_ Mãe?! _ Foi como acordar de um sonho ruim para o meu pesadelo real e particular.

Instantaneamente eu comecei a observar cada detalhe daquele lugar. O chão coberto por um carpete cor de vinho, cortinas fechadas igualmente escuras, uma enorme cama de casal, coberta por um acolchoado grosse a marron. Ao lado, um criado mudo e um pequeno candelabro sobre ele, com três velas acessas. Do outro lado, uma antiga e grande penteadeira escura, ladeada por um quadro antigo, no qual a figura de uma mulher em sofrimento, parecia tão vampírica quanto a minha família. Eu voltei a observar a penteadeira e fui fisgada pela imagem por ela refletida. Uma figura esguia e tão pálida feito marfim fitava-me com olhos vermelhos, ladeados por grandes olheiras escuras. O cabelo revolto e despenteado emoldurava o rosto fraco e ao mesmo tempo agressivo. Era a nova “eu”.

_ Sente-se. Acalme-se um pouco. Eu sei que você deve estar se sentindo atordoada.  Novamente a voz rouca da minha mãe, desta vez, vinda da beirada da cama.

_ Atordoada. _ Eu repeti, ainda me olhando no espelho. Não era eu, de forma alguma. Voltei-me à ela e sua expressão era de desapontamento. A raiva aumentou dentro de mim quando eu me dei conta de que a descepção era porque eu não era como ela esperava que eu fosse. Eu era o monstro que todos temiam que eu me tornasse.

Fitei novamente a sombra dos pés embaixo da porta e me concentrei por alguns instantes, até ouvir a batida constante daquele coração.

_ Bella? Bella?

Aquela voz... Eu podia identificar.

_ Jacob?

_ Ness?

Não foi preciso meio segundo para que eu voltasse a insistir na porta de metal, que eu não conseguia abrir de forma alguma.

Senti uma pressão no meu pescoço, seguido por um grito alto, que chamava o nome de meu pai.

_ Acalme-se, por favor! Vamos conversar!

_ Eu quero sair daqui! Eu quero ele, ele! Quero o sangue dele! _ Eu gritava descontroladamente. _ Me solta! Me solta!

_ Jacob, saia daí! _ Ela gritou, tentando me afastar da porta. Então eu fui para a parede. Arranquei parte do concreto como se a parede fosse de papel, até que cheguei em um metal, tão rígido e consistente quanto o da porta. Fitei novamente o teto prateado e me dei conta que aquilo era uma cela.

_ Ness? Renesmee! Bella, deixe-a sair! _ Ele gritava do outro lado da porta.

_ Não se atreva a abrir esta porta Jacob, ela está fora de controle!

Eu estava mesmo, completamente fora de mim, sedenta, capaz de tudo, capaz até de matá-lo. Ahhh, eu mataria facilmente, tão rapidamente... Eu podia até mesmo sentir o gosto doce e quente do seu sangue Quileute em minha boca.

Eu ouviu vozes e o cheiro e os gritos de Jacob aos poucos cessaram. Então a porta finalmente se abriu e lá estavam Carlisle, Emmett, Jasper e meu pai.

_ Saim da minha frente! _ Eu gritei asperamente. Depois não tive dúvidas, parti para cima deles, mas os vampiros malditos me seguraram. Apesar de forte, eu estava fraca pela sede. _ Eu preciso, eu preciso dele! _ Comecei um jogo de sedução, do qual eu tinha plena consciência do que eu estava fazendo. Eu deveria brincar com eles, eu os conhecia o suficiente, sabia que eles me deixariam sair se eu pedisse, se eu implorasse. _ Eu estou com sede, muita sede! _ Eu solucei. _ Por favor, me deixem sair, eu prometo não atacar Jacob, eu prometo!

Observei os olhares duvidosos de meu pai, Carlisle e Emmett para Jasper.

_ Ela está blefando, eu sinto a tensão nas vibrações dela.

Eu estava errada.

_ Malditos! Malditos!

