Ai meu Deus, o que eu estava fazendo? Como que eu iria abrir para ele meus sentimentos se nem eu mesma havia entendido eles? Ai Samantha você é a pessoa mais burra que existe na face da terra.

Nós entramos no quarto dele e eu me sentei na cama enquanto ele puxava a cadeira da escrivaninha para se sentar na minha frente. O clima estava tenso, eu odiava isso. Eu odiava ter que admitir para mim mesma que não estava tudo bem. Eu fiz menção de começar a falar, mas o Justin interferiu.

- Não, deixa eu falar primeiro. – eu desisti de falar alguma coisa – Olha, eu nem sei como falar isso, eu não fiz isso muitas vezes nem nada, ou pelo menos não foi nessa situação. Eu não sei nem como começar.

- Comece pelo começo Justin, acho que facilita. – eu disse dando um sorriso.

- É, vou tentar. Eu não quero que você pense que eu estou fazendo isso para te chatear, de jeito nenhum estou fazendo isso para evitar que algum de nós dois  se chateie no futuro. – ele estava falando tudo o que eu queria falar mas faltava corangem – Sabe Sammy, eu não sei se a gente vai dar certo, eu não sei se gosto realmente de você. Quer dizer, eu gosto de você, mas como amigo me entende?

Até agora eu estava com uma expressão sem expressão (que lindo), eu mantia o meu olhar nele, meio surpresa de que o que eu estava com medo de dizer ele tinha acabado de falar. Agora era a minha vez, eu teria que ser justa com ele e falar o que eu achava também.

- Justin... – eu procurava as palavras certas – Eu não estava preparada, mas eu estava pensando há um tempo sobre isso, só que eu não sabia ao certo o que eu estava sentindo. Eu acho que, ah sei lá, eu acho que você está certo. Ai como eu sou ruim nisso.

- Relaxa, eu entedi.

- Acho que nós poderíamos ser amigos, não quero me distanciar de você.

- Claro que podemos. Sem lágrimas? Sem recentimentos? – ele disse se levantando esperando um abraço.

- Sem lágrimas, sem recentimentos. – eu confirmei e depois o abracei.

- Ah, eu queria te falar sobre a revista. Desculpa por você...

- Você está me pedindo desculpas por está na capa de uma revista?

- Ah, é que eu não acho legal essas revistas de fofocas.

- É, para você que é famoso não deve ser legal mesmo, mas pra mim... Eu não vou ficar aparecendo nelas o tempo todo então...

Ele riu. Bem, eu nunca vi isso, geralmente nos filmes depois que o casal termina sempre são lágrimas e não risos, mas como eu sou diferente isso tinha que ser diferente comigo também.

- Sabe Justin, agora é melhor eu ir, tenho coisas da escola para fazer. – eu menti.

Eu não tinha nada da escola para fazer, tinha acabado de voltar do primeiro dia de aula. Eu precisava mesmo era de um tempo sozinha, acho que o Justin percebeu que eu menti mas fingiu que não tinha percebido nada.

- Tudo bem. Vai lá. Eu desço com você.

Nós dois descemos e eu voltei para casa. Sei que a minha desculpa  não tinha colado. Fui para o meu quarto na intenção de ir para a minha varanda, mas aí lembrei que o Justin podia querer fazer o mesmo e perceber que eu não estava fazendo nada da escola. Parei e me sentei na minha cama olhando para a porta da varanda que estava fechada.

- Era melhor quando eu podia ir aí quando quisesse. – eu disse sem ânimo para a varanda como se ela me entendesse.

Me deitei na cama e acabei dormindo. Acordei com o meu celular tocando, quer dizer berrando, porque ele não está no silencioso nessas horas? Contrariada eu peguei e atendi, era a Alicia.

- Alô? – eu disse com voz sonolenta.

- Dormindo uma hora dessas Samantha?

