Capítulo Três

*

Alice tinha razão quando disse que não teríamos tempo quando as aulas começassem. Eram tantas leituras obrigatórias, que apenas isso já nos deixava exaustas demais para pensar em festejar como os universitários típicos de filmes.

Além disso, o quarteto que havíamos formado não era o mais animado para isso. Jasper e Rosalie eram do time de passeios caseiros, maratona de séries e saídas para comer, não dançar. Acostumados com o grupo de leitura e robótica, que eles fizeram parte do ensino médio.

Então quando não estávamos estudando, e Jasper em seu emprego de meio período na biblioteca da universidade, saíamos para conhecer a cidade, ou ficávamos no apartamento que eu dividia com Alice.

Nós estávamos nos divertindo e eu me sentia feliz pela facilidade com que havíamos nos entrosado, depois da dificuldade de arranjar amigos até o ensino médio, não imaginaria que arranjaria companhia tão facilmente.

Com o novo grupo de amigos e a tonelada de estudos, sobrava pouco tempo para cuidar do meu FC no Twitter. Eu ainda acompanhava os garotos nas redes sociais, mas a mudança de rotina, mesmo que a do ensino médio também fosse corrida, havia me afetado. Angela estava passando o mesmo que eu e também não andava muito ativa, mas Leah parecia de volta à época que a boyband estourou, teorizando e acompanhando cada passo dos garotos através das redes sociais.

Rosalie e Jasper não tocaram no nome da L.A Boyz durante todo o tempo desde que nos conhecemos, o que me fazia apostar que eles não eram fãs da boyband.

Então eu não tinha companhia para falar da banda fora das redes sociais, já que não queria importunar Alice com isso. Eu até havia trocado meu despertador por uma música que não era deles e não havia usado nenhuma camiseta com o rosto de Edward Cullen até agora.

Era uma realidade diferente, não estar ladeada pelas minhas melhores amigas fãs, em alguns momentos a saudade apertava, então eu me presenteava com pequenas coisas que eu achava que não incomodaria Alice. Como usar as camisetas que não tinham os rostos dos garotos e dedilhar as músicas no meu violão, sozinha no meu quarto, torcendo para que ela não ouvisse.

Naquela manhã eu havia escolhido minha roupa sozinha, uma camiseta preta com o trecho da letra de uma música deles, jeans e tênis.

Alice tinha saído mais cedo pois precisava começar um trabalho com uma garota da turma dela.

Na aula, Jasper e eu recebemos o primeiro trabalho em grupo e já olhamos um para o outro, com a promessa silenciosa de que faríamos juntos.

Nós almoçávamos todos os dias juntos, reclamando da comida e comentando sobre as aulas, sempre na mesma mesa.

Rosalie e Alice chegaram juntas, atrasadas e fazendo caretas para o prato, assim como os outros universitários. Eu estava começando a cogitar diminuir ainda mais meu tempo livre e fazer marmitas para vender, seria bom ter uma grana extra.

— Sério, eu acho que a pessoa que cozinha não tem paladar — resmungou Rosalie. — É impossível que alguém prove isso e pensa 'hm, delícia, acho que vão amar'.

— Acho que deve ser uma conspiração com as empresas de fast food. A cada dia que passa eu vejo mais gente comendo Mcdonalds ou Burguer King frio na hora do almoço — comentou Jasper.

— Eu só queria a comida da Bella — disse Alice olhando para mim com olhos pidões.

— Okay, Alice. Eu já entendi. Vou fazer uma torta hoje à noite para a gente trazer amanhã — prometi rindo.

— Obrigada — agradeceu me abraçando.

— Nossa, Bella. Como você está bonita hoje — disse Rosalie com um sorriso enorme.

— E você fez algo no seu cabelo? Ele está tão brilhante — acrescentou Jasper.

— Já entendi, interesseiros. Vai ter torta pra todo mundo — garanti.

— Por isso que eu te amo, Bella — falaram em conjunto.

— Interesseiros.

*

Como prometido, eu cozinhei uma torta de frango e levei para gente almoçar no dia seguinte. Não foi nada fácil carregar a torta, mesmo que ela estava em uma bolsa térmica, mas valeu a pena por não comer a gororoba do refeitório.

Na quarta-feira eu e Jasper começamos a fazer o nosso trabalho, Rosalie veio junto, porque eu prometi assar cookies.