Vez ou outra, eu via a minha mãe de relance, sendo amparada por Esme. As duas me olhavam com tristeza e de certa forma, aquilo doía dentro de mim. Porém, eu estava farta de dor, farta! Eu preferia deixar o frenesi tomar conta de mim, deixar todomeu ódio transparecer. Doía um pouco menos.

Rosalie entrou repentinamente no quarto e despejou dois cervos desacordados no tapete. Foi como uma banquete sendo posto à mesa, seguido da ordem para atacar. Foi o que eu fiz.

Segundos depois eu estava sentada no chão, encostada na cama, atordoada, confusa e com o estômago estufado. Minha roupa estava lavada de sangue e eu segurava minha cabeça entre as mãos sujas

_ Vamos deixá-la a sós. _ A voz de Carlisle soou como um pesar.

Rosalie recolheu o resto dos animais e saiu do quarto com eles, acompanhada pelos outros. Minha mãe fechou a porta e foi sentar-se perto de mim.

_ Não foi um bom começo, mas... Foi um começo. _ Ela tentou me animar, mas eu não tinha nenhuma esperança.

_ Eu o teria matado... _ Fitei-a por alguns instantes, até o tanto que o constragimento permitiu. _ Eu teria matado Jacob. _ Afirmei, quase sentindo o gosto do cheiro dele em minha boca. Senti um fio de água fria escorrendo pelo meu rosto. Acho que eram minhas últimas lágrimas, pois elas cessaram rapidamente, embora a sensação de vazio tivesse permanecido.

_ Dizem que as últimas lágrimas, choramos por aqueles que jamais seremos capazes de fazer mal. _ Ela me enlaçou pelos ombros.

_ Pra quem foram as suas? _ Eu sussurrei.

_ Pra você, quando você nasceu. _ Minha mãe sorriu e eu tive inveja dela. Porque eu não era feito ela? Por que eu não era tão forte? Por que? Por que?

...

Trancada naquele quarto, os minutos me pareciam longos feitos horas, e os dias, feito semanas. Se ao menos eu pudesse dormir...

Eu já tinha perdido as contas de quanto tempo eu estava ali, presa. A única coisa que eu sabia e que me mantinha firme na tentativa de achar meu auto-controle, era saber que Jacob permanecia ali, tão perto, porém tão longe de mim quanto sua natureza quase humana permitia.

_ Eu queria tanto vê-lo, falar com ele. _ Um dia desses, em uma de nossas conversas quase silenciosas, eu disse para minha mãe.

_ Eu sinto muito, mas, você sabe que ainda não é possível.

_ Eu sei... Eu não quero machucá-lo. _ Lamentei. _ Por Deus, eu quero sim machuá-lo!

Ela parecu ignorar minha confissão.

_ Por que você não escreve para ele?

_ Escrever? _ No primeiro momento, achei a idéia um tanto quanto estúpida...  _ Escrever para alguém que mora na mesma casa que eu? _ Que vida miserável tinha me restado.

_ Isso! _ Ela arrancou um caderno e uma caneta de dentro do criado-mudo e me entregou, mas eu sabia que aquilo não seria fácil para mim. Me comunicar com ele pela primeira vez, depois de tudo que tinha acontecido, depois de eu ter mudado completamente, não só meu corpo, mas também o que se passava na minha mente agora.

Eu fiquei dois dias abraçada com aquele caderno. Naquela noite, Esme me trouxe um maço de folhas finas e delicadas, com pequenas flores claras que marcavam todo o canto esquerdo de cada folha. Ao lado das folhas, sobre a pequena escrivaninha, ela deixou outro maço de envelopes brancos, duas canetas e um cesto de lixo próximo à cadeira.

Antes de sair, ela sorriu para mim.

_ Ele disse que quer ouvir o que você tem a dizer. Jacob estará esperando esta noite.

Assim que a porta se fechou, um calafrio passou pelo meu corpo. Ele estava esperando por mim? Meu Jacob?