- Não, eu to treinando para fazer teatro. – eu disse ironicamente.

- Ha-ha. Você viu a...

- Alicia, eu e o Justin terminamos. – eu disse cortando ela.

- O QUE? Você tem noção do que acabou de me falar?

- Sim, completa e absoluta noção.

- Samantha! Vocês se amam.

- Não Alicia, a gente não se ama. Não se preocupe, nós não brigamos nem nada, foi mais um acordo do que tudo.

- Ai meu Deus, eu não to acreditando.

-  Acredita. Alicia eu vou desligar porque estou morrendo de fome, depois a gente se fala.

- Tchau.

Eu fui para a cozinha e encontrei a minha mãe fazendo o jantar, estranho, muito estranho.

- Esqueci de alguma coisa? É meu aniversário, ou o seu? Ou alguma data especial? – eu disse.

Ela apenas riu. Riu.

- Não seja boba Samantha. Eu só estou fazendo o jantar.

- Por que? Você nunca faz o jantar.

- Tá, já vi que não da pra não perceber. É que...

- É que...

- É que tem um, ahn, como eu posso falar...

- Pretendente? – eu disse tentando advinhar, mas eu tinha certeza disso.

- É, então, eu o chamei para vir jantar aqui em casa hoje...

- Ahn, não se preocupa, eu só vou comer alguma coisa e fico no meu quarto.

- Não. – ela disse rápido – Eu quero que você o conheça.

- Ahn?

- É, eu quero que vocês se conheçam, eu quero que você jante com a gente.

Ok, isso estava sério de mais, trazendo para me conhecer? Sei não...

- Ok, eu vou tomar um banho e trocar de roupa então.

- Esteja apresentável Samantha. – ela gritou enquanto eu subia a escada.

Arg, eu odiava isso, “Esteja apresentável Samantha.”, que saco.

Tomei meu banho rapidamente, afinal não sabia que horas o pretendente da minha mãe chegaria. Escolhi uma roupa “apresentável”, como minha mãe recomendou, uma calça manchada, uma blusa cinza e um all star cinza também. Eu tinha pensado em colocar uma roupa do jeito que ela mais odiava, só para irritá-la, mas aí lembrei do bom humor dela e então pensei que deveria agradá-la pois aginal esse tal pretendente tinha conseguido a proeza de deixá-la bem humorada e eu não desperdiçaria a chance de vê-la assim sempre. Desci para a sala de jantar.

“Nossa eu demorei tanto assim?” – eu me perguntei no pensamento vendo minha mãe conversar com alguém.

Um homem aparentando ter a mesma idade dela, bonito, se eu fosse mais velha pegava, era meio alto 1,85 talvez, com o cabelo um pouco grisalho, olhos azuis, magro.

- Samantha, que bom que você já está pronta. – minha mãe disse simpática.

“Preciso me lembrar de agradecer a ele depois.” – eu pensei referindo-me a simpatia da minha mãe.

- Charlie, esta é Samantha. Samantha esse é o Charlie. – ela nos apresentou.

- Olá Samantha, sua mãe me falou muito de você. – ele disse.

Hm... Quer dizer que eles já se encontraram algumas vezes né.

- Muito mal, provavelmente. – eu disse.

- Pelo contrário, disse que você era bonita, divertida simpática... E você é mesmo.

Fiquei impressionada com a capacidade que a minha mãe tinha de mentir.

- Nossa, fico agradecida. – eu disse.

- Que tal nós jantarmos? – minha mãe interferiu.

- Claro. – Charlie disse.

Nós fomos para a sala de jantar e comemos juntos, conversando e por incrível que pareça eu tinha gostado desse Charlie. Depois do jantar nós fomos para a sala e voltamos a conversar. Ele era um cara bem simpático, parecia ser um ótimo partido. Já era tarde quando ele foi embora e eu fui direto para o meu quarto dormir, eu acordaria cedo no dia seguinte.