Quando terminamos o roteiro do projeto e eu tirei os cookies do forno, Alice e Rosalie se juntaram a nós na sala.

— Eu gostei da sua camiseta, Bella — comentou Rosalie.

Eu vestia uma camiseta preta com um desenho de um par de coqueiros em branco e a frase 'existe amor em L.A' em rosa. Era a capa do último álbum dos L.A Boyz, o que me fez olhar pra Alice com os olhos arregalados, que deu de ombros.

— É de uma banda que eu gosto, na verdade 70% das minhas camisetas são deles — confessei.

— Uh, temos uma fangirl aqui — provocou Jasper. — Qual é a banda?

— L.A Boyz — contei.

— Por nome eu não conheço. Coloca uma música pra gente ouvir, Bella — pediu Rose.

Eu olhei pra Alice novamente, que deu de ombros e me deu um sorrisinho pequeno de incentivo.

Decidi colocar o primeiro hit daquele álbum, apesar de não ser a minha música favorita, era uma música que até quem não era fã gostava, então imaginei que seria uma boa aposta. Engano meu.

— Nossa, é aquela música que a vizinha colocava pra tocar quando ia limpar o carro — comentou Rosalie com uma careta.

— Como você consegue gostar disso, Bella? Você tem um gosto tão bom pra livros, mas gosta desse pop completamente comercial — apontou Jasper. — E eu sei que você toca, como alguém que conhece música pode gostar de algo assim?

— Ei! Não fala mal da L.A Boyz! — falei séria. — As músicas são comerciais sim, mas nem toda música precisa ser mirabolante. Às vezes você só quer uma musiquinha leve e com uma letra fácil de lembrar.

— Eu sei disso, nem tudo precisa ser The Beatles. Existe pop bom, tipo Taylor Swift e Justin Timberlake, mas essa sua boyband… — comentou Rosalie.

— L.A Boyz é ótima e só a minha opinião importa — falei. — E não são só as músicas, os garotos são pessoas incríveis.

— Mas você nem conhece eles. Eles podem ser horríveis — disse Jasper.

— Bem, James não é lá essas coisas mesmo — disse Alice entrando na discussão com um sorrisinho no rosto. — Edward não é ruim. Mas Jacob é o cristal mais puro do universo.

— Ih, você também é fã dessa boyband? — perguntou Rosalie torcendo o nariz.

— É meio inevitável — respondeu Alice dando de ombros e rindo. — Edward é meu irmão.

O silêncio que se fez em seguida durou segundos, mas pareceu uma eternidade. Alice tinha uma expressão tranquila no rosto, enquanto Jasper e Rosalie piscavam absorvendo a informação.

— Desculpa! — exclamaram juntos.

— A gente aqui falando super mal da banda do seu irmão — completou Rosalie.

— Bem, eles cantam um pop chiclete mesmo. Edward tem um potencial bem maior do que o que ele apresenta, mas essa foi a maneira que ele conseguiu de fazer o que ama — disse Alice dando de ombros.

— Desculpa também, Bella. A gente não devia julgar seu gosto musical — acrescentou Jasper.

— Mesmo que ele seja horrível — acrescentou Rosalie baixinho.

— Tudo bem, estão desculpados, eu só nunca mais vou cozinhar pra vocês — falei tentando me manter séria, mas rindo em seguida. — Relaxem, eu entendo que nem todo mundo gosta dos meus bebês.

Eles riram com a minha fala.

— Você já sabia que Alice era irmã de um dos carinhas da sua boyband? — perguntou Rosalie.

— Eu soube assim que a vi. Não tinha visto o nome de quem seria minha colega de quarto — contei. — Quando vi que era queria gritar e pular, mas bem, Alice não é Edward.

— Eu sou muito melhor — me interrompeu nos fazendo rir.

— Você descobriu na hora que ela era fã do seu irmão? — perguntou Rosalie.

— Não, ela conseguiu esconder por um dia. Mas foi só dar uma olhada no guarda roupa dela… — respondeu Alice assobiando e rindo. — Ela tem pelo menos quatro camisetas com o rosto do meu irmão estampado bem na frente. Mas ela não usou nenhuma até agora, acho que está com vergonha de me mostrar a camiseta escrito namorada do Cullen bem grande nas costas — disse me provocando.