Um calor inesperado pairou sobre o meu corpo e por alguns instantes eu me senti inquieta. Eu não podia desapontá-lo, eu não podia esperar mais.

_ Mãe?

_ Sim.

_ Será que eu posso ficar sozinha por algum tempo?

_ Mas... Por que? Eu não quero que você se sinta só. Eu estarei aqui, sempre.

_ Eu sei, eu agradeço por todo esse tempo que você tem passado aqui comigo, que é quase sempre, mas... Eu preciso escrever para Jacob e eu... Eu queria tentar, sozinha.

_ Ohh! _ Ela sorriu. _ Claro, eu entendo.

_ Que bom... Que horas são?

Ela olhou no relógio.

_ Dez e trinta e sete da noite, embora o sol esteja queimando lá fora.

_ O sol da meia-noite? _ Eu me lembrei.

_ Sim.

_ Onde estamos? Denali?

_ Não, estamos no extremo norte do Alaska. _ Ela se levantou e se aproximou de mim. _ Querida, é mais seguro se você não souber por enquanto. Mais cedo ou mais tarde você terá que deixar esse quarto e...

_ Tudo bem mãe, eu já entendi. _ Tentei parecer normal, embora me sentisse um monstro. Eu sequer podia saber onde estava... Isso me preocupava... Sobre o que eu poderia fazer, quando estivesse fora da minha cela.

Assim que me vi sozinha, levei o candelabro para a escrivaninha. Agora não fazia muita diferença para mim: com luz ou sem luz, foi mais um velho constume humano.

“Querido Jacob,”

Amassei e joguei fora.

“Meu amor,”

Joguei fora novamente.

“Minha vida tem sido um inferno...”

Talvez Jacob se sentisse preocupado por ler palavras tão duras. Minha vida estava sendo um inferno sim, mas eu não tinha o direito de fazer da dele também um inferno só por minha causa.

 

“Jake,

Imploro seu perdão pelo que aconteceu naquele dia. Não espero que você compreenda, é só que... Não tenha muitas esperanças sobre mim.

Aqui, longe de tudo e de todos e principalmente longe de você, as coisas parecem; de certa forma; ficarem mais fáceis para mim. Eu não estou falando que é fácil, entenda... Parte de mim sofre indescritivelmente por estar longe de você e eu sou grata pela sua presença nesta casa, mesmo que eu não posssa tocá-lo ou vê-lo, embora eu sinta seu cheiro constantemente e escute todas as batidas do seu coração. O que eu quero dizer é que quando eu penso em você; que você está aqui; os dias não parecem ser tão longos e cruéis e, de certa forma, eu me sinto viva novamente.

Viva. Eu nem sei a quanto tempo eu estou aqui, mas acho que estou enlouquecendo um pouco. Não leve em consideração tudo o que eu escrevi, eu as vezes tenho medo de estar realmente ficando louca aqui dentro.

Jake, minha cabeça ainda está muito confusa, eu lembro de muita coisa, esqueço de outras, confundo na maioria das vezes. Eu só não esqueci o quanto eu amo você.

Me espera, só um pouco mais, eu estou tentando ser forte, por você, por nós.

Se você puder, eu quero “te ouvir”. Te espero.

Renesmee.”

Dobrei o papel rapidamente, antes que eu me arrependesse. Coloquei-o em um envelope e passeio por debaixo da porta. Me deitei ali mesmo, onde eu podia sentir a fria brisa que me trazia o cheiro do meu Jacob, onde quer que ele estivesse.

...

Abri a porta assustado. Esme me esperava com um largo sorriso no rosto e um envelope nas mãos.

Eu não sei como consegui sorrir, embora me sentisse totalmente desgastado e quase sem forças. Sem dúvida, o conteúdo daquela carta seria como uma injeção de energia e ânimo para mim. Ela estava reagindo pela primeira vez, depois de muito tempo. Minhas Ness.

Abri o envelope, enquanto a porta de fechava atrás de mim. Eu respirava com ansiedade e meu corpo inteiro tremia. Era quase como tê-la em meus braços, quase...