— uh, então Bella quer entrar pra família da Alice — provocou Rosalie.

— Deus, me leva — falei escondendo o rosto com as mãos.

Os outros começaram a rir, continuando a provocação até que eu peguei os cookies e ameacei me esconder no quarto com eles.

Passar metade da minha adolescência na barra do avental de Renée havia sido útil.

*

Quando os gêmeos foram embora, Alice me alugou de cobaia, querendo minha opinião sobre um trabalho sobre cores que ela tinha que fazer.

Ela estava sentada na escrivaninha de seu quarto, de frente para o notebook dela, enquanto eu estava sentada em sua cama, entre olhar o Instagram e palpitar sobre seu trabalho.

—  Eu acho que você devia abrir seu Instagram — comentei enquanto olhava uma foto que ela havia postado de sua roupa.

Era um look jovem, um short de cintura alta, um cropped branco e tênis plataforma, por cima um sobretudo de tricô amarelo mostarda. Ele parecia ao mesmo tempo tão incrível quanto básico, algo que só Alice conseguia fazer com suas roupas. Jeans e camiseta pareciam de outro mundo nela.

— Eu sei que você quer sua privacidade, que a adolescência com Edward não foi fácil pra você — comentei. — Mas você é praticamente uma adulta, está na hora de você usar aquilo que te aborreceu por anos. Você quer seguir carreira na moda, quer criar uma marca. Se você se tornar uma influencer com certeza vai ser mais fácil criar a sua própria coleção e ter seu público.

Alice parou de olhar para o notebook e virou sua cadeira para mim, as pernas dobradas em cima da cadeira.

— Não quero ser famosa por causa do meu irmão, quero conquistar as coisas por mim mesma — falou.

— E eu não estou falando pra você marcar o Edward em cada post, ou acompanhar ele em premiações, ou qualquer coisa do tipo. Apenas abrir o Instagram, sem citar ele ou o vincular a algo — citei minha estratégia. — As pessoas vão ficar curiosas e te seguir porque é irmã dele, mas quando perceberem que você é uma pessoa completamente diferente do seu irmão, e que não vai fornecer informações sobre ele, as pessoas vão te seguir pelo que você é.

Ela sorriu com o final da minha frase, as bochechas corando pelo elogio.

— Eu pensei nisso algumas vezes — confessou. — Mas sempre tive medo, sabe? Expor minhas roupas, minhas combinações, talvez meus desenhos, para o público parece demais sabe? Real.

— E é pra ser. Você tem talento, Alice. Precisa mostrar para o mundo — a encorajei.

— Você me ajuda? — perguntou com os olhos pidões. — Acho que vou precisar de uma fotógrafa.

— Claro que ajudo — prometi.

— Obrigada!

Com a animação de Alice, parecia que eu havia dito para ela que a ajudaria a casar com o Chris Evans e não apenas ajudar ela a tirar fotos para postar no Instagram.

— Quero te mostrar uma coisa — falou voltando a se virar para o notebook.

Ela ficou alguns minutos procurando por algo, até que encontrou e tirou o notebook da tomada, trazendo até mim na cama.

— Quando estava perto do baile de formatura, eu fiquei tão animada com a expectativa de usar uma roupa de gala, que eu comecei a desenhar diversos vestidos — começou. — Eu sempre soube que queria seguir carreira nessa área, sempre desenhei. Mas nessa época eu tive certeza.

Então ela começou a me mostrar alguns vestidos, um mais incrível que o outro. O primeiro era de um tom de rosa claro, o desenho delicado criava camadas e haviam pequenas borboletas no desenho, parecia um vestido de fada.

— Eu passei tanto tempo desenhando esses vestidos, eu queria que fossem incríveis, sabe? Eu consigo imaginar o tecido de cada um, os detalhes — falou com paixão na voz. — Eu imaginava que se eu tivesse amigas, costuraria cada um dos vestidos, para irmos perfeitas para o baile.

— E qual você usou? — perguntei admirada.

— Nenhum deles. Eu não fui para o baile.

— Como assim? Até eu fui para o baile — contei e tentei não fazer careta ao pensar naquela noite.

— Os garotos não queriam ir ao baile. Eu não tinha um par, então fiquei com os meninos no porão do Kevin — contou dando de ombros.

— Mas… Mas… Porque você não foi com um dos seus irmãos? — questionei. — Esses vestidos precisam ser vistos.

— Bem, Edward causaria alvoroço demais. Riley e Emmett estavam ocupados. Sem contar, que ir com os irmãos é ainda pior do que não ir — falou.

— A gente precisa achar uma festa pra usar um dos seus vestidos — falei. — Já sei! Vamos invadir um casamento!!!

— Meu Deus, Bella. Você é absurda! — falou dando risada.

Ela continuou me mostrando os vestidos, eram sete ao total, cada um mais incrível que o outro.

Quando ela me mostrou o último e começou a falar sobre ele, a imagem foi se formando na minha mente como mágica. Era um vestido ombro a ombro com um decote princesa, a parte de cima era justa, mas a saia parecia fluir mesmo no desenho.

Eu estava encantada.

— Alice, esse é o vestido mais lindo que eu já vi na minha vida! — falei passando a mão na tela do notebook, uma tentativa falha de sentir o desenho melhor.

— Sério? — perguntou Alice baixinho.

— Com certeza! Eu quero me casar com ele!

Ela abriu um sorriso silencioso, sincero e me deu um abraço. Tão apertado e caloroso, era como o abraço de Renée.

*

Depois da nossa conversa sobre moda e o futuro da Alice nessa indústria, ela abriu o Instagram. Quando fui dormir, o twitter estava alvoroçado.

As fãs mais antigas foram as primeiras a notar isso e comentar sobre, as fãs mais novas correram para seguirem ela e procurar as postagens antigas.

As fotos onde tinha qualquer coisa relacionada a L.A Boyz, ou apenas a Edward especificamente, foram compartilhadas e comentadas. Diversas pessoas teorizando o porquê de Alice ter aberto o perfil do Instagram, a maioria delas atribuindo a uma possibilidade de ela estar tentando uma carreira na música ou no cinema.

Eu sabia a verdade, sobre seu amor por moda e que eu havia incentivado ela a tentar algo novo e preparar terreno, porém eu não contei para ninguém. Aquilo era apenas meu e dela, de nossa amizade. Eu já tinha Leah no meu pé tentando saber sobre a L.A Boyz pela nossa amizade, eu não precisava de todo o resto do fandom ali.

Ao invés de falar no twitter sobre minha amizade com Alice, eu fiz como prometi e a ajudei com as fotos nos dias que se seguiram, opinando sobre as roupas e os lugares com o melhor fundo para as fotos. Fazia poucos dias, mas eu já estava me divertindo tanto.

*

Na semana seguinte, Alice recebeu a notícia de que seu carro finalmente estava pronto.

O que poderia ter sido uma notícia normal, ou até um pouco alegre já que eu me beneficiária das caronas.

Mas quando Alice resolveu que aquilo seria um motivo perfeito para o quarteto estreitar os laços de amizade, sugerindo que fizéssemos uma viagem com Jasper e Rosalie para buscar o carro dela na casa dos pais, aquilo me desequilibrou.

O fato de quem Alice era irmã, estava piscando em néon na minha mente. Eu iria a casa de Edward Cullen. Eu sentia que desmaiaria.

Quando Alice sugeriu aquilo, eu fiquei atônita, completamente sem reação para me manifestar enquanto Rosalie e Jasper concordavam com a ideia. Quando dei por mim, a viagem já estava marcada. Viajaríamos sexta depois da aula e voltaríamos depois do almoço de domingo. Bem isso se eu sobrevivesse.

Eu sabia que Edward não morava mais lá com os pais, assim como Riley, o mais velho, que estava fazendo residência em medicina em Boston. Na casa dos pais estava apenas Emmett, que cursava história na faculdade de Los Angeles.

Mas isso não mudava de que aquele era o local onde Edward Cullen havia crescido, brincado e aprendido a tocar. Que eu conheceria os pais dele.

Eu estava surtando. Mas isso não impediu o trio maléfico que eu agora chamava de amigos de me provocarem.

— Bella, por que você não vai com a camiseta que você usou quinta? — perguntou Rosalie falando da camiseta com uma foto do Edward estampada.

Desde que Rosalie e Jasper descobriram sobre eu ser fã e Alice ter lidado com isso com tranquilidade resolvi usar todas as minhas camisetas sem me preocupar.