Eu praticamente comi as palavras, desesperado pelo que ela tinha para me dizer. Segundos depois eu voltei a ler novamente, já mais calmo, saboreando cada palavra, ao mesmo tempo que me entristecia com a maioria delas.

Rapidamente, procurei um papel por todos os cantos do quarto, mas não encontrei. Eu tinha pressa para atender o pedido do meu amor, já que ela tinha pressa em me ouvir, afinal, esse era nosso único diálogo possível.

Abri a porta e antes que eu pulasse para fora, lá estava Esme com um punhado de papel nas mãos e tudo mais o que eu precisava para escrever uma carta de amor.

_ Desculpe, eu não pude evitar! _ Ela sorria.

_ E eu sou grato, demais, por tudo! _ Peguei o material e em um segundo Esme já tinha partido.

Sentei-me com as pernas cruzadas sobre a cama, apoiei a resma de papéis sobre a lista telefônica que encontrei dentro do criado mudo e comecei a escrever.

...

Muito tempo depois, ouvi o ruído de papel raspando no carpete. Corri para a grande porta de metal e alcancei a carta. Me joguei na cama com ela em minhas mãos, cheirei-a por longos minutos, deixando a sede queimar na minha garganta.

“Minha Ness,

Em primeiro lugar, deixe-me agradecer por suas palavras, mesmo que não tenham sido tão doces quanto eu gostaria que fossem. O mais importante é que agora estamos nos comunicando, não importa de que forma isso acontece, nem o que você me diz, porque afinal de contas, você se lembra? Na alegria ou na tristeza e até que a morte nos separe. Ness, nem sua morte foi capaz de nos separar... Eu gosto de pensar que é como se você tivesse tido uma segunda chance e que apesar das difculdades, eu sei que você, que nós dois vamos superar esse sofrimento juntos.

Se eu te perdôo? Eu juro que teria entrado naquele quarto se Alice não tivesse me segurado... Eu queria ver você, eu queria te tocar a todo custo! Mas tudo bem... Vamos ser pacientes, nossa hora vai chegar e enquanto isso, eu posso até sentir você em meus braços novamente.

Eu já te disse o quanto eu te amo? Hoje não, não é mesmo? Então não se esqueça disso, eu amo você demais, para sempre!.

Não se sinta perdida, meu bem... Você pode falar comigo sempre que precisar e esse sempre eu gostaria que fosse ao menos uma vez ao dia, você sabe, para acalmar meu coração. Eu vou te falar sobre tudo, sobre o que você quiser saber. Ah, para começar, hoje fazem 47 dias que você se tornou a vampira mais linda que já existiu. É, eu sei, eu ainda não te vi, mas eu já posso imaginar. Você já era maravilhosa e com certeza ainda continua sendo. Quem sabe um dia você manda uma foto da sua nova “você” dentro de um desses envelopes. Ora, não pense que eu estou brincando! Eu gostaria muito de vê-la! Não se preocupe, eu não ficarei impressionado com os olhos vermelhos e nem você deve ficar, porque isso passa.

Ness, quando você ouvir meu coração batendo, saiba que ele pulsa por você e que eu estarei pensando em você, sempre.

Já está quase noite, embora o sol brilhe lá fora. Eu nunca tinha visto algo tão sublime quanto esse tal sol da meia-noite. Pena que o verão já está acabando e daqui a pouco, passaremos grande parte do dia sob a escuridão. Ness, pense na beleza desse momento... Pense em nós dois juntos agora, já fora, felizes! E nosso Ephram conosco, brincando na neve. Sabe, é essa a visão que eu tenho de felicidade, esse é o meu sonho, meu éden.

Um dia nós vamos chegar nesse momento. Pense como um futuro, não tão distante.

Amo você.

Seu, Jake.”


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Notas finais do capítulo

Então, pra quem gostou do meu estilo de escrever, dê uma passada na minha outra fic --> Nada será como antes

http://fanfiction.nyah.com.br/historia/80834/Nada_Sera_Como_Antes

Bjos!



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