— Vou te ignorar — avisei.

— Certeza que ela colocou na mala, pra fazer uma surpresa — provocou Jasper.

— Bella, você tem uma calcinha com a cara do meu irmão? — questionou Alice tentando manter a expressão séria.

— Eu. Odeio. Vocês — pontuei.

Alice, a rica do grupo, pagaria um táxi para a gente até a casa dos pais dela e no domingo nós voltaríamos com ela dirigindo.

Era um plano simples e como os pais dela moravam em Los Angeles não era algo muito desafiador, que nos exigiria grandes paradas e trocas de motorista.

Quando o táxi veio nos buscar, colocamos as malas no bagageiro e Alice, que pagaria a viagem, cedeu o banco do carona para mim, sentando-se atrás com Jasper e Rosalie.

— Vocês podem conectar o celular de vocês no rádio do carro se quiserem — ofereceu o motorista.

— Eu coloco! — já falei animada pegando o celular.

— Não! — gritaram o trio em uníssono.

— Desculpa, Bella, mas eu realmente não quero passar a viagem ouvindo o meu irmão cantar — falou Alice.

— Vocês são horríveis — resmunguei. — Eu não escuto só boyband, confiem em mim.

— Acho que a Bella merece um voto de confiança — falou Rosalie.

— Obrigada!

Eu abri a playlist que eu havia escutado na road trip junto com a minha mãe, colocando a preferida dela, Twist and Shout. Assim que eu coloquei a música os três fizeram barulho de aprovação e até o motorista abriu um sorrisinho.

Aproveitei o caminho para atualizar as meninas, precisava que alguém surtasse comigo.

Bella: Vocês não vão adivinhar onde eu estou indo

Bella: Na casa dos pais do Edward!!!

Bella: Eu não sei se ele vai estar lá

Bella: Mas pqp, é a casa que EDWARD CRESCEU.

Bella: OS PAIS DELE VÃO ESTAR LÁ

Bella: EU TO TREMENDO

Leah: SORTUDA FDP

Leah: QUE INVEJAAAA

Ang: Ai amiga!! Eu fico muito feliz por você!! Uma de nós está próxima da banda que a gente ama! Espero que você encontre ele e abrace ele por todas nós.

Leah: Entra no quarto dele e tira uma foto

Leah: Se ele estiver lá, fica pelada e entra no quarto dele

Bella: Q? Não Leah!

Leah: Você não sabe aproveitar as coisas da vida ~emoji de desgosto~

Leah: Quem devia estar morando com Alice era eu, eu saberia aproveitar direito.

Bella: Não tenho tanta certeza

— Terra pra Bella — chamou Rosalie. — Tem indie no seu celular?

— Você me subestima demais, Rosalie — falei colocando uma música do The Neighbourhood.

Scary Love não era bem uma música de estrada, mas nenhum de nós ligou para isso enquanto cantávamos o mais alto que podíamos.

*

Eu nunca havia visitado Los Angeles. Quando Renée e eu fizemos o trajeto da nossa viagem, até pensamos em desviar o caminho para L.A e voltar para Berkeley depois, mas nosso tempo apertado não nos permitiu isso.

Então quando chegamos a cidade, eu me vi deslumbrada olhando pela janela. A paisagem me deixa sem fala. As casas cheias de glamour misturadas com arvores bonitas. Poderia ser uma visão comum, mas Los Angeles tinha algo de especial, eu ainda não sabia o que era realmente, apenas que me sentia impactada pela visão.

Nós chegamos quando estava anoitecendo, o que tornou tudo ainda mais bonito para mim.

Quando chegamos a casa dos Cullens meu coração gelou, era ali que Edward havia crescido.

Do lado de fora não dava para ver a casa, devido ao portão alto e completamente fechado, mas assim que entramos, vi que definitivamente aquilo estava mais próximo de uma mansão do que de uma simples casa. A casa era impactante, branco e vidro por todo o lado de fora, e um gramado muito bem cuidado na entrada.

Alice nos levou para dentro e gritou o nome de Esme assim que fechamos a porta.

Eu já a conhecia por fotos, toda a família de Edward na verdade, mesmo que Esme e Carlisle não tivessem redes sociais no twitter ou instagram. Mas ver Esme pessoalmente era outra coisa, ela era ainda mais bonita do que por fotos. Ela tinha o mesmo tom de cabelo de Alice, mas os mesmos expressivos olhos verdes que Edward tinha. Sua expressão quando se aproximou era neutra, carregava um sorriso pequeno no rosto com simpatia.

— Vocês devem ser os novos amigos de Alice, eu sou Esme, é um prazer conhece-los — se apresentou Esme com um sorriso polido apertando nossas mãos enquanto cada um de nós se apresentava. — Nós temos dois quartos de hospedes, vou levar vocês até lá e vocês decidem como vão se organizar.

Nós decidimos que Rosalie e eu dividiríamos o quarto de hospedes maior, com vista para a piscina e Jasper ficaria no outro sozinho.

Esme nos deixou ali para nos acomodarmos enquanto Alice foi para o quarto dela. Rosalie foi para o banheiro primeiro, que era ao lado do quarto, eu poderia ter usado um dos outros, mas decidi esperar e usar o banheiro mais próximo quando ela saiu.

Assim que voltei para o quarto, encontrei Rosalie escorada na janela.

— Agora eu entendi por que você é fã dessa boyband. O irmão da Alice é muito bonito — disse Rosalie desviando o olhar da janela por um segundo para olhar para mim, as bochechas coradas.

Meu coração gelou. Eu parei de respirar.

Eu sabia que existia a possibilidade, mas não acreditei muito que Edward poderia estar na casa dos pais no mesmo que final de semana que Alice buscaria o carro. A boyband tinha terminado a última turnê recentemente e eles estavam de volta a Los Angeles, havia especulações de que eles já estavam começando a gravar o próximo CD. Mas para mim as chances de Edward estar no mesmo lugar que eu era mínima, mesmo que eu estivesse na casa dos pais dele.

Porém Leah tinha razão. Eu era mesmo uma sortuda.

Assim que recuperei meu folego e controlei a respiração para não desmaiar, me aproximei da janela para ver o que Rosalie estava vendo, decepção me abraçou.

Eu reconheceria Edward a distância, mas aquele que estava ali sem camisa não era ele e sim seu irmão, Emmett.

— Rosalie, você me vê com camisetas com a cara dos integrantes da L.A Boyz com frequência. Como você pode conseguir confundir?

— Ei, a fã é você! — deu de ombros.

— Preciso urgentemente te mostrar quem são os integrantes da L.A Boyz, quem sabe assim me poupa de ter um ataque do coração por nada — comentei. — Aquele não é o Edward, mas um dos irmãos dele. Emmett.

— Se você ficou decepcionada com aquele ali, então Edward deve ser muito espetacular — disse Rosalie ainda babando em Emmett pela janela.

— Você não tem ideia — murmurei

*

Quando descemos para jantar eu tentei colocar na minha mente que aquela era a família de Alice, a minha amiga e não de Edward Cullen, o cara de quem eu era fã desde sempre.

Jasper já se encontrava no andar debaixo quando descemos, conversando com Esme, Emmett e Carlisle. Alice, que desceu comigo e Rosalie, correu na frente para abraçar o irmão e o pai.

— Que genética! Por que o pai da Alice tinha que ser tão bonito? — sussurrou Rosalie para mim.

— Pois é, não tinha como sair alguém feio, a Esme e o Carlisle são lindos demais — concordei com ela.

— Eu estou constrangida pela beleza deles, eles parecem saídos de um catálogo de moda!

— Me poupe, Rosalie! Você parece a Barbie Nerd — falei revirando os olhos.

Nós nos aproximamos da roda que havia se formado, nos apresentando para Carlisle e Emmett.

— Então não é mentira, a Alice finalmente fez amizade com meninas — provocou Emmett.

— Mãe! Olha o Emmett! — resmungou Alice fazendo um biquinho.

— Não provoque sua irmã na frente dos amigos dela, rapazinho! — falou Esme séria.

— Eu senti saudade da garotinha da mamãe — riu Emmett puxando Alice para um abraço.

Esme disse que o jantar estava pronto e agora que todos nós tínhamos descido podíamos comer, então nos conduziu para a sala de jantar que era separada da cozinha por uma bancada de mármore.

O lugar era bonito e aconchegante, ao contrário das outras partes da casa que eu havia visto, aquele espaço não exalava modernidade, mas conforto e familiaridade.

Nós nos servimos e começamos a conversar de maneira animada, com os pais de Alice guiando a conversa. Eu sabia o básico sobre eles, mas era gostoso os ouvir falar sobre o que faziam.

Carlisle era cirurgião plástico, o que explicava a mansão mesmo antes de Edward ser famoso. Ele era bem famoso na região e já havia operado diversos famosos, ele acabou comentando da cirurgia que havia feito no dia de hoje, consertando um procedimento que um cliente havia feito em outro profissional.

Esme com todo o dinheiro do marido poderia ser o tipo de dondoca rica que não faz nada e passa os dias dentro de um clube, mas ela era dona de uma empresa de eventos bem famosa. Inclusive tinha sido por causa dos contatos dela que Edward foi escolhido para participar da boyband.

Ver Esme e Carlisle interagindo era muito fofo. Eles comentavam a história do outro, acrescentando detalhes íntimos as narrativas, sem contar o olhar de admiração que lançavam ao ver o outro falando. Era reconfortante saber que ainda existiam casais que se amavam dessa maneira.

*

Todo o jantar foi agradável, ouvindo e absorvendo histórias de família. Carlisle, Esme e Emmett eram exatamente como Alice, tão interessantes que me faziam esquecer seus sobrenomes, e mesmo sendo uma família claramente rica, eles eram tão simples e me faziam sentir em casa.

Quando Rosalie, Jasper e eu contamos um pouco sobre nós eles ouviam com atenção, querendo saber mais sobre nós assim como queríamos saber sobre eles.

Na hora de dormir, eu já me sentia em casa, da mesma maneira fácil e aconchegante que era conviver com Alice. Era horrível pensar nisso, mas os Cullens estavam me fazendo sentir mais em casa do que os pais de Leah me faziam sentir.

Na manhã seguinte nós tomamos café juntos, Esme e Carlisle saíram para resolver problemas em seus escritórios, Jasper pediu para usar a biblioteca da casa para fazer um trabalho da matéria que não tínhamos juntos e Emmett se ofereceu para ajudá-lo.  Rosalie e Alice pegaram seus próprios notebooks e foram para a piscina, mas antes Alice me levou para a sala de música, sabendo que eu gostava de tocar.

Aquela sala enorme, sofisticada e iluminada havia sido onde Edward havia aprendido a tocar. Havia tantos instrumentos, que apenas aquilo já me deixava tonta de alegria, mas o pensamento de que Edward tinha passado horas naquele lugar, aprendendo, compondo, se divertindo, nublou toda a minha mente.

Eu passei as mãos pelos instrumentos enquanto os observava deslumbrada, pensando se deveria mesmo tocar naquela sala cheia de instrumentos caros. Acabei não resistindo e indo até o piano no centro da sala.

Eu comecei apenas dedilhando, sentindo cada nota saindo do piano, até que comecei a tocar as músicas que eu sabia tocar de cabeça.

Amava o meu violão, ele era fácil de carregar e havia sido o primeiro instrumento que eu havia aprendido a tocar, já que minha mãe não tinha dinheiro para comprar um piano. Mas quando ela juntou dinheiro e me presenteou com um piano usado, aquele instrumento se tornou o meu favorito, era uma pena que eu não podia leva-lo para a faculdade.

Então aproveitei que estava ali e apenas me entreguei a melodia, ao amor que eu sentia por tocar, matando a saudade que eu sentia.

Eu não resisti e acabei ligando meu celular para gravar a música que eu tocava. Quando finalizei, não resisti e enviei o vídeo para minha mãe, mas também para Angela e Leah. Para as duas últimas a seguinte legenda acompanhava: ‘esse é o piano de Edward Cullen’.

Depois de bloquear o celular e voltar minha atenção de volta ao piano, dessa vez desliguei do mundo ao meu redor. Perdi a noção do tempo.

Quando percebi que talvez tivesse ficado muito tempo sozinha ali naquela sala, resolvi ir até a piscina nos fundos ficar perto de Rosalie e Alice. A sala de música tinha uma grande porta/janela que dava direto na piscina, mas o piano ficava de costas para ela. Levantei e fui abrir a porta por ali, quando tive a visão que parou meu coração.

Edward Cullen estava ali.